domingo, 31 de março de 2013

As irmãs Fox, as pioneiras do Espiritismo


No dia 31 de março completam-se 165 anos desde a eclosão
dos fenômenos de Hydesville, que deram origem ao Espiritismo e tornaram célebres as meninas Kate e Margareth Fox

Em matéria de Espiritismo, duas datas são importantes: 31 de março de 1848, que assinala o início dos fenômenos que deram origem ao Espiritismo, e 18 de abril de 1857, data em que surgiu “O Livro dos Espíritos”, contendo os princípios da doutrina espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens.
Em março de 1848 vivia em Hydesville, vilarejo modesto do estado de Nova York (Estados Unidos), a 32 km de Rochester, uma família que viera do Canadá, constituída então de quatro pessoas – o pai John Fox, a mãe Margareth e as filhas menores, Margareth, de 14 anos, e Kate, de 11 anos. Os outros filhos do casal moravam em outra cidade.
Ali a família se instalara no dia 11 de dezembro de 1847 em uma casa típica daquela região, feita de madeira, com dois pisos ligados por uma escada e contendo nos fundos uma adega.
Em janeiro de 1848 a família notou o surgimento na casa dos primeiros raps (pancadas), que consistiam em ruídos de arranhadura, às vezes de simples batidas, outras semelhantes ao arrastar de móveis, os quais eram ouvidos no teto, no soalho e nas paredes.
Os raps tornaram-se habituais na casa e foram se intensificando de tal modo que, ao chegar o dia 31 de março, a família já não conseguia suportá-los, visto que em algumas noites as próprias camas das meninas foram postas a tremer e elas, por medo, acabaram indo dormir com os pais.
Numa sexta - 31 de março de 1848 - a família recolheu-se mais cedo e ainda não eram 7 horas da noite quando os barulhos começaram. Kate, a mais jovem, resolveu então, entre nervosa e medrosa, propor ao agente invisível que produzia aquele incômodo: “Senhor Pé Rachado, faça o que eu faço”, e bateu palmas. Imediatamente seguiu-se a resposta, com o mesmo número de pancadas. Quando Kate parou, o som parou. Margareth pediu então, brincando: “Agora faça exatamente como eu. Conte um, dois, três, quatro” e batia palmas enquanto falava. Os ruídos se produziram como antes, repetindo suas palmadas. A menina teve, contudo, medo de prosseguir, mas Kate disse, em sua simplicidade infantil: “Oh! mamãe, eu já sei o que é. Amanhã é primeiro de abril e alguém quer nos pregar uma mentira”.

Embora de formação metodista, Kate e Margareth Fox eram
excelentes médiuns

A mãe, curiosa com o rumo dos acontecimentos, resolveu então fazer um teste.  “Pedi - disse ela - que fossem indicadas as idades de meus filhos, sucessivamente. Instantaneamente foi dada a exata idade de cada um, fazendo uma pausa de um para o outro, a fim de os separar, até o sétimo, depois do que se fez uma pausa maior e três batidas mais fortes foram dadas, correspondendo à idade do menor, que havia morrido. Então perguntei: - É um ser humano que me responde tão corretamente? Não houve resposta. Perguntei: - É um espírito? Se for, dê duas batidas. Duas batidas foram ouvidas assim que fiz o pedido. Então eu disse: - Se foi um espírito assassinado, dê duas batidas. Estas foram dadas instantaneamente, produzindo um tremor na casa. Perguntei: - Foi assassinado nesta casa? A resposta foi como a precedente.”
O relato acima mostra como se iniciou aquilo que Conan Doyle chamaria mais tarde de invasão espiritual, um movimento organizado pelos Espíritos com um propósito declarado: o advento do chamado Moderno Espiritualismo, nome com que o Espiritismo foi inicialmente designado, especialmente nos países de língua inglesa.
A família Fox professava a religião metodista, mas, comprovando que a faculdade mediúnica independe de crença, de lugar e de época, Kate e Margareth, as meninas da família, revelaram-se excelentes mé­diuns.
As manifestações ruidosas na casa do Sr. John Fox foram produzidas pelo Espírito de um mascate chamado Charles Rosma, que fora assassinado anos atrás naquela casa. Rosma indicou até mesmo o motivo do crime e onde seu corpo fora sepultado.
Na noite do primeiro diálogo com esse Espírito, Isaac Post, um dos moradores do vilarejo, teve a ideia de nomear em voz alta as letras do alfabeto, pedindo ao Espírito que batesse uma pancada quando a letra entrasse na composição das palavras. Desde esse dia ficou descoberta a telegrafia espiritual, processo que, com pequenas variações, seria aplicado no fenômeno das mesas girantes, e foi graças a ele que Charles Rosma pôde relatar sua breve história.
Submetidas a uma demonstração pública em Rochester,  as médiuns apresentaram-se em três ocasiões no Corinthian-Hall, o maior salão da cidade, comprovando de maneira cabal a realidade das manifestações. Perseguições, porém, se seguiram às reuniões de Rochester, fazendo com que mais adeptos fossem angariados para as ideias nascentes. Eis por que, já em 1850, se contavam aos milhares os espíritas nos Estados Unidos.

