terça-feira, 31 de dezembro de 2019




O novo a caminho

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Como a própria significação do adjetivo novo assim também o ano vindouro traz sua característica.
Ser novo é tudo o que não foi vivido, porém com a bagagem de muitos acontecimentos. Ser novo é, com experiência, viver de maneira melhorada. Ser novo é aproveitar toda lição para a resolução dos problemas surgidos. Ser novo é, com mais amor, apreciar cada dia levando paz, sorriso, doçura, entendimento aos lugares onde estiver.
Se o novo ano já está brilhando, então que nosso coração possa se contagiar com este admirável brilho novo e a dor, a amargura, o arrependimento, o medo, o sofrimento deste tempo frágil, à beira de seu término, sejam diluídos junto com os seus últimos suspiros e tudo o que anima e traz o verdadeiro sentido para o espírito possa se intensificar inundando os corações.
Como a cada novo dia, o novo ano possui a renovação, a esperança e a notável possibilidade de criar jardins com lindas flores para que os pássaros, tão amados, venham visitá-los e queiram estar neles, que os olhares sejam mais calmos e ternos e capazes de valorizarem as belas paisagens despontadas à sua frente e que nossa consciência possua mais paz e felicidade por mais nobres realizações.
Daqui a poucas horas o futuro se tornará presente e todos nós adoramos ser presenteados. E como o Pai é justo e amoroso, Ele nos concede, filhos Seus, igualmente, um ano inteiro para o aprendizado e a vivência. Deixemos o novo habitar em nós e o velho coração, ir.
Que a partir deste tempo, possamos ser mais luz, bondade, paz, compreensão, alegria, vida, mas conscientes de que isso só será real se em nós estiverem o perdão e o amor ensinados pelo Mestre Jesus.
Sendo assim, um feliz Ano Novo com o verdadeiro significado desse esperançoso adjetivo.

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segunda-feira, 30 de dezembro de 2019




Uma leitora pergunta-nos por que “cor-de-rosa” tem hífen e “cor de vinho” não tem.
O motivo real não sabemos; certamente o fato se deve a uma questão de tradição. É por isso que, mesmo com a restrição que o recente Acordo Ortográfico impôs ao uso do hífen, continuam sendo grafadas com hífen as locuções e expressões seguintes, que alguns entendem que já foram consagradas pelo uso:
água-de-colônia
arco-da-velha
pé-de-meia
mais-que-perfeito
cor-de-rosa
coração-ardente
coração-de-estudante
coração-de-maria
água-benta
água-furtada.
Os casos acima, e há muitos outros exemplos, constituem, em verdade, exceções à regra pactuada no citado Acordo, segundo a qual não se usa hífen nas locuções em geral, sejam elas substantivas, adjetivas, adverbiais etc.
Dessa forma, não têm hífen as locuções ou expressões abaixo relacionadas:
à vontade
cão de guarda
café com leite
cor de vinho
cor de carne
fim de semana
fim de século
quem quer que seja
um disse me disse     
bumba meu boi
tomara que caia
arco e flecha
tão somente
ponto e vírgula
cor de burro quando foge
água de cheiro
à toa 
dia a dia.
Comparemos agora estas locuções: “água-de-colônia” e “água de cheiro”. A primeira com hífen; a segunda, não.
Ora, trata-se de expressões igualmente consagradas pelo uso, o que nos leva à conclusão de que a melhor coisa, para evitar erros, é consultar o VOLP – Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, sempre que tivermos dúvida a respeito do assunto. Para acessar a página do VOLP na Web, clique aqui





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domingo, 29 de dezembro de 2019





Lembretes para o ano novo


ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De Londrina-PR

É um hábito comum formularmos no início de cada ano uma série de promessas. Muitas com o propósito de fazer, de mudar, de iniciar tal e tal coisa. Outras com o propósito de não fazer, de não mais cultivar algo que reputamos maléfico ao nosso corpo ou à nossa alma. 
O calendário e suas alterações são, todavia, apenas convenções humanas, porque uma existência neste mundo deve ser considerada globalmente e nisso somente duas datas são realmente relevantes – o dia em que chegamos para uma nova experiência reencarnatória e o dia em que voltaremos à verdadeira pátria.
Em face disso, gostaríamos de lembrar aqui duas parábolas narradas por Jesus que deveriam, isto sim, estar presentes em nossa memória todas as vezes em que analisamos o ano que termina e nos preparamos para um novo ano.
Referimo-nos à parábola dos talentos e à parábola do juízo final – títulos esses que dizem respeito, obviamente, ao modo pelo qual as parábolas são conhecidas, visto que elas, em verdade, não têm nome.
Eis os versículos que compõem a primeira – a parábola dos talentos:

Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir.
Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens. E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe.
E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco talentos. Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois. Mas o que recebera um, foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. E muito tempo depois veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles. Então aproximou-se o que recebera cinco talentos, e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que granjeei com eles. E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. E, chegando também o que tinha recebido dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com eles granjeei outros dois talentos. Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, sei que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei. Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros. Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos. Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado. Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. (Mateus, 25:13-30)

E aqui estão os versículos que reproduzem a segunda – parábola do juízo final:

E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda.
Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna. (Mateus, 25:31-46.)

A mensagem embutida nas parábolas transcritas é muito clara. Não é preciso dispor de uma inteligência fulgurante para perceber que a primeira indica como o Senhor avalia o proveito que obtemos com relação aos recursos materiais que Ele nos emprestou para a presente existência. A frase final dita pelo Senhor aos dois primeiros servos é significativa: “Servo bom e fiel. Já que foste fiel sobre o pouco, sobre muito te colocarei”.
Quanto à segunda, trata-se da aferição do nosso comportamento com relação ao próximo – ao doente, ao carente, ao infeliz que a Lei sentenciou ao cárcere. E a frase dita pelo Senhor da parábola é, como a primeira, expressiva: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”.
Que todos nós, os que escrevem para o público e os que leem estes escritos, possamos iniciar 2020 tendo em mente as duas advertências que Jesus, bondoso como é, em boa hora enviou à Humanidade terrena, até hoje tão imperfeita e complicada.




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sábado, 28 de dezembro de 2019





A lealdade e não o prazer...

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Há um ditado popular que diz mais ou menos o seguinte: “Você pode enganar uma pessoa a vida inteira, pode enganar algumas pessoas durante muito tempo, mas não pode enganar todo o mundo o tempo inteiro”. Outra frase muito conhecida é a de que, em geral, a pessoa traída é a última a saber da traição. Não concordo muito com isso. O que ocorre é que, quando amamos muito alguém, não nos convencemos apenas com base em suspeitas ou atitudes um pouco levianas de nosso (a) parceiro (a), pois também necessitamos de sua tolerância. Afinal, não é fácil suportar uma infidelidade, por esta nos humilhar e causar tanta infelicidade.
Embora se defendam muito os direitos femininos na atualidade, o que considero justo, muitas vezes são as mulheres que assediam sexualmente os homens. Não vai aqui qualquer julgamento. Apenas constatação. Por exemplo, em certas ocasiões, amigo meu, leal à esposa, que muito ama, foi acusado por outras mulheres de ser assexuado, por resistir ao seu assédio. O apelo genésico, neste mundo animalizado, é poderoso e, por vezes, difícil de resistir, como nos afirmou nosso genro, mestre em Biologia.
Ao cristão, todavia, não é lícito fazer qualquer concessão ao adultério sexual (não vêm ao caso aqui outras definições de adultério), pois a finalidade de nossa passagem pela matéria é justamente, domar as más inclinações e nos transformarmos moralmente, como deduziu Allan Kardec. Mas a fornicação é tão grave que, muitas vezes, é punida com a morte, como já ocorria nos tempos antigos.
Precisamos combater a animalidade que ainda reside em nós, se cremos, de fato, na proposta de Jesus. Por isso, disseram-nos os Espíritos, e o Codificador do Espiritismo anotou, que pelo corpo participamos da natureza animal e pela alma possuímos a natureza espiritual (KARDEC, O livro dos espíritos (LE), q. 605).
Quando colocamos o prazer acima das conveniências e faltamos com o respeito conosco mesmo, pois quem trai se trai, e também com quem estamos comprometidos, seja pelo matrimônio, seja pela parceria sexual e familiar, demonstramos não ter entendido o sexto Mandamento divino: “Não adulterarás”. Demonstramos, assim, não amar suficientemente a outra pessoa e também agimos hipocritamente, em relação à observação de Jesus: “[...] deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne [...]. Assim, não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem” (Mateus, 19: 5, 6).
Não é preciso lembrar às mulheres que a palavra genérica “homem” acima também se aplica a elas. E, salvo a situação de relação não consentida, qualquer atitude de entrega a outrem, seja a pessoa homem ou mulher, comprometidos com alguém, caracteriza adultério. E não cabe aqui a desculpa, muito comum nesta época de culto aos sentidos, de que uma ou outra relação sexual extramatrimonial não caracteriza infidelidade ao cônjuge ou parceiro (a).
Retornamos à Terra para combater nossa animalidade, espiritualizando a matéria e não materializando animalescamente o Espírito. De pouco adianta sermos bons na oratória religiosa, distribuirmos benefícios materiais a diversas pessoas, orarmos pelos enfermos, criticarmos aqueles que não são fiéis a Deus e ao próximo, se, de nossa parte, não nos esforçarmos em ser melhores, em preservarmos nossa integridade moral, em não mentirmos à própria consciência, que é Deus em nós.
O verdadeiro sentido da caridade já está expresso, há dois mil anos, por Paulo de Tarso, em I Coríntios, cap. 13:

Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria.
3 E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria.
4 A caridade é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; a caridade não trata com leviandade, não se ensoberbece.
5 Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal.
6 Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade.
7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

Observe, quem nos lê, que um dos requisitos da caridade, de acordo com o apóstolo, é não tratar alguém com leviandade; outro é não se portar com indecência; e ainda outro, que fecha com “chave de ouro” essas frases, é não buscar os seus interesses.  Não suspeitar mal é não julgar alguém sem provas patentes de suas faltas, o que não significa fechar os olhos às evidências.
Como o perdão e a humildade são inseparáveis da caridade, Paulo arremata, no versículo 8, que a pessoa caridosa “Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. Isso significa estar em perfeita sintonia com Deus, para não sucumbirmos, também, às tentações da animalidade, em especial nesta época de inversão de valores, com a valorização do prazer, que jamais esteve acima da lealdade. Prazer legítimo é o que se baseia no respeito ao nosso próximo mais próximo, ou seja, a nós mesmos, e a quem escolhemos para dividir a casa, o pão e o leito.
Que Deus nos dê forças para perdoar e continuar amando e servindo aos que nos traem... E que continuemos resistindo ao mal até o fim, pois, como também recomenda o Apóstolo dos gentios, que parafraseamos agora: Não nos cansemos de fazer o bem, pois se não desfalecermos, a seu tempo colheremos os bons frutos de nossos esforços, combatendo em nós as más tendências e orando pelos fracos de espírito.
O prazer real não é o do corpo perecível; é o do Espírito imortal, que se realiza na prática do bem incessante, que se traduz pela palavra caridade: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas (LE, q. 886). Somente assim, estaremos atendendo fielmente à recomendação do Cristo: “Brilhe a sua luz” (Mateus, 5:16).
Isso, entretanto, começa pela lealdade...





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sexta-feira, 27 de dezembro de 2019





A morte e os seus mistérios

Ernesto Bozzano

Parte 13

Continuamos o estudo do clássico A morte e os seus mistérios, de Ernesto Bozzano, conforme tradução de Francisco Klörs Werneck. O estudo será aqui apresentado em 24 partes. Nossa expectativa é que ele sirva para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

Questões preliminares

A. O Caso V apresenta dois pormenores interessantes. Quais são eles?
B. Que características apresentam as manifestações que compõem o Caso VI?
C. Um Espírito pode ir pessoalmente comunicar a uma pessoa amiga a notícia do seu próprio falecimento?

