quinta-feira, 31 de julho de 2025

 


AS MAIS LINDAS CANÇÕES QUE OUVI

ROSA

 

Pixinguinha e Otávio de Souza

 


Tu és divina e graciosa,

Estátua majestosa do amor,

Por Deus esculturada

E formada com ardor

Da alma da mais linda flor,

De mais ativo olor,

Que na vida é preferida pelo beija-flor...

Se Deus me fora tão clemente

Aqui neste ambiente de luz,

Formada numa tela deslumbrante e bela,

Teu coração junto ao meu, lanceado,

Pregado e crucificado sobre a rósea cruz

Do arfante peito teu.

 

Tu és a forma ideal,

Estátua magistral, oh alma perenal

Do meu primeiro amor, sublime amor.

Tu és de Deus a soberana flor.

Tu és de Deus a criação

Que em todo coração sepultas o amor,

O riso, a fé e a dor

Em sândalos olentes cheios de sabor,

Em vozes tão dolentes como um sonho em flor.

És láctea estrela,

És mãe da realeza.

És tudo enfim que tem de belo

Em todo resplendor da santa natureza...

 

Perdão, se ouso confessar-te

Eu hei de sempre amar-te,

Oh! flor, meu peito não resiste.

Oh! meu Deus, o quanto é triste

A incerteza de um amor

Que mais me faz penar em esperar,

Em conduzir-te um dia

Ao pé do altar.

 

Jurar aos pés do Onipotente,

Em preces comoventes de dor,

E receber a unção de sua gratidão,

Depois de remir meus desejos

Em nuvens de beijos,

Hei de envolver-te até meu padecer

De todo fenecer.

 

 

Você pode ouvir a canção na voz do seu intérprete preferido clicando no link correspondente:

Elisa Addor e Marina Spoladore - https://www.youtube.com/watch?v=HWZO-8EybqQ

Trio Amadeus – https://www.youtube.com/watch?v=XidCA8K71cw&ab_channel=TrioAmadeus

Orlando Silva - http://www.youtube.com/watch?v=BQnW6SpBz3E

 

 

 

 


 

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quarta-feira, 30 de julho de 2025

 



A jovem atriz

 

Maria Dolores (Espírito)

 

Sala de sanatório. Ampla secretaria.

A jovem funcionária de plantão

Ouve dois cavalheiros da chefia,

Diretores da casa,

Ambos em franca zombaria,

De verbo destilando espinho, lama e brasa,

Criticando uma atriz,

Notada pelos dois de maneira infeliz;

Uma atriz que atuava em peça fescenina,

Mulher quase menina

Que haviam ido ver na noite precedente.

Nisso, entra na sala

Uma pálida moça,

Pobremente vestida,

Revelando no todo a existência sofrida…

 

A todos cumprimenta gentilmente.

Em seguida,

Procura ouvir a funcionária em frente

E pergunta:

— Como passa meu pai na cela de internado?

Responde a outra, lado a lado:

— Vai melhor, mas precisa de cuidado…

A recém-vinda exalta a gratidão,

Demonstra o amor filial que traz no coração

E erguendo a velha bolsa agora,

Continua dizendo:

— Vim pedir à senhora

A conta deste mês…

A outra estuda as notas que se fez,

Investiga papéis, extrai assentos

E diz, após somar frações e números inteiros:

— O preço, no total, é nove mil cruzeiros.

A menina abre a bolsa,

Preenche um cheque, decisiva e pronta,

E imediatamente paga a conta.

 

Os chefes aproximam-se mostrando,

Apreço, cortesia e, por sinal,

Eis que um deles indaga:

— Senhorita,

Seu pai há muito tempo é um doente mental?

— Há seis anos, senhor, vivo eu em ação

Para trazê-lo à recuperação.

Aproveitando a pausa, o outro diretor

Comentou sem piedade:

— A mulher alterou-se, minha filha,

E a demência alcançou a Humanidade.

