terça-feira, 31 de março de 2015

Solidão: simplesmente o silêncio para a alma


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

A solidão não deveria trazer medo nem angústia, ela é somente o momento para meditar, conhecer-se e alcançar estágios mais elevados; é a alma que se perturba e se apavora com o silêncio solitário, silêncio que aviva a voz da consciência sem ter para onde fugir, no entanto, há como se renovar e se reconstruir.
Simplesmente em sua perfeita significância, a solidão é o tempo do diálogo interior e da reflexão quanto ao direcionamento em que se está para a tranquilidade ou o desespero da alma; é a sondagem dos sentimentos e atos; é a verificação da coragem ou não perante o medo, o sorriso ou não perante a conquista.
E o fato de conseguir, ou melhor, de querer e apreciar a própria companhia é imprescindível, pois essa companhia será para a eternidade, nunca se poderá fugir de si e sempre consigo estará.
Há incontáveis almas necessitadas de paz, da calma que ordena os pensamentos e amplia o melhor caminho a seguir, do recolhimento que verdadeiramente define a situação da centelha que é divina e eterna. Entretanto, essas almas ainda sofrem a falta de fé no Criador e as ocorrências externas passam a esmorecê-las e deixá-las à mercê dos desatinos e desesperos.
Quando se está fortalecido pela energia divina, a solidão torna-se vigor para o estreitamento desse laço, pois é no silêncio solitário que se ouve a voz amiga e se compreende a imensidade da vida, que se sente a perfeição em ínfimos detalhes, que se emociona com toda a grandeza incomparável de Deus.
Tudo será compreendido quando intrinsecamente for absorvido e esclarecido. A solidão promove o encontro com a própria essência porque durante cada dia inúmeros papéis são representados, mas é no tempo pessoal que se encontra com o seu profundo e completo eu.
A solidão nunca foi e nem será problema, mas o desencontro interno é que favorece o grande tormento. O caos pode abater o espaço externo e a alma não se perturbará, entretanto, o exterior pode estar em perfeita conjunção, mas se a constituição interna estiver desalinhada, nada de fora harmonizará a essência.
Com o recolhimento, a música é mais observada, a flor é mais perfumada, sente-se o ar preencher os pulmões, é possível ouvir o corpo trabalhar em seu próprio silêncio, pode-se, então, verificar quão fabulosa é a vida em detalhes nunca antes percebidos. A solidão é o recurso primoroso para a compreensão, pois é nesse tempo que se é mais capaz de fazer a prece e ouvir o retorno de como, sinceramente, o coração se encontra e o melhor caminho a seguir.
Não é o lugar nem o som que farão o coração feliz, mas o seu estado, pois ele sentirá a sua própria energia como e onde estiver.
E dias se foram e dias se vivem e dias virão, é o curso natural. Isso nunca será interrompido em tempo e lugar. E cada um, inseparável de si e eternamente, será seu companheiro na jornada da evolução. Tanto melhor conviver bem com quem não se pode separar.
Como o céu e o infinito, assim é o espírito e sua própria companhia; na calma dos dias ou na turbulência das emoções; na solidão da vida ou na completude do progresso. Serão sempre o eu e o seu espírito, mas Deus é o sábio condutor do universo e conhecedor supremo, pelo nome e pelo próprio amor, de cada filho Seu. Por isso, a solidão não deve ser o maior desafio, no entanto, o desafio definitivo será o autoconhecimento e autoaprimoramento.
O grande amigo está em si e também o seu oposto, se permitir. Tudo se resume na observação dos pensamentos, sentimentos, palavras e atitudes. Na verdade, a solidão só deve ser o silêncio para conversar com Deus.

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segunda-feira, 30 de março de 2015

As mais lindas canções que ouvi (132)


Água de chuva no mar

Carlos Caetano, Wanderley Monteiro e Gerson Gomes


O meu coração hoje tem paz,
Decepção ficou pra trás,
Eu encontrei um grande amor,
Felicidade, enfim, chegou...
Como o brilho do luar
Em sintonia com o mar,
Nessa viagem de esplendor
Meu sonho se realizou...
A gente se fala no olhar (no olhar),
É água de chuva no mar (no mar),
Caminha pro mesmo lugar
Sem pressa, sem medo de errar,
É tão bonito!...
É tão bonito o nosso amor!
A gente tem tanto querer (querer),
Faz até a terra tremer (tremer),
A luz que reluz meu viver,
O sol do meu amanhecer
É você...


Você pode ouvir a canção acima na voz dos intérpretes abaixo clicando nos respectivos links:



domingo, 29 de março de 2015

Os efeitos do suicídio prolongam-se no tempo


Não há quem não lamente as mortes que ocorrem todos os dias decorrentes dos homicídios e das guerras. De fato, seu número é alarmante e, como sabemos, um fato absolutamente desnecessário, visto que a existência na Terra já traz em si tantas dificuldades que seria ótimo que pelo menos as causadas pelos homens não mais ocorressem.
A quantidade de vítimas das guerras e dos homicídios é, porém, inferior ao número dos que voluntariamente se matam, cerca de um milhão de pessoas por ano, segundo o último relatório publicado pela Organização Mundial de Saúde.
Motivos diversos respondem, certamente, pelas causas que levam uma pessoa a matar-se.
Presume-se que o conhecimento prévio do que ocorre àquele que se mata seria capaz de evitar que o fato se desse. Temos dúvida quanto a isso, porque vezes há em que a pessoa se encontra tão perturbada que nem mesmo pensa nas consequências do seu ato. Ela simplesmente age, buscando livrar-se de um mal supostamente maior, para mais tarde, quando enfim desperta na vida espiritual, lamentar amargamente o gesto infeliz.
Com base nos ensinamentos trazidos pelos Espíritos de pessoas que passaram pelo suicídio, podemos afirmar que a decepção seria a primeira consequência de tais atos, que em nada modificam – ao contrário, complicam – a situação de que a pessoa desejara fugir.
Duas outras consequências, muito mais graves, dizem respeito aos efeitos da mutilação causada ao corpo físico pelo Espírito que deixa a vida pelo suicídio e, mais adiante, às dificuldades que ele deparará quando finalmente puder desfrutar no mundo uma existência dita normal.
No livro Ação e Reação, de André Luiz, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicado em 1957 pela FEB, o ministro Sânzio, reportando-se ao assunto, disse estas palavras:

"Figuremos um homem acovardado diante da luta, perpetrando o suicídio aos quarenta anos de idade no corpo físico. Esse homem penetra no mundo espiritual sofrendo as consequências imediatas do gesto infeliz, gastando tempo mais ou menos longo, segundo as atenuantes e agravantes de sua deserção, para recompor as células do veículo perispirítico, e, logo que oportuno, quando torna a merecer o prêmio de um corpo carnal na Esfera Humana, dentre as provas que repetirá, naturalmente se inclui a extrema tentação ao suicídio na idade precisa em que abandonou a posição de trabalho que lhe cabia, porque as imagens destrutivas, que arquivou em sua mente, se desdobrarão, diante dele, através do fenômeno a que podemos chamar `circunstâncias reflexas', dando azo a recônditos desequilíbrios emocionais que o situarão, logicamente, em contacto com as forças desequilibradas que se lhe ajustam ao temporário modo de ser.
"Se esse homem não houver amealhado recursos educativos e renovadores em si mesmo, pela prática da fraternidade e do estudo, de modo a superar a crise inevitável, muito dificilmente escapará ao suicídio, de novo, porque as tentações, não obstante reforçadas por fora de nós, começam em nós e alimentam-se de nós mesmos." (Ação e Reação, capítulo 7, pp. 93 a 95.)

As mutilações orgânicas de nascença têm, como sabemos, sua causa em atos praticados no passado. Se alguém atenta contra o próprio cérebro, ensina Emmanuel, necessitará, para refazê-lo, de no mínimo duas existências corporais. “Quando perpetramos determinado delito e instalamos a culpa em nós, engendramos o caos adentro da própria alma e, regressando à Vida Maior, após a desencarnação, envolvidos na sombra do processo culposo, naturalmente padecemos em nós mesmos os resultados dos próprios atos infelizes”, eis o que Chico Xavier, sob a inspiração do seu mentor e guia, declarou na noite de 7 de maio de 1974 em sessão solene da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, como o leitor pode verificar na obra Chico Xavier em Goiânia, publicada pelo GEEM Editora.



sábado, 28 de março de 2015

Escândalos político-econômicos...



JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF  

— Mino Carta, estou contigo: a corrupção no Brasil existe desde seu “descobrimento”, ou seja, 515 anos. E de quem é a culpa? Minha? Tua? De Dom Manuel, o venturoso? Negativo, respondo-te. É dos nativos desta terra de Santa Cruz, também confundida, por sua mandatária, com a “Ilha de Santa Cuba” ...
— Discordo de ti, meu caro Machado. A culpa é das elites (ver site CartaCapital, 2/3/2015).  “A par de suas grifes, ignorância, parvoíce, vocação de trapaça, incapacidade crônica para a ironia [...]”
— Pode parar! Tudo, menos ironia...
— A nossa conversa é coisa séria, Machado. “A culpa é das estrelas” ...
— Talvez por isso, Mino, há mais de dois mil anos, um carpinteiro humilde e desprezado pelo governo israelense tenha dito estas palavras: “— Graças te dou, Pai, por não teres revelado estas coisas aos doutos, mas aos simples e pequenos” (Mateus, 11:25). Os escândalos político-econômicos atuais, do Brasil, estão levando nosso país à falência não somente material como também moral.
Molto fumo e poco arrosto.[1] Para recuperar o crescimento, o Brasil tem que investir em infraestrutura: construção de portos, aeroportos, hidrelétricas...
— E já não investe? Segundo o site Spotniks (acesso em 17 mar. 2015), o BNDES financiou, de 2009 a 2014, mais de 3.000 empresas. Veja só isto:
1)     Porto de Mariel (em Cuba): US$ 682 milhões;
2)     Hidroelétrica de San Francisco (no Equador): US$ 243 milhões;
3)     Hidroelétrica Mandariacu (no Equador): US$ 90 milhões;
4)     Hidroelétrica de Chaglla (Peru): US$ 320 milhões;
5)     Aeroporto de Nacala (Moçambique): US$ 125 milhões...
E isso é só uma pequena amostra do que vem por aí. Há pouco, ouvi na TV que funcionários da Caixa Econômica Federal superfaturaram em até mil por cento o preço de imóveis...
— Creio que estejas procurando chifres em cabeça de cavalo, meu caro Assis...
— Aguarda um pouco e ouve um velho tema em homenagem à economia brasileira.
— O quê?... Não vás dizer que vais declamar o soneto de Vicente de Carvalho...
— Não, Mino, o tema é de uma composição musical que, cantada na época do governo militar, nunca perde sua atualidade...
— Só gosto de música internacional...
— Certo, Carta, mas esta faz menção à cidade de um grande país, sempre imitado por nós, mas que, atualmente, morre de rir dos sucessivos e intermináveis escândalos políticos e econômicos da terra dos arawetés, bororos, guaranis, pataxós, tupinambás, yanomamis, etc., etc. etc.
— Adeus, Machado, continuas muito falador... Fatti i cazzi tua, ca campi cent’anni.[2]
— Vai com Deus, amigo, mas não vás embora sem antes ouvir a música que te recomendei. Quem sabe te não possas agradar ouvi-la, dançar e até cantá-la?











[1] Molto fumo e poco arrosto. Expressão italiana que significa “Muita fumaça, mas pouco fogo”.
[2] Fatti i cazzi tua, ca campi cent’anni. Em italiano: “Cuida da tua própria vida e viverás cem anos”.

sexta-feira, 27 de março de 2015

No Invisível (2)


Estudamos semanalmente no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina (PR), o clássico “No Invisível”, de autoria de Léon Denis, uma obra que muitos consideram uma espécie de continuação d´O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec. Reproduzimos, em seguida, o texto do módulo concluído nesta semana, cuja publicação tem por finalidade proporcionar a quem se interessar a oportunidade de acompanhar o mencionado estudo.

