JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Está aqui do meu lado o poeta Gregório de Matos
Guerra, a quem pedi uma entrevista sobre o grave momento que atravessa nosso
país, às vésperas das eleições para Governador e Presidente, em segundo turno.
Machado:
— Gregório, o que você acha do nosso governo?
Gregório:
— Respondo-vos com ligeira adaptação da primeira
estrofe do meu famoso poema "A cada canto um grande trambiqueiro":
A
cada canto um grande trambiqueiro,
Que
quer nos governar pela Dilminha.
Não
sabem governar sua cozinha
E
querem governar o brasileiro.
Machado:
— Mas Boca do Inferno, você não aprova a escuta
feita pelos aliados?
Gregório:
— Continuo, com a segunda estrofe adaptada do
meu soneto:
Em
cada porta um esquentado olheiro,
Que
a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa,
escuta, espreita e esquadrinha,
Para
levar ao foro eleitoreiro.
Machado:
— Entretanto, Boca de Brasa, não há, aqui,
políticos honestos?
Gregório:
— Até que os há, porém,
Há
candidatos desavergonhados,
Que
trazem pelas mãos os homens pobres,
E
põem nas palmas toda picardia.
Machado:
— Mas e o povo, o que pensa disso?
Gregório:
Estupendas
usuras nos mercados,
Todos,
os que não roubam, muito pobres,
E
eis o país cuja sede é Brasília.
Nada mais lhe foi perguntado e nada mais me foi
dito. Matos Guerra cumprimentou-me de chapéu e se afastou discretamente, sob os
olhares furiosos dos encarapuçados e dos equivocados, além, naturalmente, dos
que tremem só em pensar que terão de ficar de chapéu na mão após a eleição.
Fazer o quê, político leitor? Estuda e trabalha
muito, em frentes diversificadas, ainda que na política, e não ficarás a ver
navios, quando o povo exigir governantes que saibam governar a cozinha deste
país continental, que já foi chamado Terra de Santa Cruz, mas que, de tanto
levar pau, virou Brasil...
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