sexta-feira, 31 de julho de 2020



O Espiritismo perante a Ciência

Gabriel Delanne

Parte 20

Continuamos o estudo do clássico O Espiritismo perante a Ciência, de Gabriel Delanne, conforme tradução da obra francesa Le Spiritisme devant la Science.
Nosso objetivo é que este estudo possa servir para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

Questões preliminares

A. Qual é, dos princípios do Espiritismo, o primeiro mencionado por Delanne?
B. Qual o segundo princípio da doutrina espírita citado pelo autor desta obra?
C. Que disse Delanne sobre a alma e sua essência?

Texto para leitura

488. O clero de todas as religiões entrou em guerra com o Espiritismo, porque ele destrói a crença no inferno e, por consequência, as penas eternas. Mina a teoria do pecado original e faz um Deus bom e misericordioso da divindade zangada e cruel dos padres. A filosofia espírita não se apoia na fé, mas nas luzes da razão, e para combater o dogma esteia-se na observação científica.
489. Pode-se daí julgar o acolhimento que tem. Lembramos a história do arcebispo de Barcelona, fazendo queimar os livros de Allan Kardec, sob pretexto de feitiçaria. Esse processo renovado da Inquisição mostra bem o que seria dos espiritistas, se houvesse o poder de destruí-los.
490. Em França, as imunidades do clero não vão até lá. Evitamos a fogueira, mas os sacerdotes não deixam de pregar contra nossa doutrina, que dizem inspirada por Satanás. Essas invectivas não exercem influência alguma sobre nós, porque há muito tempo não acreditamos mais em deus do mal. Esse sombrio gênio, inventado pela casta sacerdotal com o fim de amedrontar os povos infantis da Idade Média, está hoje fora da moda e suas caldeiras vingadoras fogem diante das luzes do progresso. Fazemos muito alta ideia da divindade, para não supor que ela criasse seres eternamente votados ao mal. Aliás, a antiga concepção do inferno está desmentida pelo testemunho cotidiano dos Espíritos; ela não poderia, pois, influenciar-nos de maneira alguma.
491. Os Espíritos ensinam a fraternidade, o perdão das injúrias, à mansuetude para amigos e inimigos. Dizem-nos que o caminho único da felicidade é o do bem e que os sacrifícios agradáveis ao Senhor são os que fazemos a nós mesmos. Exortam-nos a vigiar cuidadosamente nossos atos, a fim de evitar a injustiça; recomendam-nos o estudo da Natureza e o amor de nossos semelhantes, como meios únicos de elevar-nos rapidamente para um futuro mais brilhante.
492. Longe de nos dizerem que a salvação é pessoal, fazem-nos encarar a felicidade de nossos irmãos como o objetivo superior para o qual se devem dirigir nossos esforços; colocam, enfim, a felicidade suprema na mais sublime fraternidade, a do coração.
493. Se forem estes os processos empregados por Satã para perverter-nos, é preciso declarar que eles se assemelham estranhamente aos que Jesus empregava para reformar os homens, e o anjo das trevas conduz mal seus negócios, trazendo-nos à virtude pela austeridade da moral que recomenda em suas comunicações.
494. Se nos é impossível acreditar na legião dos condenados, não se segue que os maus gozem de impunidade. Em O Céu e o Inferno, Allan Kardec descreveu o sofrimento dos Espíritos infelizes, e, se o inferno não existe, nem por isso deixam as almas perversas de sofrer terríveis castigos. Mas essas penas não serão eternas. Deus permite ao pecador abreviá-las, dando-lhe a faculdade de resgatá-las por expiações proporcionais às faltas.
495. Não há mais dolorosas incertezas sobre o nosso futuro; o além misterioso, velado sob as ficções das religiões, aparece-nos em toda sua realidade. Não mais inferno, não mais céu, mas a continuação da vida, que prossegue no tempo e no espaço, eterna como tudo que existe. A perene ascensão para destinos sempre mais elevados, eis a verdadeira felicidade. Longe de acreditar em uma beatitude ociosa, colocamos a ventura em uma atividade incessante e no conhecimento cada vez mais perfeito das leis universais.
496. Não há mais dogmas, não há mais coisas incompreensíveis, senão uma harmonia sublime que se revela nos melhores detalhes dessa imensa máquina que se chama o Universo! E a satisfação profunda por perceber qual é, em suma, a nossa finalidade na Terra é o resultado do estudo atento das manifestações espíritas.
497. Para melhor tornar compreensível o caráter e o alcance científico do Espiritismo, vamos resumir em algumas palavras os pontos principais sobre que ele se apoia, enviando aos livros de Alan Kardec os leitores desejosos de estudar mais profundamente esta crença.
