Por que creio na imortalidade da alma
Sir Oliver Lodge
Parte 3
Damos prosseguimento
ao estudo metódico e sequencial do livro Por
que creio na imortalidade da alma, de autoria de Sir Oliver Lodge, de
acordo com a tradução feita por Francisco Klörs Werneck, publicada pela
Federação Espírita do Estado de São Paulo em 1989.
Esperamos que este
estudo constitua para o leitor uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do
Espiritismo.
Cada parte compõe-se
de:
1) questões preliminares;
2) texto para leitura.
As respostas
correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto
indicado para leitura.
Questões preliminares
A. Que é, para
Oliver Lodge, um indivíduo?
B. De acordo com
esta obra, podemos dizer que cérebro e Espírito sejam a mesma coisa?
C. É correto
dizermos ‘minha alma’, do mesmo modo que dizemos ‘meu corpo’?
Texto para leitura
27. Possuímos um
corpo etérico independente de todo o acidente que possa acontecer ao conjunto
da matéria associada, e continuamos a possuir sempre esse corpo etérico depois
do desaparecimento do corpo material. A única objeção a esta realidade reside
no fato de que nada existe, de natureza etérica, suscetível de impressionar os
nossos sentidos. Tudo o que pertence ao éter deve ser conhecido por deduções.
(P. 9)
28. Para Lodge, toda
teoria deve ser apoiada por fatos resultantes da observação e da experiência.
“Deve-se, pois, dar-lhe uma oportunidade de vida e só quando ela mostrar-se
falsa e errada é que deverá ser eliminada sem piedade”, acrescenta o autor
desta obra. (P. 10)
29. Dito isto,
Oliver Lodge apresenta as seguintes proposições (PP. 10 e 11):
I - A atividade
mental não é limitada às suas manifestações corporais, embora, em certo meio
material, isso seja necessário para demonstrar-nos sua atividade neste plano.
II - O mecanismo
cérebro neuromuscular, assim como o restante do corpo, forma um instrumento
construído, dirigido e utilizado pela vida e pelo Espírito.
III - Nem a vida nem
o Espírito deixam de existir quando separados do seu invólucro ou órgão
material.
IV - O que chamamos
indivíduo é uma encarnação definida ou uma associação com a matéria de algum
elemento vital ou espiritual que possui em si mesma uma existência contínua.
V - O valor da
encarnação se acha na oportunidade assim oferecida para a individualização de
uma parte da mentalidade específica gradualmente mais vasta, isolada do seu
meio primitivo cósmico, a fim de permitir-lhe desenvolver uma personalidade que
será a característica desse organismo particular.
VI - Há lugar para
crer-se que essa individualidade persista como toda outra realidade e que, em consequência,
pode sobreviver à sua separação do organismo material que a ajudava outrora a isolar-se,
para tornarem-se possíveis os traços característicos individuais do seu
caráter, caráter esse que persiste verdadeiramente como indivíduo, conservando
a sua memória, as suas experiências e as suas afeições, segundo oportunidades e
privilégios associados ao corpo material durante a vida terrena.
VII - A evidência,
já acessível, basta para provar que o caráter individual e a memória persistem,
que as personalidades que deixaram esta vida continuam a existir com os seus
conhecimentos e as experiências adquiridas neste plano, e que, em certas
condições parcialmente conhecidas, os nossos amigos invisíveis podem provar-nos
a sua sobrevivência real, individual e pessoal.
30. No momento em
que esta obra foi escrita - 1929 - todas as conclusões ou deduções acima
expostas, provenientes de um longo inquérito, eram - de acordo com Oliver Lodge
- consideradas duvidosas pela Ciência ortodoxa, que até então se limitara às
manifestações terrestres, sem buscar o que quer que seja no plano espiritual.
“Qualquer insistência sobre tais proposições - afirma o pesquisador inglês -
topa com a zombaria que as encara como pura especulação ou mesmo como
superstição. Estas conclusões, por outro lado, não parecem essenciais à
religião, em sua aceitação geral, e são, na maioria, desaprovadas como ensino
religioso.” (PP. 11 e 12)
31. Apreciando as
sete proposições anteriormente expostas, Oliver Lodge diz que, no tocante à
primeira proposição - o Espírito pode agir independentemente dos órgãos
corporais -, ele ficou certo disso desde 1883, em razão dos casos de telepatia
experimental que Sir William Barrett assinalara em relatório dirigido à British
Association em 1876. (P. 13)
32. Na sequência,
Lodge reporta-se às experiências contidas no livro Fantasmas dos Vivos, editado em 1886, por Myers e Gurney, com a
colaboração de Podmore. E afirma: “A aparição ou o fantasma, visto pelo
percipiente sensitivo e que, até aqui, tinha naturalmente sido considerado como
efeito de uma presença real e misteriosa, podia ser assim atribuído a uma
impressão viva produzida, telepaticamente e sem seu conhecimento, por uma
pessoa afastada, em angústia, perigo e mesmo prestes a falecer”. (P. 14)
33. Depois de
eliminar todos os casos duvidosos, a conclusão dos investigadores foi resumida,
nos Proceedings of the Society for
Psychical Research, da seguinte maneira: “Existe, entre os casos de morte e
as aparições de moribundos, uma relação que não é consequência só do acaso.