Questões para debate

A. No tocante às sessões mediúnicas, qual era a preferência manifestada por Léon Denis?  
Léon Denis preferia os fatos mediúnicos de índole mais íntima e modesta, as sessões em que predominam a ordem, a harmonia e a comunhão dos pensamentos, por cujo veículo fluem as coisas celestes, como orvalho, sobre a alma sequiosa e a esclarecem, confortam e melhoram. As sessões de efeitos físicos, mesmo quando sinceras, sempre lhe deixaram uma impressão de vácuo, de desgosto e mal-estar, em razão das influências que nelas intervêm. (No Invisível, Prefácio da edição de 1911.)

B. No tocante aos fatos espíritas, devemos denunciar a fraude ou tentar encobri-la, sob o argumento de que devemos ser indulgentes e tolerantes?  
Devemos agir como agiu Léon Denis, que se viu, em determinado momento, realmente obrigado a denunciar fraudes averiguadas e comprometedoras. Guardar silêncio acerca das fraudes, encobri-las com uma espécie de tácita aprovação, seria abrir a porta a um cortejo de abusos que, em certos meios, desacreditaram o Espiritismo e estorvaram o seu desenvolvimento. Atrás do hábil simulador – diz Léon Denis – surgiram umas intrusões condenadas pelos tribunais de vizinhos países. O médium Abendt foi, em idênticas circunstâncias, desmascarado em Berlim, como em seguida o foram Carrancini em Londres e Bailey em Grenoble. Sem o brado de alarme que Denis emitiu, o risco de resvalar por um fatal declive e cair num precipício seria muito grande. (Obra citada, Prefácio da edição de 1911.) 

C. Em que sentido a credulidade constitui perigo para o Espiritismo? 
Segundo Léon Denis, a credulidade, no plano terrestre, atrai os charlatães, os exploradores de toda espécie, a chusma dos cavalheiros de indústria que só procuram ludibriar. Eis aí um perigo para o Espiritismo. Cumpre-nos, pois, a todos os que em nosso coração zelamos a verdade e nobreza dessa coisa, conjurá-lo. De sobra se tem repetido: o Espiritismo ou será científico, ou não subsistirá. Ao que acrescentaremos: o Espiritismo deve, antes de tudo, ser honesto! (Obra citada, Prefácio da edição de 1911.)

