Deus se revela por meio de leis
sábias que regem a vida e os mundos
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Dentre eles, três se destacam: o princípio da existência de
Deus como o criador de tudo o que não é obra do homem; o da existência dos
Espíritos como criaturas suas, e o princípio da natureza espiritual da alma
humana, que constitui a individualidade consciente, permanente e imperecível do ser
humano.
Os demais princípios – a pluralidade dos mundos
habitados, a encarnação e a reencarnação, a lei de causa e efeito, o princípio
da necessidade das provas como meio de progresso e das cruciantes expiações – são
decorrência natural dos três primeiros.
Fulgura, no entanto, exuberante e à frente de
todos, o princípio da existência do Eterno Criador.
Allan Kardec iniciou O Livro dos Espíritos,
sua primeira obra, com um capítulo inteiramente consagrado a Deus e às provas
de sua existência. E no livro A Gênese, sua derradeira obra, depois de
explicar no capítulo I o caráter da revelação espírita, tratou novamente da
existência de Deus, mostrando que esse constitui o mais importante princípio da
Doutrina Espírita.
Neste último, o codificador do Espiritismo comentou
a opinião dos que opõem à tese da existência de Deus o pensamento de que as
obras ditas da Natureza são produzidas por forças materiais que atuam
mecanicamente, em virtude das leis de atração e repulsão, sob cujo império tudo
ocorre, quer no reino inorgânico, quer nos reinos vegetal e animal, com uma
regularidade mecânica que não acusa a ação de nenhuma inteligência livre.
O homem – dizem tais opositores – movimenta o braço
quando quer e como quer. Aquele, porém, que o movimentasse no mesmo sentido,
desde o nascimento até à morte, seria um autômato. Ora, as forças orgânicas da
Natureza são puramente automáticas.
Tudo isso é verdade, redarguiu Kardec, mas essas
forças são efeitos que hão de ter uma causa. São elas materiais e mecânicas, mas
são postas em ação, distribuídas e apropriadas às necessidades de cada coisa
por uma inteligência que não é a dos homens. E a aplicação útil dessas forças é
um efeito inteligente, que denota uma causa inteligente.
A ideia que o Espiritismo nos dá sobre Deus está de
conformidade com a mais perfeita e justa racionalidade. E nos convence da
existência do Criador sem necessidade de recorrer a outras provas que não as
que provêm da simples contemplação do Universo, no qual Deus se revela por meio
de leis sábias e de obras admiráveis, que constituem um conjunto grandioso de
tanta harmonia e onde há perfeita adequação dos meios aos fins, que se torna
impossível não ver por trás desse mecanismo a ação de uma Suprema Inteligência,
como os Espíritos Superiores fizeram questão de dizer na resposta dada à
pergunta – Que é Deus? – na abertura de O Livro dos Espíritos:
“Deus é a inteligência suprema, causa primária de
todas as coisas.”
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