quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Pílulas gramaticais (172)


Em nosso idioma, as formas verbais do chamado imperativo afirmativo são derivadas das formas verbais que compõem o presente do indicativo e o presente do subjuntivo. 
Vejamos o verbo amar:

Presente do indicativo:
eu amo
tu amas
ele ou você ama
nós amamos
vós amais
eles ou vocês amam.

Presente do subjuntivo:
eu ame
tu ames
ele ou você ame
nós amemos
vós ameis
eles ou vocês amem.
Subentende-se, no subjuntivo, que a forma verbal seja precedida da conjunção “que”: Querem que eu ame. Desejam que nós amemos. Que tu ames muito, eis o meu sonho.

Imperativo afirmativo:
O imperativo afirmativo, no caso da segunda pessoa, é derivado do indicativo:
Ama (tu), derivado de “tu amas”, sem o “s” final 
Amai (vós), derivado de “vós amais”, sem o “s” final
As demais formas do imperativo afirmativo são derivadas do subjuntivo:
Ame (você)
Amemos (nós)
Amem (vocês)

Imperativo negativo:
Quanto ao imperativo negativo, todas as formas derivam-se do subjuntivo:
Não ames (tu)
Não ameis (vós)
Não ame (você).

*

Uma exceção a essa regra ocorre com o verbo “ser”, que nos oferece, no caso da segunda pessoa, as seguintes formas do imperativo afirmativo:
Sê (tu)
Sede (vós).
Nos demais casos, as formas do imperativo derivam do subjuntivo, como se dá com os demais verbos:
Seja (você)
Sejamos (nós)
Sejam (vocês)
Não sejas (tu)
Não sejais (vós).


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terça-feira, 29 de setembro de 2015

A pequenina que aprendeu a compartilhar


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Veio de muito longe, não sabia de onde. Algumas pessoas, durante o longo percurso, deram algo para ela comer e água para beber. E se instalou numa rua calma com casas grandes e muito bonitas. Já era quase noite quando chegou. Encolheu-se na calçada em frente a uma notável casa branca com belo e cuidado jardim. Ficou bem encolhidinha em frente ao portão pequeno, ao lado do da entrada da garagem.
Seus olhos, um pouco desesperançosos e solitários ‒ pois quem a adotara, simplesmente não a quis mais e a colocou na rua –, imploravam, lacrimosos, por alguma atenção; ela precisava tanto de comida e de carinho. De repente, uma pequena cachorrinha com pedigree da luxuosa casa branca percebeu a presença daquela simples e grande cachorrinha de rua e, sem perder tempo, anunciou a estranha presença com um latido irritante e persistente. Um de seus donos apareceu para ver o que era, observou a pobre cachorrinha do lado de fora, mas nem se importou com ela. Pegou sua pequenina de raça com tanto amor e carinho e fechou a porta na cara da pobre cachorrinha abandonada.
Aquela noite foi bem fria, mas finalmente os raios de sol começaram a aparecer para aquecer o animalzinho sem um lar que passara a noite no relento frio e úmido. Ela olhava para a porta, tinha a esperança de alguém abri-la e alguma coisa lhe ser oferecida... um pouco de água, um cobertorzinho e alguma comida, mas apenas o que aconteceu foi o latido da cachorrinha moradora. E os olhos bondosos da vira-lata encontraram os da pequena com pedigree. Mais uma vez, o dono a chamou e fechou a porta sem sequer querer perceber a doce criatura na calçada.