A notícia chegou logo à Europa e nove anos depois nascia a
Doutrina Espírita

Das pancadas em paredes e soalhos, os sons passaram a ouvir-se em mesas, que indicavam, por meio de pancadas, as letras que deveriam compor as palavras ditadas pelos Espíritos. Daí às mesas girantes foi um passo, conduzindo à nova crença homens de reconhecida autoridade moral e intelectual, a tal ponto que, em 1854, uma petição apoiada por quinze mil assinaturas pediu ao Congresso americano nomeasse uma Comissão para investigar os fatos.
A relevância dos acontecimentos pode ser assinalada pela sua ressonância na esfera científica, visto que os fatos atraíram o inte­resse de pesquisadores de alto nível cultural. Entre os sábios convertidos ao novo espiritualismo, podemos citar uma das personagens mais célebres da magistratura: o juiz Edmonds, do Supremo Tribunal do Distrito de Nova York, cuja conversão causou grande rumor no país e atraiu contra ele uma multidão de invectivas dos jornais evangélicos e profanos, aos quais o juiz Edmonds respondeu com o livro “Spirit Manifestation”, no qual relata como se deu sua conversão ao Espiritismo.
Outra conversão que produziu grande impacto na América foi a do célebre professor Robert Hare, da Universidade da Pensilvânia, autor do livro “Experimental Investigation of the Spirit Manifestation”, publicado em 1856, que teve ruidoso êxito e produziu efeito ainda mais considerável do que o livro do juiz Edmonds.
Um dos últimos convertidos, entre os grandes vultos americanos, foi Robert Dale Owen, que gozava simultaneamente da reputação de sábio e escritor na língua inglesa. Owen publicou na Filadélfia, em 1877, um importante livro intitulado “Região em Litígio entre este Mundo e o Outro”. 
Evidentemente, a notícia dos fatos de Hydesville logo chegou à Europa, onde os fenômenos tomaram outra forma, surgindo então as chamadas mesas girantes, que despertaram a atenção do professor Hippolyte Léon Denizard Rivail para o estudo atento das manifestações espíritas, fato que acabou resultando na codificação da Doutrina Espírita.
Os processos de comunicação, sugeridos pelos próprios Espíritos, ganharam depois outra forma:  uma prancheta triangular dotada de rodinhas, com um lápis preso a uma das pernas, podia escrever com rapidez as mensagens. Mais tarde, percebeu-se que a prancheta era desnecessária, surgindo assim a psicografia direta, chamada então de escrita mecânica ou automática, porque o médium não tinha consciência daquilo que sua mão escrevia.
Estavam criadas, pois, as condições para o advento da Doutrina Espírita, fato que se concretizou nove anos depois da eclosão dos fenômenos de Hydesville, com a publicação no dia 18 de abril de 1857 em Paris, França, da obra intitulada “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, pseudônimo usado pelo professor Rivail nessa e nas demais obras que publicou de 1858 a 1868.




sábado, 30 de março de 2013

Pérolas literárias (29)


Aos tristes

Cruz e Souza


Alma triste e infeliz que se tortura
No tormento que punge e dilacera,
Para quem nunca trouxe a Primavera
Dos seus pomos dourados de ventura.

Sou teu irmão, e intrépido quisera
Trazer-te a luz que esplende pela Altura,
Afastando essa dor que te amargura
Nas ansiedades de uma longa espera.

Mas há quem guarde as gotas do teu pranto
No tesouro sublime e sacrossanto
Dos arcanos de luz da Divindade!

Há quem te faça ver as cores do íris
Da fagueira esperança, até partires
Nas asas brancas da Felicidade.



Cruz e Souza, natural de Santa Catarina, nasceu em 1861 e desencarnou em 1898, no Estado de Minas. Poeta de emotividade delicada, soube, mercê de um simbolismo inconfundível, marcar sua individualidade literária. Sua vida foi toda dores. O soneto acima, psicografado por Francisco Cândido Xavier, integra o livro Parnaso de Além-Túmulo.


sexta-feira, 29 de março de 2013

Por que existem as crianças?


A pergunta que dá título a este texto foi-nos formulada por uma leitora.
A infância é uma fase de adaptação necessária ao Espírito que retorna à existência corpórea.
Presente nos diferentes mundos, ela é, porém, menos obtusa nos planetas mais adiantados.
Recém-saído do mundo espiritual, onde gozava de maior liberdade e dispunha de maiores recursos, o Espírito se vê, durante essa fase, em dificuldades para exprimir plenamente seus pensamentos e manifestar suas sensações.
Nesse período da vida, em que o Espírito se vê limitado em sua liberdade, a infância é uma demonstração da misericórdia de Deus, que lhe propicia uma dupla vantagem:
1ª. O Espírito ganha o tempo indispensável a fim de se preparar para as futuras e difíceis tarefas da nova existência corpórea.
2ª. Pela fase que atravessa, revestido da simplicidade e da inocência comuns a todas as crianças, desperta nos pais e no núcleo a que pertence simpatia, interesse e boa vontade, o que facilitará o desempenho de suas tarefas no mundo.
Sabemos que, ao desenvolver-se, a criança apresentará, nos anos que se seguirem, as tendências e defeitos morais inerentes ao seu real adiantamento espiritual, mas este poderá, sem nenhuma dúvida, ser sensivelmente modificado pela influência recebida, desde o berço, dos pais e das pessoas incumbidas de educá-la.
Reencarnando sob a forma inicial de uma criança, o Espírito é mais acessível, durante o período infantil, às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir as pessoas investidas dessa tarefa.
A importância dessa fase é enfatizada por Emmanuel no cap. CLI de seu livro Caminho, Verdade e Vida  nos seguintes termos: 
“A juventude pode ser comparada a esperançosa saída de um barco para viagem importante.
A infância foi a preparação, a velhice será a chegada ao porto.”
Tanto a fase inicial como a seguinte – observa Emmanuel – requisitam as lições de marinheiros experientes, com que o Espírito reencarnado aprenderá a se organizar e, desse modo, concluir a viagem com o êxito desejável.


quinta-feira, 28 de março de 2013

Pílulas gramaticais (44)


Dá-se o nome de artigo, na linguagem gramatical, à palavra variável que precede o substantivo, indicando-lhe o gênero e o número.
É definido - o, a, os, as - quando se aplica a um ser determinado dentre outros da mesma espécie: Já comprei o presente (i. e., determinado presente) que você me pediu; e indefinido - um, uma, uns, umas - quando se refere a um ser qualquer dentre outros da mesma espécie: Comprei um presente para você.  
Há palavras que ora exigem artigo definido, ora o rejeitam.
A palavra “casa” é uma delas. Se a usarmos isoladamente, sem nenhum complemento que a modifique, não se usará artigo.
Exemplos:
- O rapaz pediu ajuda de casa em casa.
- Estive em casa o dia todo.
- Gosto de ficar em casa.
- De casa, pode deixar, telefonarei.
- Vou ao jogo, mas passarei por casa antes.
- Ficar em casa, sozinho, é muito bom em determinadas ocasiões.
Acompanhada de um complemento que a modifique, a palavra será precedida de artigo.
Exemplos:
- Estive na casa de meus pais o dia todo. (E não: “Estive em casa de meus pais...”)
- O rapaz pediu ajuda na casa do vizinho.
- Da casa de meu avô, pode deixar, telefonarei.
- A reunião será na casa da Paula.
- Vou ao jogo, mas passarei pela casa de minha namorada antes.
- Ficar na casa de vovó é algo que me alegra muito.