498. O Espiritismo ensina, em primeiro lugar, a existência de Deus, motor inicial e único do Universo; nele se resumem todas as perfeições, levadas ao infinito. Ele é eterno e todo poderoso. Ninguém o pode conhecer na Terra, mas todos experimentam suas leis; nosso entendimento é bem fraco, ainda, para elevar-nos até essas sublimes alturas, mas nos diz a razão que ele existe, e os Espíritos, mais bem colocados que nós para lhe apreciarem a grandeza, inclinam-se com respeito diante de sua majestade infinita.
499. O desejo de conhecer desenvolve nos corações as aspirações mais nobres e, mais tarde, desembaraçado da matéria, gravitando para a perfeição, o Espírito fará ideia cada vez mais elevada desse Onipotente, que ele pressente hoje e que conhecerá um dia.
500. Foi-se o tempo em que se concebia Deus como potência implacável e vingadora, condenando eternamente o homem pela falta de um momento. A sombria divindade bíblica não plaina mais sobre nós como ameaça perpétua; não é mais o Jeová terrível que ordenava o degolamento dos que não criam nele e que fazia curvar milhares de homens ao sopro de sua cólera, como uma floresta de caniços, batida pelo aguilhão furioso.
501. O Deus moderno nos aparece como a expressão perfeita de toda ciência e de toda virtude. Sua inteligência se manifesta no admirável conjunto das forças que dirigem o Universo, sua bondade pela lei da reencarnação, que nos permite remir as faltas com expiações sucessivas e elevar-nos gradativamente até sua infinita majestade.
502. O Deus que compreendemos é a infinita grandeza, o infinito poder, a infinita bondade, a infinita justiça! É a iniciativa criadora por excelência, a força incalculável, a harmonia universal! Paira acima da criação, envolve-a com sua vontade, penetra-a com sua razão; é por ele que os universos se formam, que as massas celestes rolam seus esplendores nas profundezas do vácuo, que os planetas gravitam nos espaços formando radiantes auréolas em torno dos sóis. Deus é a vida imensa, eterna, indefinível, é o começo e o fim, o alfa e o ômega.
503. O Espiritismo ensina, em segundo lugar, a existência da alma, isto é, do eu consciente, imortal e criado por Deus. Ignoramos a origem desse eu, mas, qualquer que seja, cremos que Deus fez todos os Espíritos iguais e os dotou de iguais faculdades para chegarem ao mesmo fim – a felicidade. Deu-nos, do mesmo passo que a consciência, o livre-arbítrio, que nos permite apressar mais ou menos nossa evolução para destinos superiores. Sabemos que a alma do homem existia antes de seu corpo, que este poderia não ter existido, que a natureza inteira poderia não existir sem que a alma fosse atingida por isso; em suma, ela é imaterial e indestrutível.
504. É o eu consciente que adquire, por sua vontade, todas as ciências e todas as virtudes, que lhe são indispensáveis para elevar-se na escala dos seres. A criação não está limitada à fraca parte que nossos instrumentos permitem descobrir; ela é infinita em sua imensidade. Longe de considerar-nos como habitantes exclusivamente do pequeno Globo, o Espiritismo demonstra que devemos ser os cidadãos do Universo.
505. Vamos do simples ao composto. Partidos do estado rudimentar, elevamo-nos, pouco a pouco, à dignidade de seres responsáveis. A cada conhecimento novo entrevemos mais vastos horizontes e experimentamos maior felicidade. Longe de pôr nosso ideal numa ociosidade eterna, cremos, ao contrário, que a suprema felicidade consiste na atividade incessante do espírito, no seu conhecimento cada vez maior e no amor que se desenvolve à proporção que avançamos na estrada árdua do progresso. É o amor o motor divino que nos arrasta para esse foco radiante que se chama Deus!
506. Compreende-se que essas ideias nos obriguem a admitir a pluralidade das existências, ou seja, a lei da reencarnação. Quando se pensa, pela primeira vez, na possibilidade de viver grande número de vezes na Terra, em corpos humanos diferentes, a ideia parece bizarra; quando, porém, se reflete na soma enorme de aquisições que devemos possuir para habitar a Europa, na distância que separa o selvagem do homem civilizado e na lentidão com a qual se adquire um hábito, logo se vê desenhar a evolução dos seres e se concebem as vidas múltiplas e sucessivas, como uma necessidade absoluta imposta ao Espírito, tanto para adquirir o saber como para resgatar as faltas que se tenham podido cometer anteriormente.
507. A vida da alma, sob este ponto de vista, demonstra que o mal não existe, ou melhor, que ele é criado por nós, em virtude de nosso livre-arbítrio. Deus estabelece leis eternas que não devemos transgredir, mas se não nos conformamos com elas, ele nos deixa a faculdade de remir, por novos esforços, as faltas ou crimes cometidos. É assim que os Espíritos, ajudando-se uns aos outros, chegam à felicidade, que é o apanágio de todos os filhos de Deus.
