sábado, 30 de setembro de 2017

Contos e crônicas






A missão da FEB segundo Machado

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

— Amigo Machado, andam dizendo por aí que a Federação Espírita Brasileira (FEB) não representa o Espiritismo no Brasil. Que você acha disso?
— Cada um tem o direito de expressar sua opinião como queira, meu caro Joteli. Mas isso não significa ser o dono da verdade, cuja posse, por atribuição divina, cabe unicamente a Jesus Cristo. Aliás, quem apoia tal opinião, por vezes contraditória, quer um Espiritismo puramente filosófico e científico, contrariando o caráter religioso da Doutrina Espírita. Acrescento, ainda, que, sendo o Espiritismo uma crença baseada na razão e contrária à restrição da liberdade de consciência, não há qualquer instituição, no Brasil e no Mundo, que tenha autoridade para impor posicionamento radical sobre qualquer dos seus postulados. Não existe dogma no Espiritismo.
— Então, o programa febiano...
— É o do Cristo e de seus enviados, sejam eles encarnados ou desencarnados, desde que não contrariem Jesus e a Doutrina Espírita na forma revelada pelos espíritos a Allan Kardec.
— E a frase do espírito Emmanuel a Chico de que, se aquele estivesse em desacordo com Jesus e com Kardec, o grande médium mineiro deveria ficar com estes?
— Você conhece uma figura de linguagem chamada metonímia? Mais precisamente, a figura em que o nome do autor substitui a obra?
— Ah, sim, agora entendi. Emmanuel se referia à doutrina de Jesus e a dos espíritos seus enviados, ao citar Kardec...
— Isso mesmo, Joteli, embora espírito de alta elevação, como homem, Kardec não era infalível, qual o foi Jesus, e, por isso mesmo, com toda a humildade, afirmou, alto e bom som: A DOUTRINA É DOS ESPÍRITOS, COUBE A MIM APENAS SUA SISTEMATIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO METODOLÓGICA, além da hermenêutica pessoal.
— Desse modo, Bruxo amigo, só devemos crer nas respostas e comentários dos espíritos contidos nas obras básicas do Espiritismo, certo?
— Alto lá! Já dizia Paulo de Tarso, há dois mil anos: “Não extingais o Espírito; não desprezeis as profecias. Discerni tudo e ficai com o que é bom. Guardai-vos de toda espécie de mal.” (Bíblia de Jerusalém, I Tessalonicenses, 5:19-22); e seu discípulo Erasto, em O livro dos médiuns (LM), recomenda: “É preferível rejeitar dez verdades do que aceitar uma única mentira, uma só teoria errônea” (LM, cap. XX, it. 230).
— Ah, então, deduzo que a FEB foi criada “não para dogmatizar, mas apenas para se fazer o fulcro de propagação da mensagem de Allan Kardec, toda ela calcada nos postulados do Cristianismo”,[1] como afirmou, certa vez, Luciano dos Anjos, meu amigo Bruxo?
— Exatamente, estive lá, algumas vezes, no século XIX, e pude testemunhar esse propósito elevado da Casa-Mater do Espiritismo no Brasil, segundo revelação dos enviados de Jesus: Ismael, Emmanuel, Humberto de Campos etc.  
— Machado, meu bom amigo, por que a FEB não responde a seus difamadores?
— Deixo a palavra final com o nobre Luciano dos Anjos:

[...] ela não se envolve em questões políticas, em assuntos pessoais, em acontecimentos que possam degenerar em escândalo ou desmoralização. Às vezes mal compreendida pelos menos serenos e menos prudentes; não é o que lhe basta, porém, para se desviar da sua tradicional linha de conduta e de comportamento autenticamente cristãos. Por isso, pode haver os que, desavisados, acabem sendo motivo de vergonha e decepção; mas esses labéus não a atingem nunca, na posição altaneira de comedimento em que sistematicamente se coloca. (ANJOS, 1975. Op. cit, loc. cit).







[1] In: Crônicas de um e de outro — de Kennedy ao homem artificial. Rio de Janeiro: FEB, 1975, cap. 29).