*

Chassi, piloti e croqui escrevem-se assim mesmo, no singular. Eis a forma plural dos três vocábulos: chassis, pilotis e croquis.
Desse modo, diremos:
- Veja pra mim o croqui do apartamento.
- Consiga para mim os croquis de todas as unidades do prédio.


quarta-feira, 27 de março de 2013

Hoje, somente hoje


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Hoje, tenho vontade de falar sobre o sentimento de um coração amoroso, mas as palavras... ah, as palavras, por mais diversificadas que se encontrem, nunca serão, completamente, fiéis tradutoras do amor, do carinho, da gratidão, da honestidade, da grandeza da vida.
Esses tesouros e tantos outros pertencentes a essa ramificação são de infinito potencial construtivo. Com eles, pode-se ensinar, amparar, amansar, compreender, edificar, levar a luz à imensa escuridão, acalmar o coração intranquilo, ouvir quem não possui um ouvinte, dar a mão e, ternamente, conduzir aquele que ainda não se conduz sozinho.
Quando nos livramos dos pensamentos egoístas e negativos, em distintas escalas, um novo espaço se amplia, pois passa a ser tomado pelas puras e benfazejas sensações.
Tão singelas... as palavras abrangem, de maneira superficial, o existente gerador de sentimentos. No entanto, graças também a elas, podemos demonstrar o nosso melhor ou o nosso pior, pois quando as pronunciamos toda a energia latente se exterioriza.
Mas hoje preciso falar sobre o que nutre um coração bondoso: o amor. E se agora posso viver o mais puro sentimento, então, amanhã e mais além, continuarei com esse propósito. Depois de conhecer o bem, não há outra fonte de vida.
Digo hoje porque ele é a certeza de que estou aqui, e tudo em que posso progredir tem a partida neste momento. Hoje é sinônimo de todo dia. Hoje, somente hoje, serei o meu melhor.
E, assim, embora seja por meio destas tão simples palavras energizadas, busquei, por hoje, falar da essência que há aqui dentro.

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/
  

terça-feira, 26 de março de 2013

Todo esforço digno recebe da vida a melhor resposta


Realizamos nesta terça-feira, no “Nosso Lar”, em Londrina, mais uma etapa do estudo do livro Nos Domínios da Mediunidade, obra de André Luiz (Espírito) psicografada pelo médium Chico Xavier.

Três foram as questões propostas:

1. As almas repousam quando o corpo dorme?
2. Um homem portador de histeria pode ser auxiliado pela frequência a um grupo espírita?
3. Como explicar a fixação mental?

*

Depois das considerações feitas em torno das questões citadas, foram lidas e comentadas as respostas, seguindo-se a leitura e o estudo do texto-base relativo ao tema da noite.

Eis as respostas dadas, de forma resumida, às questões propostas:

1. As almas repousam quando o corpo dorme?
Nem sempre. Comentando o caso de Laura, a filha generosa que mesmo durante o sono físico não se descuidava de amparar o genitor doente, Aulus disse: "Quando o corpo terrestre descansa, nem sempre as almas repousam. Na maioria das ocasiões, seguem o impulso que lhes é próprio. Quem se dedica ao bem, de um modo geral continua trabalhando na sementeira e na seara do amor, e quem se emaranha no mal costuma prolongar no sono físico os pesadelos em que se enreda...". (Nos Domínios da Mediunidade, cap. 24, pp. 230 e 231.)

2. Um homem portador de histeria pode ser auxiliado pela frequência a um grupo espírita?
Sim. O progresso é obra de cooperação. Consagrando-se à disciplina e ao estudo, à meditação e à prece – disse Aulus – ele se renovará mentalmente, apressando a própria cura, depois da qual poderá cooperar em trabalhos mediúnicos dos mais proveitosos. “Todo esforço digno, por mínimo que seja, recebe invariavelmente da vida a melhor resposta." (Obra citada, cap. 24, pp. 231 e 232.)

3. Como explicar a fixação mental?
A dúvida foi levantada por Hilário e André. Como pode a mente deter-se em determinadas impressões, demorando-se nelas, como se o tempo para ela não caminhasse? Aulus explicou: "É imprescindível compreender que, depois da morte do corpo físico, prosseguimos desenvolvendo os pensamentos que cultivávamos na experiência carnal. E não podemos esquecer que a Lei traça princípios universais que não podemos trair”.
Aulus complementou: "Simbolizemos o estágio da alma, na Terra, através da reencarnação, como sendo valiosa linha de frente, na batalha pelo aperfeiçoamento individual e coletivo, batalha em que o coração deve armar-se de ideias santificantes para conquistar a sublimação de si mesmo, a mais alta vitória. A mente é o soldado em luta. Ganhando denodadamente o combate em que se empenhou, tão logo seja conduzida às aferições da morte, sobe verticalmente para a vanguarda, na direção da Esfera Superior, expressando-se-lhe o triunfo por elevação de nível. Entretanto, se fracassa, e semelhante perda é quase sempre a resultante da incúria ou da rebeldia, volta horizontalmente, nos acertos da morte, para a retaguarda, onde se confunde com os desajustados de toda espécie, para indeterminado período de tratamento". "Em qualquer frente de luta terrestre, a retaguarda é a faixa atormentada dos neuróticos, dos loucos, dos mutilados, dos feridos e dos enfermos de toda casta." (Obra citada, cap. 25, pp. 233 a 235.)

