terça-feira, 31 de março de 2020




A nova florada nos campos da Terra

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Se até as gotas de orvalho são desígnios de Deus, pois Ele tudo sabe antes mesmo de ser, então o coração deve estar mais em paz e recolhido para o sentimento real, o de transcendência. Talvez digamos que isso agora seja impensável, mas com algumas renovações já estejamos mais próximos desse fato.
A transcendência não significa alheação, descompromisso ou irresponsabilidade. Ela traz, sim, a certeza de que tudo é tão mais profundo e eterno, tudo o que compreende a vida em seu real valor é magnânimo e incomparável. É tempo da assepsia de pensamentos, sentimentos, ações não só por um período breve de quarentena, mas de uma nova tomada de vida, pois serão, daqui em diante, as dificuldades conforme a carecida necessidade de renovação; a vida no Planeta clama por luz e amor e, assim, os corações haverão de agir.
É tão certo, como o horizonte à nossa frente, que as boas novas estão chegando. Milhares de partidas acontecem, são as estrelas voltando para casa, são exemplos tão claros para as estrelas ainda em terra firme. Inúmeros gestos amorosos nascem em todo lugar em meio às dores do corpo e da alma. E a lição continua. E os alunos vão aprendendo. 
Todo coração deverá aprender que “para chegar ao céu é preciso atravessar rios e nuvens”; com mais calma e amor, essa travessia se realizará de forma amistosa e com menos percalços dolorosos. Não há como fugirmos, somos fadados ao progresso dentro da evolução, graças a Deus.
Por um instante nos foi imposto – com toda a compaixão – a reflexão sobre a grandeza da vida. Pequeninos que somos, compreendemos parcialmente e ainda só quando a dor nos alcança. 
Mas os livres pássaros continuam a nos ensinar, o vento calmo e fresco também, como as inimagináveis flores, o silêncio da tardezinha, a água pura, a vitalidade dos raios de sol, a beleza brilhante das estrelas à noite. A Terra continuará, porém está em abençoada transformação. Os seus habitantes também. Mudanças naturais de uma renovação.
E como é justo, a consciência do que é bom selecionará em vários grupos diferentes os níveis de pensamento e agrupará os de mesma afinidade, e determinados grupos estarão mais leves e felizes. Enquanto outros deverão rever os muitos atos desprovidos de amor.
Não há tempo para delegar culpas, é tempo de renovar vidas.

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segunda-feira, 30 de março de 2020



Embora esteja no currículo do ensino de Português desde o Ensino Fundamental, a correta aplicação da crase continua sendo um tormento para muitos que escrevem.
Examinemos as frases abaixo e coloquemos o sinal indicador de crase nos casos em que isso seja realmente necessário:
1. Saímos as pressas e chegamos a tempo, pois a festa começou daí a instantes.
2. Presenciamos a tarde, a saída do colégio, um acidente impressionante.
3. Ele foi a procura de um restaurante e pediu arroz a portuguesa.
4. Paulo comeu a vontade e deu a garçonete uma gorda quantia.
5. Cedo viajamos a Brasília, para uma rápida visita a parentes.
6. Alheio as críticas, o aluno reportou-se aquilo que ouviu de seu mestre.
7. Amar a verdade e a ela agarrar-se é preceito que devemos respeitar.
8. Viajou a terra dos seus pais, onde a muitos reconheceu.
9. Dez anos depois, voltou a Europa e foi a Roma, a Lisboa e a Madri das touradas.
10. Na volta, foi a Bahia assistir a festa de 70 anos do seu avô.
Eis as frases depois de feitas as correções aplicáveis:
1. Saímos às pressas e chegamos a tempo, pois a festa começou daí a instantes.
2. Presenciamos à tarde, à saída do colégio, um acidente impressionante.
3. Ele foi à procura de um restaurante e pediu arroz à portuguesa.
4. Paulo comeu à vontade e deu à garçonete uma gorda quantia.
5. Cedo viajamos a Brasília, para uma rápida visita a parentes.
6. Alheio às críticas, o aluno reportou-se àquilo que ouviu de seu mestre.
7. Amar a verdade e a ela agarrar-se é preceito que devemos respeitar.
8. Viajou à terra dos seus pais, onde a muitos reconheceu.
9. Dez anos depois, voltou à Europa e foi a Roma, a Lisboa e à Madri das touradas.
10. Na volta, foi à Bahia assistir à festa de 70 anos do seu avô.




