Continuamos
ontem à noite, no Centro Espírita Nosso Lar (Londrina, PR), o estudo sequencial
do livro Ação e Reação, obra escrita
por André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada
em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o texto
que serviu de base ao estudo realizado:
Questões para debate
A. Fora da
Mansão Paz havia muitas criaturas em grande sofrimento. Como a Mansão as assistia?
B. Quem era
Orzil e que tarefa desempenhava?
C. Por que um
dos internos na casa, de nome Veiga, estava revoltado com os próprios filhos?
Texto para leitura
25. Vastação purificadora - O
aparente descaso para com aquelas criaturas tão sofridas levou Hilário a
perguntar se não seria razoável que a Mansão as amparasse. O Assistente
explicou que aquelas Entidades não apresentavam os necessários requisitos para
serem assistidas. "Firme na execução do programa que lhe assiste – informou Silas – , nossa casa não lhes podia
abrir as portas de imediato, em face do desespero e da revolta em que se
comprazem, mas também não desdenhava a possibilidade de prestar-lhes a ajuda
possível, fora do campo de ação em que vive sediada." Ali se reuniam, de
maneira indiscriminada, milhares de entidades, vítimas de seus pensamentos
desvairados e sombrios. "Quando superam a crise de perturbação ou de
angústia de que são portadoras, o que pode perdurar por dias, meses ou anos,
são trazidas à nossa instituição que, tanto quanto possível, evita abrir-se às
consciências ainda positivamente encravadas na revolta sistemática",
informou Silas. Uma coisa é atender a Espíritos inconscientes e devedores;
outra é lidar com criaturas insensatas e rebeladas. Aquelas entidades, embora
vivessem fora dos muros do instituto, contavam, porém, com o amparo da Mansão,
através de Entidades recuperadas que ali desenvolviam preciosas tarefas,
incumbindo-se da assistência fraterna, em largos setores daquela região.
Através destas, o instituto podia atender milhares de consciências necessitadas
e saber com segurança quais os irmãos em sofrimento dignos de acesso à Casa,
após a transformação gradual a que se ajustam. O amparo não impedia, porém, os
assaltos por parte de Inteligências perversas, que ali eram também constantes,
principalmente em torno das Entidades que largaram cúmplices bestializados em
antros infernais ou em núcleos de atividades terrestres. Nesses casos, as
vítimas dessas feras humanas padecem longos e inenarráveis suplícios, através da
fascinação hipnótica de que muitos gênios do mal são cultores exímios. Silas
refere-se a esses fatos como "fenômenos de flagelação compreensível que
alguns místicos do mundo, em desdobramento mediúnico, no reino das trevas,
classificaram como sendo vastação purificadora". (Capítulo 5, pp. 59 a 61)
26. Uma casinha em meio ao nevoeiro
- Como Hilário não entendesse o porquê da flagelação imposta àqueles Espíritos,
Silas ponderou: "Compreendo-lhe o pesar. Indiscutivelmente, tanta dor
reunida não seria justa se não viesse de quantos preferiram no mundo o trato
diário com a injustiça. Não é claro, porém, que todos venhamos a colher o fruto
da plantação que nos pertence?" E informou: "Não encontraremos aqui
neste imenso palco de angústia almas simples e inocentes, mas sim criaturas que
abusaram da inteligência e do poder, e que, voluntariamente surdas à prudência,
se extraviaram nos abismos da loucura e da crueldade, do egoísmo e da
ingratidão, fazendo-se temporariamente presas das criações mentais, insensatas
e monstruosas, que para si mesmas teceram". Nesse ponto da conversa, o
grupo chegou à frente de pequena casa, de cujo interior brotava reconfortante
jorro de luz. Cães enormes ganiam de estranho modo, sentindo-lhes a presença.
De súbito, um companheiro de alto porte e aspecto rude apareceu e saudou-os,
abrindo-lhes passagem. Era Orzil, um dos guardas da Mansão, em serviço nas
sombras. Já dentro da casa, dois dos seis grandes cães, aos ralhos do guardião,
acomodaram-se junto do grupo. De constituição agigantada, Orzil parecia um urso
em forma humana, em cujos olhos límpidos viam-se sinceridade e devotamento.