Texto para leitura

187. Aludindo ainda ao Caso V, diz Bozzano que na magnífica fototipia da impressão, publicada pela revista Luce e Ombra, a mão aparece nitidamente gravada na madeira com o traço característico das falanges extremas de cada dedo, que ficaram profundamente gravadas na madeira queimada pelo contato da mão da morta.
188. Esse detalhe reveste um interesse considerável, do ponto de vista probatório, porque não se poderia obter um resultado semelhante aplicando-se contra o batente da porta uma mão aberta, em ferro em brasa. Em outros termos, teria sido preciso que a suposta mão de ferro fosse feita com as cinco falanges extremas numa posição dobrada; neste caso não se teria podido obter a impressão inteira dos dedos e da mão.
189. Notarei, além disto, que, na produção do fenômeno em questão, mister se faz não só considerar-se o fato de a defunta ter-se exprimido em "voz direta" e com um timbre vocal que foi reconhecido, mas também esta outra circunstância: que o fantasma se manifestou no meio de uma nuvem de ectoplasma, que a Irmã tomou por uma "densa fumaça".
190. Nas experiências de materializações mediúnicas tem-se observado que uma nuvenzinha de ectoplasma precede sempre ou quase sempre a manifestação do fantasma objetivo. Ora, como a vidente ignorava inteiramente essas coisas, resulta daí que sua alusão a uma pequena nuvem de "densa fumaça", que precedeu a visão do fantasma da morta, reveste grande valor probatório em favor da realidade supranormal do fenômeno.
191. Caso VI - Este caso, no qual a mão de um fantasma ficou gravada na face da percipiente, é suscetível de ser interpretado pela hipótese dos "estigmas por autossugestão emotiva". O caso foi recolhido e examinado por Frank Podmore, extraindo-o eu dos Proceedings of Society for Psychical Research (vol. X, pág. 304).
192. A Srta. M. P., em data de 16 de fevereiro de 1890, escreveu nos seguintes termos à direção dessa Sociedade: "Minha irmã e eu dormíamos no mesmo quarto do último andar da casa, em pequenos leitos que estavam a uma distância de cerca de três pés um do outro. Há três anos (eu tinha então 20 anos e minha irmã 18), acordei em sobressalto com a horrível sensação de que havia alguém no aposento. Fiquei muda por alguns instantes, paralisada pelo terror, até que encontrei a força necessária para chamar minha irmã. Esta, num fio de voz que exprimia um terror intenso, perguntou: ‘Quem está no quarto? Há bom tempo que estou acordada, mas não tive coragem de falar.’ Nesse momento, uma mão gelada pousou em minha face. Louca de horror, tremendo, chamei desesperadamente por minha irmã, todavia sem dizer uma única palavra do que estava me acontecendo. Um segundo depois, ela exclamou: ‘Uma mão pousou em cima de mim.’ Presa de um terror indescritível, ocultamos ambas a cabeça em baixo das cobertas, pedindo socorro com todas as forças dos pulmões. Nosso irmão acorreu logo e nós lhe dissemos que alguém se introduzira no quarto. Ele rebuscou todos os cantos, todos os móveis, mas inutilmente. Enquanto isto, minha irmã se lastimava de violenta queimadura no rosto. Acendeu-se o gás e vimos então que, num lado do rosto, aparecia um rubor vivo que tinha a forma de uma impressão de mão, com os dedos abertos. Por duas vezes ainda, em intervalos de cerca de um mês, acordamos, ambas, presas do mesmo sentimento horrível da presença de um ser em nosso quarto: esse sentimento nos paralisou o uso da fala durante certo tempo e certa vez percebemos o ente em questão no espaço que separava os dois leitos."
193. O Sr. Podmore foi pessoalmente à casa das duas percipientes para interrogá-las a respeito. Eis o que ele narrou a respeito do assunto: "As manifestações se reproduziram quatro vezes, em intervalos de duas ou três semanas. Na primeira manifestação, a Srta. P. nada viu. Na segunda, as duas irmãs tiveram a impressão muito viva de uma presença no quarto: acordaram sobressaltadas, presas de um vivo terror, mas nada perceberam. Na terceira vez, a Srta. P. viu uma forma vaga, uma sombra toda envolta. Finalmente, na quarta vez, foi a Srta. E. P. quem, por sua vez, percebeu a sombra. As impressões dos dedos no rosto da Srta. P. eram muito nítidas e, como se achavam no lado sobre o qual não dormira, não era possível atribuí-las à compressão do rosto sobre o travesseiro da cama."