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domingo, 29 de março de 2020



Cairbar e a necessidade que temos de estudar

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De Londrina-PR

As obras de autoria de Cairbar Schutel, que desencarnou no mês de janeiro de 1938, já pertencem, desde janeiro de 2009, ao domínio público e podem, portanto, nos termos do art. 41 da Lei n. 9.610, de 19/2/1998, ser publicadas por qualquer editora que se disponha a essa tarefa.
Os livros de Cairbar são, sem exceção, importantes e merecem uma maior atenção da parte de todos nós que militamos na imprensa ou nas casas espíritas.
Schutel não se destacou apenas por sua dedicação ao bem ou à divulgação da doutrina espírita. Seu apreço pelo estudo do Espiritismo ressalta de várias de suas obras, como, por exemplo, podemos ver no livro Médiuns e Mediunidades, do qual extraímos cinco pontos que interessam de perto a todas as pessoas que se dedicam à mediunidade.
Ei-los:
Influência do meio sobre a reunião mediúnica – Lembra Cairbar, na obra mencionada, que as comunicações com os Espíritos exigem muito recato, muito respeito, muita civilidade e muito recolhimento. (Médiuns e Mediunidades, pp. 73 e 74.)
O meio exerce ação considerável para o bom êxito das sessões e até Jesus tinha especial cuidado com isso.
No conhecido episódio do monte Tabor, o Mestre se fez acompanhar de três apóstolos somente. Em Betsaida (Marcos (8:22), conduziu o cego fora da aldeia antes de curá-lo. Fato idêntico ocorreu com o homem surdo e gago, que Jesus tirou da multidão e atendeu à parte (Marcos, 7:32), bem como com a filha de Jairo (Mateus, 9:18), a quem ele curou dentro de um aposento isolado da curiosidade alheia.
Apelo à privacidade das sessões mediúnicas – As sessões práticas devem ser privativas, com número reduzido de assistentes convencionados e assíduos, porque elementos estranhos prejudicam o resultado dos trabalhos. (Obra citada, pp. 53 e 72.)
Não se concebe, pois, a realização de sessões mediúnicas públicas, com portas abertas, sem circunspeção e critério exigidos para a prática mediúnica, algo que ainda se vê em muitas Casas Espíritas, sem nenhum motivo que o possa justificar.
O que compete aos médiuns observar – Primeiramente – diz Cairbar – os médiuns devem estudar, porque o estudo preparatório dos que se dedicam às sessões mediúnicas é indispensável ao exercício da mediunidade. (Obra citada, pp. 75 e 76.)
Os médiuns necessitam ter, ainda, muita persistência, muita paciência, muita perseverança nas reuniões e nos estudos, para melhor se relacionarem com o mundo invisível.
Orientação a doutrinadores e esclarecedores – Antecipando-se ao que modernamente se sabe sobre o assunto, Cairbar recomendava já em sua época, no atendimento aos comunicantes desencarnados: “Convém deixar o Espírito comunicante falar”. (Obra citada, p. 53.)
Ele sabia que a chamada doutrinação ou esclarecimento dos Espíritos equivale, no plano material, ao atendimento fraterno, em que o atendente mais ouve do que fala, possibilitando assim ao atendido dar ampla vazão aos sentimentos muitas vezes represados pelas condições do meio em que vive.
Condições do ambiente das sessões mediúnicas – As sessões mediúnicas – recomenda Cairbar – requerem um ambiente de semiobscuridade ou iluminado com uma lâmpada vermelha de luz fraca. (Obra citada, p. 51.)
Ele fazia, assim, uma recomendação que André Luiz iria fazer várias décadas mais tarde, em seu livro Desobsessão, psicografado em 1964.

*

A preocupação com o estudo e a pesquisa não se limitou, no entanto, à obra mencionada, porque seria de novo enfatizada em um de seus livros mais importantes – A Vida no Outro Mundo, em que Cairbar nos apresenta, na parte final, esta importante e atualíssima mensagem:
“O túmulo não é o ponto final da existência.
Nosso destino é grandioso.
Existem mundos de luz, onde reina a verdade; mundos que serão nossas futuras moradas!
Assim como o progresso caracteriza perfeitamente a evolução gradativa do nosso planeta, que será um dia paraíso terrenal, assim também essa Lei inflexível, que rege os mundos que se balouçam no Éter, nos prepara moradas felizes, dispersas na Casa de Deus, que é o Cosmo infinito.
Tenhamos fé e estudemos!
Ignoramos? Progridamos! Porque do estudo e da pesquisa vem a verdade que esclarece a inteligência, e, desta, a evolução espiritual, que nos guinda às alturas, para compreendermos as coisas do Espírito, coisas que Deus reserva para todos os que procuram crescer no Seu conhecimento e na Sua graça.
Que as luzes da caridade, que vamos conquistando, nos ilumine toda a Ciência, toda a Religião, toda a Filosofia, para podermos, com justos títulos, observar as magnificências do Universo e cientificarmo-nos da imortalidade e da Eternidade da Vida.” (A Vida no Outro Mundo, pág. 126.)




