sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Quem são os bons médiuns?


Édson perguntou-nos qual é, segundo o Espiritismo, a primeira necessidade do médium, para que se torne um bom intérprete dos Espíritos.
Se – do ponto de vista do mecanismo da comunicação – a mediunidade, em si mesma, não depende do fator moral, do ponto de vista da assistência espiritual o fator moral torna-se relevante. Médiuns moralizados contam com o amparo de Espíritos elevados. E por médium moralizado queremos referir-nos ao médium que pauta sua vida como um autêntico homem de bem, procurando ser uma pessoa humilde, sincera, paciente, perseverante, bondosa, estudiosa, trabalhadora e desinteressada.
A primeira necessidade do médium, conforme inúmeros estudiosos, é evangelizar-se a si mesmo, antes de entregar-se às grandes tarefas doutrinárias, pois de outro modo poderá esbarrar sempre com o fantasma da vaidade e do personalismo, em detrimento de sua missão.
O médium eficiente é aquele trabalhador que se harmoniza com a vontade do Pai Celestial, cultivando as qualidades que atraem os bons Espíritos e destacando-se pelo cultivo sincero da humildade e da fé, do devotamento e da confiança, da boa vontade e da compreensão.
Segundo o que Allan Kardec escreveu em O Livro dos Médiuns, as qualidades que atraem os bons Espíritos são:
I. a bondade
II. a benevolência
III. a simplicidade do coração
IV. o amor ao próximo
V. o desprendimento das coisas materiais.
Os defeitos opostos a essas qualidades, evidentemente, os afastam de nós.



quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Pílulas gramaticais (88)


Como dizer: “O personagem da novela das 7 é o máximo” ou “A personagem da novela 7 é o máximo”?
Seja ele homem ou mulher, podemos dizer indiferentemente “o personagem” ou “a personagem”, visto que esse vocábulo é comum aos dois gêneros, como registram o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), o Aurélio e o Houaiss.

*

Vimos que os ditongos “ei” e “oi” não são mais graficamente acentuados. Portanto, estão corretas as palavras ideia, assembleia, plateia, heroico, paranoico.

O acento, no entanto, continua sendo obrigatório nas palavras oxítonas, como herói, Niterói, corrói, anéis e fiéis e, ainda, nas paroxítonas terminadas em “r”, como destróier e Méier, casos esses que não foram modificados pelo Acordo Ortográfico que entrou em vigor em janeiro de 2009.



quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

No Reino de Deus não se entra de surpresa



Reiniciamos ontem à noite – dia 28 de janeiro – no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina-PR, o estudo sequencial do livro O Tesouro dos Espíritas, de autoria de Miguel Vives y Vives, conforme tradução de J. Herculano Pires, publicada pela EDICEL.

Eis as três questões propostas para debate inicial:
1.  O que as faltas graves acarretam?
2.  Como encarar a dor e o sofrimento em nossa vida?
3. Que significa a existência material em um planeta como o nosso?

Realizamos, em seguida, a leitura do texto abaixo, que serviu de base aos estudos da noite, sendo feitos, a cada item lido, os comentários pertinentes:
78. Se incorreu na falta por palavras, tendo sido indiscreto, intolerante ou brutal, o espírita não deve tomar-se de amor-próprio, mas, reconhecendo o seu erro, há de, sem mais tardar, procurar o ofendido e dar-lhe plena satisfação do seu erro. (P. 96)
79. Depois, ao fazer o seu exame de conduta, o espírita tem mais o que pedir ao Pai e rogar ao Senhor, que tão amável foi para com todos. Deve chamar com veemência o seu guia espiritual, procurando tomar as boas resoluções que sejam necessárias para corrigir-se desse defeito, fazendo tudo para cumprir os bons propósitos que tomar. (P. 96)
80. A falta por ação apresenta maior gravidade e o espírita deve procurar, por todos os meios possíveis, evitar de nela incorrer de novo. As ações podem constituir faltas leves ou graves. As faltas mais leves podem ser corrigidas com a ajuda de Deus, dos Bons Espíritos e dos irmãos encarnados. Estes últimos podem, aliás, ajudar muito com seus conselhos. (P. 97)
81. Se a falta é grave, acarreta consequências que não se apagam apenas com bons propósitos, pois exigem também a expiação. Por isso, o espírita que tenha incorrido numa falta grave, deve praticar uma grande penitência, como único meio de apagá-la. Penitência é o esquecimento absoluto de tudo o que possa desviá-lo da correção necessária; uma vida de recato, de abnegação, sofrendo tudo por amor a Deus e como meio de reparação; dedicar-se à caridade para com os pobres, os doentes, os aflitos, sem pensar senão em agradar a Deus e ser útil ao próximo na medida de suas forças. Só assim conseguimos apagar as faltas graves. (P. 98)
82. Muito podem o arrependimento, a oração e a prática da caridade. Há, contudo, espíritas que vivem seguindo os impulsos do seu coração, sem preocupar-se com as faltas de pensamento e de palavras. O procedimento de hoje pode, no entanto, custar-lhes no futuro muitas lágrimas e muitos sofrimentos. Por isso, muitos espíritas desencarnados têm caído em má situação. (PP. 98 e 99)
83. É a falta de estudo de si mesmos, de cuidado na maneira de pensar, de falar e de agir, que acarreta essas consequências. É preciso, pois, viver apercebidos, não distrair-se na vida terrena, aproveitar-se dela para o progresso, para a conquista do verdadeiro bem-estar. (P. 100)
84. Todos os espíritas devem ter presente que é preciso não esquecer que o tempo de nossa vida na Terra é sumamente curto e que o tempo que teremos de passar, no Espaço, será sumamente longo, sendo felizes ou infelizes, segundo tenhamos cumprido ou deixado de cumprir os nossos deveres espirituais. (P. 100)
85. A Terra é um lugar de expiação e dor. A dor purifica e eleva e é, por isso, um dos meios pelos quais progredimos mais rapidamente. Para isso, é preciso encarar as dores e os sofrimentos com calma, resignação e alegria. (P. 102)
86. Temos visto - diz Vives - espíritas que souberam sofrer com resignação e alegria, mas vimos também outros que, embora aparentassem resignação,  choravam e  lamentavam  seus sofrimentos.  Esses espíritas, evidentemente,  não andavam bem, porque a tristeza engendra o mau humor,  que pode dar  lugar à murmuração contra  o destino.  E quando chegamos à murmuração, estamos a um passo da revolta. (PP. 102 e 103)
87. O espírita deve encarar a existência material como um curso de provas de toda espécie: físicas e morais, que servem para levá-lo a um verdadeiro progresso. Nunca deve confundir essa existência com a verdadeira vida, mas como um período de estudos e provas, em que se prepara com vistas a esta última, que se encontra na erraticidade. Cada dia que passamos na carne corresponde a milhares de anos que iremos viver no Espaço. Que significa, pois, este pequeno período diante da vida espiritual imensa? (P. 104)
88.  No Reino de Deus não se entra de surpresa, nem se atinge a felicidade senão depois da purificação. Assim, as comodidades, as alegrias mundanas, os gozos da Terra não são os caminhos indicados para alcançarmos a felicidade no espaço. (P. 105)
89.  Quanto mais próximo o homem se acha da sua felicidade espiritual, mais submetido será a todas as provas terrenas. Basta recordar a vida dos grandes mártires, dos justos, e compará-la com a dos potentados do mundo... (P. 105)