194. Os membros da "Comissão de recenseamento das alucinações", de cujo Relatório extraio o caso em questão, explicam o incidente da impressão de cada mão na face de uma das percipientes comparando-a a outras impressões que ficaram gravadas no corpo humano, em consequência de autossugestões emotivas. Pode-se, sem dúvida, admiti-la no caso, considerando-se que a percipiente se achava presa de uma crise de terror, embora se possa opor, no caso, outras impressões semelhantes, obtidas simultaneamente em fazendas e outros objetos, como nos casos precedentes. Não se deveria ainda esquecer a existência dos quatro casos análogos que relatei, nos quais nenhum dos percipientes se encontrava com crises emotivas predisponentes a autossugestões dessa espécie e nos quais nenhum dos perceptivos pensava na possibilidade de fenômenos deste gênero. Esta consideração leva a supor que, na realidade, mesmo no caso de que nos ocupamos, a hipótese dos "estigmas" não serve para explicar a verdadeira causa do fenômeno.
195. Em todo caso, devemos assinalar uma circunstância verdadeiramente embaraçosa, se se afastar a hipótese da autossugestão: é que a primeira percipiente fora, por sua vez, tocada na face pela mesma mão fantástica, sem experimentar nenhuma impressão de queimadura de carne e sem que a mão ficasse gravada no seu rosto. Como explicar que, um momento após, a mesma mão, pousando no rosto da irmã, tenha provocado uma sensação de queimadura, com o fenômeno da impressão de uma mão de fogo na face? Que se acrescente que a primeira percipiente fala de uma mão gelada que pousou no seu rosto, o que explicaria por que a mão fantástica não provocou sensação de queimadura e não deixou impressão, mas se assim é, como devemos considerar o que aconteceu, um momento após, à outra irmã? É, pois, evidente que a hipótese dos "estigmas por autossugestão emotiva" retoma seu lugar no caso em questão.
196. Uma vez declarado isto por um sentimento de justiça científica na pesquisa das causas, repito que eu não acho, entretanto, que não deva buscar nesta explicação a verdadeira causa do fenômeno. É possível, com efeito, que as sensações opostas, que as duas percipientes experimentaram, possam ser explicadas por uma mudança rápida da condensação ectoplásmica da mão do fantasma, que seria produzida em consequência do seguimento de uma brusca modificação da tonalidade vibratória de ectoplasma nas duas ocasiões em que a mão em questão pousou nas pessoas das percipientes. Essa tonalidade vibratória parece ser, em certas circunstâncias, muito mais intensa que a da substância viva ou da matéria inanimada e por consequência deve destruir, como o faria o fogo, os tecidos animais e vegetais vivos, o que daria lugar aos fenômenos das "impressões de mãos de fogo". Aproveito a oportunidade para fazer notar que a hipótese, que me reservo para desenvolver nas conclusões deste estudo, está justamente baseada nesta última circunstância da intensidade vibratória indubitável da substância ectoplásmica e fluídica: é graças a ela que se poderiam explicar os fenômenos das "impressões supranormais de mão de fogo".
197. Caso VII - Resumo a narração de um caso muito conhecido na Inglaterra, ainda que nele se encontrem detalhes de natureza a deixar-nos perplexos por causa das modalidades insólitas com que foi produzido. O caso em questão foi publicado, pela primeira vez, pelo Sr. T. M. Jarvis, na sua obra Accredited Ghost Stories (Estórias verídicas de fantasmas), em 1823, tendo a percipiente protagonista falecido pouco tempo antes.