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sábado, 28 de março de 2020



O governador da Ilha de Aparecida

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Existe uma rica ilha famosa num país conhecido mundialmente por seu combate ao Comunismo e suas correntes ideológicas nefastas. Ali, terroristas tentaram implantar, na marra, o pseudogoverno do proletariado (na verdade, massa de manobra de seus líderes, que jamais quiseram residir nos países aos quais essa nefasta ideologia levou a miséria, a ditadura e o terrorismo).
Não conseguiram. Militares que tinham a missão de proteger a ilha, com o apoio maciço da população local, reprimiram energicamente a ação terrorista. Houve baixas fatais de ambos os lados; mas as Forças Armadas, reforçadas pela polícia local e pela aprovação popular, conseguiram prender alguns terroristas e banir outros.
Depois dessa vitória heroica da lei contra o crime, a ilha foi governada, durante alguns anos, com "mão de ferro", por militares. Todos eles eram religiosos, honestos, disciplinados e patriotas. O país, entretanto, enfrentou uma crise econômica, e a ilha não ficou de fora dessa crise. Como o povo julgou que a culpa de suas dificuldades materiais era do governo militar, resolveu pressioná-lo para permitir que, em eleições diretas, candidatos civis pudessem ser eleitos e os substituíssem, resolvendo, desse modo, os problemas socioeconômicos da ilha.
Novos governadores, todos civis, passaram a gerir a economia da ilha. Infelizmente, porém, em vez de apenas resolverem os problemas econômicos do povo, passaram também a usar os recursos do erário em proveito próprio, de parentes e de amigos. Alguns desses governadores eram anistiados políticos dos militares, que passaram a considerar ditadores, desde quando estes não mais governaram a ilha.
Um desses civis, após implantar a ideologia comunista, retocada com a aparência de governo democrático, chegou mesmo a afirmar, após indicar para substituí-lo ex-militante da era terrorista, que a "apropriação" de dinheiro público em proveito próprio não era roubo, se o "apropriador" houvesse sido eleito "democraticamente". Outro, em defesa de seus colegas, disse que o bom administrador "rouba, mas faz". E a corrupção chegou ao extremo...
Por fim, com a ajuda de grande emissora de TV, que subsidiavam, criaram lei proibindo toda a população civil da ilha de possuir arma de fogo em casa, ainda que fosse para defesa própria e de sua família, mesmo nos locais mais perigosos, como o dos sítios isolados da ilha. A ideia era desarmar a população. Com qual finalidade? Os comunistas sabem a resposta...
Concomitantemente a isso, criaram leis subvertendo tudo o que a moral considerava correto. Criminoso comprovado passou a ser chamado, indiscriminadamente, de "suspeito", "réu" tornou-se "paciente", bandido virou "vítima", policial tornou-se "criminoso". O suspeito preso em flagrante vai para a delegacia, mas compra um "habeas corpus" e volta às ruas, livremente, para cometer novos crimes.
As religiões passaram a ser ridicularizadas, assim como Deus e Jesus Cristo. Imagens são quebradas nas igrejas, que também são invadidas por "vândalos", que se despem e mantêm relações sexuais em suas salas de orações. As cruzes são arrancadas dos altares e transformadas em objetos sexuais...
Em consequência disso, o povo da ilha reviu seus conceitos, rejeitou essas ideologias nefastas e elegeu novo governador militar, que quase foi assassinado com um tiro à queima-roupa antes de ser eleito e empossado. Deus, assim, em sua onisciência e poder, além de preservar a vida do atual governador, inspira-lhe a indicação de homens de bem para auxiliá-lo, nos trabalhos de restauração da dignidade, da moral e do progresso de todos.
Insatisfeitos, os comunistas, guerrilheiros e simpatizantes passaram a criticar todos os apoiadores do militar eleito. Em especial, com o apoio do canal de TV e seus associados, que até hoje buscam hostilizá-lo e desestabilizá-lo, para isso contando com o despreparo de seus familiares, que se imiscuem indevidamente nos assuntos governamentais, alimentando, assim, a oposição.
Há três diferenças básicas, no caráter do novo governante, chamado Joel Isaías, em relação aos seus antecessores: 1ª) amor a Deus e respeito às religiões; 2ª) honestidade acima de qualquer suspeita; e 3ª) amor à sua ilha e aos cidadãos de bem ali residentes, tudo fazendo para o crescimento socioeconômico do local. Portanto, escolheu pessoas da mais alta competência e honestidade para auxiliá-lo na gestão das diversas regiões administrativas da ilha, seja na economia, na justiça, na saúde, na educação...
Após pouco mais de um ano do novo governo, o povo da ilha percebeu que grandes avanços socioeconômicos surgiram no território: pavimentação de inúmeras ruas antes intransitáveis; recolhimento de cartilhas meramente ideológicas nas escolas; conclusão de obras públicas abandonadas há anos; nomeação de concursados para cargos públicos, em substituição dos militantes partidários, nomeados antes sem prestarem concurso etc.
Tudo isso vinha sendo conseguido graças à escolha criteriosa por Joel Isaías dos seus representantes administrativos. "De repente, não mais que de repente", como diria o poetinha Vinícius de Moraes, veio da China um vírus mutante terrível, que começou a dizimar os idosos da ilha e jogou no abismo a economia local.
Nem tudo é elogio a Joel. Muito preocupado em aparecer na mídia como o "salvador da ilha", em vez de atuar na resolução das grandes questões do local, preocupa-se em responder às "pegadinhas" que lhe são armadas pela oposição. Parece esquecer que a maioria dos eleitores que o elegeram optaram, não por sua pessoa simpática, mas pela expectativa de mudança de rumos socioeconômicos e morais necessários à vitória do bem contra o mal na ilha de seu governo. Deveria lembrar-se, portanto, de que foi eleito em virtude de suas boas intenções em restaurar a "ordem e o progresso" da ilha...
Joel, entretanto, após sobreviver à tentativa de homicídio que seus adversários tramaram contra ele, alega eterna gratidão a seus eleitores e expõe algumas centenas de bajuladores ao perigo de contágio de sua saúde, ainda que seja imune, mas porte o vírus da doença infectocontagiosa. Sai, então, ao encontro desses desocupados e oferece prato cheio aos comunistas e simpatizantes para tentar defenestrá-lo do poder, ou, ao menos, voltar a este.
Por falar sem refletir, a imprensa tendenciosa pinça apenas a parte negativa de suas respostas, ainda que figuradas, e passa dias martelando o povo da ilha com isso.
Seria interessante que o bem-intencionado governador da Ilha de Aparecida desse uma lida nos poemas do Boca do Inferno, apelido do poeta Gregório de Matos Guerra em relação à ordem na própria casa, para que não venham depois dizer, como Torquemada, o bispo da Inquisição que mandava torrar nas fogueiras seus inimigos, sob a infame denominação de hereges: "De boas intenções, o inferno está cheio".
Conselho de desinteressado amigo e ex-colega menor de farda: confie mais em seus auxiliares, fale menos e trabalhe mais... Nesta época virótica, seria melhor atuar em casa. Para isso, a tecnologia é forte. E o povo aplaude.
                                      