A pequena moradora, muito curiosa, insistia em observar a outra cachorrinha do lado de fora. Pela terceira vez, ela correu para a frente da casa, mas sem latir, pois compreendeu que se não fizesse alarde, poderia ficar mais tempo para conhecer melhor a visitante da hora. E as duas, com um pouco de estranhamento por parte da com pedigree, começaram a se cheirar através dos vãos das grades. A cachorrinha abandonada tinha pura bondade no olhar. Assim, a com pedigree logo voltou para dentro, estava com fome e foi até sua tigelinha sempre com ração boa e fresquinha.
Ninguém, até aquele momento, havia oferecido qualquer coisa que fosse para a doce criatura na calçada; pelo menos o sol a aquecia.
Durante a refeição da pequenina com pedigree algo muito especial aconteceu. Ela, aparentemente, apenas com o instinto de satisfazer sua fome, sentiu-se sensibilizada com a pobrezinha do lado de fora. Parou de comer, bebeu um pouco de água e correu para ver se a outra cachorrinha ainda estava na calçada. Depois de constatado, ela, então, correu até sua tigela e, com cuidado, levou-a arrastando pela boca até a direção do vão da grade onde a cachorrinha abandonada estava. Em seguida, correu para buscar a outra tigela com água que, mesmo com cuidado, chegou quase sem nada. Mas, por infelicidade, as tigelinhas eram maiores do que o espaço entre um ferro e outro. Os olhos da cachorrinha abandonada baixaram: “O que será de mim?”, pareceu ser o seu pensamento. No entanto, a pequenina com pedigree não desistiu e seus olhinhos se tornaram ainda mais brilhosos, havia tido uma ideia.
Ela olhou bem nos olhos da grande vira-lata e, decidida, pegou um grãozinho de ração e se aproximou do vão para dar na boca da cachorrinha bondosa na calçada. E, assim, muitos grãos alimentaram, com consideração e carinho, a visitante. A delicadeza com que uma doava e a outra recebia era muito emocionante de se ver, como ocorreu com o dono que, de dentro da sala através do cantinho da janela, observou toda a atitude amorosa.
Depois de comer, ficou com sede, mas a pequenina de dentro não teve nenhuma ideia para dar a água. Uma sombra bem grande surgiu sobre as duas, era o dono da menorzinha. A cachorrinha de fora abaixou a cabeça, estava com medo do que lhe pudesse acontecer. A com pedigree abanou o rabinho e sorriu com os olhos ao vê-lo.
O homem, com calma, abriu o portão e a sua pequenina ficou do lado de dentro e a vira-lata, apreensiva, ouviu as seguintes palavras:
– Chega de sofrer! Venha, minha querida, entre no lar que, a partir de agora, também será seu.
A cachorrinha maior, ainda um pouco assustada, entrou devagar, receosa, bebeu o restinho de água da tigela, recebeu um afago na cabeça do seu novo dono e ao lado da pequenina de latido insistente e irritante caminhou para a sua nova vida.
Haverá as infelicidades e as decepções, mas o amor sempre existirá para curar as dores de um coração.