198. A Sra. Crow, na sua obra The Nightsides of Nature (Os lados obscuros da natureza), pág. 196 da nova edição, a ele faz referência nos seguintes termos: "No que concerne ao caso de Lady Beresford, estou em condições de assegurar que a família da morta afirmou sempre a autenticidade dos fatos. Deve-se dizer outro tanto da família de Lady Cobb que, como se sabe, quando Lady Beresford expirou, foi quem cortou do seu pulso a fita que o envolvia, fita que a morta sempre trouxera desde o dia em que Lord Tyrone lhe aparecera, e isto com o fim de ocultar a impressão indelével que lhe deixara no pulso direito o contato da mão do morto."
199. A narração dos fatos foi ditada pela própria Lady Beresford. Mas vejamos primeiro as premissas do caso: Lord Tyrone e Lady Beresford foram íntimos desde a tenra idade e educados na mais rígida ortodoxia religiosa. Mais tarde, sentiram influências teológicas de natureza diversa e, em consequência disto, concluíram entre si um pacto solene: aquele que morresse primeiro, se Deus o permitisse, deveria aparecer ao que sobrevivesse, para dizer-lhe da confissão religiosa que ao Ser Supremo agradasse mais. Chegada à idade adulta, Lady Beresford casou-se e não teve mais ocasião de encontrar-se com seu amigo de infância. Ora, certa noite, aconteceu que ela se levantou sobressaltada e percebeu a seu lado Lord Tyrone que a informou ter falecido subitamente, na véspera, às 4 horas. Predisse em seguida acontecimentos na vida futura de Lady Beresford, os quais se realizaram totalmente.
200. Lady Beresford assim narrou esses fatos: "Eu lhe disse: Amanhã de manhã, quando me levantar, como poderia ficar convencida de não ter sonhado tudo isto?" Ele respondeu: "Receberás amanhã notícia da minha morte. Esta prova não te basta?" - "Não, respondi eu, há sonhos proféticos e eu acabarei por convencer-me de haver tido um sonho dessa natureza. Dá-me uma prova material de tua presença!" Ele disse: "Tê-la-ás." Então levantou a mão e logo as pesadas cortinas do leito, feitas de veludo vermelho, foram projetadas com força através de um amplo círculo de ferro que fazia parte da abóbada do leito. Logo em seguida observou: "Ficarás amanhã convencida por esta prova, porque nenhum braço humano poderia executar coisa semelhante." - "Sim, disse eu, no estado de vigília não poderia realizar esta prova de força, mas dormindo adquirem-se, às vezes, poderes excepcionais. Continuo a duvidar." - Ele então disse: "Eis um caderno: vou lançar nele minha assinatura. Conheces bem a minha letra." Com efeito pegou num lápis e fez no caderno sua assinatura. Eu ainda observei: "Na estado de vigília não poderia imitar tua assinatura, mas no de sonambulismo a coisa é possível. É o que concluirei sem dúvida amanhã de manhã." - Ele exclamou: "És difícil de convencer! Que prova mais poderia dar-te? Poderia tocar-te, mas um Espírito não tocaria uma pessoa viva sem deixar na sua pele uma marca indelével." - "Se se tratasse de uma marca limitada, disse eu, submeter-me-ia de boa vontade a essa prova." - "És uma mulher corajosa, respondeu ele. Estende-me a tua mão." Eu o fiz e ele me apertou o pulso. Sua mão estava gelada, todavia a pele se enrugou no momento, as veias se encheram e os nervos ingurgitaram.''
201. Desde aquele dia Lady Beresford foi sempre vista com uma fita preta em torno de seu pulso direito, pois o Espírito de Lord Tyrone lhe dissera que o sinal deveria ficar oculto aos olhos dos vivos. Quando Lady Beresford expirou, Lady Netty Cobb, sua amiga, cortou de seu pulso a misteriosa fita e verificou a existência de uma impressão de queimadura, que a morta descrevera na sua narrativa. Tal é o caso realmente notável que aconteceu com Lady Beresford.
202. Como disse, parece bem autenticado; apenas se encontra o episódio da longa conversa entre o Espírito do morto e a percipiente, o que nos deixa um tanto surpresos relativamente à autenticidade de toda a narração, porque nas manifestações habituais de fantasmas que falam observa-se que quase sempre pronunciam apenas algumas frases, nada mais. De qualquer modo, deve-se admitir que se conhecem alguns episódios raros, muitos bem documentados, nos quais se encontram longas conversas entre os Espíritos desencarnados e os percipientes, o que nos leva a refletir antes de resolvermos circunscrever os limites das manifestações supranormais.

