A conversão do ex-ateu Viriato Correa ao Espiritismo
Reendereçamento da crônica de 19 de julho de 1888 (Gazeta de Notícias)
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Acaba de ser
dado um golpe de mestre pelos espíritas brasileiros. Apareceu no Rio de Janeiro
um pesquisador de nomeada que estudou a fundo as manifestações do paranormal
escocês Dunglas Home. Os fenômenos de efeitos físicos e mediúnicos desse
cidadão escocês foram amplamente documentados por Adilton Pugliese em sua obra
intitulada Daniel Dunglas Home: o médium
voador, publicada pela EBM Editora, em 2013.
Eu dizia, em
1888, que outro médium renomado estivera na FEB, Rio de Janeiro, a qual “não
achou que o homem valesse a fama”. Referi-me ao Dr. Slade. Vá a outras fontes,
leitor amigo, saiba separar, com a ajuda de pesquisadores sérios, o joio do
trigo. Diversos cientistas, filósofos e beletristas responsáveis, ao longo dos
séculos, têm mudado sua visão materialista pela espiritualista e, em especial,
espírita.
Um deles foi
Viriato Correa, renomado escritor, em sua época, membro da Academia Maranhense
de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro que, em 1938,
foi eleito imortal pela Academia
Brasileira de Letras. Viriato faleceu em 1967, em avançada idade (84 anos).
Sua
conferência, feita em 1925, foi publicada em artigo da revista Reformador, da Federação Espírita
Brasileira, em três longos textos, cujo início se deu em setembro de 1970 e foi
concluído em novembro desse ano. Tal é a riqueza de informações e beleza
literária neles existentes que vale a pena comentar alguns dos seus pontos.
O douto
conferencista iniciou narrando a fábula do coelho que vivia na toca e, sem
jamais ter saído dali, foi nomeado rei. No final da história, esclarece ao
leitor que, no dia de sua saída da toca, pela primeira vez, o rei coelho ficou
tão deslumbrado com o que viu cá fora que abdicou do trono e foi muito mais
feliz do que antes. Pois agora podia desfrutar a liberdade e os tesouros da
natureza.
Viriato compara
sua existência atual com a desse coelho. Diz ter sido ateu até os 42 anos,
quando fatos extraordinários aconteceram com ele e, após ter lido O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec,
passou a ter uma nova visão sobre a vida humana e sua imortalidade. Agora, sim,
compreendia Deus em sua onipotência, bondade e misericórdia, “o Deus que perdoa
e consola, que não tem decisões implacáveis, que não tem infernos para penas
eternas”.
E arremata,
logo abaixo: “Hoje considerando as coisas, meditando sobre o tempo que passou,
é que vejo o que havia de ridículo e de caricato no materialismo que me encheu
tão longo período de vida”. O Espiritismo consola, esclarece e cura nossas
mazelas físicas e espirituais. É o que Viriato Correia demonstra em sua
conferência, rica de casos engraçados e marcantes que o fizeram abandonar
completamente a visão materialista da vida, a qual nada de bom nos proporciona
no futuro. Substituiu-a pela noção espírita clara, obtida, não somente por ele,
mas por todo o buscador sincero da verdade.
Há fraudes? Com
certeza, como em tudo o que se liga às ações do ser humano. Mas se sairmos da
periferia e aprofundarmos nossas pesquisas sobre o assunto, não somente pela
leitura das obras de pesquisadores honestos, como também pela observação e
experimentação, que caracterizam os procedimentos científicos da Doutrina
Espírita, certamente, nossa fé tornar-se-á inabalável, e a finalidade da vida
será mais bem compreendida por todos
nós: evoluir para a perfeição, que nos proporcionará a felicidade dos justos.
É então que nos
vem à memória a pergunta de Allan Kardec: Qual destas duas doutrinas é melhor
para nós, a materialista, que não nos dá qualquer perspectiva de sobrevivência
após a morte, por nos assegurar o mergulho da alma no nada, após uma curtíssima
existência no mundo; ou a espírita, que nos garante a sobrevivência após a
morte física e a possibilidade de evolução e felicidade eterna? Eu fico com
esta. E você, amigo leitor, qual delas escolhe?
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