Inda agora, falávamos aqui

De uma peça que eu vi

No teatro que temos nesta rua…

Chama-se a peça: “A Nova Maravilha”,

Onde uma jovem quase nua,

Mais animal que um ser humano,

A contorcer-se num bailado insano,

Cria tantos convites indecentes

Que, a meu ver,

Põe louco qualquer homem neste mundo…

Seu pai decerto viu alguma cousa destas.

Os homens, hoje em dia,

Na mais simples das festas,

Acham loucas assim

E adoecem, por fim,

Neuróticos, cansados, infelizes,

Principalmente olhando essas atrizes.

Essa atriz que vi ontem,

Aplaudida por loucas e marmanjos,

Age em cena

De modo a enlouquecer os próprios anjos,

E ninguém a demite, nem condena…

 

Porque a menina generosa e humilde

Ali se enternecesse e emocionasse,

Entremostrando lágrimas na face,

O severo censor fez pausa e perguntou:

— Acaso a senhorita

Chegou a ver a peça?

E terá, porventura, aplaudido uma loucura dessa?

Mas a jovem tristonha replicou:

— Senhor,

Não menospreze tanto a minha dor!

Trabalho no teatro honestamente

Para manter aqui meu pai velho e doente…

E em choro convulsivo, esclareceu:

— Essa atriz de que fala… Essa jovem sou eu…

 

Do livro Momentos de Ouro, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
 

 

 


 

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terça-feira, 29 de julho de 2025

 



O divino caminho

(Único)

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

 

Com Deus, todos os segundos possuem sentido, isso não quer dizer contentar-nos sempre; com Deus, os caminhos levam à paz que o coração procura; as palavras são amorosas, calmas e esclarecedoras; os acontecimentos têm o seu motivo e aprendizado; a esperança se apresenta aos olhares sedentos; a cura surge para o corpo e o espírito, pois o pensamento se torna sadio; o perdão fortalece quem concede e quem recebe; o sorriso é mais comum do que a sisudez; a vida é eterna.

Quando reconhecemos que o único caminho para a consolação e o desenvolvimento do nosso espírito é a luz de Deus que traz o sentido completo à vida, e que após esse reconhecimento nosso espírito se sente radiante como nunca sentira e se emociona com o começo do despertar para a verdadeira vida, então, iniciamos, assim, os passos para o sentido real para o qual o espírito foi criado, a perfeição, porque não se chega ao infinito se não houver o caminho inicial.

Em todas as existências, conscientemente ou não, há apenas único objetivo. Enquanto tanto nos perdemos entre as ilusões do orgulho, vaidade, egoísmo e materialidade, continuamos distantes da verdade para qual fomos criados. E a luz divina nunca se enfraquece nem se limita, porém brilha infinitamente. Todo o tempo podemos querer caminhar na senda verdadeira, e não há dia específico, porém todos os dias são propícios a esse caminho.

Quando compreendemos que nosso espírito sempre busca o aprimoramento mesmo sem a nossa percepção desperta , e que o atraso só nos faz sofrer, finda o estágio da dor mais exacerbada, a não ser que seja decisão estabelecida pelo ainda desajustado espírito. Fomos criados para sentir bondade e amor e isso é fato, e não imaginação.

Ainda que o espírito se sinta ilusoriamente suficiente em sua consciência, que a vida material pareça ser mais atrativa do que a real espírita, que cada existência pareça ser o nosso início e fim, isso tudo não passa de completa superficialidade humana ou, também, limitação inteiramente concentrada do estágio espiritual, porque se lembrarmo-nos de que a vida é criação divina, perfeição absoluta, realmente, não restará nenhuma fagulha de dúvida, incompreensão ou pequenez em nós.

E o divino caminho é único, inquestionável, perfeito, abençoado, iluminado e eterno. O  divino caminho é quando desejamos viver sob os mais preciosos e únicos preceitos de Deus.

 

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

 

 

 



 

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segunda-feira, 28 de julho de 2025

 



Álbum materno

 

Irmão X (Espírito)

 

... E nós respigamos alguns tópicos do álbum repleto de fotos, que descansava na penteadeira de Dona Silvéria Lima, ao lermos, enternecidamente, a história do filho que ela própria escrevera.