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sexta-feira, 27 de março de 2020



O Espiritismo perante a Ciência

Gabriel Delanne

2ª Parte

Continuamos o estudo do clássico O Espiritismo perante a Ciência, de Gabriel Delanne, conforme tradução da obra francesa Le Spiritisme devant la Science.
Nosso objetivo é que este estudo possa servir para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

Questões preliminares

A. As transformações da matéria obedecem a alguma lei?
B. Que dedução se pode tirar quando se examina o desenvolvimento da vida ao longo dos períodos geológicos?
C. A força e a matéria são princípios independentes um do outro?

Texto para leitura

35. Existem terras como a nossa, que obedecem a regras invariáveis, cuja harmonia é de tal forma grandiosa, que o espírito, espantado e confuso diante de tantas maravilhas, não pode duvidar de que uma profunda sabedoria tenha presidido ao seu planejamento. Não é preciso lembrar a um sábio como Moleschott a extrema complicação da máquina celeste e a harmonia que a caracteriza, a qual, obviamente, não pode ter nascido do caos nem ser fruto do acaso.
36. As transformações da matéria se fazem em virtude de leis imutáveis, guiadas pela mais inflexível lógica; eis por que acreditamos em uma inteligência suprema, reguladora do Universo.
37. Sabemos, como Moleschott, que nada se cria, que nada se perde em nosso pequeno mundo. A Astronomia nos ensina que a Terra rodopia em torno do Sol através dos campos da extensão e sabemos que a gravidade retém em sua superfície todos os corpos que a compõem. Podemos compreender perfeitamente, portanto, que ela não adquire nem perde coisa alguma em sua incessante carreira. Provam-nos as novas descobertas que todas as substâncias se transformam umas nas outras, que os corpos, estudados à luz da química, diferem pelo número e pela proporção dos elementos simples que entram em sua composição. Nada é mais exato e ninguém pensa em contestar essas verdades demonstradas.
38. Se encararmos a multiplicidade enorme das trocas que se realizam entre todos os corpos, o que mais nos surpreende não são essas combinações em si, mas o maravilhoso conhecimento das necessidades de cada ser que elas atestam. Nada se perde no imenso laboratório da Natureza. Todos os seres, por ínfimos que nos pareçam, têm sua utilidade para o bom funcionamento do conjunto da criação; cada substância é utilizada de forma a produzir seu máximo de efeito, e a “circulação da matéria” entretém a vida na superfície do nosso Globo. Esse movimento perpétuo é a alma do mundo e, quanto mais complicado ele é, quanto mais variado, tanto mais testemunha em favor de uma ação diretriz.
39. A ciência contemporânea descobriu nossas origens; sabemos que, desde quando a Terra não era mais que um amontoado de matéria cósmica, produziram-se metamorfoses que a trouxeram lentamente, gradualmente, à época atual. É em razão dessa progressão evolutiva que reconhecemos a necessidade de uma influência que se exerce de maneira constante, para conduzir os seres e as coisas da fase rudimentar a estados cada vez mais aperfeiçoados.
40. Não se pode negar, quando examinamos o desenvolvimento da vida através dos períodos geológicos, que uma inteligência haja dirigido a marcha ascendente de tudo o que existe, para um fim que ignoramos, mas cuja existência é evidente. E é fácil verificar que os seres se têm modificado de maneira contínua, em virtude de um plano grandioso, à medida que as condições da vida se transformam na superfície do Globo.
41. A que agente atribuir essa marcha progressiva? É o acaso que combina, com tanto cuidado, a ação de todos os elementos? Seria absurdo supô-lo, pois o acaso é uma palavra que significa a ausência de todo o cálculo, de toda a previsão. Afastada esta hipótese, restam-nos as leis físico-químicas de que fala Moleschott.
42. Nunca se admitiu que o oxigênio se combinasse por prazer com o hidrogênio; o azoto, o fósforo, o carbono etc. têm propriedades que possuem de toda a eternidade, é evidente; mas não é menos verdade que se trata de forças cegas, que não se dirigem em virtude de um impulso próprio, e se estas energias passivas ao se aliarem produzem resultados harmônicos, bem coordenados, é que elas são postas em ação por um poder que as domina. A Química, a Física, a Astronomia, explicando os fatos que pertencem às suas respectivas esferas, de forma alguma atingiram a causa primária. A Biologia moderna também não toca nessa causa e não suprime Deus; ela o vê mais longe e, sobretudo, mais alto.
43. Examinemos, agora, a segunda proposição de Moleschott, que pretende seja a força um atributo da matéria, isto é, que impossível seja conceber uma sem a outra. Em sua opinião, estudar separadamente a força e a matéria é uma falta de senso, donde resulta que, estando a energia contida na matéria, as forças como a alma, o pensamento, Deus, não são mais que propriedades dessa matéria. Se demonstrarmos que tal asserção é falsa, estabeleceremos, implicitamente, a realidade da alma.