*

Na próxima semana publicaremos neste espaço as questões estudadas, para que o leitor, desde que o queira, possa acompanhar o desenvolvimento dos nossos estudos.

segunda-feira, 25 de março de 2013

As mais lindas canções que ouvi (28)


Samba em Prelúdio

Baden Powell e Vinicius de Moraes

Eu sem você
Não tenho por quê
Porque sem você
Não sei nem chorar,
Sou chama sem luz,
Jardim sem luar,
Luar sem amor
Amor sem se dar.
e...
Eu sem você
Sou só desamor,
Um barco sem mar,
Um campo sem flor,
Tristeza que vai,
Tristeza que vem,
Sem você, meu amor,
eu não sou ninguém.

Ah, que saudade!
Que vontade de ver renascer nossa vida.
Volta, querido,
Teus abraços precisam dos meus,
Os meus braços precisam dos teus.
Estou tão sozinha,
Tenho os olhos cansados de olhar para o além.
Vem ver a vida,
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém.

Ah, que saudade!
Que vontade de ver renascer nossa vida.
Volta, querido,
Teus abraços precisam dos meus,
Os meus braços precisam dos teus.
Estou tão sozinha,
Tenho os olhos cansados de olhar para o além.
Vem ver a vida,
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém.
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém.
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém.


Clicando neste link  - https://www.youtube.com/watch?v=rF2BK9EuJso - você ouvirá esta canção na interpretação de Maria Creuza, Vinicius de Moraes e Toquinho.  Se quiser ouvi-la na voz de Geraldo Vandré e Ana Lúcia, basta clicar em https://www.youtube.com/watch?v=ZEco6CVJe8A

domingo, 24 de março de 2013

Chico e Kardec, dois gigantes, porém distintos


Aos lúcidos argumentos e informações que já foram publicados na revista “O Consolador” sobre a verdadeira identidade de Chico Xavier, não podemos deixar de adicionar os fatos e comentários que Eduardo Carvalho Monteiro nos ofereceu em seu livro Chico Xavier e Isabel, a Rainha Santa de Portugal, obra publicada pela editora Madras.
O livro traz um resumo biográfico de Chico Xavier e da rainha Isabel de Aragão, considerada a Rainha Santa de Portugal. Chico registrou a presença dela nos primeiros momentos de sua tarefa mediúnica, ocasião em que trazia consigo forte influência de sua formação católica. Isabel de Aragão o incentivou à prática da caridade e disse-lhe que no futuro ele poderia ajudar inúmeras instituições com os recursos das publicações literárias, fato que realmente se deu com a doação dos direitos autorais de todas as suas obras mediúnicas.
O próprio médium já havia relatado, anteriormente, como iniciou suas lides no campo assistencial, conforme podemos ler no livro Chico Xavier - Mandato de Amor, publicado pela União Espírita Mineira.
Eis como Chico Xavier se referiu ao seu primeiro encontro com a rainha Isabel de Aragão, ocorrido em 1927:
"Tudo seguia em ordem, quando na noite de 10 de julho referido, dois dias depois de haver recebido a primeira mensagem, quando eu fazia as orações da noite, vi o meu quarto pobre se iluminar, de repente. As paredes refletiam a luz de um prateado lilás. Eu estava de joelhos, conforme os meus hábitos católicos, e descerrei os olhos, tentando ver o que se passava. Vi, então, perto de mim uma senhora de admirável presença, que irradiava a luz que se espraiava pelo quarto. Tentei levantar-me para demonstrar-lhe respeito e cortesia, mas não consegui permanecer de pé e dobrei, involuntariamente, os joelhos diante dela.
A dama iluminada fitou a imagem de Nossa Senhora do Pilar que eu mantinha em meu quarto e, em seguida, falou em castelhano que eu compreendi, embora sabendo que eu ignorava o idioma, em que ela facilmente se expressava:
– Francisco – disse-me pausadamente – em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, venho solicitar o seu auxílio em favor dos pobres, nossos irmãos.
A emoção me possuía a alma toda, mas pude perguntar-lhe, embora as lágrimas que me cobriam o rosto:
– Senhora, quem sois vós?
Ela me respondeu:
– Você não se lembra agora de mim, no entanto eu sou Isabel de Aragão.
Eu não conhecia senhora alguma que tivesse este nome e estranhei o que ela dizia, entretanto uma força interior me continha e calei qualquer comentário, em torno de minha ignorância. Mas o diálogo estava iniciado e indaguei:
– Senhora, sou pobre e nada tenho para dar.  Que auxílio poderei prestar aos mais pobres do que eu mesmo?
Ela disse:
– Você me auxiliará a repartir pães com os necessitados.
Clamei com pesar:
– Senhora, quase sempre não tenho pão para mim. Como poderei repartir pães com os outros?...
A dama sorriu e me esclareceu:
– Chegará o tempo em que você disporá de recursos. Você vai escrever para as nossas gentes peninsulares e, trabalhando por Jesus, não poderá receber vantagem material alguma pelas páginas que você produzir, mas vamos providenciar para que os Mensageiros do Bem lhe tragam recursos para iniciar a tarefa. Confiemos na Bondade do Senhor.”