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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

As mais lindas canções que ouvi (157)


Canção da Alegria Cristã

Leopoldo Machado e Oly de Castro


Somos companheiros, amigos, irmãos
Que vivem alegres pensando no bem.
A nossa alegria é de bons cristãos,
Não ofende a Jesus, nem fere a ninguém.

A nossa alegria
É bem do Evangelho,
Vibra e contagia
Da criança ao velho.

Mesmo entre perigos
Daremos as mãos,
Como bons amigos,
Como bons cristãos.

Sempre ombro a ombro,
Sempre lado a lado,
Vamos trabalhar com muita alegria
Pelo Espiritismo mais cristianizado,
Pela implantação da paz e harmonia.

A nossa alegria
É bem do Evangelho,
Vibra e contagia
Da criança ao velho.

Mesmo entre perigos
Daremos as mãos,
Como bons amigos,
Como bons cristãos.


Você pode ouvir a canção acima na voz dos intérpretes abaixo, clicando nos respectivos links:
Marcelo Daimom, Thiago Brito e Ricardo Sardinha - https://www.youtube.com/watch?v=jQwWUQA3wm8




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domingo, 27 de setembro de 2015

No mundo, ninguém é proprietário de nada; somos meros usufrutuários


Os casos de corrupção que a cada dia vêm à tona, envolvendo políticos e até mesmo ex-religiosos que optaram por servir a Mamon, evidenciam como ingênuos e despreparados são certos indivíduos a quem, em data recente, confiamos o nosso voto, certos de que elegíamos pessoas sérias e idealistas que supúnhamos haver ingressado na política para servir ao povo, e não servir-se.
Consideramo-los ingênuos, não porque foram imprudentes e deixaram pelo caminho marcas e sinais dos seus atos inconfessáveis. Mas, sim, porque se esqueceram de que todos os patrimônios da vida pertencem a Deus e, por isso, tenham sido adquiridos lícita ou ilicitamente, haverão um dia de ser restituídos.
Uns, evidentemente, os restituirão com a consciência tranquila e em paz. Quanto aos outros... é melhor nem pensar!
Uma das grandes contribuições de André Luiz para os que leem seus livros foi haver exemplificado o que ocorre com aqueles que, tendo vindo à crosta planetária com determinada tarefa, fracassaram nos seus propósitos.
Na obra Os Mensageiros, publicada pela FEB em 1944, André Luiz apresenta-nos inúmeros casos assim. Vicente, Otávio, Acelino, Mariana, Ernestina, Joel, Belarmino, Monteiro,  Alfredo – eis personalidades que, movidas pelo remorso, relataram, em todas as suas minúcias, o malogro em que se transformaram suas derradeiras existências.
Em todas elas, uma causa praticamente comum aparece de forma nítida, como o instrutor Tobias, da colônia “Nosso Lar”, explicou a André Luiz, ao conduzi-lo até o Centro de Mensageiros, no Ministério da Comunicação da mencionada colônia.
André ficara deslumbrado com a série de majestosos edifícios que compunham a sede da instituição. Parecia-lhe que encontrava ali algumas universidades reunidas, tal a enorme extensão deles. Pátios amplos, arvoredos, jardins... O Centro era, de fato, muito vasto e ali situavam-se apenas a administração central e alguns pavilhões destinados ao ensino e à preparação em geral.
A finalidade do Centro de Mensageiros é o preparo de pessoas, para que se transformem em cartas vivas de socorro e auxílio aos que sofrem no Umbral, na Crosta e nas Trevas.
Ali se preparam numerosos companheiros para a difusão de esperanças e consolos, instruções e avisos, nos diversos setores da evolução planetária.
Organizam-se turmas compactas de aprendizes para a reencarnação.
Médiuns e doutrinadores dali saem às centenas, anualmente.
Tarefeiros do conforto espiritual encaminham-se para os círculos carnais, em quantidade considerável, habilitados pelo Centro de Mensageiros.
São muito raros, porém, os que triunfam. Alguns conseguem execução parcial da tarefa, outros fracassam de todo.
Eis a explicação dada por Tobias:

“Raros triunfam, porque quase todos estamos ainda ligados a extenso pretérito de erros criminosos, que nos deformaram a personalidade. Em cada novo ciclo de empreendimentos carnais, acreditamos muito mais em nossas tendências inferiores do passado, que nas possibilidades divinas do presente, complicando sempre o futuro. É desse modo que prosseguimos, por lá, agarrados ao mal e esquecidos do bem, chegando, por vezes, ao disparate de interpretar dificuldades como punições, quando todo obstáculo traduz oportunidade verdadeiramente preciosa aos que já tenham "olhos de ver". (Os Mensageiros, cap. 3, pág. 24.)

Aprendemos no Espiritismo que na esfera carnal o maior interesse da alma deve ser a realização de algo útil para o bem de todos, com vistas ao Infinito e à Eternidade.
Nesse propósito, é indispensável contar com o assédio de todos os elementos contrários. Ironias, ataques, sugestões inferiores surgirão, com certeza, no caminho de todo trabalhador fiel. Essas são, pois, circunstâncias lógicas e fatais do serviço, porque ninguém vem ao mundo físico para descanso injustificável, mas para lutar por sua própria melhoria, a despeito de todo impedimento fortuito.
Apropriar-se dos recursos que a comunidade entrega aos administradores públicos é algo que não se concebe e que muitos sofrimentos acarretará a todos que, crendo-se imunes aos tentáculos da lei humana, não fugirão ao julgamento do tribunal da própria consciência, como André Luiz nos mostrou na obra a que nos reportamos.