Texto para leitura

37. Os fatos espíritas, entretanto, se têm multiplicado, imposto com tamanho império que os sábios se têm visto obrigados à tentativa de os explicar. Não são, porém, as elucubrações psicofisiológicas de Pierre Janet, as teorias poligonais do Doutor Grassei, nem a criptomnésia de Th. Flournoy que podem satisfazer aos pesquisadores independentes.
38. Quando se possui alguma experiência dos fenômenos psíquicos fica-se pasmado ante a penúria de raciocínio dos críticos científicos do Espiritismo. Escolhem eles sempre, na multidão dos fatos, alguns casos que se aproximem de suas teorias e silenciam cuidadosamente quanto aos inúmeros que as contradizem. Será esse procedimento realmente digno de verdadeiros sábios?
39. Os estudos imparciais e persistentes induzem a outras conclusões. Falando do Espiritismo, Oliver Lodge, reitor da Universidade de Birmingham e membro da Real Academia, o afirmou: “Fui pessoalmente conduzido à certeza da existência futura mediante provas assentes em bases puramente científicas”. (“Annales des Sciences Psychiques”, 1897, página 158.)
40. J. Hyslop, professor da Universidade de Colúmbia, escrevia: “A prudência e reserva não são contrárias à opinião de que a explicação espírita é, até agora, a mais racional”.
41. Se, pois, não têm sido poupados sarcasmos aos espíritas, nas esferas científicas, há, como se vê, sábios que lhes têm sabido fazer justiça. O professor Barrett, da Universidade de Dublin, se exprimia do seguinte modo, por ocasião de sua investidura na presidência da “Society for Psychical Research” em 29 de janeiro de 1904: “Não poucos dos que me ouvem se recordam certamente da cruzada outrora empreendida contra o Hipnotismo, que então se denominava mesmerismo. As primeiras pessoas que com tais estudos se ocuparam foram alvo de incessantes opugnações do mundo científico e médico, de um lado, e do mundo religioso, do outro. Foram denunciadas como impostoras, repudiadas como párias, enxotadas, sem cerimônia, das sinagogas da Ciência e da Religião. Passava-se isso numa época bastante próxima de nós para que eu tenha necessidade de o recordar. A ciência médica e filosófica não pode deixar de curvar as cabeças envergonhadas, lembrando-se desse tempo e vendo o Hipnotismo e o seu valor terapêutico atualmente reconhecidos, tornados parte integrante do ensino científico em muitas escolas de Medicina, sobretudo no Continente!... Não é nosso dever cultuar hoje a memória daqueles intrépidos pesquisadores, que foram os primeiros desse ramo dos estudos psíquicos!”.
42. Continua o professor Barrett: “Não devemos, do mesmo modo, esquecer esse pequeno grupo de investigadores que, antes do nosso tempo e ao fim de pacientes e demoradas pesquisas, tiveram a coragem de proclamar sua crença em tais fenômenos, que denominaram espiríticos... Não foram, sem dúvida, os seus métodos de investigação totalmente isentos de crítica, o que, todavia, os não impediu de ser pesquisadores da verdade, tão honestos e dedicados como pretendem ser; e tanto mais dignos são eles da nossa estima quanto sofreram os maiores sarcasmos e oposição. Os espíritos fortes sorriam então, como agora, dos que mais bem informados que eles se mostravam. Suponho que todos somos inclinados a considerar o nosso próprio discernimento superior ao do nosso próximo. Não são, porém, afinal o bom-senso, as precauções, a paciência, o estudo contínuo dos fenômenos psíquicos que maior valor conferem à opinião que viemos, por fim, a adotar e não a argúcia ou o cepticismo do observador?”.
43. Conclui assim o professor Barrett: “Devemos ter sempre em consideração que o que é afirmado, mesmo pelo mais obscuro dos homens, em resultado de sua experiência pessoal, é sempre digno de nos prender a atenção; e o que é negado, mesmo pelos mais reputados indivíduos, desde que ignoram a coisa, jamais no-la deve merecer”. “Aquele perspicaz e valoroso espírito que era o professor De Morgan, o grande denunciador do charlatanismo científico, teve a coragem de publicar, há muito, que por mais que se tente ridicularizar os espíritas, nada deixam por isso eles de estar no caminho que conduz ao adiantamento dos conhecimentos humanos, seguindo, embora, o espírito e o método primitivos, quando era preciso rasgar nas florestas virgens a estrada por onde podemos agora avançar com a maior facilidade.”
44. Rendendo homenagem aos espíritas, o professor Barrett reconhecia, como juiz imparcial, que não era isento de crítica o seu zelo. Hoje, como então, essa opinião é inteiramente justificada. A exaltação de uns tantos adeptos, o seu entusiasmo em proclamar fatos duvidosos ou imaginários e a insuficiência de verificação nas experiências têm prejudicado muitas vezes a causa a que acreditavam servir. É isso talvez o que, até certo ponto, justifica a atitude retraída, por vezes hostil, de alguns sábios a respeito do Espiritismo.
45. O professor Ch. Richet escrevia nos “Annales des Sciences Psychiques”, de janeiro de 1905, pág. 211: “Se os espíritas foram muito arrojados, usaram, entretanto, de bem pouco vigor e é uma deplorável história a de suas aberrações. Basta por agora ficar estabelecido que eles tinham o direito de ser muito arrojados e que não lhes podemos, em nome da nossa ciência falível, incompleta, ainda embrionária, censurar esse arrojo. Dever-se-lhes-ia, ao contrário, agradecer o terem sido tão audaciosos”.
46. As restrições do Sr. Richet não são menos fundadas que os seus elogios. Muitos experimentadores não conduzem os seus estudos com a ponderação e a prudência necessárias. Empenham-se, de preferência, em obter as manifestações tumultuárias, as materializações numerosas e repetidas, os fenômenos de grande notoriedade, sem considerar que a mediunidade só excepcionalmente e de longe em longe pode servir à produção de fatos desse gênero. Quando têm à mão um médium profissional dessa categoria, o atormentam e esgotam. Levam-no fatalmente a resvalar para a simulação. Daí as fraudes, as mistificações, assinaladas por tantas folhas públicas.
47. Muitíssimo preferíveis são, a meu ver, os fatos mediúnicos de índole mais íntima e modesta, as sessões em que predominam a ordem, a harmonia e a comunhão dos pensamentos, por cujo veículo fluem as coisas celestes, como orvalho, sobre a alma sequiosa e a esclarecem, confortam e melhoram. As sessões de efeitos físicos, mesmo quando sinceras, sempre me deixaram uma impressão de vácuo, de desgosto e mal-estar, em razão das influências que nelas intervêm.
48. A determinados médiuns profissionais deveram sem dúvida sábios como Crookes, Hyslop, Lombroso etc. os excelentes resultados que obtinham; em suas experiências, porém, adotavam precauções de que não costumam os espíritas munir-se. Em sessões de materialização realizadas em Paris por um médium americano, em 1906 e 1907, e que alcançaram desagradável notoriedade, haviam os espíritas estabelecido um regulamento que os assistentes se comprometiam a observar e de cujas estipulações resultava a inesperada consequência de isentar o médium de toda eficaz verificação.
49. A obscuridade era quase completa no momento das aparições. Os assistentes tinham que conversar em voz alta, cantar, conservar as mãos presas formando a cadeia magnética e, além de tudo, abster-se de tocar nas formas materializadas. Desse modo, a vista, o ouvido, o tato ficavam pouco menos que aniquilados. Tais condições, é certo, se inspiravam numa louvável intenção, porque, em tese geral, como teremos ocasião de ver no curso desta obra, favorecem a produção dos fatos; mas no caso em questão contribuíam também para mascarar as fraudes.