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sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Iniciação aos clássicos espíritas





Memórias do Padre Germano

Amalia Domingo Soler

Parte 6

Continuamos o estudo metódico e sequencial do livro Memórias do Padre Germano, com base na 21ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo constitua para o leitor uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de:
1) questões preliminares;
2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto indicado para leitura. 

Questões preliminares

A. Que fato levou Gustavo ao suicídio?
B. Que ocorreu com Gustavo e Lina depois de sua desencarnação?
C. Como Germano tratou Júlio, que fora anteriormente o responsável pelo seu desterro?
D. Como Padre Germano se referia às paixões terrenas?
E. Que dizia Germano sobre o celibato e o confessionário?

Texto para leitura

52. Três anos se passaram e Lina, que também perdera os pais, passou a viver com os pais de Gustavo. Um dia, ela procurou Padre Germano e lhe disse: “Padre! Gustavo me chama e eu o escuto”; e assim dizendo, rogou-lhe fosse com ela para buscá-lo no front da batalha. (PP. 128 e 129)
53. Eles foram e, depois de mil peripécias, conseguiram localizar, num hospital improvisado, o pobre rapaz, completamente desfigurado pelos ferimentos sofridos e pelas vicissitudes advindas dos longos anos de batalha. (PP. 129 e 130)
54. Ao retornarem à aldeia, Miguel lhes disse que o pai de Gustavo falecera, impressionado por uma falsa notícia da morte do filho, não se sabendo, depois disso, o paradeiro da genitora do rapaz. (P. 130)
55. Com a cabeça envolta em sangrentas tiras, nas quais, por ordem médica, ninguém podia tocar, Gustavo morria aos poucos, visto que a febre que o devorava impedia lhe fosse dado qualquer alimento. De vez em quando, o rapaz tinha momentos lúcidos, quando então abria os olhos e fitava Lina com santa adoração; depois, voltava-se para Germano e dizia com amargura: “Pobre, pobre Lina!... Padre! Padre! Será verdade que não existe Deus?” (PP. 130 e 131)
56. Assim se passaram três meses, até que em certa manhã, enquanto Lina colhia no jardim algumas ervas para fazer um chá, Gustavo levantou-se da cama e, no delírio da febre, cravou pequena faca no coração, sem proferir um ai! Lina, sem nada dizer, cerrou-lhe os olhos piedosamente e, quando tentava arrancar a faca, violentamente sacudida, emitiu uma gargalhada estridente... Depois levantou-se, abraçou o Padre e durante quarenta e oito horas não fez outra coisa senão rir, presa de violentas convulsões, até que expirou, reclinando a cabeça no ombro do pároco, como fazia quando criança. (P. 131)
57. Padre Germano conta que toda vez que contempla a sepultura de Lina e Gustavo sente um mal-estar inexplicável e os vê a ambos, ele frenético, delirante, revoltado contra a sorte e negando Deus em sua loucura; ela, possuída do mesmo delírio, rindo sarcasticamente da morte da sua felicidade. Tanto ele quanto ela, diz Germano, se entregaram ao desespero e, por isso, suas almas atribuladas devem procurar-se mutuamente, sem se verem por algum tempo. “Todas as dores – assevera o Padre – têm sua razão de ser, todas as agonias são justificadas, e quem violentamente quebra os elos da vida terrena desperta nas trevas.” (PP. 132 e 133)
58. No cap. 13, “O Bem é a Semente de Deus”, vemos como o Padre Germano se arriscou para salvar da prisão Júlio, alto dignitário da Igreja, caído em desgraça, procurado por toda parte pelas forças do Rei. Júlio fizera a Germano todo o mal possível. Foi ele quem o desterrou para a aldeia e, temeroso de sua sombra, o intrigou para que Germano fosse preso como conspirador e feiticeiro. (PP. 135 a 137)