1941 – Outubro, 16 – Meu filho nasceu no dia 12. Sinto-me outra. Que alegria! Como explicar o mistério da maternidade? Meu Deus, meu Deus!... Estou transformada, jubilosa!...

Outubro - 18 – Meu filho recebeu o nome de Maurício. Aos seis dias nascido, parece um tesouro do Céu em meus braços!...

Outubro – 20 – Recomendei a Jorge trazer hoje um berço de vime, delicado e maior. O menino é belo demais para dormir no leito de madeira que lhe arranjamos. Coisa estranha!... Jorge, desde que se casou comigo, nada reclamou... Agora, admite que exagero. Considerou que devemos pensar nas crianças menos felizes. Apontou casos de meninos que dormem no esgoto, mas, que temos nós com meninos de esgoto? Caridade!... Caridade é cada um assumir o desempenho das próprias obrigações. Meu marido está ficando sovina. Isso é o que é...

1942 – Novembro, 11 – Mauricinho adoeceu. Sinto-me enlouquecer... Já recorri a seis médicos.

1943 – Dezembro, 15 - O pediatra aconselhou-me deixar a amamentação e mandou que Mauricinho largue a chupeta. Repetiu instruções, anunciou, solene, que a educação da criança deve começar tão cedo quanto possível. Essa é boa! Eu sou mãe de Mauricinho e Mauricinho é meu filho. Que tem médico de se intrometer? Amamento meu filho e dou-lhe a chupeta, enquanto ele a quiser.

1944 – Março, 13 – Mauricinho, intranquilo, arranhou, de leve, o rosto da ama com as unhas. Brincadeira de criança, bobagem. Jorge porém, agastou-se comigo por não repreendê-lo. Tentou explicar-me a reencarnação. Assegurou que a criança é um Espírito que já viveu em outras existências, quase sempre tomando novo corpo para se redimir de culpas anteriores, e repisou que os pais são responsáveis pela orientação dos filhos, diante de Deus, porque os filhos (palavras do coitado do Jorge) são companheiros de vidas passadas que regressam até nós, aguardando corrigenda e renovação... Deu–me vontade de rir na cara dele. Antes do casamento, Jorge já andava enrolado com espíritas... Reencarnação!... Quem acredita nisso? Balela... Chega um momento de nervosismo, a criança chora e será justo espancá-la, simplesmente por essa razão?

1946 – Março, 15 - Jorge admoestou-me com austeridade. Parecia meu avô, querendo puxar-me as orelhas. Declarou que não estou agindo bem. Acusou-me. Tratou-me como se eu fosse irresponsável. Tem-se a impressão de que é inimigo do próprio filho. Queixou-se de mim, alegou que estou deixando Maurício crescer como um pequeno monstro (que palavra horrível!), tão só porque o menino, ontem, despejou querosene no cão do vizinho e ateou fogo... Era um cachorro intratável e imundo. Certamente que não estou satisfeita por haver Maurício procedido assim, mas sou mãe... Meu filho é um anjo e não fez isso conscientemente. Talvez julgasse que o fogo conseguisse acabar com a sujeira do cão.

1948 – Abril, 9 – Crises de Maurício. Quebrou vidraças e pratos, esperneou na birra e atirou um copo de vidro nos olhos da cozinheira, que ficou levemente machucada, seguindo para o hospital... Jorge queria castigar o menino. Não deixei. Discutimos. Chorei muito. Estou muito infeliz.

1950 – Setembro, 5 – A professora de Maurício veio lastimar-se. Moça neurastênica. Inventou faltas e mais faltas para incriminar o pobre garoto. Informou que não pode mantê-lo, por mais tempo, junto dos alunos. Mulher atrevida! Pintou meu filho como se fosse o diabo. Ensinei a ela que a porta da rua é serventia da casa. Deixa estar! Ela também será mãe... Que bata nos filhos dela!