*

Concluído o estudo, foram lidas as respostas dadas às três perguntas propostas.

Ei-las:

1. O que as faltas graves acarretam?
Elas acarretam consequências que não se apagam apenas com bons propósitos, pois exigem também a expiação. Por isso, o espírita que tenha incorrido numa falta grave deve praticar uma grande penitência, como único meio de apagá-la. Penitência é o esquecimento absoluto de tudo o que possa desviá-lo da correção necessária; uma vida de recato, de abnegação, sofrendo tudo por amor a Deus e como meio de reparação; dedicar-se à caridade para com os pobres, os doentes, os aflitos, sem pensar senão em agradar a Deus e ser útil ao próximo na medida de suas forças. (O Tesouro dos Espíritas, 1ª Parte, Guia Prático para a Vida Espírita, pp. 97 e 98.)

2. Como encarar a dor e o sofrimento em nossa vida?
É preciso, ensina o Espiritismo, encarar o sofrimento e a dor com calma, resignação e alegria, porque sabemos que a Terra é um lugar de expiação e que a dor purifica e eleva, sendo, por isso, um dos meios pelos quais progredimos mais rapidamente. (Obra citada, pp. 102 e 103.)

3. Que significa a existência material em um planeta como o nosso?
A existência material deve ser considerada como um curso de provas de toda espécie –  provas físicas e morais – cujo objetivo é levar as pessoas ao verdadeiro progresso. Não devemos confundir essa existência com a verdadeira vida, mas compreendê-la como um período de estudos e provas, em que as pessoas se preparam com vistas à vida espiritual.  No Reino de Deus não se entra de surpresa, nem se atinge a felicidade senão depois da purificação. Assim, as comodidades, as alegrias mundanas, os gozos da Terra não são os caminhos indicados para alcançarmos a felicidade verdadeira. (Obra citada, pp. 104 e 105.)