508. Nossa filosofia enriquece o coração; ela considera os infelizes, os deserdados do mundo como irmãos a quem devemos socorrer. Pensamos, pois, que uma simples questão de tempo separa os mais embrutecidos selvagens dos homens geniais das nações civilizadas. O mesmo acontece no ponto de vista moral, e os monstros como os Neros e os Calígulas podem chegar ao mesmo grau de São Vicente de Paulo.
509. O Espiritismo destrói completamente o egoísmo. Ele proclama que ninguém pode ser feliz se não ama seus irmãos e não os ajuda a progredir moral e materialmente. Na lenta evolução das existências, podemos ser por diversas vezes e reciprocamente: pai, mãe, esposa, filho, irmão... Cimentam-se, assim, os poderosos laços do amor. É pelo auxilio mútuo que adquirimos as virtudes indispensáveis ao nosso adiantamento espiritual.
510. Nenhuma filosofia se elevou a mais alta concepção da vida universal, nenhuma pregou moral mais pura. É por isso que, detentores de uma parte da verdade, apresentamo-la ao mundo apoiada sobre as bases inabaláveis da observação física.
511. Ciência progressiva, o Espiritismo se baseia na revelação dos Espíritos. Ora, estes, à medida que progridem, descobrem verdades novas, de modo que seu ensino é gradativo e se amplia à medida que eles próprios se tornam mais instruídos.
512. Não temos dogmas nem pontos de doutrina inabaláveis; fora das comunicações dos mortos e da reencarnação, que estão absolutamente demonstradas, admitimos todas as teorias que se ligam à origem da alma e ao seu futuro. Em uma palavra, somos positivistas espirituais, o que nos dá incontestável superioridade sobre as outras filosofias, cujos adeptos estão encerrados em estreitos limites.
513. Demonstramos anteriormente que a alma é imortal, isto é, que quando o corpo que ela habita se destrói, ela não é atingida por essa transformação, conserva sua individualidade e pode ainda manifestar sua presença por intervenções físicas. Levanta-se aqui uma dificuldade. Como fazer compreender a ação da alma sobre o corpo?
514. Segundo a filosofia e segundo os Espíritos, a alma é imaterial, ou seja, não tem ponto algum de contato com a matéria que conhecemos. Não se pode conceber que a alma tenha propriedades análogas às dos corpos da natureza, pois que o pensamento, que dela é a imagem, a emanação, escapa a qualquer medida, a toda análise física ou química.
515. A fim de precisar bem o nosso pensamento, desejamos instruir nossos leitores sobre o sentido desta palavra imaterial, para que ela não se preste à confusão.
516. Pretendemos que nenhum estado da matéria pode fazer-nos compreender o da alma e, entretanto, a Ciência chegou a resultados surpreendentes quanto à divisão da matéria. Eis o que resulta das experiências de Crookes, na Academia de Ciências.
517. Sabe-se que esse físico tem uma teoria especial, segundo a qual as moléculas dos corpos gasosos podem mover-se por suas próprias forças, quando se lhes diminui o número, fazendo o vácuo. Para chegar a esse resultado é preciso operar com precisão extrema e empregar manipulações numerosas e complicadas. Crookes chegou a fazer o vazio de tal forma, que a pressão do ar no aparelho foi reduzida a um milionésimo de atmosfera. Nessas condições, manifestam-se os caracteres do estado radiante.
518. Habitualmente, os fenômenos novos, em física ou química, são produzidos por adição de matéria; é curioso verificar que aqui, ao contrário, efeitos de extrema energia resultam de uma subtração de matéria; foi reduzindo-a quase a nada, rarificando-a além do verossímil, que Crookes obteve os singulares fenômenos. Quanto mais ele retira a matéria, tanto mais surpreendente se toma a ação. É a física do nada, e fica-se tentado a perguntar se ele tem o direito de atribuir à matéria efeitos tão poderosos, quando fez tantos esforços por desembaraçar-se dela. Não deve subsistir equívoco a este respeito e não devemos julgar segundo a impressão de nossos sentidos aquilo que pode perfeitamente lhes escapar.
519. A Natureza vai muito além de nossas sensações; é preciso, pois, pormo-nos ao abrigo de nossos erros. Quando as mais aperfeiçoadas máquinas subtraíram de um espaço fechado tanto ar, tanto gás quanto foi possível, não se segue que muito ainda não possa lá ficar.
520. Crookes reduziu o conteúdo de seus tubos a um milionésimo do ar que conhecemos, e que é tão impalpável que o deslocamos a cada instante, sem ter consciência de que ele está em torno de nós. Pareceria que o milionésimo de coisa tão insignificante fosse para nós menos que nada. Esse julgamento é falso, como vamos ver.