59. Após esconder Júlio em um lugar de difícil acesso, sugestivamente denominado Caverna do diabo, Padre Germano foi levado preso, permanecendo dois meses prisioneiro, como réu de Estado, mas sempre muito considerado e respeitado pelo Rei, alma enferma, espírito perturbado, a quem procurou ajudar com seus conselhos, enquanto esteve na Corte. (PP. 139 a 141)
60. Libertado a instâncias do povo, Padre Germano retornou à aldeia e soube, com assombro, que Júlio ainda permanecia escondido. Na mesma noite em que chegou, Germano foi com Sultão visitá-lo. Ao vê-lo, Júlio atirou-se nos seus braços e permaneceram assim longo tempo, enquanto Sultão os acarinhava a ambos. (PP. 142 e 143)
61. Padre Germano deu-lhe alentados conselhos e Júlio prometeu segui-los. Dias depois, disfarçado em frade, ele saiu do país e, decorrido um ano, mandou uma carta ao Padre Germano em que dizia: “Quanto tenho a agradecer-vos! Como me julgo hoje feliz neste recanto da Terra! Já os meninos me procuram, como a vós, já os velhos me pedem conselhos; já os pobres me bendizem. Os bens que pude salvar do confisco, empreguei-os em melhorar a triste sorte destes infelizes, que apenas comiam pão negro e que, hoje, graças aos meus cuidados, já têm alimentação abundante e sã”. “Bendito sejais! Sim, bendito o homem que me fez compreender que o bem é a semente de Deus!” (PP. 144 e 145)
62. “A Mulher é Sempre Mãe”, título do cap. 14, destaca a história de Maria, a filha de Antônio, o mais rico rendeiro da aldeia. (P. 146)
63. Maria trouxera grande missão consigo, qual a de amar incondicionalmente. Ela foi, segundo Padre Germano, um dos poucos seres que ele pôde ver cumprir as leis do Evangelho: “Maria é, e tem sido sempre, a caridade em ação”. (P. 147)
64. É preciso dizer, porém, que Maria se espelhava nos exemplos do Padre, a quem ela mesma declarou: “meu sentimento só despertou com a observação dos vossos atos”. E acrescentou: “Assim é que, vendo-vos dar a própria roupa, de mim para mim dizia: - Se ele assim procede, nós todos devemos imitá-lo. De ordinário, a criança não tem grande iniciativa e faz aquilo que vê fazer outrem, o que é poderoso incentivo para que sejamos bondosos, não tanto em nosso benefício, como para beneficiar o próximo. O homem é, na verdade, o espelho das crianças”. (P. 150)
65. No mesmo capítulo, Padre Germano volta ao tema do amor, asseverando: “Neste mundo, como apenas vemos a parte infinitesimal das coisas, a tudo se chama amor; e quantas vezes as paixões terrenas não passam de expiações dolorosas, pagamento de dívidas e obsessões tremendas, nas quais o Espírito quase sempre sucumbe à prova!” Afirmando que nesses casos a mulher é, certamente, quem mais sofre, o Padre conclui: “Eis a razão por que não trepido em afirmar que a mulher é sempre mãe, uma vez que ama sempre”. (P. 152)
66. Um dos contrassensos do sacerdócio católico, para o Padre Germano, está justamente na questão do celibato imposto aos sacerdotes: “Ordenam-nos que fujamos da mulher, mas que nos apoderemos, ao mesmo tempo, da sua alma! Mandam-nos dirigir seus passos, despertar-lhe os sentimentos, ler no seu coração como num livro aberto, proibindo-nos, entretanto, de amá-la, por ser pecado. Mas, visto que o impossível não pode constituir lei, o abuso se dá e dará sempre”. (P. 152)
67. Abominando de novo o confessionário, Padre Germano adverte: “Enquanto existir essa confissão, essas intimidades, dificílimo será o progresso de umas e o adiantamento de outros. Não peçamos aos homens que deixem de amar, abafando o coração, porque nada valem hábitos e votos ante a doce confidência para criar o escândalo, querendo contrariar as leis incontrastáveis da Natureza!” (P. 152) (Continua na próxima edição.)