terça-feira, 28 de janeiro de 2014

As sementes plantadas originarão os seus frutos


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
     
Às vésperas de sua morte, um homem revivia a sua passagem, inebriava-se com suas lembranças agradáveis e felizes em sua maioria. Ele, já há alguns dias, despedia-se, no leito, desta vida apreciando a paisagem pela janela do seu quarto, com as flores, os pássaros, a natureza.
Recostado em dois travesseiros um pouco mais altos que de costume, Johan – era o seu nome – libertava sua mente para visitar os seus atos, abraçar os seus amados, acariciar o rosto dos netos e o das crianças que o conheceram, pois era pediatra aposentado e fora um mestre na arte de entender as crianças e devolver-lhes a saúde, quando permitido ou, pelo menos, promover amorosamente a luz da alegria para seus dias restantes.
Seu semblante, no decorrer de sua caminhada, aclarava-se e o homem conquistou única predominância: a satisfação de servir ao próximo. Muitas vezes, atendia os pequenos sem remuneração; o altruísmo era seu maior atributo e por isso amparo e trabalho se fundiam.
Recordava-se de olhares tão puros que lhe agradeceram o gesto fraterno e o respeito dispensado aos irmãos instituídos de mais discreta posição social e cultural.
– Obrigado, senhor Johan!
Quanto essa frase fora ouvida pelo pediatra, mestre das crianças, senhor de tamanha bondade!
Agora, mais debilitado, os momentos sem visitas ou sem a família por perto eram muito raros. Quando ocorriam, somente o feliz sentimento recordado tinha proporção no tempo e espaço.
Suas mãos receberam até o momento imensuráveis vezes de saudação, beijos agradecidos, apertos constituídos do mais grato carinho. Telefonemas, durante toda sua vida de trabalho e vivência, foram diariamente, em cálculo bem singelo, de vinte a trinta... simplesmente pelo reconhecimento de tão incalculáveis boas ações.
Johan, em meio a mais sublime energia, amigos, família, esposa estimada, no início de uma quinta-feira – seu dia preferido –, com incomparável singeleza e tranquilidade, desprendeu-se de seu corpo físico e libertou-se para o infinito, conquista dos espíritos.
Houve o choro de quem ficou, choro comedido, silencioso, de não mais poder abraçar o corpo de uma alma tão bondosa, de não mais, por enquanto, conviver com o dono de atitudes, exemplos e palavras tão edificantes e consoladoras. Houve as lágrimas quentes e doces de, por um tempo, permanecer sem a maravilhosa pessoa... alma... bondosa flor que ainda perfumava cada mão presenteada no curso da existência em questão.
Johan partiu e foi recebido por seus outros amigos que tanto desejavam o reencontro. Um amigo tão amado retornara ao lar imortal.
E em outro hemisfério, tão longínquo de onde Johan conquistara seus méritos, presentes para seu espírito, estava Joseph, homem, ermitão... solitário pela obra de suas ações. Em época alguma fora capaz de realizar uma atitude mais amorosa consigo, menos ainda com o próximo.
Nos anos em que vivia com sua família, ainda solteiro, era indiferente aos pais. A mãe, pobre e simples senhora, cuidava com muito amor do filho que lhe retribuía com frieza no olhar, nos gestos, no convívio. Nunca agradecera um carinho ou gentileza dos muitos, ainda assim, endereçados a ele. Com seu genitor não era melhor, em verdade, até de forma mais rude o tratava, sem ao menos um abraço em toda a vida... E quanto o pai esperou ser envolvido pelos braços filiais!
E Joseph se formou, conseguiu um emprego de alto padrão; logo jovem, começou a ganhar um salário considerável. No entanto, no decorrer dos meses e anos vividos não agregara ato benéfico algum. Não cativara um amigo sequer, mas de repente encontrara uma jovem com quem se casou. Duas meninas foram o número de crianças que o homem recebera como impulso para acariciar seu coração endurecido; nem mesmo esses dois presentes foram capazes disso.
Ele cumpriu o dever de pai e marido como o mantenedor da família e, de fato, nada lhes faltara. Entretanto, nenhum carinho, amor ou gesto afetuoso provinha daquele homem com tanto poder material e social. Finalmente, ele conquistara a presidência de uma grande companhia no país onde morava. Em tempo algum conhecera de perto algum funcionário, não se interessava em saber nem o nome da secretária que tanto o assessorava.
Dias e noites se passaram e, a cada novo tempo, Joseph, com maior indiferença, se dirigia às pessoas. Não era nem um pouco custoso a esse senhor deprimir alguém de seu convívio com seus variados comentários sarcásticos ou implacáveis.
E os anos se passaram e sua família não suportou tanta indignação, desamor, sofrimento. Então, Joseph ficara só naquela mansão construída sobre a frieza de seu sentimento. Quanto o senhor poderia ter feito de benéfico! quantas pessoas poderia ter amparado... com sua fortuna! O dinheiro e o poder ficaram determinantemente em sua seara terrena.
De certa forma, todo mal-aventurado é o mais necessitado de tudo o que cerceou para os que o rodearam. E a idade chegou para o senhor Joseph, como chega a toda alma na sementeira da Terra. Com tempo bastante avançado, o seu corpo estava exageradamente debilitado, até mais em comparação aos de sua idade. Em seu palácio frio, o senhor solitário estava em seu leito. Ninguém viera visitá-lo, somente os criados eram vistos pelos corredores; nem um passarinho voara próximo à janela de seu quarto.
E na mesma quinta-feira que Johan, Joseph também deixou seu corpo, e seus olhos se abriram para uma paisagem cinza e repleta de solidão...
Há um momento em que as almas partem para a vida verdadeira, para onde não se leva conquista material alguma, somente as boas e meritórias ações realizadas ou a sombra do bem que ainda não se desenvolveu.
Johan conquistou inúmeros amigos leais e amorosos nesta fase da existência e foi para o reencontro de tantos mais já conquistados a sua espera no plano imaterial.
Joseph, sem conquista alguma, voltou para o plano verdadeiro onde nenhum amigo o esperava.
Mas a bondade divina, percebendo a pequenez do filho desprovido de harmonia, já no plano eterno, endereçou socorro a seu amparo. A luz era forte demais para os olhos de percepção gris, mas o amor o embalou nos braços e o espírito, isento de qualquer disfarce, reconheceu mais uma vez seu deslize, sua oportunidade desperdiçada. O espírito chorou copiosamente até desfalecer.
Após indeterminado tempo, Joseph recobrou um pouco a energia e percebeu-se em um leito diferente do que deixara no planeta.
Na primeira ocasião da presença de alguém a seu lado, perguntou:
– Onde estou?
– Você está num local de amparo, meu irmão – um senhor respondeu.     
– Mesmo com tudo que fiz... de tudo o que fui capaz? Ainda recebo ajuda? –  tornou a perguntar.
– Meu irmão, todos somos iguais perante o Pai. Todos receberemos socorro de acordo com o ensinamento do Mestre Jesus – o senhor explicou.
– Obrigado... Por favor, qual é o seu nome? – Joseph perguntou.
– Johan, meu irmão. Ficarei, por enquanto, para auxiliá-lo – o homem completou.
A continuidade da vida terrena e espiritual é sinônima. Ninguém passará de uma estirpe menor a maior se não houver méritos comprovados e a renovação do espírito por meio de seus atos, palavras, sentimentos e pensamentos.
O Mestre está de mãos estendidas e braços abertos para receber tão ternamente os seus pequeninos; então que desejem abraçá-lo.
A única visita para Joseph, pelo menos por enquanto, era a do amado pediatra terreno também conhecido como Johan.