Respostas às questões preliminares

A. Qual é, dos princípios do Espiritismo, o primeiro mencionado por Delanne?
A existência de Deus, motor inicial e único do Universo, em que se resumem todas as perfeições, levadas ao infinito. Deus é eterno e todo poderoso. Ninguém o pode conhecer na Terra, mas todos experimentam suas leis. Nosso entendimento é bem fraco, ainda, para elevar-nos até essas sublimes alturas, mas nos diz a razão que Ele existe, e os Espíritos, mais bem colocados que nós para lhe apreciarem a grandeza, inclinam-se com respeito diante de sua majestade infinita. (O Espiritismo perante a Ciência, Terceira Parte, Cap. III - As objeções.)
B. Qual o segundo princípio da doutrina espírita citado pelo autor desta obra?
A existência da alma, isto é, do eu consciente, imortal e criado por Deus. Deus fez todos os Espíritos iguais e os dotou de iguais faculdades para chegarem ao mesmo fim – a felicidade. É o eu consciente que adquire, por sua vontade, todas as ciências e todas as virtudes, que lhe são indispensáveis para elevar-se na escala dos seres.  (Obra citada, Terceira Parte, Cap. III - As objeções.)
C. Que disse Delanne sobre a alma e sua essência?
Primeiro, ele demonstrou que a alma é imortal, isto é, quando o corpo que ela habita se destrói, ela não é atingida por essa transformação, conserva sua individualidade e pode ainda manifestar sua presença por intervenções físicas. Segundo, que a alma é imaterial, ou seja, não tem ponto algum de contato com a matéria que conhecemos. (Obra citada, Quarta Parte, Cap. I – Que é o perispírito?)


Observação:
Para acessar a parte 19 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/07/o-espiritismo-perante-ciencia-gabriel_24.html




Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/h85Vsc, e verá como utilizá-lo e os vários recursos que ele nos propicia.




quinta-feira, 30 de julho de 2020



O Livro dos Médiuns

Allan Kardec

Parte 7

Continuamos o estudo metódico de “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, segunda das obras que compõem o Pentateuco Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em 1861.
Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.
Eis as questões de hoje:

49. A faculdade de vidência pode ser desenvolvida?
Sim. Mas, antes de mais nada, é preciso compreender que a vidência depende do organismo; ela guarda relação com a capacidade do fluido do vidente de se combinar com o fluido do Espírito. A faculdade pode, como todas as outras, desenvolver-se pelo exercício, mas é uma daquelas em que vale mais esperar o desenvolvimento natural do que provocá-lo, para prevenir a sobreexcitação da imaginação. (O Livro dos Médiuns, item 100, perguntas nos 26 e 27.)
50. Como se dão as alucinações?
As imagens chegadas ao cérebro pelos olhos aí deixam uma marca, que faz com que nos lembremos de um quadro como se o tivéssemos diante de nós, mas isto é sempre uma função da memória, porque não o vemos. Num certo estado de emancipação, a alma vê no cérebro e aí encontra estas imagens, aquelas sobretudo que mais a impressionaram, segundo a natureza das preocupações ou as disposições do Espírito: é assim que aí encontra a marca de cenas religiosas, diabólicas, dramáticas, mundanas, figuras de animais bizarros, que viu em outras épocas em pinturas ou mesmo em narrações, porque as narrações deixam também suas marcas. Assim a alma vê realmente, mas vê apenas uma imagem gravada no cérebro. No estado normal essas imagens são fugitivas e efêmeras, mas no estado de doença, com o cérebro mais ou menos enfraquecido, algumas imagens não se apagam como no estado normal, pelas preocupações exteriores. Aí está a verdadeira alucinação e a causa primária das ideias fixas. (Obra citada, item 113.)
51. Que é bicorporeidade?
O Espírito de uma pessoa viva, isolado do corpo, pode aparecer noutro lugar, como o de uma pessoa morta, e ter todas as aparências da realidade; além disso, ele pode adquirir uma tangibilidade momentânea. Eis o fenômeno chamado bicorporeidade, que deu lugar às histórias de homens duplos, isto é, de indivíduos cuja presença simultânea foi verificada em dois lugares diferentes. É o que se deu com Santo Alfonso de Liguori e Santo Antônio de Pádua, como nos relata a história eclesiástica. O fenômeno da bicorporeidade é uma variedade das manifestações visuais e repousa nas propriedades do perispírito, que, em dadas circunstâncias, pode tornar-se visível e mesmo tangível. (Obra citada, itens 114 e 119.)
52. O sono é necessário para que a alma apareça em outros lugares?
Pode ocorrer o fenômeno sem que o corpo adormeça, conquanto isso seja muito raro; nesse caso o corpo não está jamais num estado perfeitamente normal, mas num estado mais ou menos extático. A alma, então, abandona o corpo, seguida de uma parte de seu perispírito que, graças à outra parte, que permanece ligada ao corpo, constitui o laço de ligação entre a matéria e o Espírito. (Obra citada, item 119, parágrafos 1 e 3.)
53. O corpo pode morrer na ausência da alma?
Durante a vida corpórea, a alma não está jamais completamente desligada do corpo. Os Espíritos e os videntes reconhecem o Espírito de uma pessoa encarnada por uma estria luminosa que acaba em seu corpo, fato que nunca ocorre quando o corpo está morto, porque então a separação é completa. É por esse laço que o Espírito é avisado, instantaneamente, qualquer que seja a distância em que estiver, da necessidade que o corpo tem de sua presença, e então volta com a rapidez do relâmpago. Daí resulta que o corpo jamais pode morrer durante a ausência da alma e que jamais pode acontecer que esta, em sua volta, encontre a porta fechada, como certos romances fantasiosos relatam. (Obra citada, item 118.)
54. Que é transfiguração?
A transfiguração consiste na mudança do aspecto de um corpo vivo. O fato pode ter por causa, em certos casos, uma simples contração muscular que dá à fisionomia uma expressão diferente, a ponto de tornar a pessoa quase irreconhecível. Mas isso não explica tudo. O Espírito pode dar a seu perispírito, como já vimos, todas as aparências e, por efeito de uma modificação na disposição molecular, dar-lhe a visibilidade, a tangibilidade e, por consequência, a opacidade. Essa mudança de estado se opera pela combinação de fluidos. Figuremos o perispírito de uma pessoa viva, não isolado, mas irradiando-se em redor do corpo de modo a envolvê-lo como um vapor. Perdendo o perispírito a sua transparência, o corpo pode desaparecer, tornar-se invisível, como se estivesse mergulhado numa névoa. Poderá mudar de aspecto, tornar-se brilhante. Um outro Espírito, combinando seu fluido com o do primeiro, pode aí imprimir sua própria aparência, de tal sorte que o corpo físico desaparece sob um invólucro fluídico exterior cuja aparência varia segundo a vontade do Espírito. (Obra citada, itens 122 e 123.)
55. Que são os agêneres?
Trata-se de uma espécie de aparição tangível: é o estado de certos Espíritos que podem revestir momentaneamente as formas de uma pessoa viva, a ponto de causar completa ilusão. Originário do grego, o vocábulo significa "aquele que não foi gerado", aplicando-se, portanto, aos chamados Espíritos materializados, denominação esta imprópria que designa os seres cujo perispírito tornou-se tangível, visível, fotografável, como se fosse uma pessoa viva. (Obra citada, item 125.)
56. Os Espíritos podem fabricar substâncias apropriadas a curar pessoas?
Sim, e esse fato é muito frequente. (Obra citada, item 128, parágrafos 12 e 13.)