Silas informou que Orzil era um companheiro de cultura ainda escassa, que se
comprometeu em delitos lamentáveis no mundo. Sofreu muito sob o império dos antigos
adversários, mas, após longo estágio na Mansão, prestava valioso concurso
naquela região. Na casa, Orzil mantinha algumas celas, ocupadas por Entidades
em tratamento, prestes a serem recebidas pelo instituto. Interpelado pelo
Assistente, o companheiro informou que a tempestade ocorrida na véspera
trouxera imensa devastação e provocara muito sofrimento nos pântanos,
referindo-se, nesse caso, aos precipícios abismais em que se debatiam milhares
de almas infelizes e conturbadas. (Capítulo 5, pp. 62 e 63)
27. O caso Veiga - Hilário indagou
se seria possível atingir semelhantes lugares, para aliviar os que ali padecem.
Orzil, muito triste e resignado, respondeu: "Impossível..." Silas
complementou: "Os que se agitam nestas furnas jazem, de modo geral, quase
sempre extremamente revoltados e, na insânia a que se entregam, fazem-se
verdadeiros demônios de insensatez". "É necessário se disponham à
conformação clara e pacífica para que, ainda mesmo semi-inconscientes, consigam
acolher com proveito o auxílio que se lhes estende aos corações." Na casa,
havia três doentes internados, em franca situação de inconsciência. De fato, ao
visitá-los, o grupo ouviu uma gritaria estentórica. As acomodações usadas por
eles eram bem rústicas: as celas lembravam boxes de confortável cavalariça,
construídas com toda a segurança, em atenção aos objetivos de contenção. À
medida que o grupo se aproximava, desagradável odor lhes afetava as narinas. O
Assistente explicou: "Vocês não ignoram que todas as criaturas vivem
cercadas pelo halo vital das energias que lhes vibram no âmago do ser e esse
halo é constituído por partículas de força a se irradiarem por todos os lados,
impressionando-nos o olfato, de modo agradável ou desagradável, segundo a
natureza do indivíduo que as irradia". "Assim sendo, qual ocorre na
própria Terra, cada entidade aqui se caracteriza por exalação peculiar."
Nas imediações da cela do irmão Corsino, o cheiro era semelhante ao da carne em
decomposição. É que referido Espírito – cujo pensamento continuava enrodilhado
ao corpo sepulto – vivia imerso na lembrança dos abusos a que se entregara na
vida física e trazia a imagem do próprio cadáver à tona de todas as suas
recordações. Noutro abrigo, a porta gradeada permitiu que o grupo visse um
homem envelhecido, de cabeça pendida entre as mãos, a clamar: "Chamem meus
filhos! chamem meus filhos..." Era o irmão Veiga, que mantinha fixa a
ideia na herança que perdera ao desencarnar: vasta quantidade de ouro e bens
que passou à propriedade dos filhos, três rapazes que concorriam no mundo ao
melhor e maior quinhão, prevalecendo-se, para isso, de juízes venais e rábulas
inconsequentes. A psicosfera do enfermo mostrava formas-pensamentos, criadas
pelas reminiscências do amigo, em que três jovens apareciam e desapareciam,
vagueando entre documentos esparsos, cédulas e cofres cheios de valores...
(Capítulo 5, pp. 63 a
65)
28. Vítima da usura - Logo que viu o
grupo, Veiga avançou e, apoiando-se nas grades, gritou, dementado: "Quem
sois? Juízes? juízes?..." E derramou-se em lamúrias que sensibilizaram a
todos: "Lutei por vinte e cinco anos para reaver a herança que me cabia
por morte de meus avós... E, quando a vi nas mãos, a morte me arrebatou ao
corpo, sem piedade... Não me resignei a essa injunção e permaneci em minha
velha casa... Desejava, pelo menos, acompanhar a partilha do espólio que me
interessava, mas meus rapazes amaldiçoaram-me a influência, impondo-me, a cada
passo, frases venenosas e hostis... Não satisfeitos com as agressões mentais
que me infligiam, começaram a perseguir minha segunda esposa, que lhes foi mãe
ao invés de madrasta, administrando-lhe tóxicos por medicação inocente, até que
a pobrezinha foi internada numa casa de loucos, sem esperança de recuperação...