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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

As mais lindas canções que ouvi (72)


Onde anda você?

Hermano Silva e Vinícius de Moraes


E por falar em saudade
Onde anda você?
Onde andam os seus olhos
Que a gente não vê?
Onde anda esse corpo
Que me deixou morto
De tanto prazer?

E por falar em beleza
Onde anda a canção
Que se ouvia na noite
Nos bares de então?
Onde a gente ficava
Onde a gente se amava
Em total solidão...

Hoje eu saio na noite vazia
Numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares
Que apesar dos pesares
Me trazem você...

E por falar em paixão
Em razão de viver
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares
Nas noites, nos bares
Onde anda você...

E por falar em saudade
Onde anda você?
Onde andam os seus olhos
Que a gente não vê?
Onde anda esse corpo
Que me deixou morto
De tanto prazer?

E por falar em beleza
Onde anda a canção
Que se ouvia na noite
Nos bares de então
Onde a gente ficava
Onde a gente se amava
Em total solidão...

Hoje eu saio na noite vazia
Numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares
Que apesar dos pesares
Me trazem você...

E por falar em paixão
Em razão de viver
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares
Nas noites, nos bares
Onde anda você...



Você pode ouvir a canção acima, na voz de Nelson Gonçalves, clicando neste link - https://www.youtube.com/watch?v=jJoVO3KInOY /. Se quiser ouvi-la na voz Maria Creuza, clique em https://www.youtube.com/watch?v=NiARK1HGR0g


domingo, 26 de janeiro de 2014

Que significa viver a mensagem do Evangelho?


Algo que surpreende a todos nós no Brasil é a falta de comprometimento com a causa do Evangelho por parte de um número expressivo de pessoas que em nosso país se dizem cristãs, um contingente que perfaz cerca de 90% da população brasileira. Os números do Censo que apontam esse percentual podem ser verificados em uma reportagem publicada na edição 246 da revista “O Consolador”. Eis o link que permite acessá-la: http://www.oconsolador.com.br/ano5/246/especial2.html
É seguramente essa falta de comprometimento que explica o nível de violência, corrupção e decadência moral, de que a imprensa brasileira nos dá conta diariamente.
Em um país com um percentual tão elevado de pessoas supostamente cristãs, o quadro social e econômico deveria ser, necessariamente, diferente. Mas não é o que se vê, porquanto os fatos demonstram que a sociedade brasileira se encontra, em seus mais variados setores, distanciada daquilo que se pode considerar uma vivência cristã legítima.
“Meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem”, eis uma frase de Jesus que ninguém ignora. Chegaremos um dia a vê-la plenamente realizada?
A vivência cristã legítima, como é fácil deduzir meditando nas lições do Evangelho, implica um clima de convivência social em que a fraternidade impera e na qual todos se ajudam e se socorrem, buscando dirimir, solidariamente, suas dificuldades e problemas.
Viver a mensagem do Evangelho é conviver com o próximo, aceitando-o tal qual é, com seus defeitos e imperfeições, sem a pretensão de corrigi-lo. O cristão de verdade inspira o semelhante com bondade, para que ele mesmo desperte e mude de conduta por decisão própria, jamais por imposição de terceiros.
Isolar-se do mundo, a pretexto de crescer espiritualmente, não passa de uma experiência já tentada no passado, em que o egoísmo predomina, porque afasta a pessoa da luta que forja heróis e constrói os santos da abnegação e da caridade.
Conforme o que aprendemos na doutrina espírita, tal procedimento é um equívoco, porquanto não pode agradar a Deus uma vida em que o indivíduo decide, deliberadamente, não ser útil a ninguém. Evidentemente, não nos referimos aqui aos que se afastam do nosso meio para buscar no retiro a tranquilidade reclamada por certas ocupações, nem aos que se recolhem a determinadas instituições fechadas para se dedicarem, amorosamente, ao socorro dos infelizes. Esses, apesar de afastados da convivência social, prestam, indiscutivelmente, excelentes serviços à sociedade e adquirem duplo mérito porque têm a seu favor, além da renúncia às satisfações mundanas, a prática das leis do trabalho e da caridade cristã.
Segundo Joanna de Ângelis, ao descer das Regiões Felizes ao vale das aflições para nos ajudar, Jesus mostrou-nos como devem agir os que se dizem cristãos. Ele não convocou a si os privilegiados, mas os infelizes, os rebeldes, os rejeitados, suportando suas mazelas e amando-os.
Recordando o exemplo do Mestre, a mentora espiritual de Divaldo P. Franco nos recomenda:

“Atesta a tua confiança no Senhor e a excelência da tua fé mediante a convivência com os irmãos mais inditosos que tu mesmo.
Sê-lhes a lâmpada acesa a clarificar-lhes a marcha.
Nada esperes dos outros.
Sê tu quem ajuda, desculpa, compreende.
Se eles te enganam ou te traem, se te censuram ou te exigem o que te não dão, ama-os mais, sofre-os mais, porquanto são mais carecentes de socorro e amor do que supões.
Se conseguires conviver pacificamente com os amigos difíceis e fazê-los companheiros, terás logrado êxito, porquanto Jesus em teu coração estará sempre refletido no trato, no intercâmbio social com os que te buscam e com os quais ascendes na direção de Deus.” (Leis Morais da Vida, cap. 31.)
  