Consideramo-la como um fato certo. A discussão de tudo o que ela implica não
pode ser feita só nesta obra e, provavelmente, não será mesmo esgotada em nossa
época”. (PP. 14 e 15)
34. É interessante
lembrar que o filósofo Kant ocupou-se também, em certa época, dos estudos
psíquicos e examinou dois ou três casos notáveis, referentes a Swedenborg. Em
seu ensaio sobre Kant, William Wallace diz que é possível considerar as
aparições sob um ponto de vista subjetivo e transcreve citação de Kant em que
este admite a comunicação entre os Espíritos e os encarnados. (P. 15)
35. A segunda
proposição - o corpo é um instrumento utilizado pelo Espírito - resulta, de
certa forma, da primeira e serve de refutação ao argumento apresentado por
anatomistas e fisiologistas de que cérebro e Espírito são a mesma coisa, de
modo que uma lesão no cérebro imprime, ipso facto, uma lesão correspondente no
Espírito e que a destruição de um equivale à destruição de outro. (P. 16)
36. Oliver Lodge
discorda dessa ideia e afirma que o cérebro, em si mesmo, não pode mais que a
vista e que ambos não constituem senão um instrumento único graças ao qual a
visão se torna uma possibilidade, tal como se dá com o ouvido, que é apenas um
instrumento físico que nos permite ouvir. Mas, a verdade é que é o Espírito
quem vê e ouve, é ele quem interpreta a significação da visão e da audição,
quem extrai uma impressão mental ou uma emoção das imagens, dos poemas e das
músicas - resposta psíquica inteiramente estranha aos atributos da matéria.
(PP. 16 e 17)
37. Em seu livro
intitulado O Mundo dos Espíritos,
publicado na Inglaterra em 1924, o filósofo polonês Vincenty Lutolawski
assevera: “Para compreender a relação que existe entre o pensamento e o
cérebro, basta admitir que o cérebro é o órgão através do qual recebemos todas
as nossas impressões exteriores e graças ao qual produzimos todos os
movimentos, particularmente a palavra”. “É por uma falsa analogia de linguagem
- conclui Vincenty - que dizemos ‘minha alma’, como dizemos ‘meu cérebro’, ‘meu
corpo’ e assim por diante. Com efeito, sois uma alma e não deveis falar de
possuir uma alma como se a alma diferisse de vós mesmos.” (PP. 17 e 18)
38. Muitos fenômenos
conhecidos permitem ilustrar a terceira proposição, que estabelece que as
coisas desaparecidas não perdem a sua existência. Embora seja um fato que salta
aos olhos, a indestrutibilidade da matéria precisa ser provada cientificamente.
(P. 18)
39. Acredita-se
geralmente que uma coisa queimada está destruída, que o leite derramado está
perdido, que a nuvem se evaporou devido ao calor solar etc. Todo o mundo sabe,
porém, que - qualquer que seja a dispersão da matéria - as suas partículas são
indestrutíveis. (P. 18)
Respostas às questões preliminares
A. Que é, para Oliver Lodge, um indivíduo?
Indivíduo é, segundo
Lodge, uma encarnação definida ou uma associação com a matéria de algum
elemento vital ou espiritual que possui em si mesma uma existência contínua. (Por que creio na imortalidade da alma,
pp. 10 e 11.)
B. De acordo com esta obra, podemos dizer que cérebro e
Espírito sejam a mesma coisa?
Não. O cérebro e
todos os demais órgãos que compõem o corpo físico são tão somente instrumentos
de que o Espírito se serve. (Obra citada, p. 16.)
C. É correto dizermos ‘minha alma’, do mesmo modo que
dizemos ‘meu corpo’?
Não. É por uma falsa
analogia de linguagem que dizemos ‘minha alma’, como dizemos ‘meu cérebro’,
‘meu corpo’ e assim por diante. Com efeito, somos uma alma encarnada, e não
temos uma alma. (Obra citada, pp. 17 e 18.)
Nota:
Links que remetem aos textos anteriores:
Parte 1 - http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/02/iniciacao-aos-classicos-espiritas.html
Parte 2 - http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/02/iniciacao-aos-classicos-espiritas_10.html
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