44. Para responder a um sábio não há melhor método que o de lhe opor outros sábios. Diz d'Alembert, secundando Newton, “que um corpo abandonado a si próprio deve persistir eternamente em seu estado de movimento ou de repouso uniforme”. Em outras palavras: estando um corpo em repouso, não poderia por si mesmo deslocar-se. Laplace assim exprime o mesmo pensamento. Um ponto em repouso não pode dar a si o movimento, pois que não dispõe de raciocínio que o faça mover num sentido em vez de outro. Solicitado por uma força qualquer e, em seguida, abandonado a si mesmo, move-se constantemente de maneira uniforme, na direção dessa força; não experimenta nenhuma resistência; em todo o tempo, sua força e sua direção de movimento são as mesmas. Essa tendência da matéria para perseverar em seu estado de movimento e de repouso é o que se chama inércia. É esta a primeira lei do movimento dos corpos.
45. Newton, d'Alembert e Laplace reconhecem, pois, que a matéria é indiferente ao movimento e ao repouso, que só se move quando uma força atua sobre ela, porque, naturalmente, é inerte. É, portanto, uma afirmação gratuita e sem fundamento científico atribuir força à matéria. Cremos que dificilmente podem recusar-se o testemunho e a competência dos três grandes homens acima citados. Para dar mais peso, entretanto, à nossa asserção, diremos que o Cardeal Gerdil e Euler estabeleceram, por cálculos matemáticos, a certeza da inércia dos corpos.
46. Mas não só os matemáticos trataram dessa questão: M. H. Martin, em seu livro As ciências e a filosofia, demonstra, segundo o Sr. Dupré, que em virtude das leis da termodinâmica é necessário admitir uma ação inicial exterior e independente da matéria. Aliás, é fácil a convicção, raciocinando de acordo com o método positivo, de que o testemunho dos sentidos não pode fazer-nos ver a força como um atributo da matéria; ao contrário, verificamos pela experiência cotidiana que um corpo fica inerte e permanecerá eternamente na mesma posição se nada lhe vier dar o movimento. Uma pedra, que lançarmos, permanece, depois de sua queda, no estado em que se achava quando a força que a animava cessou de atuar. Uma bola não rolará sem o primeiro impulso que lhe determine o deslocamento. Sendo o Universo o conjunto dos corpos pode-se dizer do conjunto da criação o que se diz de cada corpo em particular, e se o Universo está em movimento, é impossível achar que a causa desse movimento esteja nele próprio.
47. Vê-se, pois, que Moleschott não foi feliz na escolha de suas afirmações. Erige como verdade os pontos mais contestáveis; não é, pois, de surpreender que, partindo de dados tão falsos, chegue a conclusões absolutamente errôneas. O estudo imparcial dos fatos nos leva, em verdade, a encarar o mundo como formado de dois princípios independentes um do outro: a força e a matéria. E é preciso, além disso, observar que a força é a causa efetiva a que obedecem os seres, orgânicos ou não. Todas as forças, portanto, designadas sob os nomes de Deus, alma, vontade, têm uma existência real fora da matéria e esta nada mais é do que instrumento passivo, sobre o qual elas se exercem.
48. Continuando a análise do livro de Moleschott, ver-se-á que em suas apreciações sobre o homem ele não mostra mais perspicácia do que em seu estudo sobre a Natureza. O grande argumento que ele oferece como prova de convicção é o mesmo que o dos materialistas em geral. Consiste em dizer que é o cérebro que segrega o pensamento.
49. Os materialistas se encontram em face desse problema: o homem pensa; o pensamento não tem nenhuma das qualidades da matéria; é invisível, não tem forma, nem peso, nem cor; entretanto, existe. É preciso, pois, por se mostrarem coerentes, que o façam provir da matéria. Mas é grande a dificuldade para explicar como uma coisa material, o cérebro, pode engendrar uma ação imaterial, o pensamento. Vemos, então, desfilarem os sofismas, com o auxílio dos quais nossos adversários dão a aparência de um arrazoado.
50. Que o cérebro é necessário à manifestação do pensamento, os filósofos gregos já o sabiam, mas não caíam, por isso, no erro dos céticos de hoje, pois eles estabeleceram a distinção entre a causa e o instrumento que serve para produzir o efeito.
51. Certos fisiologistas, como Cabanis, não encaram o assunto dessa maneira. Diz ele: “Vemos as impressões chegarem ao cérebro por intermédio dos nervos; elas se acham, então, isoladas e sem coerência. O órgão entra em ação, age sobre as impressões e as reenvia metamorfoseadas em ideias, que se manifestam, exteriormente, pela linguagem da fisionomia ou do gesto, pelos sinais da palavra ou da escrita. Concluímos, com a mesma segurança, que o cérebro digere, de alguma sorte, estas impressões; que ele faz, organicamente, a secreção do pensamento”.