*

O relato acima é bem significativo por elucidar um aspecto importantíssimo da obra de Chico Xavier, que foi sua reconhecida dedicação aos mais pobres. Mas acentua também uma vinculação anterior com a Rainha de Portugal e uma forte ligação do médium com a doutrina e os hábitos católicos.
É por isso que, corroborando as palavras de Americo Domingos Nunes Filho, Paulo Neto, Dora Incontri e tantos outros, também entendemos que o fato de o Espírito de Chico Xavier não ser aquele que animou Kardec não o deprecia de forma alguma, uma vez que, apesar de todas as dificuldades que enfrentou, foi um missionário vitorioso e de importância fundamental à expansão do conhecimento espírita no Brasil e também no exterior.
Chico e Kardec foram e certamente são dois gigantes, ninguém o ignora, mas individualidades distintas e inigualáveis.


sábado, 23 de março de 2013

Pérolas literárias (28)


Desobsessão

Alfredo José dos Santos Nora


Vertendo suor em baga
No médium que o entretém,
Ei-lo que chega do além
O Espírito em sombra e chaga.

Desfaz-se em revolta e praga,
Condena, fere, porém
Escuta o verbo de alguém
Que ajuda, enternece e afaga.

Na palavra que renova,
O fogo revel da prova
Agora é bálsamo de luz.

E o pobre, ante a paz bem-vinda,
Embora chorando ainda,
Bendiz o amor de Jesus.


Alfredo Nora nasceu em Piraí-RJ em 18/11/1881 e desencarnou em 13/11/1948. Foi poeta e jornalista brilhante, havendo colaborado em várias revistas e jornais. O soneto acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra psicografada por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Como surgem as almas ou Espíritos?


De onde vêm os Espíritos?
Esta pergunta nos veio da Austrália.
Lembremos, inicialmente, que os Espíritos são os seres inteligentes da criação; é assim que O Livro dos Espíritos se refere ao assunto na questão 76.
“São eles obra de Deus”, diz-nos a questão 77 do mesmo livro.
Em sua origem, o Espírito é tão-somente um princípio inteligente, que se elabora e se individualiza pouco a pouco em uma série de existências que precedem o período a que chamamos humanidade, como nos é dito na questão 607 da obra mencionada.
Eis o texto integral da questão 607:
607. Dissestes que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento? “Numa série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade.”
a) Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, não? “Já não dissemos que tudo em a Natureza se encadeia e tende para a unidade? Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra então no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois a da juventude e da madureza. Nessa origem, coisa alguma há de humilhante para o homem. Sentir-se-ão humilhados os grandes gênios por terem sido fetos informes nas entranhas que os geraram? Se alguma coisa há que lhe seja humilhante, é a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo. Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário na Natureza. Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, fora blasfemar da sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.” (O grifo é nosso.)
b) Esse período de humanização principia na Terra? “A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana. O período da humanização começa, geralmente, em mundos ainda inferiores à Terra. Isto, entretanto, não constitui regra absoluta, pois pode suceder que um Espírito, desde o seu início humano, esteja apto a viver na Terra. Não é frequente o caso; constitui antes uma exceção.”

*

No cap. VI do livro A Gênese, de Kardec, Galileu (Espírito) confirma o que acabamos de ler afirmando que o Espírito não chega a receber a iluminação divina, que lhe dá, simultaneamente com o livre-arbítrio e a consciência, a noção de seus altos destinos, sem haver passado pela série divinamente fatal dos seres inferiores, entre os quais se elabora lentamente a obra da sua individualização. Apenas a contar do dia em que o Senhor lhe imprime na fronte o seu tipo augusto, o Espírito toma lugar no seio das humanidades.
Gabriel Delanne e outros autores, como André Luiz, ratificaram tal entendimento, o que nos permite concluir que é passando pelos diversos graus da animalidade que o Espírito se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades.
Chegado, então, ao grau de desenvolvimento que esse estado comporta, ele recebe as faculdades especiais que constituem a alma humana, fato que elucida, segundo nosso entendimento, a dúvida que nos foi apresentada.


quinta-feira, 21 de março de 2013

Pílulas gramaticais (43)


Um amigo pergunta-nos se é correto escrever “sub-regional”.
Sim, o prefixo sub não exige hífen quando o termo seguinte se inicia por vogal, como nas palavras subadaptado, subaditivo, subadquirente, subaéreo, subafluente, subafretamento etc., mas exige hífen diante de palavras iniciadas pelas letras “b”, “h” e “r”.
Exemplos:
Sub-barrocal, sub-base, sub-bibliotecário, sub-biótipo, sub-bosque, sub-braquial, sub-brigadeiro, sub-hepático, sub-hidroclorato, sub-horizontal, sub-humano, sub-raça, sub-racial, sub-ramal, sub-região, sub-regional, sub-regionalismo, sub-reino, sub-reitor, sub-remunerado, sub-repasse, sub-reptício, sub-rogado, sub-rogar, sub-rogatória.
Na dúvida concernente à grafia, é sempre útil consultar o novo Vocabulário Ortográfico de Língua Portuguesa, que se encontra disponível na internet. 

*

É muito comum nos textos noticiosos ver frases deste tipo:
“Para mais informações, consulte nosso site”.
Alguém nos pergunta se a frase está correta. Ou o certo será: “Para maiores informações, consulte nosso site”?
Em nossa revista adotamos a primeira forma: “Para mais informações...”, por considerarmos que não cabe, nessa hipótese, o adjetivo maiores, mas sim o pronome indefinido mais, que significa: em maior quantidade, em maior número.