Respostas às questões preliminares

A. Que fato levou Gustavo ao suicídio?
Foi o desespero aliado à descrença em Deus. Com a cabeça envolta em sangrentas tiras, Gustavo morria aos poucos, visto que a febre que o devorava impedia lhe fosse dado qualquer alimento. De vez em quando, o rapaz tinha momentos lúcidos, quando então abria os olhos e fitava Lina com santa adoração; depois, voltava-se para Germano e dizia com amargura: “Pobre, pobre Lina!... Padre! Padre! Será verdade que não existe Deus?” Assim se passaram três meses, até que, em certa manhã, ocorreu o suicídio. (Memórias do Padre Germano, pp. 130 e 131.)
B. Que ocorreu com Gustavo e Lina depois de sua desencarnação?
Diz Padre Germano que, toda vez que contemplava a sepultura de Lina e Gustavo, sentia um mal-estar inexplicável e os via a ambos, ele frenético, delirante, revoltado contra a sorte e negando Deus em sua loucura; ela, possuída do mesmo delírio, rindo sarcasticamente da morte da sua felicidade. Tanto ele quanto ela, diz Germano, se entregaram ao desespero e, por isso, suas almas atribuladas deveriam procurar-se mutuamente, sem se verem por algum tempo. “Todas as dores – explica o Padre – têm sua razão de ser, todas as agonias são justificadas, e quem violentamente quebra os elos da vida terrena desperta nas trevas.” (Obra citada, pp. 132 e 133.)
C. Como Germano tratou Júlio, que fora anteriormente o responsável pelo seu desterro?
Padre Germano se arriscou para salvar Júlio da prisão. Alto dignitário da Igreja, mas caído em desgraça e procurado por toda parte pelas forças do Rei, Júlio buscou proteção junto a Germano. Depois de esconder Júlio em um lugar de difícil acesso, Padre Germano foi levado preso, permanecendo dois meses prisioneiro, como réu de Estado, mas sempre muito considerado e respeitado pelo Rei, alma enferma, espírito perturbado, a quem procurou ajudar com seus conselhos, enquanto esteve na Corte. (Obra citada, pp. 135 a 141.) 
D. Como Padre Germano se referia às paixões terrenas?
Segundo ele, as paixões terrenas não passam, em muitos casos, de expiações dolorosas, pagamento de dívidas e obsessões tremendas, nas quais o Espírito quase sempre sucumbe à prova. Afirmando que nesses casos a mulher é, certamente, quem mais sofre, Germano concluiu: “Eis a razão por que não trepido em afirmar que a mulher é sempre mãe, uma vez que ama sempre”. (Obra citada, pág. 152.)
E. Que dizia Germano sobre o celibato e o confessionário?
O celibato era, segundo ele, um dos contrassensos do sacerdócio católico. Eis suas palavras: “Ordenam-nos que fujamos da mulher, mas que nos apoderemos, ao mesmo tempo, da sua alma! Mandam-nos dirigir seus passos, despertar-lhe os sentimentos, ler no seu coração como num livro aberto, proibindo-nos, entretanto, de amá-la, por ser pecado. Mas, visto que o impossível não pode constituir lei, o abuso se dá e dará sempre”. Sobre o confessionário, que ele abominava, Germano disse: “Enquanto existir essa confissão, essas intimidades, dificílimo será o progresso de umas e o adiantamento de outros”. (Obra citada, pág. 152.) 

Nota:
Links que remetem aos 3 textos anteriores:




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quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Iniciação ao estudo da doutrina espírita




Desigualdades sociais

Este é o módulo 47 de uma série que esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura. 

Questões para debate

1. As desigualdades sociais são obra dos homens ou de Deus?
2. As desigualdades que se observam em nosso planeta desaparecerão um dia?
3. O homem e a mulher devem ter, tanto nas leis dos homens como nas leis de Deus, os mesmos direitos?
4. Os Espíritos podem reencarnar como homens e como mulheres? Por quê?
5. Qual é, na realidade, a causa primária de tantas calamidades e aflições que observamos no organismo social, tais como a miséria, as guerras e os cataclismos devastadores?

Texto para leitura

As desigualdades sociais não são obra de Deus, mas do homem
1. As desigualdades sociais, provenientes das mais variadas condições econômicas e espirituais dos vários povos da Terra, são sempre obra dos homens e não de Deus. O Pai criou os Espíritos iguais e destinados ao mesmo fim, mas os homens, por força das imperfeições morais que ainda possuem, estatuíram leis – muitas delas injustas e até mesmo cruéis – para regular as relações em sociedade.
2. Como consequência dessas leis, surgiram muitas desigualdades, que são mais ou menos acentuadas em determinadas nações, conforme o grau evolutivo dos seus componentes.
3. O progresso segue, no entanto, o seu curso ascendente e por isso a desigualdade social, como tudo o que é inferior, dia a dia se atenua, até que se apague em definitivo, quando o egoísmo e o orgulho deixarem de predominar na Terra.
4. Restará, então, em nosso mundo tão somente a desigualdade do mérito, porquanto dia virá em que os membros da grande família universal deixarão de considerar-se como de sangue mais ou menos puro e entenderão, enfim, que apenas o Espírito pode ser mais ou menos puro, mas isso não depende da posição social. 