Respostas às questões preliminares

A. O Caso V apresenta dois pormenores interessantes. Quais são eles?
O primeiro é a impressão feita a fogo, em que a mão da entidade desencarnada aparece nitidamente gravada na madeira, com o traço característico das falanges extremas de cada dedo. O segundo é o fato de a falecida ter-se exprimido em "voz direta" e com um timbre vocal que foi reconhecido pelas pessoas. (A morte e os seus mistérios, 2ª Monografia – Marcas e impressões supranormais de mãos de fogo, Caso V.)
B. Que características apresentam as manifestações que compõem o Caso VI?
Segundo o Sr. Podmore, que as investigou, as manifestações se reproduziram quatro vezes, em intervalos de duas ou três semanas. Na primeira manifestação, a Srta. P. nada viu. Na segunda, as duas irmãs tiveram a impressão muito viva de uma presença no quarto: acordaram sobressaltadas, presas de um vivo terror, mas nada perceberam. Na terceira vez, a Srta. P. viu uma forma vaga, uma sombra toda envolta. Finalmente, na quarta vez, foi a Srta. E. P. quem, por sua vez, percebeu a sombra. As impressões dos dedos no rosto da Srta. P. eram muito nítidas e, como se achavam no lado sobre o qual não dormira, não era possível atribuí-las à compressão do rosto sobre o travesseiro da cama. (Obra citada, 2ª Monografia – Caso VI.)
C. Um Espírito pode ir pessoalmente comunicar a uma pessoa amiga a notícia do seu próprio falecimento?
Sim. O Caso VII apresenta exatamente um fato assim segundo qual o Espírito foi à casa da percipiente, conversou longamente com ela e deixou, por fim, uma impressão indelével no seu pulso direito, como prova de que ali realmente estivera. Na conversa, comunicou à amiga que havia falecido e avisou-a de que essa notícia ela receberia no dia seguinte, como de fato ocorreu. (Obra citada, 2ª Monografia – Caso VII.)

Observação:
Para acessar a Parte 12 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/12/a-morte-e-osseus-misterios-ernesto_20.html




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quinta-feira, 26 de dezembro de 2019




O Livro dos Espíritos

Allan Kardec

Estamos fazendo neste espaço o estudo – sob a forma dialogada – dos oito principais livros do Codificador do Espiritismo. Serão ao todo 1.120 questões objetivas distribuídas em 140 partes, cada qual com oito perguntas e respostas.
Os textos são publicados neste blog sempre às quintas-feiras.
Concluído o estudo de dois livros considerados introdutórios, iniciamos hoje o estudo da principal obra espírita – O Livro dos Espíritos –, cuja publicação inicial ocorreu em 18 de abril de 1857.
Na elaboração das respostas às questões apresentadas fundamentamo-nos na 76ª edição publicada pela FEB, com base em tradução de Guillon Ribeiro.