50. As faculdades do médium, entretanto, eram reais e nas primeiras sessões se produziram autênticos fenômenos, que adiante relatamos. Houve, em seguida, uma mistura de fatos reais e simulados e o embuste veio, por fim, a tornar-se constante e evidente. Depois de haver, numa revista espírita, assinalado os fenômenos que apresentavam garantias de sinceridade, mais tarde me senti realmente obrigado a denunciar fraudes averiguadas e comprometedoras.
51. Ao fim de longa pesquisa e de acuradas reflexões, nada tenho que retirar de minhas apreciações anteriores. Fiz justiça a esse médium, indicando o que havia de real em suas sessões, mas não hesitei em lhe denunciar as simulações no dia em que numerosos e autorizados testemunhos as evidenciaram, entre os quais se encontra o de um juiz da Corte de Apelação, que é ao mesmo tempo eminente psiquista.
52. Guardar silêncio acerca dessas fraudes, encobri-las com uma espécie de tácita aprovação, seria abrirmos a porta a um cortejo de abusos que, em certos meios, têm desacreditado o Espiritismo e estorvado o seu desenvolvimento. Atrás do hábil simulador, logo entre nós surgiram umas intrusões condenadas pelos tribunais de vizinhos países. Mais recentemente, o médium Abendt foi, em idênticas circunstâncias, desmascarado em Berlim, como em seguida o foram Carrancini em Londres e Bailey em Grenoble. Sem o brado de alarme que soltamos, correríamos o risco de resvalar por um fatal declive e cair num precipício.
53. Os espíritas são homens de convicção e fé. Mas, se a fé esclarecida atrai, nos planos espirituais e materiais, nobres e elevadas almas, a credulidade, no plano terrestre, atrai os charlatães, os exploradores de toda espécie, a chusma dos cavalheiros de indústria que só nos procuram ludibriar. Aí está o perigo para o Espiritismo. Cumpre-nos, a todos os que em nosso coração zelamos a verdade e nobreza dessa coisa, conjurá-lo. De sobra se tem repetido: o Espiritismo ou será científico, ou não subsistirá. Ao que acrescentaremos: o Espiritismo deve, antes de tudo, ser honesto!
54. Mais algumas palavras cabem aqui sobre a doutrina do Espiritismo, síntese das revelações mediúnicas, entre si concordantes, obtidas em todo o mundo, sob a inspiração dos grandes Espíritos que a ditaram. Cada vez mais se afirma e se vulgariza essa doutrina. Até mesmo entre os nossos contraditores não há quem se não sinta na obrigação moral de lhe fazer justiça, reconhecendo todos os benefícios e inefáveis consolações que tem prodigalizado às almas sofredoras.
55. O professor Th. Flournoy, da Universidade de Genebra, assim se exprime a seu respeito no livro “Espíritos e Médiuns”: “Isenta de todas as complicações e sutilezas da teoria do conhecimento e dos problemas de alta Metafísica, essa filosofia simplista se adapta por isso mesmo admiravelmente às necessidades do povo”.
56. A seu turno, J. Maxwell, advogado geral perante a Corte de Apelação de Paris, se pronunciava do seguinte modo em sua obra “Os Fenômenos Psíquicos”: “A extensão que a doutrina espírita adquire é um dos mais curiosos fenômenos da época atual. Tenho a impressão de estar assistindo ao nascimento de um movimento religioso a que estão reservados consideráveis destinos”.
57. Além disso, Th. Flournoy, em seguida a uma investigação, cujos resultados menciona em sua obra pré-citada, expende os seguintes comentários: “Há um coro geral de elogios acerca da beleza e excelência da filosofia espírita, um testemunho quase unânime prestado à salutar influência que exerce na vida intelectual, moral e religiosa de seus adeptos. Mesmo as pessoas que têm chegado a desconfiar completamente dos fenômenos e, por assim dizer, os detestam, pelas dúvidas e decepções a que dão lugar, reconhecem os benefícios que devem às doutrinas”.
58. Mais adiante Th. Flournoy disse: “Encontram-se espíritas que nunca assistiram a uma experiência e nem sequer o desejam, mas afirmam ter sido empolgados pela simplicidade, beleza e evidência moral e religiosa dos ensinos espíritas (existências sucessivas, progresso indefinido da alma etc.). Não se deve, pois, obscurecer o valor dessas crenças, valor incontestável, pois que inúmeras almas declaram nelas ter encontrado um elemento de vida e uma solução à alternativa entre a ortodoxia, de um lado, alguns de cujos dogmas repulsivos (como o das penas eternas), já não podiam admitir, e do outro lado às desoladoras negações do materialismo ateu”.
59. É preciso, contudo, reconhecer que, em que pese às observações do Senhor Flournoy, mesmo no campo espírita não têm escasseado as objeções. Entre os que são atraídos pelo aspecto científico do Espiritismo, alguns há que menosprezam a filosofia. É que para apreciar toda a grandeza da doutrina dos Espíritos é preciso ter sofrido. As pessoas felizes sempre são mais ou menos egoístas e não podem compreender que fonte de consolação contém essa doutrina. Podem interessar-lhes os fenômenos, mas para lhes atear a chama interior são necessários os frios sopros da adversidade. Só aos espíritos amadurecidos pela dor e a provação as verdades profundas se patenteiam em toda plenitude.
60. Em assuntos dessa ordem tudo depende das anteriores predisposições. Uns, seduzidos pelos fatos, se inclinam de preferência à experimentação. Outros, esclarecidos pela experiência dos séculos transcorridos ou pelas lições da atual existência, colocam o ensino acima de tudo. A sapiência consiste em reunir as duas modalidades do Espiritismo num conjunto harmônico.
61. A experimentação, como o veremos no curso desta obra, exige qualidades não vulgares. Muitos, baldos de perseverança, depois de algumas tentativas infrutíferas, se afastam e regressam à indiferença, por não terem obtido com a desejada presteza as provas que buscavam.
62. Os que sabem perseverar, cedo ou tarde, encontram os sólidos e demonstrativos elementos em que se firmará uma convicção inabalável. Foi o meu caso. Desde logo me seduziu a doutrina dos Espíritos; as provas experimentais, porém, foram morosas. Só ao fim de dez ou quinze anos de pesquisa foi que se apresentaram irrecusáveis, abundantes. Agora encontro explicação para essa longa expectativa, para essas numerosas experiências coroadas de resultados incoerentes e, muitas vezes, contraditórios. Eu não estava ainda amadurecido para completa divulgação das verdades transcendentes. À medida, porém, que me adiantava na rota delineada, a comunhão com os meus invisíveis protetores se tornava mais íntima e profunda. Sentia-me guiado através dos embaraços e dificuldades da tarefa que me havia imposto. Nos momentos de provação, doces consolações baixavam sobre mim.
63. Atualmente chego a sentir a frequente presença dos Espíritos, a distinguir, por um sentido íntimo e seguríssimo, a natureza e a personalidade dos que me assistem e inspiram. Não posso, evidentemente, facultar a outrem as sensações intensas que percebo e que explicam a minha certeza do Além, a absoluta convicção que tenho da existência do mundo invisível. Por isso é que todas as tentativas por me desviar da minha senda têm sido e serão sempre inúteis.
64. A minha confiança, a minha fé, é alimentada por manifestações cotidianas; a vida se me desdobrou numa existência dupla, dividida entre os homens e os Espíritos. Considero por isso um dever sagrado esforçar-me por difundir e tornar acessível a todos os conhecimentos das leis que vinculam a Humanidade da Terra à do Espaço e traçam a todas as almas o caminho da evolução indefinida.