A abolição das desigualdades não se fará de repente
5. Ninguém pense, porém, que as desigualdades desaparecerão de repente e serão o resultado de revoluções, de guerras, de leis ou de decretos. Não. Sua abolição se fará de modo lento e gradual, de acordo com o ritmo dos esforços individuais e coletivos e como consequência do progresso moral alcançado pela Humanidade, o que levará à destruição dos privilégios de casta, de sangue, de posição social, de sexo, de raça, de religião e de quaisquer outros.
6. Compreendamos também que com o banimento das desigualdades sociais não se verificará na Terra um processo de uniformização dos homens. A espécie humana não se transformará em máquina, a sociedade terrena não se tornará um sistema robotizado. Os homens é que passarão a orientar-se pelas leis divinas, a fim de que seus pendores naturais possam desabrochar e desenvolver-se normalmente, sem nenhuma atitude de coerção por parte de quem quer que seja.
7. Haverá, evidentemente, quem ocupe cargos de maior ou de menor responsabilidade, mas, com o adiantamento espiritual, os homens não sofrerão os males do egoísmo, da inveja, do orgulho e do preconceito.

O homem e a mulher gozam, aos olhos de Deus, dos mesmos direitos
8. Em uma sociedade moralizada não se compreenderá a diferença de tratamento, ainda tão comum, que se observa entre o homem e a mulher, porque todos entenderão que, perante os códigos divinos, ambos possuem os mesmos direitos e que a diferença dos sexos existe por força da necessidade de experiências específicas pelas quais o Espírito precisa e deve passar.
9. O Espírito – ensina o Espiritismo – não possui sexo, do modo como entendemos esse vocábulo em nosso plano. É por isso que, embora as funções do homem e da mulher sejam diferentes e específicas, seus direitos são exatamente os mesmos e todo privilégio concedido a um ou a outro é contrário à lei de justiça.
10. A lei humana deve, pois, para ser equitativa, consagrar a igualdade dos direitos do homem e da mulher, cientes todos nós de que a emancipação feminina acompanha o progresso geral da civilização, e sua escravização marcha de par com a barbárie. Sexos existem apenas na organização física. Os Espíritos encarnam-se num e noutro e devem, por conseguinte, gozar dos mesmos direitos.

A desigualdade social é o mais elevado testemunho da realidade da reencarnação
11. As funções, evidentemente, resultam das aptidões próprias de cada gênero. Por exemplo, só a mulher pode ser mãe e amamentar uma criança. O homem e a mulher são, no instituto conjugal, como o cérebro e o coração do organismo doméstico, e essa diversidade de funções verifica-se por necessidade de planificação reencarnatória.
12. São um e outro portadores de uma responsabilidade igual no sagrado colégio familiar. Se a alma feminina apresentou sempre um coeficiente mais avançado de espiritualidade na vida, é que, desde cedo, o Espírito masculino intoxicou as fontes da sua liberdade por meio de todos os abusos, prejudicando sua posição moral no decurso de existências numerosas, em múltiplas experiências seculares. A ideologia feminista dos tempos modernos, com suas diversas bandeiras políticas e sociais, pode ser, segundo palavras ditas por Emmanuel, um veneno para a mulher desavisada dos seus grandes deveres espirituais na face da Terra.
13. A desigualdade social é o mais elevado testemunho da realidade da reencarnação, mediante a qual cada Espírito tem sua posição definida de regeneração e resgate.
14. Miséria, guerras, ignorância, preconceito e tantas outras calamidades coletivas não passam de enfermidades do organismo social, em razão da situação de prova da quase generalidade dos seus membros. Cessada a causa patogênica com a iluminação espiritual de todos em Jesus Cristo, a moléstia coletiva, diz Emmanuel, estará, obviamente, eliminada dos ambientes humanos.