Observação:
Para acessar a Parte 6 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/07/o-livro-dos-mediuns-allan-kardec-parte_23.html




Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/ZCUsF8, e verá como utilizá-lo.




quarta-feira, 29 de julho de 2020


Libertação

André Luiz

Parte 3

Estamos publicando neste espaço o estudo – sob a forma dialogada – de onze livros escritos por André Luiz, integrantes da chamada Série Nosso Lar.
Concluído o estudo dos cinco primeiros livros da Série, prosseguimos nesta data o estudo da obra Libertação, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada originalmente em 1949 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis as questões de hoje:

17. Como Matilde via seu filho Gregório, um Espírito votado ao mal que infundia medo em tanta gente?
Matilde o via como alguém que era preciso ajudar. Eis o que ela disse a Gúbio sobre Gregório: “Na pauta do julgamento humano comum, meu filho espiritual será talvez um monstro... Para mim, contudo, é a joia primorosa do coração ansioso e enternecido. Penso nele qual se houvera perdido a pérola mais linda num mar de lama e tremo de alegria ao considerar que vou reencontrá-lo. Não é paixão doentia que vibra em minhas palavras. É o amor que o Senhor acendeu em nós, desde o princípio. Estamos presos, diante de Deus, pelo magnetismo divino, tanto quanto as estrelas que se imantam umas às outras, no império universal". "Não encontrarei o Céu, sem que os sentimentos de Gregório se voltem igualmente para a Eterna Sabedoria.” (Libertação, cap. III, pp. 47 a 49.)
18. Que considerações fez Matilde a respeito da justiça divina?
Matilde disse que só aquele que sabe amar e suportar consegue triunfo nas consciências que se degradaram no mal. E acrescentou que o Senhor "nos enriquece para que enriqueçamos a outrem, dá-nos alguma coisa para ensaiarmos a distribuição de benefícios que Lhe pertencem, ajuda-nos a fim de que auxiliemos, por nossa vez, os mais necessitados”. “Mais recolhe quem mais semeia." (Obra citada, cap. III, pp. 49 e 50.)
19. Que é que, na região trevosa, mais impressionou André Luiz?
Apesar do quadro desolador que caracterizava aquela região, o que mais contristou a André foram os apelos cortantes que provinham dos charcos. Gemidos tipicamente humanos eram pronunciados ali em todos os tons. Mil indagações fervilhavam na mente de André, relativamente às árvores estranhas, às aves agoureiras e aos choros lamentosos, mas Gúbio, à maneira de outros instrutores, não se deteve para atender à curiosidade improfícua. (Obra citada, cap. IV, pp. 53 e 54.) 
20. Que fizeram Gúbio e André para modificar seu corpo espiritual?
Gúbio, Elói e André passaram a inalar as substâncias espessas que pairavam em derredor, como se o ar fosse constituído de fluidos viscosos. Elói estirou-se, ofegante, mas André, apesar de experimentar asfixiante opressão, buscou padronizar atitudes pela conduta do Instrutor, que tolerava a metamorfose, silencioso e palidíssimo. A voluntária integração com os elementos inferiores do plano os desfigurou enormemente. Pouco a pouco, sentiram-se pesados e André teve a impressão de que fora, de repente, religado outra vez ao corpo carnal, porque, embora se sentisse dono da própria individualidade, via-se revestido de matéria densa, como se fosse obrigado a envergar inesperada armadura. (Obra citada, cap. IV, pp. 54 e 55.) 
21. Quem são os gênios malditos e os chamados demônios?
Gúbio disse a André que os gênios malditos, os demônios de todos os tempos, somos nós mesmos, quando nos desviamos, impenitentes, da Lei. E que eles mesmos, Gúbio, André e os outros, já perambularam por aqueles sítios, mas os choques biológicos do renascimento e da desencarnação, mais ou menos recentes, não lhes permitiam o desabrochar de reminiscências completas do passado, diversamente do que ocorria com o Instrutor. (Obra citada, cap. IV, pp. 56 e 57.)