Nota – se o leitor quiser acessar o texto relativo ao módulo anterior, clique em http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2015/03/no-invisivel-1.html



quinta-feira, 26 de março de 2015

Pérolas literárias (93)


Deus está em tudo

José Viana Gonçalves

Percebo Deus em toda a Natureza:
no mar, no céu, nas matas, na alegria
de ser Poeta, e digo com certeza
que Dele a Paz me vem na Poesia.

Também eu sinto Deus no ar dos campos,
no Sol do amanhecer, com seu brilhar,
e até mesmo na luz dos pirilampos
Ele aparece para iluminar.

Em tudo o Criador está presente,
seja na planta ou mesmo na semente
e em todas expressões que tem a Arte.

E, finalmente, no meu coração,
acelerado de tanta emoção,
encontro Deus, que dele já faz parte!


O poeta José Viana Gonçalves reside em Campos dos Goytacazes (RJ).



quarta-feira, 25 de março de 2015

Pílulas gramaticais (145)


Considere esta construção: “Joãozinho pendurou-se no pescoço da mãe”.
Ou seria melhor: “Joãozinho pendurou-se ao pescoço da mãe”?
Ambas estão corretas, mas há entre os clássicos preferência pela primeira forma: “O menino pendurou-se no pescoço do pai”.
Pendurar e pendurado devem ser utilizados da mesma forma.
Exemplos:
- A camisa foi pendurada em um prego (ou “pendurada a um prego”).
- A mulher pendurou a camisa num prego (ou “a um prego”).

*

Procedimento diferente ocorre com o verbo “jogar”, no sentido de arremessar ou atirar, o qual pede a preposição “a”, em vez da preposição “em”.
- Ele jogou o papel ao lixo (e não “no lixo”)
- O impacto me jogou ao chão (e não “no chão”)
- Ele jogou-se aos braços da avó.


terça-feira, 24 de março de 2015

Um sonho no momento da morte



CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Senhor Hian formara família. Os filhos estavam casados e já lhe haviam dado alguns netinhos. Ele sempre trabalhara com agricultura, herança de família, mas nos últimos meses foi adoecendo e, há poucos dias, levado às pressas a um hospital.
Todo recurso fora utilizado para a sua recuperação, no entanto, constatado somente diminuição da dor, e nenhuma melhora. A família estava presente; sua esposa, Evie, grande companheira, sempre ao seu lado.
Na quinta-feira, por volta das dezesseis horas, inesperadamente, o quarto de Hian, no hospital, ficara sem nenhum acompanhante, apenas o senhor em seu leito. Isso não havia acontecido antes.
Não demorou muito, um jovem rapaz entrou calmamente e se posicionou próximo à cabeceira. Passou a mão na cabeça do senhor que, com dificuldade, abriu os olhos e observou.
– Olá, Hian – o jovem saudou.
O senhor esboçou um tímido sorriso, mas parecia querer dizer algo.
– Vou inclinar um pouco a cama para tentar falar – o jovem falou por entender a necessidade.
Depois de melhor acomodado, Hian consentiu com mais um discreto sorriso num canto do lábio.
O jovem estendeu as mãos sobre a cabeça do senhor, sem tocá-la, por alguns segundos e uma suave brisa de bem-estar se dispersou pelo ambiente singelo. Então, Hian se mostrou pronto para dizer o que tanto queria.
– Gostaria de falar.
– Sim, diga o que deseja – o jovem, atencioso, falou.
– Um desejo... – o senhor se expressou com certa dificuldade.
O rapaz estava bem próximo.
– Gostaria de dizer o que tanto desejava ter feito – o homem falou devagar, mas um pouco mais sereno após a imposição de mãos sobre sua cabeça.
– Pois bem, estou para ouvi-lo – o jovem disse.
– Meu rapaz, hoje, analisando, mais se confirma a grandeza da vida... diante da pequenez que, muitas vezes, cultivamos no dia a dia – deu uma pausa e seu olhar ficou distante com as memórias. – Quando se é jovem, muito ainda se precisa aprender, mas quando os anos se passam tão rapidamente e os vícios e enganos ganham unanimidade no palco de nossa caminhada, sinceramente, isso tanto nos entristece... e só percebemos, com nitidez, quando somos forçados a nos recolher na coxia e, assim, nos resta tempo para pensar e analisar...
O jovem ouvia o senhor com atenção e carinho.
E recomeçou a consideração:
– Sabe, meu jovem, quando meus filhos eram crianças, quantas vezes me pediram para eu participar dos folguedos com eles... mas o trabalho era antes de tudo. Minha esposa, nos poucos passeios que fez, sempre fora sozinha. Nunca tive tempo de ver os desenhos dos meus filhos... Depois do jantar já estava dormindo e minha esposa lavava toda a louça, sozinha, e colocava nossos pequenos na cama. Analisando agora, o meu egoísmo me deixa menor que uma conta de mostarda.
– Hian, procure desabafar sem tanto sofrer, pois o que está feito serve apenas como exemplo. Compartilhe, mas tenha amor e compaixão por você – o jovem lhe explicou.
– Meu rapaz, quando se constata que tanto ficou sem fazer, muito difícil é a assimilação – o homem se lamentou. – Penso também nos lugares a que poderia ter ido; nos abraços que não dei; no tempo que não tive para ouvir as pessoas; nos entardeceres que nem percebi; no céu azul e no sol brilhoso que não me lembrei existirem; nas gargalhadas ausentes; no olhar amoroso despercebido; no silêncio nos braços da amada que não valorizei... Penso na incomparável maravilha que é a vida... e que não vivi – a essa hora os olhos de Hian estavam banhados pela lágrima do triste arrependimento. – Oh, meu Deus, tenha piedade de mim... 
O senhor não mais pôde continuar pela tamanha emoção que o invadira.  
Então, o jovem mais se aproximou e, novamente, posicionou as mãos sobre a cabeça do senhor.
Em alguns segundos, Hian voltou a se acalmar e procurou a figura do rapaz.
– Desculpe-me, mas ao mesmo tempo que o sinto familiar não consigo me recordar quem é você – o homem falou.
– Hian, talvez eu seja algum amigo desta jornada... que somente cultivou o cuidado por você... e não fora percebido, no entanto, sempre estive ao seu lado – o jovem falou.
E os olhos do senhor estavam, mais uma vez, embargados.
– Meu rapaz, obrigado por me ouvir. Sinto-me um pouco confuso... muitas lembranças, passagens vieram... e de todas pude sentir a emoção. Obrigado, sinto-me mais aliviado... Muito, muito obrigado.      
E Hian suspirou profundamente e o cordão se desfez. Os olhos do homem ficaram úmidos pela visita daquela grande emoção e seguido acontecimento; fora um presente valioso para seu espírito poder seguir o caminho da eternidade.
A misericórdia do Senhor concedeu, a esse homem, a sua própria acareação ainda no invólucro terreno.
No quarto de hospital, o amparo dos espíritos benfeitores era evidente e oportuno. Todos os pormenores foram cuidados; nada foge aos olhos da atenção espiritual.
Alguns parentes do campo etéreo estavam presentes naquele recinto, também dois grandes amigos, de longa data, de Hian. E o amparo se verificou cuidadosamente frente à ocorrência.
 Mais uns segundos se passaram e a esposa do senhor entrou no quarto. Os olhos do companheiro ainda estavam úmidos. A senhora se aproximou rápido, descontente pelo momento solitário do marido, entretanto, quando percebeu que Hian não mais respirava, de fato, o choro, muito sentido, saltou incontido, e o abraço no companheiro foi a primeira ação a fazer. Para a esposa, vieram sentimentos diversos, do tempo vivido e até do último momento de tê-lo deixado, sozinho, por aqueles derradeiros minutos.
Amigos espirituais se mantinham no ambiente procurando, com energia benfazeja, harmonizar e fortalecer os familiares para essa nova etapa, imprescindível para todos.
Talvez não seja um privilégio comum, na hora da partida, poder se arrepender de tudo aquilo que poderia ter feito, no entanto, é oportunidade definida poder fazer o melhor em relação a tudo e a todos, pertencentes, a cada presente existência; o livre-arbítrio será a ação e a sua idêntica reação.
Que as verdades universais possam ser percebidas e amorosamente preservadas, sendo o que é importante sempre valorizado e o que é efêmero sem tanta preservação e cuidado.
O amor, a paz, a bondade, a paciência, a tolerância, a família, a fé, a compreensão, o respeito, todos são verdades universais.
Sempre é tempo de acordar e começar ou voltar a ser o coração que valoriza a vida.
Oxalá, Hian tenha entendido o valor de uma existência e nós, quanto antes, possamos viver mais em acordo com a proposta perfeita e abençoada do Mestre.