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sábado, 26 de setembro de 2015

A volta do boêmio



JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Algo de muito grave está ocorrendo naquela republiqueta: a tesoureira mor do partido dominante foi condenada a 30 anos de prisão. Mais de milhão de assinaturas pedem o impeachment do presidente, o que deixou em polvorosa a cúpula governamental, e, em conclusão da operação “leva jeito”, o STF aceitou a denúncia do MP contra o desvio de bilhões para as contas de dezenas de políticos e seus cúmplices, de todos os partidos, entre os quais: Dirce Joseph, Sincero Soares, Edu do Cunho, Alfonsinho Hanneman, João das Vaccas, Iuri Selfie e Jerônimo, o herói do sertão, este, o mais perigoso.
Nessa operação foram desviados vinte vezes mais dinheiro que o existente em todo o meu Rio de Janeiro.
Dizem que tudo foi planejado na casa do civil Jerônimo...
Na maior cidade da republiqueta está sendo realizado um show de rock, e aqui está a notícia bomba: não há rock e sim um barulho infernal de um milhão de vozes que gritam mais do que os roqueiros, dia e noite, noite e dia:
— Nosso país está desgovernado,
esses políticos que aqui estão
roubaram muito mais que o mensalão,
fora governo desavergonhado!
E a multidão repete o refrão:
— Fora governo desavergonhado! Fora governo desavergonhado!
Ouvi dizer que Jerônimo, o herói do sertão, saiu a campo e articula o governo para que tudo vire pizza. Uma de suas frases preferidas é a seguinte: “Jamais na história desta republiqueta houve um governo tão popular como o meu”.
Há controvérsias, porém. Nos EUA, estão pedindo 40 milhões para libertar um ex-presidente da CBF. Já na republiqueta, um dos condenados que desviou 40 milhões foi multado em 400 mil... E isso não é nada popular.
— Minha conclusão, Machado, é que o problema não é o criminoso, mas sim o crime... Ou será o contrário? Estou tão confuso...
— Deixemos essa dúvida filosófica para lá e vamos ao que nos interessa. Em razão dos graves acontecimentos atuais da dita nação, também Lampião tem acionado seus jagunços para criar mais confusão. Logicamente, ele não se furtou em convidar Maria Bonita para trabalharem juntos nessa barafunda que se tornou a república Boêmia. Quanto mais confusa ficar a população, mais tempo se ganha e mais dinheiro se rouba, com o louvável intuito de melhorar a vida política dessa desnaturalizada nação.
 — Alguém mais foi convidado, ó Machado?
— Antônio Conselheiro... mas seus conselhos não estão sendo levados muito a sério, pois sua ideia maluca é a de que “o sertão virou mar e o mar virou sertão”.
— Bem... se pensarmos na má gestão da Cantareira em São Paulo, é provável que...
— Calma aí, Joteli, estamos falando da republiqueta Boêmia. Não mude de assunto!
— Ok, amigo. Mas diga-me uma coisa: esse tal Jerônimo não é de Pernambuco?
— Mais exatamente de Garanhuns. E, embora tenha doze irmãos, um deles, ao ser perguntado se todos são vivos, respondeu que só um é vivo: Jerônimo, o herói do sertão. Os outros são normais...
— É, Machado, estás ficando velho... Já não consegues distinguir a ficção com a realidade. Afinal, quem é que mudou de assunto, eu ou você?
— Sei lá... Agora me aparece Nélson Rodrigues, trazendo pelo braço Nélson Gonçalves, que canta A volta do boêmio, pode?
— Pode. Clique aqui, leitor amigo, e ouça a bela interpretação do barítono Nélson Gonçalves: http://letras.mus.br/nelson-goncalves/47650/.





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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A amizade é algo valioso que é preciso manter e cultivar


Depois de perder os pais, Roscoe, um orangotango de três anos de idade, que vemos na foto abaixo, estava tão deprimido que se recusava a comer e não respondia muito bem aos tratamentos e remédios.
Os veterinários achavam que ele iria se entregar à morte.
Um velho cão foi encontrado perdido nos arredores do zoológico e, quando levado para dentro da sala de tratamento, encontrou-se com o orangotango e os dois tornaram-se amigos inseparáveis desde então.
O orangotango encontrou uma nova razão para viver e se esforça ao máximo para fazer seu novo amigo acompanhá-lo em suas atividades.
Eles vivem no norte da Califórnia e a natação é o esporte favorito de ambos, embora Roscoe (o orangotango) ainda tenha um pouco de medo da água e precise da ajuda do amigo para atravessar a nado.
Eles passam o tempo todo juntos e podemos ver, pelas fotos, quanto são felizes.
Juntos descobriram o lado engraçado da vida e o valor da amizade. Encontraram mais do que um ombro amigo para debruçar...