Respostas às questões propostas

1. As desigualdades sociais são obra dos homens ou de Deus?
As desigualdades sociais são obra dos homens e não de Deus, que criou os Espíritos iguais e destinados ao mesmo fim, mas os homens, por causa de suas imperfeições morais, estatuíram leis – muitas delas injustas e mesmo cruéis – para regular as relações em sociedade. Como consequência dessas leis, surgiram muitas desigualdades, que são mais ou menos acentuadas em determinadas nações, conforme o grau evolutivo dos seus componentes.
2. As desigualdades que se observam em nosso planeta desaparecerão um dia?
Sim. As desigualdades sociais, como tudo o que é inferior, um dia desaparecerão da face da Terra, quando o egoísmo e o orgulho deixarem de predominar em nosso mundo. Restará, então, em nosso mundo tão somente a desigualdade do mérito, porquanto dia virá em que os membros da grande família universal deixarão de considerar-se como de sangue mais ou menos puro e entenderão, enfim, que apenas o Espírito pode ser mais ou menos puro, mas isso não depende da posição social. 
3. O homem e a mulher devem ter, tanto nas leis dos homens como nas leis de Deus, os mesmos direitos?
Sim. Em uma sociedade moralizada não se compreende a diferença de tratamento, ainda tão comum, entre o homem e a mulher, porque perante os códigos divinos possuem ambos os mesmos direitos.
4. Os Espíritos podem reencarnar como homens e como mulheres? Por quê?
Podem reencarnar como homens ou mulheres porque o Espírito, em si considerado, não possui sexo do modo como entendemos esse vocábulo em nosso plano. A diferença dos sexos na organização física se dá por força da necessidade de experiências específicas pelas quais os Espíritos precisam e devem passar.
5. Qual é, na realidade, a causa primária de tantas calamidades e aflições que observamos no organismo social, tais como a miséria, as guerras e os cataclismos devastadores?
Miséria, guerras, ignorância, preconceito e tantas outras calamidades coletivas não passam de enfermidades do organismo social, em razão da situação de prova da quase generalidade dos seus membros. Cessada a causa patogênica com a iluminação espiritual de todos em Jesus Cristo, a moléstia coletiva estará, obviamente, eliminada dos ambientes humanos.

Nota:
Eis os links que remetem aos 3 últimos  textos:






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quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Pílulas gramaticais (276)



Veja estas orações:
- Com estas chuvas, a água da represa está vasando.
- Com estas chuvas, a água da represa está vazando.
Qual a correta?
A segunda frase, eis a correta, porque o verbo vazar escreve-se assim mesmo, com a letra “z”.
Eis alguns de seus significados:
- esgotar-se a pouco e pouco;
- deixar sair o líquido;
- entornar-se, verter-se; sair, retirar-se; ser transparente;
- tornar-se conhecida (uma notícia) por descuido, indiscrição, inadvertência etc.
Neste último sentido o verbo vazar é intransitivo, ou seja, não pede complemento.
Exemplo:
A notícia da demissão vazou antes mesmo de o decreto ser assinado.
Note que é a informação que vaza. Ninguém vaza uma informação. Está errada, pois, esta construção: Foi o assessor do ministro que vazou a informação, frase que deve ser substituída por esta: Foi o assessor do ministro que deixou vazar a informação.

*

Fêmur, que é nome que se dá ao osso da coxa, é palavra bem conhecida de todos. O que talvez algumas pessoas ignorem é que o adjetivo relativo ao fêmur ou à coxa é femoral, que nos veio do latim femoris.
Exemplo:
Minha avó sofreu uma fratura femoral – ou seja, fraturou o fêmur.




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terça-feira, 26 de setembro de 2017

Contos e crônicas





Do que realmente preciso?