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segunda-feira, 23 de março de 2015

As mais lindas canções que ouvi (131)


O portão

Erasmo Carlos e Roberto Carlos


Eu cheguei em frente ao portão,
meu cachorro me sorriu latindo,
minhas malas coloquei no chão,
eu voltei.

Tudo estava igual como era antes,
quase nada se modificou,
acho que só eu mesmo mudei,
e voltei...

Eu voltei,
agora pra ficar,
porque aqui, aqui é meu lugar.
Eu voltei pras coisas que eu deixei,
eu voltei...

Fui abrindo a porta devagar,
mas deixei a luz entrar primeiro,
todo o meu passado iluminei,
e entrei...

Meu retrato ainda na parede,
meio amarelado pelo tempo,
como a perguntar por onde andei,
e eu falei...

Onde andei não deu para ficar,
porque aqui, aqui é meu lugar.
Eu voltei pras coisas que eu deixei,
eu voltei...

Sem saber depois de tanto tempo
se havia alguém à minha espera,
passos indecisos caminhei,
e parei...

Quando vi que dois braços abertos
me abraçaram como antigamente,
tanto quis dizer e não falei,
e chorei...

Eu voltei,
agora pra ficar,
porque aqui, aqui é meu lugar.
Eu voltei pras coisas que eu deixei,
eu voltei... (bis)

Eu parei em frente ao portão,
meu cachorro me sorriu latindo...


Você pode ouvir a canção acima na voz dos intérpretes abaixo clicando nos respectivos links:
Zezé di Camargo, Luciano e Roberto Carlos - https://www.youtube.com/watch?v=1sG9hZwj0Dc
Paula Toller e Erasmo Carlos - https://www.youtube.com/watch?v=HWuN_eb3WJc



Aviso ao Leitor



Devido a alguns problemas de saúde e de natureza familiar, tivemos de ficar afastado deste blog e das redes sociais por 15 dias. Nossa última postagem com textos de nossa autoria ocorreu no dia 8 de março.
Solucionadas as questões a que nos referimos, estamos de volta e – para marcar esta volta – escolhemos uma linda canção em que o poeta declara, como também declaramos:

Eu voltei, agora pra ficar,
porque aqui, aqui é o meu lugar.
Eu voltei pras coisas que eu deixei,
eu voltei...

Aproveitamos o ensejo para agradecer às 314 pessoas que se manifestaram nas páginas do Facebook vibrando para que tudo se normalizasse, como de fato ocorreu.  
Sem dúvida, foi graças a Deus, aos Benfeitores espirituais e a esses verdadeiros amigos que estamos, mais cedo do que pensamos, de volta.
Sobre a canção que escolhemos, de autoria de Roberto e Erasmo Carlos, não podemos deixar de mencionar que ela, além de linda e comovente, é muito cara aos que gostam de um clube de futebol que aonde vai lota os estádios e é – dito pelos jornalistas da Rede Globo de Televisão – o líder incontestável de audiência quando o assunto é futebol.
Vascaínos, gremistas, cruzeirenses, palmeirenses, flamenguistas, são-paulinos, botafoguenses – todos vocês sabem qual é o clube a que nos referimos.
Brincadeiras à parte, enviamos a todos o nosso especial abraço.
A canção, todos a verão no post seguinte.