A amizade é algo precioso e até os animais demonstram que sabem disso.
Viva a AMIZADE!


***

Juntamente com o relato acima transcrito, recebemos da mesma pessoa, uma amiga que estimamos muito, este lindo poema que Cora Coralina escreveu:

Saber Viver

Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura....
Enquanto durar.

A notável poeta tem razão. A vida não tem sentido se não tocamos o coração das pessoas. E é por isso que todos os dias aqui estamos, ofertando ao leitor uma breve mensagem, seja na forma de crônica, de poesia ou de canção, com o singelo propósito de levar a todos uma palavra que toque o sentimento de todos que nos leem.


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quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Pérolas literárias (117)


Culpa e resgate

Antônio Valentim da Costa Magalhães


– Senhora, compaixão! – a moça triste implora.
– Não merece perdão a mulher que se aluga!...
Acabarei contigo, infame sanguessuga!... –
Grita no espancamento a impassível senhora.

A vítima doente anseia, tomba e chora,
Tremendo, a soluçar, sob o pé que a subjuga...
Rompe-se um grande vaso... E o sangue rola em fuga.
A morte arranja o fim... Tudo é silêncio agora...

A ré que ninguém viu, como se nada houvera,
Continua a viver qual flor na primavera,
Mas a Lei vigilante assinala-lhe a trilha.

E antes que a dama nobre em remorsos se adentre,
A alma da moça triste acolhe-se-lhe ao ventre
E ela estende-lhe o seio, enlaçando-a por filha...



Diretor-fundador do célebre jornal literário A Semana e membro fundador da Academia Brasileira de Letras, Valentim Magalhães foi romancista, poeta, crítico literário, teatrólogo, contista e jornalista. O soneto acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra psicografada pelos médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier.



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quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Pílulas gramaticais (171)


A locução “próximo de” não varia, nem quanto ao gênero, nem quanto ao número.
Assim, devemos escrever:
- O carro caiu próximo do rio.
- Os carros caíram próximo do rio.
- João morava próximo de sua escola.
- Nós morávamos próximo de nossa escola.
- Havia uma árvore muito grande próximo do rio.
- Havia cinco árvores muito grandes próximo do rio.
A situação muda de figura quando usamos o adjetivo “próximo”, em seguida a um verbo de ligação, caso em que o vocábulo “próximo” varia em gênero e número.
Verbo de ligação é assim denominado por ligar o predicativo ao sujeito. São exemplos de verbos de ligação: ser, andar, estar, ficar.
O adjetivo “próximo”, em face disso, varia nos casos seguintes:
- Meus primos eram bem próximos de nós.
- Eles ficaram próximos de nós.
- A casa de minha avó era próxima de nossa casa.
- Meninos, atenção: estejam próximos de nossa barraca.
- Joana estava próxima da margem do rio.
- Irmãos em Cristo, sejamos próximos uns dos outros.


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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Primavera