sábado, 25 de janeiro de 2014

Casos pitorescos da biografia machadiana



JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Bom-dia, amigas e amigos!
Conversávamos, eu e Joteli, sobre a transcendental questão da brevidade existencial no corpo físico. Dizia-lhe eu que...
— Sobre minha vida, todos conhecem por demais. E é inútil dizer-lhe que nasci no Morro do Livramento, em 21 de junho de 1839, tive como pais Francisco de Assis e Maria Leopoldina Machado de Assis. Também é sabido que mamãe morreu quando eu ainda não completara 10 anos (9a. e 7m.) e que papai se casou de novo, mas desencarnou na época dos meus 25 anos (1864).
Antes de viajar para o reino da luz, mamãe ainda enterrou minha irmã de apenas quatro aninhos, quando eu ainda estava com seis. Chamava-se também Maria e morreu de sarampo. Foi chocante... A ela dediquei, entre outros, o poema intitulado Um anjo, que começa e termina com a seguinte estrofe (MAGALHÃES JÚNIOR, 2008, p. 17):
Foste a rosa desfolhada    
Na urna da eternidade
Pra sorrir mais animada,   
Mais bela, mais perfumada,
Lá na etérea imensidade.
Em meu tempo, morria-se epidemicamente. Quase ninguém podia garantir mais que trinta, trinta e poucos anos no corpo carnal. Eu mesmo, aos dezesseis anos, cheguei a pensar que jamais alcançaria a maturidade física e pensei em juntar-me a minha pobre e querida mãe no céu:
Se perdi minha mãe sendo tão moço,
Se padeço de ti tanta saudade,
Não posso existir no mundo triste,
É melhor eu morrer já nesta idade!
Dos meus dez aos quinze anos, dizem (eu mesmo nunca falei a respeito) que fui coroinha, que vendi balas e doces num colégio, onde, da janela, acompanhava atentamente as aulas, as quais não podia frequentar, que um forneiro de padaria e um padre me ensinaram francês... Tudo especulação... Não falo, não falo, não falo... Leiam meu Conto de escola e verão que não fora tão leigo como dizem ter sido. Acessem: www.dominiopublico.gov.br e cliquem Machado de Assis: obra completa.
Em 1854, quando eu já estava com 15 anos, meu pai deu-me uma segunda mãe: dona Maria Inês da Silva. Papai era pintor e pintava o sete com as mulheres, o bonitão de 46 anos que tornou a se casar com a nova Maria de 33. A partir de então, deslanchei como aprendiz de poeta, de tipografia e revisor, com a ajuda do mulato Paula Brito, também autodidata, que ascendeu ao cargo de jornalista. Brito foi o poeta, dono de tipografia, editor de jornais e amigo que apostou em meu futuro talento.
Meus primeiros poemas, entretanto, eram ensaios medíocres que acabariam por me convencer a ser um bom prosador. Deus, entretanto, tem um plano para cada um de seus filhos. Comigo não foi diferente. Tive a felicidade de conhecer os mais brilhantes poetas e romancistas da época, com quem aprendi que meu futuro estava nos contos e romances, ainda que me chamassem de “poeta Machadinho” nos primeiros anos de subproduções literárias. Ó tempos! Ó tempos!
Tempos que passaram velozmente. Conheci o amor de minha vida, portuguesa culta e formosa, Carolina, minha secretária, revisora, coautora anônima e fã número um. Com ela, aperfeiçoei meu francês e meu inglês. Como te amo, Carol, flor de meu jardim celestial. Sem você, não teria alcançado os píncaros da glória literária, minha alma gêmea!
Tempos em que, além de Paula Brito, Manuel Antônio de Almeida também me deu emprego na Tipografia Nacional e me abriu as portas à participação em diversos periódicos, na revisão de textos, críticas literárias, coautor da edição da obra Brasil pitoresco e autor das primeiras crônicas e dos primeiros contos...
Tive um bom relacionamento com Charles Ribeyrolles, Victor Frond e outros amigos franceses, o que me permitiu aprimorar meu francês. Nunca me esqueço de quando, aos vinte anos, fui convidado para uma festa em homenagem ao nascimento de seu filho, na casa de Victor Frond. Nesse dia, Ribeyrolles improvisou um poema, em versos alexandrinos, com rimas cruzadas, em homenagem ao menino Charles Frond, intitulado “Souvenirs d’Exil”, com cinco estrofes que, não fora o espaço curto, as reproduziria aqui. Imediatamente, traduzi os belos versos franceses para a nossa língua, com as mesmas rimas cruzadas e também em alexandrinos. Todos nos aplaudiram, admirados. Coisas da juventude, coisas da juventude... (MAGALHÃES JÚNIOR, 2008, p. 110- 112).
Estávamos em 27 de janeiro de 1859... Eu ainda viveria outros 49 anos, que passariam céleres, desde então.
Ah, você ficou curioso, amigo leitor, e não tem a obra que narra minha proeza dos vinte anos!? Se insistir, e pedir-me delicadamente, terei prazer em publicar os dois poemas no blog do Joteli, o do francês e o meu; mas só se houver ao menos cinco pedidos: dois masculinos e três femininos. Afinal, estamos na era do matriarcado... ou não?
Dias depois, eu mesmo escrevi um poema em francês, com versos alexandrinos, em homenagem ao filho do nosso amigo Victor Frond (MAGALHÃES JÚNIOR, 2008, p. 113- 114). Esse só publicarei atendendo ao pedido de ao menos uma leitora francesa. Afinal, mãe é mãe...
Para não te cansar, Joteli, e muito menos aos meus seis ou sete leitores, vou ficar por aqui...
— Podemos continuar na próxima semana, Machado?
— Se meu fígado o permitir, talvez eu continue esse relato nada original...
— Ainda assim, gostaria de ouvi-lo, principalmente, saber de você o que o levou a trocar a poesia pela prosa.
— Aguarda, meu jovem... Quem sabe um dia eu mate tua curiosidade... Quem o sabe?
— Não sou tão jovem, mas lhe agradeço a referência...
— Meu caro, estamos conversando sobre a brevidade da vida. No meu tempo, passou dos cinquenta anos já estava no lucro; hoje, a vida média do brasileiro é de 75 anos, mas ainda mesmo que se chegue a 104, como o grande arquiteto Oscar Niemeyer, a vida “é um sopro”. E não sou eu quem o diz; foi ele mesmo quem o afirmou no momento da transição para o lado de cá.
— Agora sou obrigado a discordar de você, meu caro imortal. Como diz Roberto Carlos, em bela música, “Só se vive uma vez”...
— Você tem toda a razão, Joteli, a vida é única, o que é múltiplo são as existências.
— Eis aqui um desafio para o nosso amigo Astolfo resolver, Machado: “[...] o que é múltiplo são as existências”, ou “[...] o que são múltiplas são as existências”; ou seria “[...] o que é múltipla é a existência”?
Com a palavra, o professor Astolfo.
— To be or not to be... Eis a grande dúvida do ser, meu caro Joteli.
Eu, por mim, fico com qualquer opção das frases citadas. Afinal, não sou professor de gramática e sim um defunto escritor... Ou seria um escritor defunto?