sábado, 21 de março de 2015

Deus criou o homem, o diabo inventou o dinheiro


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Amiga leitora e paciente leitor, hoje quero falar-vos sobre o Senhor e Sua criação. No princípio, eram trevas, e Deus disse: — Faça-se a luz. E a luz se fez. E viu Deus que era bom.
Depois de criar todas as coisas e os animais, Ele criou o homem e a mulher. E viu que era bom.
Isso ocorreu no sexto dia. No sétimo, recomendou ao casal que repousasse, pois percebeu que, ainda jovens, Adão e Eva gostavam muito de brincar, principalmente, com os animais, que julgavam não ter alma, e comer frutas silvestres. Precisavam, pois, descansar... os animais e as plantas.
Então, Deus lhes disse: — De todas as árvores deste Éden comereis, menos da árvore da ciência do bem e do mal. Mas crescei-vos, amai-vos e multiplicai-vos fornecendo-me filhos por toda a Terra.
Foi então que Eva começou a indagar-lhe:
— Por que não podemos comer do fruto dessa árvore?
— Por que, quando o fizeres, começarás a raciocinar e a falar sem parar...
— Mas por que não lhe posso perguntar tudo o que não sei?
— Por que nem tudo eu lhe poderei responder... Agora vou passear um pouco pelas galáxias, formando novos mundos e seres e, no final da tarde, estarei de volta. Adeus...
— Até Deus, dá adeus - pensou Eva, tão logo lhe respondeu -, mas já que Ele não quer conversar comigo, vou procurar Adão...
— Adão!... Adão!... Onde ta tu?
— O tatu está debaixo da terra, mas eu estou aqui, Eva, o que desejas?
— Quero que trepes nesta árvore da ciência do bem e do mal e me tragas uma maçã que está madurinha lá no alto...
Não querendo contrariar a proibição divina, mas para agradar a mulher, Adão entrou num canavial ali perto, cortou um pedaço de cana, e, não sem antes descascá-la, ofereceu-a a Eva.
Contrariada, a mulher apontou para um trono de pedra e disse-lhe: — Aí tens teu trono; e a cana é teu cetro. Senta-te aí que eu mesma colherei a maçã para nós.
Feito isso, ambos comeram do fruto proibido, viram-se nus e começaram a descobrir as leis divinas. A primeira delas é a de que há um só Deus e um só Senhor.
Esse Senhor e Deus retornou mais tarde de seu passeio e, sabedor da transgressão de sua primeira lei, censurou o casal e rogou-lhe a praga de que haveriam de conquistar seu alimento com o suor do seu rosto. Essa foi sua terceira lei, a lei do trabalho. A segunda foi a do amor: “Amai-vos!”, dissera-lhes Deus assim que os criou... Está lembrada, leitora querida?
Adão teve muitos filhos com Eva. Além de Set, Caim, Abel... e Deus deu sete mulheres a cada um deles, cujas existências ultrapassavam fácil os oitocentos anos. Só Matusalém viveu 969 anos, 39 a mais que seu pai, Adão. Jarede viveu até os 962 anos... Um dos poucos que viveu pouco foi Abel, que foi assassinado por Caim, de acordo com as Sagradas Escrituras.
A ascendência, porém, era patriarcalista, pois, na época, o que parecia predominar era a força, embora a beleza e a astúcia feminina sempre tenham suplantado os músculos dos homens, como já vimos...
 Um dos primeiros produtos inventados pelo homem foi a aguardente da cana, que Adão compartilhou com a mulher, de preferência, na cama, que ela inventou...
Depois, o diabo criou o dinheiro, que vem causando todos os males que conhecemos até hoje. Para uns, é o meio de remuneração, por vezes brutalmente injusto, ao seu trabalho. Para outros, é um instrumento de rapina ou de apropriação indébita com o qual se apropriam dos bens e serviços alheios sem precisarem trabalhar. O carnaval já passou, mas muita água ainda vai rolar, amiga leitora...
— Já sei, você vai postar o link da música As águas vão rolar...
— Negativo, filha de Adão, o nome da música é Me dá um dinheiro aí; e o link para você clicar, ouvir, cantar e dançar é este aqui: http://letras.mus.br/ivan-ferreira/463663/




terça-feira, 17 de março de 2015

Magnanimidade incomparável e inexplicável


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Estrelas, constelações, universo, planetas, vida, infinito, corpos... formação perfeita para toda criatura, para toda existência. Deveras, essa compreensão ainda não é concebida por imensurável número de seres. A grandeza absoluta é soberana e eternamente incomparável: Deus, criador de tudo em sua mais sublime perfeição.
A vida, suprema e completa criação, existe em todos os níveis e espaços, em todos os tempos perceptíveis e ausentes de percepção. É um curso contínuo no qual acontecimentos estão latentes e em evidência; tudo obedece a uma lei cuja coerência é dinâmica e primorosa, impossível de copiar, pois tudo é criado de maneira particular, único no universo, daí sua riqueza inquestionável.
E por sua indiscutível perfeição, Deus aguarda a maturidade e a vontade do homem para aceitá-Lo e, assim, iniciar o entendimento da infinita energia da vida; e para os que ainda não O reconhecem como Senhor do universo, Ele os aguarda com paciência e amor.
Algo muito importante também não é apenas dizer que acredita no criador e não manter uma relação verdadeira quanto à vivência de forma reta, amorosa e elevada. Isso é o que tantos espíritos e almas fazem no andamento dos dias. Há ainda muitos que falam em Deus, mas não foram capazes nem mesmo de respeitar o próximo quem dera amá-lo... amar a vida.
Os bons atos começam com os mais contíguos companheiros. Não se pode relegar os compromissos que, na verdade, assumimos. Quanto mais responsabilidade e conscientização perante a vida, mais de acordo com as leis divinas o espírito caminhará.
Em todo tempo e lugar verifica-se a nobreza do gesto divino. É tão absoluto que durante toda a evolução de um ser, a sabedoria da vida respeita o desenvolvimento de cada um para assimilar o que as suas condições lhe permitem.
Tudo em sua composição é perfeito; uma pequenina criatura possui um sistema completo.
O que se restringe apenas ao Planeta já é magnífico e grandioso; de fato, quando se pensa em todo mecanismo aplicado ao universo, torna-se simplesmente inimaginável, porém, o espírito desfruta da perfectibilidade, ou seja, conquistará a compreensão para essa nobreza.
A luz brilhante se propagará dos corações que mais bondade sentirem e exercitarem, sem necessariamente se dizerem crentes em Deus, pois essa verdade se comprovará ao longo do tempo, período adequado para cada espírito em especial.
Simplesmente a crença em Deus não é nenhum passaporte para o encontro com a felicidade; o carimbo para esse passaporte será, sim, os bons ensinamentos plenos e experienciados no cotidiano ao lado de todos os núcleos pessoais com os quais se convive. Há quem, por agora, diga não acreditar em Deus, no entanto, age completamente de acordo com os princípios bondosos deixados por Jesus.
E essa questão é valiosa, pois afirmar que crê e manter atitudes avessas a essa grandeza é muito mais nocivo e retrocessivo a esse espírito comparado àquele que diz não crer e age fielmente à conduta amorosa ensinada.
Essa argumentação não é para convencer forçosamente agora sobre a existência de um criador, somente validar a grandiosidade de toda a vida. Há espíritos que afirmam não acreditar em Deus, mas cada um em seu tempo concluirá essa tese, afinal, a eternidade é a estrada.

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