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Sim. O espetáculo delicado e colorido, mais uma vez, vem celebrar a vida; a primavera está chegando. Vem mansinha, espera o seu tempo para se apresentar, cuida de cada árvore para que, assim, possam todas florir. Há as que, mais ansiosas, dão floradas antecipadas, pois querem logo dizer: “Sorriam... a vida é a mais nobre flor a enfeitar a eternidade”. Há também as que respeitam fielmente seu tempo natural e nem mais cedo nem mais tarde dão suas flores, mas na hora certa presenteiam a paisagem como o dourado do sol.
O ar fica leve e perfumado; a energia benfazeja é borrifada em todos os rincões... para as crianças e os adultos; os bebês e os mais vividos; os animaizinhos que na terra vivem, os que voam na liberdade do ar, os que nadam na água doce e os que nadam na do mar; essa pureza está para todos, é mais um presente de Deus.
Parece que os instrumentos de uma linda melodia ecoam todo tempo e visitam cada pedacinho de lugar levados pelo vento de gostoso aroma junto com a calma longa e breve das notas musicais. A primavera deseja espalhar a paz como as abelhas fazem com os polens das flores, a primavera quer compartilhar a certeza de que na vida o amor é o maior dos sentimentos e totalmente restaurador das almas daqui e das de lá.
As flores coloridas e as árvores decoradas querem celebrar a bondade de, outra vez, terem recebido o regalo que é viver... a grande oportunidade de aqui nós todos podermos nos melhorar.
Cada estação traz sua vivência e expectativa. No entanto, a primavera é a mais brilhante e cheia de vida, ela é o entusiasmo e o maior exemplo de que a alegria, a leveza, a bondade podem, sim, reorganizar a estrada e deixar os passos mais suaves e uma maior possibilidade de boas conquistas.
Os cata-ventos coloridos como as flores estão nas mãos das crianças que se encantam com sua rápida rotação; o vento é agradável mas veloz, ele também está radiante com a estação. Assim são os bons pensamentos e sentimentos... quanto mais bondosos, a energia dessas emoções gira mais rápido.
A natureza, mesmo com certa debilidade ocasionada pelas atitudes dos humanos, segue seu propósito e nos ensina que o valor deve ser destinado a coisas realmente notáveis que beneficiem o maior número de seres, ainda nos ensina que quando nos preocupamos com questões de âmbito apenas individual nos isolamos em conchas solitárias... tristes... frias... existentes em todos os lugares onde houver corações com a semelhante vibração.
É tempo de alegria, de reconciliação, de amar quem ainda não se pôde, é tempo de se redefinirem melhores escolhas coletivas e de iniciar a compreensão de que há uma só família; a natureza continuamente ensina isso. É tempo de observar o tranquilo movimento que as flores fazem em sintonia com suas folhas, elas não desperdiçam energia movimentando-se para lados contrários, elas respeitam o vento que as balança.
E agora, a cada um, ofereço a flor mais delicada e com a qual o seu coração mais se identifica, ofereço ainda um sopro suave de carinho e muita paz e um abraço fraterno e acolhedor. Ofereço-lhe também a doçura na palavra e a ternura no olhar e uma certeza abençoada de que com amor tanto ao pequenino gesto quanto à eminente ação é o mais perfeito caminho para se conquistar a verdadeira felicidade e alcançar os degraus da evolução. A natureza, ininterruptamente, nos ensina as grandes lições.
Mais um brilhante reluzindo, mais uma etapa iniciando, mais uma vez a primavera nos orienta e nos anima apresentando a linda estrela que brilhará para a eternidade: o dom da vida.

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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

As mais lindas canções que ouvi (156)


Amanhã, talvez

Michael Sullivan e Paulo Massadas


Faz, que desse jeito
Só você sabe fazer,
Olhos nos olhos,
Tanta vida pra viver
Charminho doce,
Pedacinho de você.

Diz a frase certa,
Só você sabe me abrir,
É só assim
Que eu consigo descobrir
Como é gostoso
Me entregar e te sentir...

É, quando se ama
A gente finge que não vê
Que o tempo passa
E mais um pouco de você,
Melhor assim,
Bom pra você, melhor pra mim.
E amanhã
Quem sabe a gente outra vez

Só mais uma vez
Amanhã, talvez.
Só mais uma vez
O amor que a gente fez.

Só mais uma vez
Amanhã, talvez.
Só mais uma vez
O amor que a gente fez.


Para ouvir esta canção, na voz de Joanna, clique em  https://www.youtube.com/watch?v=PV4pijJtZ88



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domingo, 20 de setembro de 2015

