terça-feira, 11 de setembro de 2018





Um dia de verão

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Mais fresco do que o comum, estava aquele dia de verão. O céu, bem azul, fora lavado pela chuva de manhã. As flores – parecia mais primavera – reluziam suas cores vivas e animavam os olhos para onde olhavam. Era, na verdade, um dia de verão.
Sem mais deveres a fazer, uma menina, que morava na casa laranja numa área rural bastante cuidada, foi para perto da plantação de flores cuja família cultivava há três gerações. Estar entre elas era o que a menina mais amava. As flores dali eram além de flores, eram além dos recortes e desenhos tão perfeitos com uma mistura de cores muito incomum. Um dia a mais e boa parte do cultivo seria colhida. Porém, precisava de mais um dia.
A menina tocava delicadamente as pétalas, as folhas, observava as características como uma doutora pesquisando e quanto mais observava ainda mais se encantava com a perfeição. Não eram apenas flores. Eram seres maravilhosos que se comunicavam constantemente levando a quem quisesse todo melhor entendimento sobre os bons valores. Eram lindas e singelas, existiam de maneira incondicional, eram criaturas a fim de animarem outras por meio de sua leveza feliz – toda flor faz nascer um sorriso.
E continuava. A menina continuava sua inspeção carinhosa, pois essa análise assemelhava-se à observação de pessoas. Cada flor, ainda assim no mesmo pé, era única, com suas peculiaridades; não existem duas coisas iguais. Nunca comentou, no entanto, cada uma tinha nome.
Também a menina carregava um bloquinho de anotações que mantinha as particularidades de cada uma e de algo a mais que cada uma pudesse precisar.
Passaram-se horas e o pôr do sol começou a nascer. A menina retornou, com calma, para a casa laranja. Mais aquele dia era um a menos para começar seus estudos e formar-se na área mais adequada para amparar as pessoas, o espírito no invólucro de ser humano. Ela tinha plena consciência de seu objetivo.
A menina já havia começado o seu estágio com as flores, bastante semelhantes aos seres humanos, dessa forma era como sentia.
E o sol acabou de deitar-se.

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