Tudo por causa do nosso rico dinheiro que os malandros querem pilhar... Diante
de tal injustiça, pensei suplicar o favor dos seres que povoam as trevas,
porque somente os gênios do mal devem ser os fiéis executores da grande
vingança..." Veiga enxugou as lágrimas de desespero e continuou:
"Dizei-me!... por que motivo terei alimentado infelizes ladrões, julgando
acariciar filhos de minhalma? Casei-me quando moço, acalentando sonhos de amor,
e gerei espinheiros de ódio!..." Silas pediu-lhe calma, mas o infeliz
vociferou, desabrido: "Nunca! nunca perdoarei!... Recorri aos infernos
sabendo que os santos me aconselhariam conformidade e sacrifício... Quero que
os demônios torturem meus filhos, tanto quanto meus filhos me torturam..."
E, transformando o choro em gargalhadas estridentes, passou a bradar: "Meu
dinheiro, meu dinheiro, exijo meu dinheiro!" Na cela seguinte havia um
homem profundamente triste, sentado ao fundo da prisão, de cabeça pendida entre
as mãos e de olhos fixos em parede próxima. Seguindo-lhe a atenção no ponto que
concentrava os seus raios visuais, como espelho invisível retratando-lhe o
próprio pensamento, André viu larga tela viva em que se destacava enluarada rua
de grande cidade, na qual, ele, no volante de um carro, perseguia um transeunte
bêbado, até matá-lo sem compaixão. Tratava-se, pois, de um homicida preso a
constrangedores quadros mentais que o aprisionavam a punitivas lembranças.
(Capítulo 5, pp. 66 e 67)
Respostas às questões propostas
A. Fora da Mansão Paz havia muitas
criaturas em grande sofrimento. Como a Mansão as assistia?
Primeiro,
Silas explicou que aquelas pessoas não apresentavam os necessários requisitos
para serem assistidas dentro da Mansão, que não lhes podia abrir as portas de
imediato, em face do desespero e da revolta em que se compraziam. A assistência
lhes era dada por meio de entidades recuperadas que desenvolviam preciosas
tarefas em largos setores daquela região. Por intermédio delas, o instituto
podia atender milhares de consciências necessitadas e saber com segurança quais
os irmãos em sofrimento dignos de acesso à Casa, após a transformação gradual a
que se ajustavam. (Ação e Reação, cap. 5, pp. 59 a 61.)
B. Quem era Orzil e que tarefa
desempenhava?
Orzil era um
dos guardas da Mansão, em serviço nas sombras. Numa pequena casa localizada
fora dos muros da Mansão, ele tinha aos seus cuidados três Espíritos em franca
situação de inconsciência. As acomodações usadas por eles eram bem rústicas: as
celas lembravam boxes de confortável cavalariça, construídas com toda a
segurança, em atenção aos objetivos de contenção. O tratamento ali precedia uma
futura internação na própria Mansão, quando tivessem condições de serem por ela
acolhidos. (Obra citada, cap. 5, pp. 62 a 64.)
C. Por que um dos internos na casa, de nome
Veiga, estava revoltado com os próprios filhos?
O motivo era
usura. Veiga lutara por vinte e cinco anos para reaver uma herança dos avós.
Quando a recebeu, foi colhido pela morte. Ele permaneceu em casa, desejando
acompanhar, pelo menos, a partilha do espólio, mas seus filhos amaldiçoaram-lhe
a influência, impondo-lhe, a cada passo, frases venenosas e hostis. Além disso,
começaram a perseguir sua segunda esposa, que lhes fora mãe ao invés de
madrasta, administrando-lhe tóxicos por medicação inocente, até que a
pobrezinha foi internada numa casa de loucos, sem esperança de recuperação. Aí
residiam o motivo de sua revolta e o desejo de que forças infernais punissem os
próprios descendentes. (Obra citada,
cap. 5, pp. 66 e 67.)