Visite o blog Jorge, o sonhador: http://www.jojorgeleite.blogspot.com.br/

  

Pérolas literárias (72)



À procura da ideia original

Augusto Álvaro de Carvalho Aranha


O homem demanda, embora surdo e lento,
A verdade que o busca, viva e certa;
Mas dorme na ilusão a que se oferta,
No garimpo interior do pensamento.

Iludido, cansado, desatento,
Crendo no acaso, um dia brilha e acerta...
Muda-se então a vida em luz aberta
Pela fulguração de um só momento.

O súbito clarão de uma faísca
Explode no horizonte azul e risca
O alto manto do céu em que se enfiara...

Assim, a ideia nova em nossa mente
Eclode num lampejo incandescente
E abre caminho pelo mundo afora...


Augusto Álvaro de Carvalho Aranha nasceu em Aracaju (SE) em 30 de janeiro de 1876 e faleceu no Rio de Janeiro em 30 de março de 1928. O soneto acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Por que na Terra tantos sofrem?


Umberto nos pergunta como explicar pela visão espírita as doenças e as condições miseráveis de muitos seres humanos.
Na Terra estamos sujeitos a provas e expiações. A lei de causa e efeito rege nossos destinos, como Jesus teve ocasião de explicar em mais de uma ocasião.
Muitas doenças e condições de vida miseráveis não passam de provas solicitadas pelos próprios Espíritos, quando fazem sua programação reencarnatória, visto que sabem eles perfeitamente que riqueza e pobreza nada mais são do que provas importantes em nosso processo evolutivo.
É evidente que essas condições podem também dar-se por expiação. Jesus não disse que todo aquele que se exaltar será humilhado? Pois bem, quando os talentos nos vêm às mãos e não nos tornamos dignos deles, pode ocorrer que numa outra existência corpórea eles nos faltem.
Assim é que o fazendeiro desumano, duro, que não respeita seus servidores, virá a nascer em ambiente semelhante ao que ele impôs aos subalternos.
A existência difícil, diz o Espiritismo, é mais profícua ao desenvolvimento espiritual. Eis por que muitos pedem a oportunidade de vivenciá-la, olhando mais do alto seus verdadeiros interesses. O materialista pensaria o contrário, mas os cristãos, tanto quanto os espíritas, não são materialistas.
A mensagem intitulada “Ceitil por ceitil”, assinada pelo Espírito de Valéria, que a ditou, por meio da psicofonia, ao médium Chico Xavier, ilustra bem por que há pessoas que enfrentam na Terra privações e sofrimentos que, em sã consciência, ninguém gostaria de enfrentar. Se desejar lê-la, clique neste link - http://www.oconsolador.com.br/ano7/347/correiomediunico.html



quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Pílulas gramaticais (87)


Eis sete exemplos de frases errôneas:

1. A Bíblia que leio tem quatrocentos e cinquenta páginas.
2. Aproveitei a liquidação e comprei vários presentes, ou sejam, camisas, calças e blusas.
3. João é um parasita; vive às custas da mulher.
4. Ele caprichou no discurso de molde a receber aplausos.
5. Desesperado, o vereador apelou ao governador.
6. Antes de sair de casa, ele deu um lustre nos sapatos.
7. Minha filha não estudou muito, mas saiu bem no teste.

Agora, as mesmas frases devidamente corrigidas:

1. A Bíblia que leio tem quatrocentas e cinquenta páginas.
2. Aproveitei a liquidação e comprei vários presentes, ou seja, camisas, calças e blusas.
3. João é um parasita; vive à custa da mulher.
4. Ele caprichou no discurso de modo a receber aplausos.
5. Desesperado, o vereador apelou para o governador.
6. Antes de sair de casa, ele deu um lustro aos sapatos.
7. Minha filha não estudou muito, mas saiu-se bem no teste.





quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Como lidar com as tentações