quarta-feira, 20 de março de 2013

Sobre o mar e a gaivota


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Em todo lugar da ilha, o som do mar é ouvido; energia refazedora exala dele. As criaturas que vivem nesse ambiente natural possuem a luz dos olhos mais brilhante. O contato com a pureza lhes proporciona a leveza do ser.
Os delicados passos, na areia, eram rápidos, mas seguros; eles sabiam o que queriam. Ora corriam para sentir a água que chegava com a onda, ora recuavam para, só na orla da praia, ficar e observar. Algo sábio: a ave não se virava contra o sopro; seus olhinhos ficavam cara a cara com o vento energético expelido dos pulmões do mar.
Tinha por perto muitas companheiras; no entanto, compartilhava, certos momentos, com algumas, e sentia por outras afinidade maior, ou seja, vivia em comunidade, mas sabia  que o voo da vida era rasante, individual. E lá estava ela, conquistando a sua refeição; também conhecia sua responsabilidade, pois esse sentimento é doação do Pai para todos os seres vivos e se, por acaso, há criatura que ainda não despertou, sem dúvida, despertará.
O pôr do sol chegara. A ave sentia o calor da estrela laranja e compreendia sua mensagem. A percepção era, naturalmente, a de uma gaivota perante o horizonte. Estava feliz, mais um ciclo diário pôde vivenciar.
Viria o início da noite e depois a noite por inteira. Tudo continua. Não há importância se uma criatura está em um ou outro lugar, em um ou determinado tempo; o que importa é a sua compreensão de que viver é a mais profunda e linda oportunidade de progresso.    
No mar, no ar, na terra, hoje e sempre é motivo de celebração.
A gaivota alçou voo para seu descanso; amanhã, um novo brilho do Sol estará iluminando a natureza.
O fascínio da vida se apresenta de formas incontáveis de enredo; pode ser sobre o mar e a gaivota, ou sobre o mundo e nós.

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terça-feira, 19 de março de 2013

Lou Xiaoying – Extremado Amor à vida!


GEBALDO JOSÉ DE SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
De Goiânia-GO

Qual o primeiro de todos os direitos naturais do homem? “O de viver. Por isso que ninguém tem o direito de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer o que quer que possa comprometer a sua existência corpórea.” (O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, questão 880.)

Em 30/07/2012, o jornal britânico Daily Mail (MailOnline) exibiu reportagem com título iniciado pela frase China’s most incredible mother (A mais incrível mãe chinesa).
Divulga ações de Lou Xiaoying, com 88 anos, então hospitalizada com insuficiência renal. Realiza ela seu belo trabalho há quarenta anos, 23 dos quais com a participação do marido, Li Zin, falecido em 1995.
Em manchete, afirma: “Mulher chinesa de 88 ANOS já SALVOU mais de 30 BEBÊS abandonados nas ruas e em meio ao lixo”.
Eis um trecho:
(...) ficou conhecida em toda a CHINA por ter salvado a vida de mais de 30 crianças abandonadas nas ruas de Xinhua, na província de Zhejiang, e de ter criado várias delas com seu trabalho de reciclagem de lixo.
Lou conta que tudo começou em 1972 quando encontrou o primeiro bebê, uma menina abandonada na rua; Lou estava naquele momento coletando lixo. “Vê-la crescer e se tornar forte nos deu tanta alegria que eu percebi que tinha um verdadeiro amor por tomar conta de crianças.”
(...) recolheu as primeiras quatro crianças quando ainda estava com o marido, que morreu há 17 anos (quando ela já tinha 71 anos de idade).
“Mesmo que eu esteja ficando velha, eu simplesmente não podia ignorar aquele bebê e deixar ele morrer no MEIO DO LIXO. Ela olhava tão doce e tão necessitada que tive que levá-la para casa comigo.”
“Percebi que, se tinha força o suficiente para coletar lixo, como não poderia reciclar algo tão importante quanto vidas?”, questiona ela.
Lou, que tem apenas uma filha biológica, de 49 anos, dedicou sua vida desde então a cuidar de bebês abandonados.
Seu EXEMPLO comoveu o país, onde muitas crianças (na maioria meninas) são deixadas nas ruas e nos depósitos de lixo para morrerem.
Desde então ela recolheu outras dezenas de bebês, que repassou a parentes e amigos para que pudessem adotá-los, segundo informa o “Daily Mail”.  O filho mais novo, Zhang Qilin, que tem 7 anos, foi achado numa lixeira por Lou quando ela contava 82 anos.
Segundo a chinesa, os filhos mais velhos ajudaram a tomar conta de Qilin, que foi batizado com uma palavra em chinês que significa ‘algo raro e precioso’ (a vida humana).
O exemplo da mulher chinesa se espalhou pelo país, onde milhares de bebês são abandonados nas ruas por pais atingidos pela pobreza. O infanticídio que acomete, sobretudo, crianças não planejadas ainda é um problema grave em algumas áreas rurais da China, mas é raro em cidades, onde os pais costumam abandonar as crianças, mas não matá-las.
O destino de bebês tem horrorizado a China.
(...) uma menina recém-nascida foi descoberta quando um transeunte foi jogar um saco de lixo no depósito de lixo e viu o que ele pensava ser um bebê morto dentro de um saco. Ele disse à polícia que a criança estava roxa e não tinha se movido até que ele examinou o saco de lixo e seu conteúdo mais de perto. (...)
Os médicos disseram que, se o bebê tivesse sido deixado no saco mais alguns minutos, ele teria morrido de asfixia e já teria sido afetado pela falta de oxigênio, (...)