Não confundamos pacifismo com passividade


Algumas mensagens que têm sido divulgadas nas chamadas redes sociais falam do drama que os cristãos vêm enfrentando nos últimos anos, decorrente dos ataques desferidos na Ásia pelo grupo terrorista denominado Estado Islâmico e na África pelos fundamentalistas do Boko Haram. Esta denominação origina-se de uma expressão que, na língua local, quer dizer: “educação não islâmica é pecado”.
Uma das localidades africanas mais afetadas, pelo menos no que se refere ao que a imprensa tem divulgado, é a cidade nigeriana de Baga, localizada no Estado de Borno. No início deste ano, o jornal português Observador informou: “Desde o fim do ano, mais de 10 mil pessoas abandonaram a região com medo da chegada dos terroristas”. “A carnificina humana levada a cabo pelos fundamentalistas do Boko Haram em Baga é enorme”, declarou Muhammad Abba Gava, porta-voz dos combatentes civis que tentavam frear o avanço dos terroristas do Boko Haram, cujo objetivo é implantar a qualquer custo um Califado na região, nos mesmos moldes do que pretendem os jihadistas do Estado Islâmico, que vem espalhando o terror em vastas regiões do Iraque e da Síria e provocando essa onda de refugiados que vem comovendo o mundo todo.
Os próprios extremistas confessam a autoria dos crimes. Em um vídeo postado no YouTube, seu líder reivindicou o assalto à cidade de Baga, que deixou centenas de mortos. "Matamos o povo de Baga. Matamos tal como nosso Deus pediu para fazermos em seu livro", declarou Abubakar Shekau. No vídeo, Shekau aparece diante de quatro caminhonetes e ao lado de oito homens armados e com os rostos cobertos. "Não vamos parar. Isto não foi nada, vocês vão ver", disse o líder do Boko Haram sobre o massacre de Baga, qualificado pela Anistia Internacional como o maior e mais destruidor ataque nos seis anos de revolta do grupo islâmico.
Desde 2009, a insurreição islâmica e sua repressão pelas forças nigerianas deixaram mais de 13.000 mortos e 1,5 milhão de refugiados. Não se trata, pois, de algo passageiro e desimportante, como reconheceu a Agência vaticana Fides: “A crise no nordeste da Nigéria está se estendendo cada vez mais aos países vizinhos, com ameaças, como as de um vídeo atribuído ao líder do Boko Haram, Aboubakar Shekau, contra o Presidente dos Camarões, Paul Biya”. No vídeo ele ameaçou “aumentar a violência nos Camarões se o país não abolir a Constituição e adotar a lei do Islã”.
O alvo preferencial são, contudo, como todos reconhecem, os cristãos. De acordo com nota distribuída pela Agência Ecclesia no início deste ano, “cerca de mil igrejas cristãs na Nigéria foram destruídas nos últimos quatro anos”. Segundo declaração atribuída ao pe. Gideon Obasogie, responsável pelas comunicações sociais na diocese de Maiduguri, capital do Estado de Borno, no nordeste da Nigéria, “só entre os meses de agosto e outubro de 2014, foram saqueadas e incendiadas naquele território pelo menos 185 igrejas”. O sacerdote avalia que “190 mil pessoas tiveram que fugir de suas casas para escaparem à morte e muitas outras já perderam a vida”.
Nosso planeta passa, como vemos, por uma convulsão jamais vista.
Terrorismo na Ásia e na África. Racismo e preconceito até nos campos de futebol. Guerras, guerrilhas e atentados que não escolhem tempo nem local. Corrupção generalizada no mundo todo, sobretudo no Brasil – e ainda houve quem criticasse o teor do editorial “Que país é este?”, publicado na edição 403 da revista “O Consolador” – http://www.oconsolador.com.br/ano8/403/editorial.html –, que alguns leitores, ingenuamente e certamente alheios ao que ocorre no mundo, atribuíram a um surto de partidarismo e má vontade para com os que governam o Brasil.
Comodismo e passividade em nada contribuirão para que os fatos acima descritos deixem um dia de existir. Já passou da hora de meditarmos na sutil advertência contida na questão 932 d´O Livro dos Espíritos:

– Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons? “Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão.” (L.E., 932.)

Não nos consideramos bons nem melhores que ninguém, mas rejeitamos essa apatia, essa indiferença, essa inércia que caracterizam boa parte da imprensa espírita e, por extensão, muitos espíritas que confundem pacifismo com passividade.