As tentações que acometem o homem, não há por que duvidar, são inegáveis.
Miguel Vives dedicou ao assunto todo um capítulo, o cap. IX, de seu livro O Tesouro dos Espíritas, cujas lições vêm sendo publicadas neste blog.
A Bíblia faz referência a várias delas:
O livro de Gênesis narra no cap. 3 a tentação exercida sobre Eva, no Paraíso, de tão tristes consequências.
Lucas refere-se no cap. 4 do seu Evangelho às tentações de Satanás sobre Jesus.
O Eclesiástico trata do assunto nos capítulos 2, 33 e 34 e até nos dá uma receita para rechaçá-las.
O Cristo reporta-se ao tema numa das passagens que fazem parte da oração dominical: “Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal”.
Tiago menciona o assunto no cap. 1 de sua extraordinária epístola.
Jesus retorna à temática quando ressalta a importância da vigilância e da oração para que não caiamos em tentação.
A Doutrina Espírita examina o tema tentação em três questões sucessivas contidas n’ O Livro dos Espíritos:

Questão n. 122:
“O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si mesmo. Ele não teria mais liberdade se a escolha fosse determinada por uma causa independente da sua vontade. A causa <de seguir o caminho do mal> está nas influências a que cede em virtude de sua vontade livre. É a grande figura da queda do homem e do pecado original; alguns cederam à tentação, outros lhe resistiram.”
Questão n. 122-A:
– De onde provêm as influências que se exercem sobre ele? R.: “Dos Espíritos imperfeitos, que procuram se aproximar para dominá-lo, e que se alegram em fazê-lo sucumbir. Foi isso o que se intentou simbolizar na figura de Satanás.”
Questão n. 122-B:
– Essa influência não se exerce sobre o Espírito senão em sua origem? R.: “Ela o segue na sua vida de Espírito, até que tenha tanto império sobre si mesmo, que os maus desistam de obsidiá-lo.”

Não é, porém, somente aí que O Livro dos Espíritos se reporta ao tema. A obra principal do Espiritismo fere-o em 27 oportunidades diferentes, como se pode ver nas questões 459, 460, 461, 465, 466, 467, 468, 469, 472, 497, 498, 511, 525, 567, 644, 645, 660, 671, 720 “a”, 753, 845, 851, 872 (1º parágrafo), 909, 971, 971 “a” e 972.
Emmanuel disserta sobre as tentações em dois de seus livros: Religião dos Espíritos (cap. 88) e Caminho, Verdade e Vida (cap. 129).
André Luiz as examina diretamente em três obras bastante conhecidas: Nos Domínios da Mediunidade (cap. 16), Ação e Reação (cap. 7, 14 e 18) e Sexo e Destino (cap. VI).
Como vimos, o assunto é por demais conhecido no meio espírita, e a tese exposta pela Doutrina dos Espíritos é bem clara: Ninguém na Terra é perfeito, logo estamos todos sujeitos às tentações, que nos acompanham pela vida afora, consoante dito claramente na questão 122-B d’ O Livro dos Espíritos. O Eclesiástico diz-nos o porquê disso.
Temos, portanto, de lembrar e pôr em prática continuamente a lição ensinada por Jesus: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação”. Se fugirmos disso, não tenhamos dúvida, certamente cairemos de novo nas mesmas redes em que já sucumbimos no passado.



terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Uma alma que começou a encontrar a paz


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
     
Calma. Foi o que minha alma começou a sentir quando despertou para o aprendizado de se aquietar, de se interiorizar, de olhar para o alto e compreender que há um condutor que, naturalmente, a liga ao espiritual, a Deus, mesmo sendo ela ainda este pequeno e simplório ser.
A alma de ontem não mais sou hoje, talvez sejam menos ou mais os acertos; porém, aprendi algo novo, vigiei-me para não mais cometer, por ora, o mesmo erro, encontrei pessoas que amo, refleti no contexto de que estou aqui, mas sou espírito... eterno.
No momento da prece, a fé abraça meu sentimento; é evidente, que há instantes mais profundos e duradouros e outros ainda bem mais aterrados, preocupados com os horários e compromissos. Estou feliz, no entanto, percebo, a cada novo raiar do Sol, que preciso me descobrir mais espírito e menos carne.
Tempo precioso é o dedicado ao encontro interior por meio de uma leitura edificante, pelos fios da prece que nos ligam ao bem.
Foi preciso querer compreender a dimensão de um conteúdo com o qual todos temos contato: o mundo... criação de Deus. O Pai está nas mais lindas paisagens e nos olhos da criança; no refazimento perante episódios marcantes; está na faculdade de amar, de viver; está no espírito que habita cada corpo apropriado – ou muito materializado, ou já mais refinado.
Sei que haverá muita labuta no linear da jornada, sei que minha alma aprenderá mais rápido ou não as novas lições, conforme o conteúdo e a minha disciplina; a luz eterna me confirmará vida nova; sei que chorarei e sorrirei, ampararei e serei amparada; no entanto, o mais radiante é quando a consciência decide se esclarecer e assimilar que a alma aqui é o espírito da eternidade.
Agora, na prece antes de dormir, me aproximo da meditação. Ainda que eu seja um foquinho de algo brilhoso mais a ser preenchido do que luz propriamente, minha alma, leve, está: como você, sou filha de Deus. Não sei o tempo que levará, mas meu impulso constante é para um cais, neste momento, ainda a perder de vista, denominado perfectibilidade, estado permanente da paz.
Com as palavras mentais envolvidas pela ternura amorosa da vida, fui me desprendendo do corpo mais denso e procurando, no universo, lugares mais sutis.
Quando retornei, o andamento continuava... mas a fé suspirou em meu peito a fim de me renovar.
Com o início da descoberta da paz, o entendimento pulsou-me renascido de que sou alma sob o céu infinito; sou ser com a centelha divina me apresentando à vida com tudo de melhor a desenvolver e conquistar; sou por enquanto faísca frente à razão real de viver; sou uma alma que começou, graças a Deus, a encontrar a paz.


Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

As mais lindas canções que ouvi (71)



A lista

Oswaldo Montenegro


Faça uma lista de grandes amigos,
Quem você mais via há dez anos atrás,
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...
Faça uma lista dos sonhos que tinha,
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre,
Quantos você conseguiu preservar...

Onde você ainda se reconhece:
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria,
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava,
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava,
Hoje são bobos, ninguém quer saber...

Quantas mentiras você condenava,
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava,
Hoje assovia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava,
Hoje acredita que amam você...

Faça uma lista de grandes amigos,
Quem você mais via há dez anos atrás,
Quantos você ainda vê todo dia,
Quantos você já não encontra mais...
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos, ninguém quer saber,
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você...


- você ouvirá a canção acima na voz de Oswaldo Montenegro, seu autor.


domingo, 19 de janeiro de 2014

Será o amor materno um mito?


Tendo por título L' Amour En Plus, causou grande perplexidade em todo o mundo o livro lançado em 1980, na cidade de Paris, pela professora francesa Elisabeth Badinter, que, depois de efetuar extensa pesquisa, lançou a ideia de que o instinto materno é um mito e não existe uma conduta materna universal e necessária.
Na obra, a autora constata a extrema variabilidade desse sentimento, segundo a cultura, as ambições ou as frustrações da mãe, e conclui, por fim, que o amor materno é apenas um sentimento humano como outro qualquer e, como tal, incerto, frágil e imperfeito.
No Brasil, publicado pela Nova Fronteira, o livro recebeu o título de Um Amor Conquistado: o Mito do Amor Materno, em tradução de Waltensir Dutra.
Um episódio recente mostrado várias vezes pela TV brasileira, em que uma mãe caminha até um depósito de lixo e deixa ali o seu bebê recém-nascido, parece dar razão a Elisabeth Badinter, porque, de fato, como ela menciona em seu livro, há mães que não revelam nenhum sentimento de amor por seus filhos, a ponto de até mesmo impedirem que nasçam, como ocorre nos milhões de abortamentos que se registram anualmente em nosso país –  um país, aliás, em que a maioria esmagadora da população se diz cristã.
Será o amor materno um mito?
A doutrina espírita diz-nos que não e, quando trata do assunto, ensina-nos coisa diferente.
Vejamos o que diz a questão 890 d´O Livro dos Espíritos:

Será uma virtude o amor materno, ou um sentimento instintivo, comum aos homens e aos animais?
“Uma e outra coisa. A Natureza deu à mãe o amor a seus filhos no interesse da conservação deles. No animal, porém, esse amor se limita às necessidades materiais; cessa quando desnecessário se tornam os cuidados. No homem, persiste pela vida inteira e comporta um devotamento e uma abnegação que são virtudes. Sobrevive mesmo à morte e acompanha o filho até no além-túmulo. Bem vedes que há nele coisa diversa do que há no amor do animal.”

A experiência humana oferece-nos muitos exemplos da propriedade e do acerto dessa resposta e isso fica ainda mais nítido para os que atuam nas sessões espíritas de assistência aos desencarnados. Invariavelmente, muito embora estejam desencarnadas, são as mães que na maioria dos casos socorrem as criaturas que sofrem e pedem socorro depois de haverem deixado o plano em que vivemos.
Como explicar então os casos que subsidiaram as pesquisas de Elisabeth Badinter e o episódio recente que vimos na TV?
Essa questão não foi ignorada por Allan Kardec.
Veja o que nos diz a questão 891 da principal obra da doutrina espírita:

Estando em a Natureza o amor materno, como é que há mães que odeiam os filhos e, não raro, desde a infância destes? 
“Às vezes, é uma prova que o Espírito do filho escolheu, ou uma expiação, se aconteceu ter sido mau pai, ou mãe perversa, ou mau filho, noutra existência. Em todos os casos, a mãe má é uma pessoa animada por um mau Espírito que procura criar embaraços ao filho, a fim de que sucumba na prova que buscou. Mas essa violação das leis da Natureza não ficará impune e o Espírito do filho será recompensado pelos obstáculos de que haja triunfado.”

Verifica-se que o fato apontado é tão somente uma exceção à regra geral em que o amor maternal encontra-se geralmente presente. Trata-se de uma ocorrência excepcional por exigência de uma das leis que regem a vida – a lei de causa e efeito –, expressa nos textos evangélicos e sintetizada numa frase bem conhecida: “A semeadura é livre, mas a colheita é compulsória”.
Que estas considerações sejam recebidas por todas as mães que nos leem como uma modesta homenagem a essas criaturas admiráveis a quem Deus confia os seus filhos por acreditar que elas darão conta do recado.



sábado, 18 de janeiro de 2014

Pérolas literárias (71)


Desilusão  

Antero de Quental


Quem sou eu? Quem sou eu? No abismo escuro
Do meu atribulado pensamento
Sinto ainda as áscuas(1) do pavor violento
Em que andei como nau sem palinuro!(2)

E... ouço uma voz: “Tu és verme obscuro
Vitimado no grande desalento,
Que procurou a mágoa e o sofrimento
Sem caridade, o amor sagrado e puro”.

Ó promessas do “nada” inexistente!...
A morte abriu-me as portas do presente
Amargo e interminável pela dor;

Infeliz do meu ser fraco e abatido,
Pois o anseio de nada, paz e olvido
Foi apenas um sonho enganador!


(1) Áscua – brasa; chispa que se desprende do ferro em brasa ao ser malhado.
(2) Palinuro – piloto, guia.


Do livro Lira Imortal, obra ditada por Espíritos Diversos, psicografada pelo médium Francisco Candido Xavier.