52. Tal doutrina tão bem se implantou no espírito dos materialistas que, segundo Carl Vogt, os pensamentos têm com o cérebro quase “a mesma relação que a bílis com o fígado ou a urina com os rins”.
53. Moleschott, seguindo nessa linha de pensamento, diz a seu turno, variando um pouco a argumentação: “O pensamento não é mais que um fluido, como o calor ou o som; é um movimento, uma transformação da matéria cerebral; a atividade do cérebro é uma propriedade do cérebro, tão necessária como a força, por toda parte inerente à matéria, de que é caráter essencial e inalienável. É tão impossível que o cérebro intacto não pense, como é impossível seja o pensamento ligado a outra matéria que não o cérebro”.
54. Segundo ele, qualquer alteração do pensamento modifica o cérebro, e qualquer dano a esse órgão suprime o pensamento no todo ou em parte. Afirma ele: “Sabemos, por experiência, que a abundância excessiva do líquido cefalorraquidiano produz o estupor; a apoplexia é seguida do aniquilamento da consciência; a inflamação do cérebro provoca o delírio; a síncope, que diminui o movimento do sangue para o cérebro, provoca a perda do conhecimento; a afluência do sangue venoso para o cérebro produz a alucinação e a vertigem; uma completa idiotia é o efeito necessário, inevitável, da degenerescência dos dois hemisférios cerebrais; enfim, toda excitação nervosa na periferia do corpo só desperta uma sensação consciente no momento em que repercute no cérebro”.
55. Toda a argumentação de Moleschott consiste em dizer que, com órgãos sãos, os atos intelectuais se exercem facilmente; ao contrário, se o cérebro adoece, a alma não pode mais se servir dele, e as faculdades reaparecem quando as causas que o alteravam cessam de agir. É sempre a história do piano. Se uma das cordas chega a quebrar-se, será impossível fazer vibrar a nota que lhe corresponde; substitua-se a corda e imediatamente o som voltará a produzir-se. Mas, quando fosse demonstrado que o pensamento é sempre a resultante do estado do cérebro, não bastaria isso para afirmar-se que o encéfalo produz o pensamento. Quando muito, daí se poderiam induzir as relações íntimas existentes entre ambos, pois não está ainda provado que a integridade do cérebro seja indispensável à produção dos fenômenos espirituais.
56. Afirma Longet, cuja competência em fisiologia é unanimemente reconhecida: “Nunca se negou a solidariedade dos órgãos sãos com uma inteligência sã – mens sana in corpore sano; mas essa dependência tão natural não é de tal forma absoluta que se não encontrem numerosos exemplos do contrário; veem-se débeis crianças assombrar pela precocidade da inteligência e extensão do espírito; velhos decrépitos, já vizinhos da tumba, conservar intactos os julgamentos, a memória, o fogo do gênio, o ardor da coragem”.
57. Segundo Longet, a loucura é acompanhada, muitas vezes, de uma lesão apreciável dos centros nervosos, mas há casos em que Esquirol e os autores mais conscienciosos afirmaram não haver encontrado nenhum vestígio de alteração no cérebro, o que mostra que suas conclusões não são inteiramente a favor de Moleschott e que não é possível afirmar que o pensamento esteja sempre em harmonia com a integridade do cérebro; logo, ele não é produzido pelo cérebro.
58. Outra tese do sábio holandês atribui o pensamento a uma vibração da matéria cerebral. Seria essa teoria mais justa que as precedentes? Desde logo esbarramos numa dificuldade: é difícil compreender como uma sensação gera uma ideia. A sensação é uma impressão produzida nos nervos sensitivos por um abalo externo; este determina um movimento ondulatório que se propaga até o cérebro pelas fibras nervosas. Lá chegado, esse movimento faz vibrar as células. Mas como pode o movimento mecânico das células determinar uma ideia? Como compreender que esse abalo seja percebido pelo ser pensante?
59. As células nervosas não são, por si mesmas, inteligentes; o movimento vibratório é simples ação material. Como pode o pensamento nascer desse abalo das células nervosas? Foi o que se esqueceram de ensinar-nos.
60. Os espiritualistas, por sua vez, interpretam os fatos dizendo que há em nós uma individualidade intelectual, que é advertida por essa vibração de que uma ação foi exercida sobre o corpo, e é quando a alma tem consciência desse movimento vibratório que nós experimentamos a percepção.
61. O fenômeno tão comum da distração mostra que tudo se passa assim. Quando trabalhamos num aposento, não acontece frequentemente ficarmos insensíveis ao tique-taque de um relógio? Não sucede, mesmo, ficarmos insensíveis às horas que batem? Por que não as ouvimos? As vibrações, produzidas pelo som impressionaram nosso ouvido, propagaram-se através do organismo até o cérebro, mas, estando a alma preocupada por outros pensamentos, não pôde transformar a sensação em percepção, de sorte que não tivemos consciência dos ruídos produzidos pelo relógio. Esse simples fato demonstra, de maneira concludente, a existência da alma.