Parte 1

1. Que é que o Espiritismo tem por princípio e que contém O Livro dos Espíritos? 
A doutrina espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo são os espíritas, ou, se quiserem, os espiritistas. Como especialidade, “O Livro dos Espíritos” contém a doutrina espírita; como generalidade, prende-se à doutrina espiritualista, uma de cujas fases apresenta. Essa a razão por que traz no cabeçalho do seu título as palavras: Filosofia espiritualista. (Obra citada, Introdução, item I, pág. 13.)
2. Qual é na doutrina espírita o conceito do vocábulo alma?
Kardec dá o nome de alma ao ser imaterial e individual que em nós reside e sobrevive ao corpo. (Introdução, item II, 5º parágrafo, pág. 14.)
3. Como Kardec conceitua princípio vital? 
É o princípio da vida material e orgânica, qualquer que seja a fonte donde ela promane, princípio esse comum a todos os seres vivos, desde as plantas até o homem. Segundo alguns, o princípio vital seria uma propriedade da matéria, um efeito que se produz achando-se a matéria em dadas circunstâncias. Para outros, e esta é a ideia mais comum, ele reside em um fluido especial, universalmente espalhado e do qual cada ser absorve e assimila uma parcela durante a vida, tal como os corpos inertes absorvem a luz. Esse fluido especial seria o chamado fluido vital que, na opinião de muitos, em nada difere do fluido elétrico animalizado, ao qual também se dão os nomes de fluido magnético, fluido nervoso etc. (Introdução, item II, 7º parágrafo, pág. 15.)
4. Como se deram as primeiras manifestações espíritas? 
As primeiras manifestações inteligentes se produziram por meio de mesas que se levantavam e, com um dos pés, davam certo número de pancadas, respondendo deste modo — sim ou não —, conforme fora convencionado, a uma pergunta feita.(1) Até aí nada de convincente havia para os cépticos, porquanto bem podiam crer que tudo fosse obra do acaso. Obtiveram-se depois respostas mais desenvolvidas com o auxílio das letras do alfabeto: dando o móvel um número de pancadas correspondente ao número de ordem de cada letra, chegava-se a formar palavras e frases que respondiam às questões propostas. A precisão das respostas e a correlação que denotavam com as perguntas causaram espanto. O ser misterioso que assim respondia, interrogado sobre sua natureza, declarou ser um Espírito, declinou um nome e prestou diversas informações a seu respeito. Uma circunstância muito importante cabe aqui assinalar: é que ninguém imaginou os Espíritos como meio de explicar o fenômeno; foi o próprio fenômeno que revelou a palavra. Muitas vezes, em se tratando das ciências exatas, se formulam hipóteses para dar-se uma base ao raciocínio. Não foi aqui o caso. Como o processo inicial de correspondência era demorado e incômodo, os Espíritos indicaram outro. Foi um desses seres invisíveis quem aconselhou a adaptação de um lápis a uma cesta ou a outro objeto. Colocada em cima de uma folha de papel, a cesta era posta em movimento pela mesma potência oculta que movia as mesas, mas, em vez de um simples movimento regular, o lápis traçava por si mesmo caracteres formando palavras, frases, dissertações de muitas páginas sobre as mais altas questões de filosofia, de moral, de metafísica, de psicologia etc. e com tanta rapidez quanta se se escrevesse com a mão. O conselho foi dado simultaneamente na América, na França e em diversos outros países. Foi desse modo que as manifestações espíritas se popularizaram em todo o mundo.  (Introdução, item IV, do 2º ao 6º parágrafos, pág. 20.)
5. Que é mais importante: o mundo material ou o mundo espírita? 
O mundo espírita, que é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo, é o mais importante. O mundo material é secundário; poderia deixar de existir, ou não ter jamais existido, sem que por isso se alterasse a essência do mundo espírita. (Introdução, item VI, pág. 23.)
6. Como pode ser resumida a moral ensinada pelos Espíritos superiores? 
A moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem, isto é, fazer o bem e não o mal. (Introdução, item VI, pág. 27.)
7. Que conselho dá Kardec aos que desejam conhecer a doutrina espírita? 
Quem deseja tornar-se versado numa ciência tem que a estudar metodicamente, começando pelo princípio e acompanhando o encadeamento e o desenvolvimento das ideias. Que adiantará dirigir a um sábio perguntas acerca de uma ciência cujas primeiras palavras ignoramos? Poderá o próprio sábio, por maior que seja a sua boa vontade, dar-lhe resposta satisfatória? A resposta isolada, que der, será forçosamente incompleta e quase sempre, por isso mesmo, ininteligível, ou parecerá absurda e contraditória. O mesmo ocorre em nossas relações com os Espíritos. Quem quiser com eles instruir-se tem que com eles fazer um curso; mas, exatamente como se procede entre nós, deverá escolher seus professores e trabalhar com assiduidade. (Introdução, item VIII, dois primeiros parágrafos, pág. 31; e item XVII, 2º parágrafo, pág. 46.)
8. Por que o Espiritismo é considerado um preservativo da loucura e do suicídio? 
A loucura tem como causa primária uma predisposição orgânica do cérebro, que o torna mais ou menos acessível a certas impressões. Entre as causas mais comuns de sobreexcitação cerebral, devem contar-se as decepções, os infortúnios, as afeições contrariadas, que, ao mesmo tempo, são as causas mais frequentes de suicídio. Ora, o verdadeiro espírita vê as coisas deste mundo de um ponto de vista tão elevado; elas lhe parecem tão pequenas, tão mesquinhas, a par do futuro que o aguarda; a vida se lhe mostra tão curta, tão fugaz, que, aos seus olhos, as tribulações não passam de incidentes desagradáveis, no curso de uma viagem. O que, em outro, produziria violenta emoção, mediocremente o afeta. Ademais, ele sabe que as amarguras da vida são provas úteis ao seu adiantamento, se as sofrer sem murmurar. É por isso que, bem compreendido, o Espiritismo é um preservativo, não um estimulante, da loucura e do suicídio. (Introdução, item XV, 3º e 4º parágrafos, pág. 41.)

(1) Na realidade, antes do fenômeno das mesas girantes ocorreram no povoado de Hydesville, nos Estados Unidos da América do Norte, os chamados raps, assunto que o leitor pode ver no texto As pioneiras do Espiritismo. Tais fenômenos é que deram origem ao nascimento do Espiritismo moderno. Para acessá-lo, clique aqui: http://www.oconsolador.com.br/49/especial2.html




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