*

Lei de Controle da natalidade:
A controversa política oficial do governo chinês para o planejamento do nascimento de crianças foi introduzida em 1978 para reduzir a tensão sobre a crescente população do país e reduzir a pressão sobre os recursos naturais.
Ela restringe oficialmente casais urbanos casados a terem apenas um filho/filha e aqueles que quebram as regras têm que pagar uma multa ou taxa. Aqueles que seguem as regras geralmente recebem um certificado e podem se beneficiar financeiramente, como receber o salário de um mês adicional a cada ano, até que a criança complete 14 anos.
(...)
Apesar do fato de que é ilegal matar bebês recém-nascidos no país, o infanticídio feminino e a falha em relatar nascimentos femininos é muito suspeita, especialmente em áreas rurais.”]
(Fonte: http://www.dailymail.co.uk/news/article-2181017/Story-Chinese-woman-saved-30-abandoned-babies-dumped-street-trash.html.   Tradução: Thoth3126@gmail.com.)
Nossas culturas são diferentes, mas a linguagem do amor é universal! E a identificamos prontamente! Quantas renúncias lhe custaram o exercício do Amor pleno!
Indispensável conhecer não só esses fatos gravíssimos, mas a atitude de respeito pela vida, de abnegação, dessa humilde, heroica e admirável mulher!
De nossa parte, não nos cabe fazer crítica aos chineses: temos crianças e velhos ‘abandonados’ pelas ruas – e, o que é pior, mesmo em muitos lares – de nossas cidades. Por toda parte os agredimos e também às mulheres! Até quando o faremos?...
O programa Roda Viva (TV Cultura) de 28/01/1991 entrevistou o antropólogo, escritor, político – então Senador – Darcy Ribeiro (1922-1997).
Na ocasião, afirmou ele, indignado:
(...) uma coisa muito elementar: em São Paulo não há ninguém que possa criar um frango sem ração, nem um bode sem ração, mas o povo está sem ração. Pode manter o povo com fome?
(...) na França, se um policial encontra uma criança, ele pergunta: "Menino, onde é sua escola?" Se ele é encontrado em qualquer lugar, ele diz qual é a escola e o policial entrega-o para a diretora. Na terceira vez que isso acontece, a diretora não recebe [a criança] e manda levar o menino ao juiz. O pai tem que se explicar.
(...) Agora, se pega um menino de São Paulo, aqui, esses trombadinhas, esses coitados que me comovem, aqui do Largo da Sé e de toda São Paulo, se pegam um trombadinha ou qualquer menino e [perguntam]: “Qual é a sua escola?”, ele diz: "Fui de manhã", ou "vou de tarde", ou "não vou mais". 90% não vai mais.
(...) Outra coisa, você já ouviu falar no Brasil sobre algum cabrito abandonado? Já ouviu falar de bezerro abandonado? Isso não tem, mas crianças tem aos milhões. Não é de uma pouca vergonha horrível, um país que deixa o ser humano abandonado e não abandona o bode e o bezerro?”]
Como se vê, inúmeras Lou Xiaoying muito teriam o que realizar por estas bandas! Sabemos que há muitas delas atuantes (e homens também), Brasil afora. Mas ainda são insuficientes! Ânimo, amigos e irmãos! Imperceptivelmente, o Amor se espraia e um dia será universal!


segunda-feira, 18 de março de 2013

As mais lindas canções que ouvi (27)


Hino ao Amor

Marguerite Monnot e Edith Piaf


Se o azul do céu escurecer,
E a alegria na Terra fenecer,
Não importa, querido,
Viverei do nosso amor.

Se tu és o sonho dos dias meus,
Se os meus beijos sempre forem teus,
Não importa, querido,
O amargor das dores desta vida.

Um punhado de estrelas no infinito irei buscar
E a teus pés esparramar,
Não importam os amigos, risos, crenças e castigos,
Quero apenas te adorar.

Se o destino, então, nos separar,
Se distante a morte te encontrar,
Não importa, querido,
Porque eu morrerei também.

Quando, enfim, a vida terminar
E dos sonhos nada mais restar,
Num milagre supremo
Deus fará no céu te encontrar.


Clicando em https://www.youtube.com/watch?v=FMxVXWRS2T4, você ouvirá a canção acima na interpretação inesquecível de Dalva de Oliveira. Se quiser ouvi-la também na voz de Maysa Matarazzo, basta clicar em https://www.youtube.com/watch?v=vUr3MhplGZ8

domingo, 17 de março de 2013

Nosso estágio na Terra é uma viagem com destino ao progresso


A tese de que a experiência na carne é indispensável ao progresso das almas, ou Espíritos, está bem definida em duas conhecidas questões de “O Livro dos Espíritos”.
Na questão 132, tratando do objetivo da encarnação dos Espíritos, os imortais foram diretos: “Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.”
Na questão 133, Kardec refere-se aos Espíritos que desde o princípio sempre seguiram o caminho do bem. Teriam eles também necessidade da encarnação? Eis a resposta, igualmente direta e objetiva: “Todos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a uns, sem fadigas e trabalhos, conseguintemente sem mérito.”
Uma questão que se impõe, em face dos ensinamentos ora transcritos, diz respeito ao modo, à forma, às condições em que a caminhada para a perfeição se realiza.
Devemos dar ênfase, nesse processo, somente às questões morais, em detrimento da busca do conhecimento?
E quanto àqueles que buscam o conhecimento, mas negligenciam tudo o que diz respeito à vida moral?
A resposta a semelhantes questões vamos encontrar na obra “O Consolador”, que Emmanuel redigiu em 1940, por intermédio de Chico Xavier. Perguntaram-lhe: “A alma humana poder-se-á elevar para Deus, tão-somente com o progresso moral, sem os valores intelectivos?”
O então mentor espiritual do saudoso médium respondeu: “O sentimento e a sabedoria são as duas asas com que a alma se elevará para a perfeição infinita. No círculo acanhado do orbe terrestre, ambos são classificados como adiantamento moral e adiantamento intelectual, mas, como estamos examinando os valores propriamente do mundo, em particular, devemos reconhecer que ambos são imprescindíveis ao progresso, sendo justo, porém, considerar a superioridade do primeiro sobre o segundo, porquanto a parte intelectual sem a moral pode oferecer numerosas perspectivas de queda, na repetição das experiências, enquanto que o avanço moral jamais será excessivo, representando o núcleo mais importante das energias evolutivas.” (O Consolador, questão 204.)
Anos depois - em 1954 - no prefácio que escreveu para o livro “Nos Domínios da Mediunidade”, de André Luiz, psicografado também por Chico Xavier, Emmanuel retomou o assunto para lembrar que o túmulo é uma porta à renovação, assim como o berço é acesso à experiência, e que nosso estágio na Terra é uma viagem com destino às estações do Progresso Maior. E advertiu: "Sem noção de responsabilidade, sem devoção à prática do bem, sem amor ao estudo e sem esforço perseverante em nosso próprio burilamento moral, é impraticável a peregrinação libertadora para os Cimos da Vida." 
Eis providências que não poderiam faltar nas metas que traçamos relativamente à nossa própria existência, nem deveriam ser ignoradas por pais e mães com referência ao processo educacional de seus filhos.




sábado, 16 de março de 2013

Pérolas literárias (27)


Aos meus amigos da Terra

Emílio de Menezes


Amigos, tolerai o meu assunto,
(sempre vivi do sofrimento alheio)
Relevai, que as promessas de um defunto
São coisa inda invulgar no vosso meio.