Respostas às questões preliminares

A. As transformações da matéria obedecem a alguma lei?
Sim. Elas se fazem em virtude de leis imutáveis, guiadas pela mais inflexível lógica. Prova disso é a harmonia grandiosa que caracteriza a máquina celeste, fato que não pode ter nascido do caos nem ser fruto do acaso. (O Espiritismo perante a Ciência, Primeira Parte, Cap. I.)
B. Que dedução se pode tirar quando se examina o desenvolvimento da vida ao longo dos períodos geológicos?
A dedução que daí decorre é de que uma inteligência haja dirigido a marcha ascendente de tudo o que existe, para um fim que ignoramos, mas cuja existência é evidente. É fácil verificar que os seres se têm modificado de maneira contínua, em virtude de um plano grandioso, à medida que as condições da vida se transformam na superfície do Globo. A que agente atribuir essa marcha progressiva? É o acaso que combina, com tanto cuidado, a ação de todos os elementos? Seria absurdo supô-lo, pois o acaso é uma palavra que significa a ausência de todo o cálculo, de toda a previsão. (Obra citada, Primeira Parte, Cap. I.)
C. A força e a matéria são princípios independentes um do outro?
Sim. A experiência e o raciocínio indicam que a força não é simples atributo da matéria; ao contrário, o estudo dos fatos nos leva a considerar a força e a matéria como princípios independentes. A força é a causa efetiva a que obedecem os seres, orgânicos ou não. A matéria é instrumento passivo, sobre o qual ela se exerce. (Obra citada, Primeira Parte, Cap. I.)


Observação:
Para acessar a 1ª Parte deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/03/o-espiritismoperante-ciencia-gabriel.html




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quinta-feira, 26 de março de 2020



O Livro dos Espíritos

Allan Kardec

Estamos fazendo neste espaço – sob a forma dialogada – o estudo dos oito principais livros do Codificador do Espiritismo. Serão ao todo 1.120 questões objetivas distribuídas em 140 partes, cada qual com oito perguntas e respostas.
Os textos são publicados neste blog sempre às quintas-feiras.
Continuamos hoje o estudo da principal obra espírita – O Livro dos Espíritos –, cuja publicação inicial ocorreu em 18 de abril de 1857.

