JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Lemos na
Seleções Reader's Digest, deste mês, a história humorística do jovem que, altas
horas, passou por dentro do cemitério de sua cidade para cortar caminho em
direção a sua casa. Assustara-se com sinistros sons provindos de um túmulo, mas
tranquilizou-se quando viu um idoso, com um martelo e um cinzel, consertando as
letras de uma lápide.
Aproximou-se,
então, tranquilo, perguntou ao homem o que ele fazia ali tão tarde e ouviu a
seguinte resposta: "Esses idiotas escreveram meu nome errado!".
Na
política brasileira, há muitos governantes "bem intencionados", mas
que escrevem seu nome errado na história do nosso país. São os
"políticos" que terão de retornar para corrigir suas lápides.
É uma
ilusão muito grande, a dos que detêm o poder, imaginar que todo o mal que fazem
ficará sem consequências, pois creem fazer muito mais o bem do que o mal...
Quer saber
como? Vou citar só três exemplos:
Exemplo 1:
na presidência, nomeio para ministros do Supremo Tribunal Federal pessoas que
colocam o Estado acima do interesse público, ainda que seja preciso
"rasgar" a Carta Maior do nosso país e retirar direitos seculares ali
previstos, como o da isenção de contribuição previdenciária de aposentados;
Exemplo 2:
na maior empresa brasileira, nomeio diretores e presidentes que desviam bilhões
de reais para contas no exterior, com a "nobre finalidade" de
financiar campanhas políticas para manter meu partido no poder ad aeternum;
Exemplo 3:
utilizo empresas públicas de comunicação para impedir que meus opositores
tenham a mesma liberdade que eu na divulgação de suas propostas.
E é só...
Não
falarei da campanha de difamação a meus concorrentes ao governo.
Também não
falarei dos falsos dossiês encomendados sob minha conivência para denegrir a
imagem de meus concorrentes.
Muito
menos direi sobre a quebra de sigilo bancário, devassa nas declarações de renda
e nos status econômicos "suspeitos" dos demais candidatos ao poder.
De modo
algum farei referência aos estudos minuciosos de cada frase proferida por meus
opositores, objetivando mostrar aos eleitores suas contradições.
Investigações
da vida privada pregressa dos demais concorrentes à direção máxima da nação nem
passa pela minha "mente brilhante" verificar.
A acusação
sem provas, como a que um dos meus concorrentes mandou construir um aeroporto e
entregou a chave deste para um seu tio parece piada de salão diante do que
posso fazer para detonar uma candidatura.
E estão aí
alguns dos elementos positivos de minhas atitudes "fantasmas" com
vistas ao poder.
Afinal,
"os fins justificam os meios", já dizia aquele "santo
filósofo" Maquiavel...
Sabiamente,
dizia o Cristo que não se pode servir a dois senhores, porque ou se há de amar
um e odiar o outro ou vice-versa.
Até quando
vamos ignorar que, como Espíritos eternos, criados para servirmos ao nosso
próximo e ao Criador, em sua grandiosa obra universal, sempre que cultuarmos
Mamon estamos virando as costas para Deus?
Até quando
vamos olvidar que servir ao próximo sem qualquer interesse de retribuição é a
meta básica da felicidade reservada a cada um de nós?
Até quando
vamos esquecer que, por ser Amor, Deus nos criou para amarmos e que, mesmo tudo
sendo força, somente Ele é Poder?
Reflete,
pois, leitor político, nos versos deste soneto e desperte, enquanto é tempo,
para a verdadeira felicidade: a de servir incansavelmente a Deus, servindo ao
nosso próximo, sem nos servirmos dele para alcançar o poder temporal...
Servir a Deus ou a Mamon?
A quem servir, a Deus ou
a Mamon?
Louvando a matéria como
ateus,
Agimos, nesse instante,
qual Mamon
E, sem pudor algum,
negamos Deus.
Quem é nosso Senhor,
Mamon ou Deus?
Se em nossos atos somos
negação
Dos atos de Jesus, desde
Mateus,
Como de Marcos, Lucas e
João...
É certo que não cremos
nesse Deus
Que o Cristo confirmou,
ressuscitado,
Mas nos escravizamos ao
pecado...
E então agindo assim,
como sandeus,
A nossa consciência,
cedo ou tarde,
Na dor, há de
mostrar-nos a Verdade...
— Depois
de mim, o dilúvio, disse um imperador corrupto e mau. Houvera ele crido na
mensagem cristã e não teria sido tão tonto...
Sim, somos
mortos pensando estar vivos, ao passo que muitos dos que consideramos extintos
estão atentos ao que fazemos, nos mínimos detalhes. Foi o que fez o fantasma ao
corrigir seu nome na lápide do túmulo...
Para os
que dão as costas ao nosso Criador, vivendo como se fossem eternos na matéria,
deixo mais este recado que, por certo, será ignorado por quem "tendo olhos
não vê, tendo ouvidos, não ouve", como dizia o Profeta:
Deus
existe e Sua presença está na consciência de cada um de nós.
Escreve
teu nome certo, político leitor, nesta curta vida de 77 anos, em média, para
que não precises retornar para consertá-lo antes mesmo de reencarnares.
A não ser
que acredites, como os animais, apenas no presente, e queiras presentear teus
amigos, parentes, bichinhos de estimação com as benesses da riqueza e do poder
temporal que acreditas ser eterno, mas que, de fato, é "infinito enquanto
dure", como afirma em seu "Soneto de fidelidade" o poeta
Vinicius de Moraes.
Curta
duração... Infinita também é a dor da consciência pesada.
— Você não
está muito moralista após a morte, Machado?
— Eu
também voltei para consertar meu nome...
Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com
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