Apesar do meu cérebro bestunto (1),
O elo que nos unia, conservei-o,
Como a quase saudade do presunto,
Que nutre um corpo empanturrado e feio.

Espero-vos aqui com as minhas festas,
Nas quais, porém, o vinho não explode,
Nem há cheiro de carnes ou cebolas.

Evitai as comidas indigestas,
Pois na hora do “salva-se quem pode”,
Muita gente nem fica de ceroulas...


(1) Bestunto: cabeça de curto alcance, ou estúpida; cachola; a sede da memória, das lembranças, do pensamento, etc.

Poeta brasileiro, nascido em Curitiba em 1866 e desencarnado no Rio de Janeiro em 1918, Emílio de Menezes legou-nos Poemas da Morte, 1901, e Poesias, 1909, além de Mortalhas, versos satíricos postumamente colecionados. O soneto acima faz parte do livro Parnaso de Além-Túmulo, psicografado pelo médium Chico Xavier.


sexta-feira, 15 de março de 2013

Quem abriu a cela da prisão para João sair? Ou ele simplesmente se desmaterializou?


Uma leitora enviou-nos a seguinte pergunta: “Quando João Evangelista foi preso e sumiu da prisão, o que aconteceu? Teriam os Espíritos desmaterializado o corpo do apóstolo de Jesus?”
O fato do desaparecimento de João é narrado em Atos dos Apóstolos, cap. 5, versículos 14 a 23, e não se refere apenas a João, pois a narrativa bíblica menciona a prisão de “apóstolos” e não de um único apóstolo.
Segundo o texto, cuja autoria é atribuída a Lucas, o sumo sacerdote e os que estavam com ele, pertencentes à seita dos saduceus, encheram-se de inveja dos seguidores do Cristo, por causa das curas que eles estavam fazendo. Em face disso, “lançaram mão dos apóstolos, e os puseram na prisão pública”. De noite, porém, “um anjo do Senhor abriu as portas da prisão e, tirando-os para fora, disse: Ide e apresentai-vos no templo, e dizei ao povo todas as palavras desta vida”. 
No dia seguinte, quando os servidores enviados pelo sumo sacerdote foram à prisão, não os acharam lá, comunicando o fato aos seus superiores nos seguintes termos: “Achamos realmente o cárcere fechado, com toda a segurança, e os guardas, que estavam fora, diante das portas; mas, quando abrimos, ninguém achamos dentro”.
Comentando o assunto, Emmanuel, no prefácio do livro “Mecanismos da Mediunidade”, de André Luiz, diz que a partir dos curiosos fenômenos ocorridos no dia de Pentecostes os eventos mediúnicos tornaram-se habituais entre os apóstolos do Senhor e que foram Espíritos materializados que os libertaram da prisão injusta. Não houve, pois, nem poderia haver desmaterialização do corpo de João.
Quando se diz que um Espírito está materializado, estamos dizendo que ele tem seu corpo espiritual, ou perispírito, não apenas visível, mas também tangível, podendo, pois, abrir portas e pegar objetos, como fazem normalmente as pessoas.
Não existe, contudo, desmaterialização de pessoas.
O assunto é tratado em minúcias em duas importantes obras espíritas: “Fenômenos de Transporte”, de Ernesto Bozzano, e “Nos Domínios da Mediunidade”, de André Luiz.
Conforme lemos na obra de Bozzano, para os transportes pequenos fazem-se a  desmaterialização e a materialização dos objetos; para os transportes grandes, a desmaterialização é feita em parte das portas ou das paredes. Embora Bozzano não o tenha dito, pensamos que esta segunda modalidade é adotada também nos casos de transporte de seres vivos, porque não é possível admitir que um coelho ou um homem possa ser desmaterializado sem morrer.
André Luiz examinou a questão em seu livro “Nos Domínios da Mediunidade”, cap. 28, pp. 268 a 271, em que mostra como um Espírito conseguiu introduzir algumas flores numa sala fechada. Aulus explicou que as flores transpuseram o tapume de alvenaria, penetrando o recinto, graças ao concurso de técnicos competentes para desmaterializar os elementos físicos e reconstituí-los de imediato.


quinta-feira, 14 de março de 2013

Pílulas gramaticais (42)


Examine as orações abaixo e veja se nelas existe algum erro:

1. A conversa se desenvolveu com muita discreção.
2. Este estatuto é que estava vigindo naquele ano.
3. Estamos ao par do que ele fez na viagem.
4. Haviam no recinto cadeiras para todos.
5. Deve existir poucos especialistas em grego antigo.
6. Não cheguei a mais tempo por causa do trânsito.
7. Recordo de que vi sua foto no jornal.
8. Tudo dar-lhe-ei, se ele for aprovado.

Eis agora os mesmos textos devidamente corrigidos:

1. A conversa se desenvolveu com muita discrição.
2. Este estatuto é que estava vigendo naquele ano.
3. Estamos a par do que ele fez na viagem.
4. Havia no recinto cadeiras para todos.
5. Devem existir poucos especialistas em grego antigo.
6. Não cheguei mais tempo por causa do trânsito.
7. Recordo-me de que vi sua foto no jornal.
8. Tudo lhe darei, se ele for aprovado.

*

Não existe o verbo vigir. O certo é viger [do lat. vigere], que significa: ter vigor, ou estar em vigor ou em execução; vigorar.   
O gerúndio de viger é vigendo – e não vigindo, que não existe.