A perfeita sublimação da alma requer
o concurso do tempo
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Como
a Humanidade se transformará? Vai levar tempo? Que mecanismos serão necessários
para isso?
As perguntas
acima são recorrentes em nosso grupo. Trata-se de questões importantes,
sobretudo quando se processam os acontecimentos que preparam o advento de um mundo
renovado, em que sua principal função não terá vínculo com provas, expiações ou
reparações.
É claro que
esse dia está muito longe – melhor dito, bem mais longe do que supõem os mais pessimistas
–, uma vez que a qualidade, superior ou inferior, de um planeta é o reflexo da
qualidade das pessoas que nele habitam. Assim, um mundo renovado exigirá que
nele reencarnem pessoas renovadas.
Allan Kardec e
Gabriel Delanne trataram do tema que ora examinamos, respectivamente,
No tocante à
transformação da Humanidade, diz Kardec que tal meta somente poderá ser
alcançada com o melhoramento das massas,
o que pode acontecer gradualmente e
pouco a pouco somente pelo melhoramento
dos indivíduos. (Cf. O Livro dos
Médiuns, item 350.) [Negritamos]
Com efeito –
diz o Codificador –, de que valerá crer na existência dos Espíritos, se essa
crença não tornar melhor, mais benevolente e mais indulgente o indivíduo e se
não o fizer mais humilde e mais paciente na adversidade? De que servirá a um
indivíduo avarento ser espírita se permanecer avaro; ao orgulhoso, se continuar
sempre cheio de si mesmo; ao invejoso, se estiver sempre nutrindo sentimentos
de inveja? Todos os homens poderiam então crer nas manifestações e a Humanidade
permaneceria estacionária. Esses não são, porém, os desígnios de Deus, e é para
o fim visado pela Providência que devem tender todas as sociedades espíritas
sérias, concorrendo de forma ativa para que, a partir do melhoramento dos
indivíduos, a sociedade também se aprimore.
A ideia, como
dissemos, foi reafirmada 105 anos por Gabriel Delanne (Espírito), numa
entrevista que ele concedeu a André Luiz, o mesmo autor da conhecida Série
Nosso Lar.
Vejamos algumas
questões propostas por André e as respostas de Delanne:
André: Exprimindo-se desse modo, refere-se à
necessidade da divulgação da Doutrina Espírita?
Delanne: Sim.
André: Mas, segundo o seu conceito, a divulgação
terá de efetuar-se de pessoa a pessoa. Teremos entendido certo?
Delanne: Sim, de pessoa
a pessoa, de consciência a consciência. A verdade a ninguém atinge através da
compulsão. A verdade para a alma é semelhante à alfabetização para o cérebro.
Um sábio por mais sábio não consegue aprender a ler por nós.
André: Não considerará, porém, que esse processo é
moroso demais para a Humanidade?
Delanne: Uma
obra-prima de arte exige, por vezes, existências e existências para o artista
que persegue a condição do gênio. Como acreditar que o esclarecimento ou o
aprimoramento do Espírito imortal se faça tão-só por afirmações labiais de alguns
dias? (Entre Irmãos
de Outras Terras, obra psicografada por Francisco Cândido Xavier e Waldo
Vieira.)
À vista do acima
exposto, não nos é difícil compreender como a Humanidade se transformará, uma
tarefa que, evidentemente, levará muito tempo. Como diz Abel Gomes, em mensagem
psicografada por Chico Xavier, publicada no livro Falando à Terra, a “perfeita sublimação é obra dos séculos
incessantes”.
Quanto aos
mecanismos, de novo se impõe a importância da educação – educação da criança,
do jovem, do idoso – e da aplicação em nossa vida daquilo que aprendemos,
cientes de que, como lembrou Abel Gomes na mesma mensagem acima citada: “À
maneira que nos desenvolvemos em sabedoria e amor, consideramos a perda dos
minutos como sendo a mais lastimável e ruinosa de todas”.
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