22. Que causas impunham a decadência da forma aos Espíritos que ali estavam?
O Instrutor explicou que milhões de indivíduos, depois da morte, encontram perigosos inimigos no medo e na vergonha de si mesmos. Nada se perde, no círculo de nossas ações, palavras e pensamentos. O registro de nossa vida opera-se em duas fases distintas, perseverando no exterior através dos efeitos de nossa atuação, e persistindo em nós mesmos, nos arquivos da própria consciência, que recolhe matematicamente todos os resultados de nosso esforço no bem ou no mal. Em qualquer parte, o Espírito move-se no centro das criações que desenvolveu. Defeitos e qualidades o envolvem, onde se encontre. (Obra citada, cap. IV, pp. 58 e 59.)
23. Havia ali indivíduos em estágio evolutivo inferior ao da humanidade?
Sim. Aquela era uma colônia purgatorial de vasta expressão. "Quem não cumpre aqui dolorosa penitência regenerativa, pode ser considerado inteligência subumana”, disse Gúbio. “Milhares de criaturas, utilizadas nos serviços mais rudes da natureza, movimentam-se nestes sítios em posição infraterrestre." Em desenvolvimento de tendências dignas, candidatam-se à humanidade que conhecemos na Crosta. Situam-se entre o raciocínio fragmentário do macacoide e a ideia simples do homem primitivo na floresta. (Obra citada, cap. IV, pp. 60 e 61.) 
24. Na seleção que precedia o julgamento dos culpados, qual era o critério?
O critério foi assim explicado pelo Instrutor Gúbio: "A operação seletiva realiza-se com base nas irradiações de cada um". "Os guardas que vemos em trabalho de escolha, compondo grupos diversos, são técnicos especializados na identificação de males numerosos, através das cores que caracterizam o halo dos Espíritos ignorantes, perversos e desequilibrados." (Obra citada, cap. V, pp. 65 e 66.) 


Observação:
Para acessar a Parte 2 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/07/libertacao-andre-luiz-parte-2-estamos.html




Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/ZCUsF8, e verá como utilizá-lo.





terça-feira, 28 de julho de 2020



Inspire amorosamente

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Se não puder inspirar outro coração, também não seja perturbação; se não quiser amparar um alguém infeliz, não o empurre para sofrimento maior; se não for capaz de aliviar outro fardo, nunca o deixe mais pesado; se, por acaso, ainda não conseguir doar amor, não distribua palavras amargas ou frios olhares.
Em todos os dias, podemos ser estrelinhas brilhantes ou só noites escuras, podemos ainda favorecer belos sorrisos ou tristes olhos marejados. Há frequentemente as escolhas a serem feitas, mas sabe-se que é tão melhor fazer o bem, principalmente, sem olhar a quem, pois atitudes boas são bem-vindas a todos. Não me lembro, na história, que grandes nomes escolheram a quem ajudar.
Sabe-se que, em todo tempo e lugar, alguém – de cá ou de lá – nos observa. Às vezes, não percebemos nenhuma observação ou, em outro momento, podemos até perceber, e ainda não nos atentamos que, para algum observador, nos tornamos exemplos vivos. E se isso é tão certo como as flores na primavera, então que possamos inspirar as pessoas, com belas ações, nobres palavras, amor, carinho, ternura. Sabe-se também que as emoções registradas em nós serão associadas a cada pessoa que nos doou.
Quantos nos compartilham suas boas lembranças e quão bom é lembrarmo-nos dos gestos bondosos e inspiradores que melhoraram ou mudaram completamente a vida de outros. Quão bom também é sermos lembrados pela bela inspiração ou sentirmos as positivas inspirações ocorridas em nossa vida.
A natureza nos anima constantemente com sua beleza, bondade e generosidade. Em todo momento, ela nos deixa uma emoção e nos ensina a sermos inspiração amorosa para algum coração.
E hoje de manhã, um lindo pássaro registrou em mim uma bela emoção da qual sempre me lembrarei: seu profundo canto.