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Sem dúvida, quantas coisas desejamos, com sentido de precisar, na vida. Mas ultimamente me questiono: do que realmente preciso? O envolvimento social com o contato de tanta inovação, beleza, praticidade e o desejo apurado de querer sempre algo mais desenvolvem a quase precisão de ter muito mais do que realmente é preciso.
De fato, o que é necessário para sentir-se feliz é tão mais acessível. Existe para todos de maneira similar; é a sensibilidade de conhecer-se a si mesmo, pois apenas com esse conhecimento se compreenderá realmente do que se necessita e consequentemente trará felicidade. No entanto, como a simplicidade é grandeza da vida acompanhada de bondade e compreensão tão mais próxima está a paz alegre que o espírito deseja.
Muitas vezes, pensamos encontrar a felicidade ‒ se bem que aqui encarnados e com o estágio atual, felicidade já é ter abrandado um pouco mais os muitos sofrimentos e compreendido mais ‒ em objetos, conquistas, posição social e profissional entre outras formas tão características do anseio humano. Porém, quando o “eu”, quietinho em si, não consegue disfarçar o sentimento, ele confessa a sua solidão, desproteção e tristeza, e como uma das metas equivocadas humanas é não pedir ajuda para não demonstrar fraqueza, o eu se sufoca e cria doenças e, certas vezes, regressa antecipadamente numa nuvem amarela à dimensão dos espíritos. E ao chegar, encontra-se desnorteado e muito perturbado ao lar estranho.
Enquanto se está a caminho quanto mais sábio compreender o que é necessário deveras. E penso que uma maneira bem sensata de responder a isso é imaginar, num momento íntimo, com a prece e a sinceridade do coração, o que o faria verdadeiramente feliz, sem nenhum critério social, humano, mas com o critério do coração que sabe, de fato, o que poderá fazê-lo feliz.
Se essa avalanche de consumismo se perdesse pelo caminho, se a posição social não tivesse importância alguma, se o preconceito se evaporasse de tanta vergonha, se o orgulho se igualasse a tudo aquilo que não é necessário, se a compreensão de que a eternidade é o tempo do espírito e o da humanidade é uma chispa na infinita vida, se o entendimento de fazer sempre mais o que faz bem se reverte em felicidade e que há um determinado tempo para aprimorar-se em cada existência, meu Deus, como a alegria faria parte de nós! Somos, muitas vezes, como diziam nossos avós, “turrões demais” para logo encontrarmos a estrada serena. E buscamos os caminhos tortuosos e tristes.
A vida é tão simples e preciosa. Tudo é menos em dificuldade e mais em conquista, porém, como somos “turrões” invertemos as intensidades, o mais vira menos e este se torna mais. Mas vamos aprendendo. Algo que busco assimilar é que tudo de bom puder que colocar no coração se transformará em meu tesouro, em minha base de desenvolvimento, em minha asa de liberdade, em meu semblante feliz, em minhas conquistas verdadeiramente almejadas.
E agora pensando, do que realmente preciso é de uma casa pequena e simples, de amigos do peito, de um trabalho que eu ame e me sustente, de tempo para escrever e viajar, de amor para amar, de saúde para viver, da responsabilidade de que sou uma filha com todos os deveres com um Pai incomparavelmente grandioso e de que tenho irmãos e um Planeta para cuidar com ternura. E quieta em mim, compreendo quanto preciso da paz que este Pai me dá.
Isso tudo é acessível. Em primeiro lugar devemos esvaziar os espaços ocupados com coisas desnecessárias, desgastantes, sem valores reais. E quando o espaço estiver mais limpinho e pronto para completar-se com algo necessário e produtivo, perguntemo-nos com muito carinho e sinceridade: do que realmente preciso?     

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/





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segunda-feira, 25 de setembro de 2017

As mais lindas canções que ouvi (261)




Corra e olhe o céu

Cartola e Dalmo Castello
 
Linda!
Te sinto mais bela
E fico na espera
Me sinto tão só.
Mas, o tempo que passa
Em dor maior
Bem maior.

Linda!
No que se apresenta
O triste se ausenta,
Fez-se a alegria...
Corra e olhe o céu,
Que o sol vem trazer
Bom dia...
Ah, corra e olhe o céu,
Que o sol vem trazer
Bom dia.



As cifras desta música você encontra em: https://www.cifraclub.com.br/cartola/corra-olhe-ceu/


Você pode ouvir a canção acima clicando nos links indicados:
Joyce Cândido:
Zeca Pagodinho:
Teresa Cristina:
Beth Carvalho:
Vanessa da Mata:



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