1952 – Maio, 16 – Maurício já foi expulso de três colégios. Perseguido pela má sorte o meu inocentinho!... Jorge afirma-se cansado, desiludido... Já falou até mesmo num internato de correção... Meu Deus, será que meu filho somente encontre amor e refúgio comigo? Tão meigo, tão bom!... Prefiro desquitar-me a permitir que Jorge execute qualquer ideia de punição que, aliás, não consigo compreender... Meu filho será um homem sem complexos, independente, sem restrições... Quero Maurício feliz, feliz!...

1956 – Meu marido quer empregar nosso filho numa casa de móveis. Loucura!... Acredita que Mauricinho precisa trabalhar sob disciplina. Que plano!... Meu filho com patrão... Era o que faltava!... Temos o suficiente para garantir-lhe sossego e liberdade.

1957 – Janeiro, 14 – Jorge está doente. O médico pediu que lhe evitemos dissabores ou choques. Participou-me, discreto, que meu marido tem o coração fatigado, hipertensão. Desde o ano passado, Jorge tem estado triste, acabrunhado com as calúnias que começam a aparecer contra o nosso filhinho. Amigos-ursos fantasiaram que Maurício, em vez de frequentar o colégio, vive nas ruas, com vagabundos. Chegaram ao desplante de asseverar que meu filho foi visto furtando e, ainda mais... Falaram que ele usa maconha em casas suspeitas. Pobre filho meu!... Sendo filho único, Maurício necessita de ambiente para estudar, e se vem, alta madrugada, para dormir, é porque precisa do auxílio dos colegas, nas várias residências em que se reúnem com os livros.

1958 – Outubro, 6 – Jorge ficou irado, porque exigi dele a compra de um carro para Maurício, como presente de aniversário. Brigou, xingou, mas cedeu...

1959 – Junho, 15 – Estou desesperada. Jorge foi sepultado ontem. Morreu apaixonado, diante da violência do delegado policial que intimou Mauricinho a provar que não estava vendendo maconha. Amanhã, enviarei um advogado ao Distrito. Se preciso, processarei o chefe truculento... Ninguém arruinará o nome de meu filho que é um santo... Oh! Meu Deus, como sofrem as mães!...

1960 – Agosto, 2 – Duas mulheres, com a intenção de arrancar-me dinheiro, disseram que meu filho lhes surrupiou joias. Velhacas e mandrionas. Maurício jamais desceria a semelhante baixeza. Dou-lhe mesada farta. Expulsei as chantagistas e, se voltarem, conhecerão as necessárias consequências.

1961 – Fevereiro, 22 – Nunca pensei que o nosso velho amigo Noel chegasse a isso!... Culpar meu filho! Sempre a mesma arenga... Maurício na maconha. Maurício no furto! Agora é um dos mais antigos companheiros de meu esposo que vem denunciar meu filho como incurso num suposto crime de estelionato, comunicando-me, numa farsa bem tramada, que Maurício lhe falsificou a letra num cheque, roubando-lhe trezentos contos... Tudo perseguição e mentira. Já ouvi dizes que Noel anda caduco. Usurário caminhando para o hospício. Essa é que é a verdade... Sou mãe!... Não permitirei que meu filho sofra, nunca admiti que ninguém levantasse a voz contra ele... Maurício nasceu livre, é livre, faz o que entende e não é escravo de ninguém. Estou revoltada, revoltada!...

 

*

 

Nesse ponto, terminavam as confidências de Dona Silvéria, cujo corpo estava ali, inerte e ensanguentado, diante de nós, os amigos desencarnados, que fôramos chamados a prestar-lhe assistência. Acabara de ser assassinada pelo próprio filho, obsidiado e sequioso de herança.

Enquanto selecionávamos as últimas notas do álbum singular, Maurício, em saleta contígua, telefonava para a Polícia, depois de haver armado habilmente a tese de suicídio.

 

Do livro Contos Desta e Doutra Vida, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

 

 

 

 

 

 

 

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