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/





Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/ZCUsF8, e verá como utilizá-lo.







segunda-feira, 27 de julho de 2020



Aqui estão algumas frases, locuções ou expressões muito usadas e, no entanto, incorretas:
1.  Às expensas de
2.  Em alto e bom som
3.  Duzentas gramas
4.  O garoto puxou o pai
5.  Almoço ao meio-dia e meio
6.  Benvindo a Gramado
7.  Simpatizei-me com ela
8.  Meu óculos sumiu
9.  De formas que
10. João raspa a barba todo dia
11. Ao ponto de chorar
12. Minha vizinha é pão-dura
13. Vive às custas do pai.
Feitas as correções, ei-las:
1.  A expensas de
2.  Alto e bom som
3.  Duzentos gramas
4.  O garoto puxou ao pai
5.  Almoço ao meio-dia e meia
6.  Bem-vindo a Gramado
7.  Simpatizei com ela
8.  Meus óculos sumiram
9.  De forma que
10. João rapa a barba todo dia
11. A ponto de chorar
12. Minha vizinha é pão-duro
13. Vive à custa do pai.




Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/ZCUsF8, e verá como utilizá-lo.




domingo, 26 de julho de 2020



Fred Hoyle, a panspermia e o Espiritismo

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De Londrina-PR

Existem muitas indagações propostas por estudiosos diversos cujas respostas só o tempo nos trará. Uma dessas perguntas diz respeito à origem do Universo, assunto sobre o qual muitas teorias já foram formuladas, embora nenhuma delas tenha conseguido reunir em torno de si a unanimidade das opiniões.
O astrofísico britânico Fred Hoyle, que desencarnou em 2001, aos 86 anos de idade, conquanto tenha sido o criador da expressão Big Bang, jamais aceitou a teoria que leva esse nome como explicativa do aparecimento do Universo.
Hoyle defendia proposta diversa e, no tocante ao surgimento da vida na Terra, era partidário da teoria da panspermia, segundo a qual as moléculas necessárias à vida teriam chegado ao nosso globo em meteoros e cometas, ideia perfeitamente compatível com o que os Espíritos superiores disseram sobre o assunto.
Os elementos orgânicos – informa a questão 45 de O Livro dos Espíritos, de Kardec – estavam, por assim dizer, antes da formação da Terra, em estado fluídico no espaço, entre os Espíritos ou em outros mundos, esperando a criação da Terra para começarem uma nova existência sobre o novo globo.
É compreensível a dificuldade que têm os cientistas em desvendar os mistérios relacionados com o Universo e sua origem, uma tarefa superior às possibilidades do homem moderno, que nem mesmo tem certeza de que a Terra exista realmente há 4,6 bilhões de anos.
Como as rochas mais antigas encontradas no planeta têm cerca de 3,5 bilhões de anos, idade baseada na medição da radioatividade delas, o globo existiria evidentemente há mais tempo. A conclusão é correta, mas ninguém pode afirmar com certeza se não existem na Terra rochas mais antigas que as examinadas, nem qual o tempo a mais que seria razoável para se definir, enfim, o que se pretende: a idade do planeta.
Ora, a dúvida acima mencionada envolve um único planeta, nem o maior, nem o menor do nosso sistema planetário. Qual não será, então, a incerteza se o tema for o Universo inteiro com seus bilhões de galáxias e sistemas planetários?




Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/ZCUsF8, e verá como utilizá-lo.