Parte 14

105. Em que consistem as missões atribuídas aos Espíritos errantes? E qual é a missão dos Espíritos encarnados?
Tais missões são tão variadas que impossível é descrevê-las. As missões dos Espíritos têm sempre por objeto o bem. Quer como Espíritos, quer como homens, são incumbidos de auxiliar o progresso da Humanidade, dos povos ou dos indivíduos, dentro de um círculo de ideias mais ou menos amplas, mais ou menos especiais, e de velar pela execução de determinadas coisas. Alguns desempenham missões mais restritas e, de certo modo, pessoais ou inteiramente locais, como assistir os enfermos, os agonizantes, os aflitos, velar por aqueles de quem se constituíram guias e protetores, dirigi-los, dando-lhes conselhos ou inspirando-lhes bons pensamentos. Pode dizer-se que há tantos gêneros de missões quantas as espécies de interesses a resguardar, assim no mundo físico, como no moral, e o Espírito se adianta conforme a maneira por que desempenha a sua tarefa. Quando encarnados, sua missão é instruir os homens, em lhes auxiliar o progresso e em lhes melhorar as instituições, por meios diretos e materiais. As missões, porém, são mais ou menos gerais e importantes. O que cultiva a terra desempenha tão nobre missão como o que governa, ou o que instrui. Tudo em a Natureza se encadeia. Ao mesmo tempo que o Espírito se depura pela encarnação, concorre, dessa forma, para a execução dos desígnios da Providência. Cada um tem neste mundo uma missão, porque todos podem ter alguma utilidade. (O Livro dos Espíritos, questões 569 a 577.)
106. Com que finalidade Deus põe a criança sob a tutela dos pais? A paternidade é também uma missão?
A paternidade é, sem contestação possível, uma verdadeira missão e, ao mesmo tempo, grandíssimo dever e que envolve, mais do que o pensa o homem, sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou o filho sob a tutela dos pais a fim de que estes o dirijam pela senda do bem, e lhes facilitou a tarefa dando àquele uma organização débil e delicada que o torna propício a todas as impressões. (Obra citada, questões 582 e 583.)
107. Os animais também progridem? Há neles um princípio inteligente que sobrevive à morte corporal? Como se chama e que lhe acontece após o transe da morte? 
Sim, os animais também progridem. Há neles um princípio independente da matéria que sobrevive ao corpo, ao qual podemos chamar de alma, embora exista entre a alma dos animais e a do homem uma imensa distância. Após a morte, as almas dos animais conservam sua individualidade e vivem uma espécie de erraticidade até que, depois de classificadas, volvem a uma nova existência corpórea. (Obra citada, questões 597, 598, 600 a 606.)
108. Em que momento de sua existência o Espírito adquire a consciência do seu futuro, a distinção do bem e do mal e a responsabilidade dos seus atos? 
Numa série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, num trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra ele então no período da humanização, no qual começa a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. (Obra citada, questões 607, 607-A, 607-B e 608.)
109. O Espírito que animou o corpo de um homem pode encarnar num animal?
Não, pois isso seria retrogradar e o Espírito não retrograda. (Obra citada, questões 612 e 613.)
110. O ensinamento de que o Espírito se elabora passando pelos diversos reinos da Natureza não é a confirmação da doutrina da metempsicose? 
Não. Duas coisas podem ter a mesma origem e absolutamente não se assemelharem mais tarde. Quem reconheceria a árvore, com suas folhas, flores e frutos, no gérmen informe que se contém na semente donde ela surge? Desde que o princípio inteligente atinge o grau necessário para ser Espírito e entrar no período da humanização, já não guarda relação com o seu estado primitivo e já não é a alma dos animais, como a árvore já não é a semente. De animal só há no homem o corpo e as paixões que nascem da influência do corpo e do instinto de conservação inerente à matéria. Não se pode, pois, dizer que tal homem é a encarnação do Espírito de tal animal. Conseguintemente, a metempsicose, como a entendem, não é verdadeira. (Obra citada, questões 611 a 613.)
111. Onde se encontra escrita a lei de Deus? 
Na consciência. (Obra citada, questões 621, 621-"A" e 622.)
112. De acordo com o ensino espírita, Jesus é o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem, para lhe servir de guia e modelo. Ora, considerando que Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, qual é a utilidade do ensino que os Espíritos nos trazem?  
Jesus empregava amiúde, na sua linguagem, alegorias e parábolas, porque falava de conformidade com os tempos e os lugares. Faz-se mister agora que a verdade se torne inteligível para todo o mundo; por isso, é necessário que aquelas leis sejam explicadas e desenvolvidas, tão poucos são os que as compreendem e ainda menos os que as praticam. A missão dos Espíritos superiores consiste em abrir os olhos e os ouvidos a todos, confundindo os orgulhosos e desmascarando os hipócritas e os que vestem a capa da virtude e da religião, a fim de ocultarem suas torpezas. (Obra citada, questões 625, 627 e 628.)

Observação:
Para acessar a Parte 13 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/03/o-livro-dos-espiritos-allan-kardec_19.html





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