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sábado, 19 de setembro de 2015

Os urubus e a economia brasileira


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Você deve estar lembrada, leitora amiga, da conversa que tive com as pombas, no Rio de Janeiro, no dia 23 de agosto de 1896. Há poucos dias, portanto... Saiu n’A Semana.
Passara num banco onde estivera para obter notícias do câmbio e... para encurtar a história, relatei-lhe que o câmbio oscilava, mas não subia dos nove réis. Repentinamente, fui informado que o câmbio baixara à casa dos oito, o que, para os especuladores era mau agouro, principalmente pela possibilidade desse fato ocorrer avant la lettre (1) .
O que poderia suceder quando o estado definitivo fosse definido para baixo? O preço das minhas calças, na Rua Primeiro de Março, subiria aos céus.
Fui andando e vi a igreja da Cruz dos Militares... Cruz! Deus me livre de nova intervenção... Já basta o Ministério Público, o juiz Sérgio Moro, o STF... Ops, esqueci-me de que estou no século XIX, embora as coincidências com o século XXI... Pause!
De repente, o que vejo hoje? Não três pombas, mas sete corvos. Lembrei-me, então, de um dos versos do soneto “Budismo moderno”, de Augusto dos Anjos: “Ah! um urubu pousou na minha sorte”. Foi quando pensei: Que são os devaneios bachelardianos ante tais aves?  Também a elas se referiu, entretanto, Jesus, quando nos pediu para olhar “as aves do céu”.
Sim, amigo leitor, “elas não semeiam, não segam, não ajuntam nos celeiros os provimentos”... antes, observam do espaço os seres que aqui embaixo jazem sem vida e insepultos para se banquetearem de suas carcaças. Já imaginou se todos agissem com a sabedoria dos urubus? Ninguém precisaria se preocupar com a alta do dólar, pois não comemos dólar.
Foi quando ouvi a proposta de um dos sete urubus que “pousaram em minha sorte”:
— Propomos ao povo brasileiro que não mais trabalhe. Basta-lhe observar a natureza e suas sábias leis. No momento oportuno, pegue uma mandioca, nos vastos campos da nação e alimente-se dela. Ou melhor, com os conhecimentos inúteis que a civilização atual alcançou, reproduza seus alimentos, em três dimensões, num dos modernos computadores que o Estado colocará, por minha sugestão, à disposição de todo o povo brasileiro e... bom apetite.
Outro corvo falou:
— Quanto aos estudos, “ó gente incrédula, até quando te suportarei?” Atém-te àquilo que te proporcione ser mais esperto que teu semelhante. Não haverá mais escolas, pois o real sumiu do país, os preços das mensalidades estão exorbitantes e o Estado aboliu a escola pública. Deixemos os 30 ou 40 bilhões desviados (versão oficial) nos bancos dos “paraísos fiscais”. Ninguém mais aqui precisará de papel-moeda. Afinal, cá, em se plantando, tudo dá.
— Hospital para quê, criatura de Deus? Disse uma terceira ave preta. Se é que você acredita nesse Ser que nos enviou um Messias em que quase ninguém mais crê. Ora, já se viu! andar sobre águas, ressuscitar mortos, multiplicar quatro pães e dois peixes e, com eles, alimentar cerca de 4 ou 5 mil pessoas? Absurdo! Isso são histórias... A não ser que os pães e peixes fossem de Itu, onde tudo é gigantesco... Adoeceu, trate-se com ervas. Morreu, enterre em qualquer buraco, para adubar esta terra que já existia e era povoada por seus antepassados muito antes de Cabral aqui chegar.
Foi então que percebi haver ali urubus de outras cores: um era branco; outro, amarelo; outro mais era azul e o último... vermelho. O branco trazia no pescoço uma fita onde se lia paz; o amarelo ostentava uma espiga de milho descascada em seu bico; o azul estava de costas para os demais (Crocitaram seus colegas que era devido à sua mania de grandeza.); e, por fim, o vermelho liderava todos os demais. Fora ele quem passara as instruções a seus colegas para acalmarem o nosso povo. Suas últimas palavras foram as seguintes:
— Povo tupiniquim! a partir de hoje, nossa bandeira terá uma só cor: a minha. Tudo será de todos e todos serão de tudo...
Foi quando resolvi pegar meu jatinho e me mudar para a Suíça. Mas, então, me lembrei: que jatinho?!

(1) Avant la lettre: antes do seu tempo.




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