segunda-feira, 31 de agosto de 2015

As mais lindas canções que ouvi (153)


Sonhos

Aroldo Alves Sobrinho (Peninha)


Tudo era apenas
Uma brincadeira
E foi crescendo,
Crescendo, me absorvendo
E de repente eu me vi assim
Completamente seu...

Vi a minha força
Amarrada no seu passo,
Vi que sem você não tem caminho,
Eu não me acho,
Vi um grande amor
Gritar dentro de mim,
Como eu sonhei um dia...

Quando o meu mundo
Era mais mundo
E todo mundo admitia
Uma mudança muito estranha,
Mais pureza, mais carinho,
Mais calma, mais alegria
No meu jeito de me dar...

Quando a canção
Se fez mais forte
E mais sentida,
Quando a poesia
Fez folia em minha vida,
Você veio me contar
Dessa paixão inesperada
Por outra pessoa...

Mas não tem revolta não,
Eu só quero
Que você se encontre,
Ter saudade até que é bom...
É melhor que caminhar vazio.
A esperança é um dom
Que eu tenho em mim,
Eu tenho sim.

Não tem desespero não,
Você me ensinou
Milhões de coisas,
Tenho um sonho em minhas mãos,
Amanhã será um novo dia,
Certamente eu vou ser mais feliz...

Quando o meu mundo
Era mais mundo
E todo mundo admitia
Uma mudança muito estranha,
Mais pureza, mais carinho,
Mais calma, mais alegria
No meu jeito de me dar...

Quando a canção
Se fez mais forte
E mais sentida,
Quando a poesia realmente
Fez folia em minha vida,
Você veio me contar
Dessa paixão inesperada
Por outra pessoa...

Mas não tem revolta não,
Eu só quero
Que você se encontre,
Ter saudade até que é bom,
É melhor que caminhar vazio.
A esperança é um dom
Que eu tenho em mim,
Eu tenho sim.

Não tem desespero não,
Você me ensinou
Milhões de coisas.
Tenho um sonho em minhas mãos,
Amanhã será um novo dia,
Certamente eu vou ser mais feliz...



Você pode ouvir esta canção na voz dos intérpretes abaixo, clicando nos respectivos links:




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domingo, 30 de agosto de 2015

Não viemos ao mundo para sofrer, mas para vencer


Já vimos anteriormente que as condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências incluem – segundo a Doutrina Espírita – o arrependimento, a expiação e a reparação. O arrependimento suaviza os travos da expiação e favorece a resignação, mas somente a reparação, que consiste em fazer o bem àqueles a quem se fez o mal, pode anular o efeito, destruindo-lhe a causa.
Vê-se, à vista da lição acima, que não aparece nela a palavra “prova”.
Ora, sendo a Terra um mundo de expiação e provas, que significam exatamente essas duas palavras?
Prova é o mesmo que teste. Havendo recebido o aprendizado na vida espiritual ou durante seu estágio na existência corpórea, o Espírito terá de provar que assimilou o que aprendeu. Constituem provas a riqueza e a pobreza, a beleza e a fealdade, o poder e a subalternidade, a vida difícil e a vida fácil, nascer e crescer num meio pacífico ou num meio violento, viver em uma região voltada para a paz ou viver em região conflagrada pela guerra.
A prova, fácil é perceber, independe de insucessos anteriores. Obviamente, tal como ocorre nas escolas que conhecemos, se o aluno não passar na provas finais relativas ao ano 1, terá de repeti-lo, e só passará ao ano 2 quando as enfrentar e superá-las. O saudoso escritor J. Herculano Pires escreveu certa vez que as provas não vêm em nosso caminho para nos abater ou esmagar, mas para serem superadas e assimiladas.
Expiação é coisa diferente. Trata-se de uma palavra oriunda do verbo expiar, que significa remir culpa, sofrer, padecer, em consequência de um ato errado que se cometeu, seja na presente existência, seja em existências passadas.
Quem matar uma pessoa valendo-se de uma espada, desta será vítima.
A semeadura é livre, mas a colheita é compulsória.
Quem com ferro fere com ferro será ferido.
Estas são expressões fundamentadas em ensinamentos transmitidos por Jesus e que servem de exemplos de como funciona em nossa vida a conhecida lei de causa e efeito ou de ação e reação.
A Terra é, e o será por bom tempo, um mundo de provas e expiações porque os Espíritos que aqui reencarnam são muito atrasados e necessitam dessas experiências.
Sobre o tema expiação, colhemos em “O Livro dos Espíritos” três ensinamentos que nos parecem fundamentais.
O primeiro – constante da questão 262 – diz-nos que Deus sabe esperar e não apressa a expiação.
O segundo – expresso na questão 998 – ensina-nos que a expiação se cumpre durante a existência corporal mediante as provas a que o Espírito se acha submetido e, na vida espiritual, pelos sofrimentos morais, inerentes ao estado de inferioridade do Espírito. Esses sofrimentos por que passa o indivíduo no plano espiritual é que, em muitos casos, determinam o rumo que ele decide seguir na existência corpórea seguinte.
O terceiro – certamente o mais importante – explica por que na sociedade em que vivemos as classes sofredoras são mais numerosas do que as felizes. Apresentada tal questão aos Espíritos superiores, eis o que Kardec consignou na questão 931 da obra mencionada:

“Nenhuma é perfeitamente feliz e o que julgais ser a felicidade muitas vezes oculta pungentes aflições. O sofrimento está por toda parte. Entretanto, para responder ao teu pensamento, direi que as classes a que chamas sofredoras são mais numerosas, por ser a Terra lugar de expiação. Quando a houver transformado em morada do bem e de Espíritos bons, o homem deixará de ser infeliz aí e ela lhe será o paraíso terrestre”. (O Livro dos Espíritos, questão 931.)

O pensamento equivocado de que viemos à Terra para sofrer deve, pois, ser substituído por uma outra ordem de ideias, porque não viemos ao mundo para sofrer, nem para gozar, mas sim para vencer.



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sábado, 29 de agosto de 2015

O Humanitismo borbeano e o Espiritismo



JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

— Então você ainda não entendeu, ignaro, que minha filosofia é muito superior a todas as outras? Pois fique sabendo, Rubião, que sou a reencarnação de Santo Agostinho e retornei à Terra com o exclusivo intento de lhe trazer a mais perfeita e, consequentemente, melhor filosofia de vida que a humanidade pode almejar: o Humanitismo.
Assim falava Quincas Borba a Rubião, quando lhe escreveu sua derradeira carta, antes de lhe transmitir toda a sua fortuna e lhe impor uma única condição: cuidar de seu cachorro, também chamado Quincas Borba. Imaginava o dono que, tão logo morresse, poderia continuar vivendo caninamente. “[...] Se eu morrer antes, como presumo, sobreviverei no nome do meu bom cachorro. Ris-te, não?”(cap. V).
O que eu, Machado, consegui ocultar com perfeição, até ser “desmascarado” por Joteli, é que o Humanitismo é um neologismo criado por mim como paródia ao Espiritismo, que ainda não conseguira entender, plenamente, em 1881 e 1991, anos das publicações, respectivas, dos meus romances intitulados Memórias póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba. Quer exemplos?
Leia, amigo leitor e bela leitora, o que disse o personagem Quincas: “Quem sou eu, Rubião? Sou Santo Agostinho. Sei que há de sorrir, porque você é um ignaro, Rubião; a nossa intimidade permitia-me dizer palavra mais crua, mas faço-lhe esta concessão, que é a última. Ignaro!” (cap. X).
Já em conversa com Brás Cubas (cap. XLVII de Memórias póstumas...), eu repetia: “O Humanitismo há de ser também uma religião, a do futuro, a única verdadeira”.
Em 1878, eu já criticava o Espiritismo, que confundia com sonambulismo, juntando, assim, efeito com causa, pois nem todo sonâmbulo é espírita e, consequentemente... (Notas semanais, V, de 16 jun. 1978).
Mas foi em 5 de outubro de 1885 que, ao adentrar pela fechadura, no salão de conferências da FEB, ouvi o orador dizer que o Espiritismo substituiria todas as religiões do passado (Balas de estalo). Daí, em 1891 ter dito Quincas Borba que o Humanitismo é que era a religião verdadeira.
Agora leia o que mais escrevi com ironia numa de minhas crônicas, sobre o Espiritismo: “Essa doutrina, eu, que algumas vezes me ri dela, venho proclamá-la bem alto como a última e verdadeira.” (A Semana, 23 set. 1894).
Como errar é prerrogativa da juventude, Allan Kardec também, aos 30 anos, defendendo, num de seus artigos, as aulas de ciências para as crianças, disse o seguinte: “Aquele que houver estudado as ciências rirá, então, da credulidade supersticiosa dos ignorantes. Não mais crerá em espectros e fantasmas. Não mais aceitará fogos fátuos por espíritos”.
Entretanto, em 1855, após assistir aos fenômenos mediúnicos, manifestados por duas adolescentes, na casa da Sr.ª Plainemaison, admitiu que a realidade visível é complementada pela do invisível aos nossos sentidos normais, que somente os médiuns podem captar, embora, de um modo geral, todos sejamos médiuns, seja por meio dos sonhos, da intuição ou dos fenômenos chamados metapsíquicos, que ele cunhou de mediúnicos.
Como as obras codificadas por Kardec só começaram a ser publicadas, no Rio de Janeiro, em 1875, traduzidas por Fortúnio, pseudônimo de Joaquim Carlos Travassos, somente gradativamente fui tomando conhecimento da nova filosofia. Meus conhecimentos, a partir da década de 1860, tinham por base as informações provindas da França, que Casimir Lieutaud, poeta e educador francês, compartilhava comigo e que eu, conhecedor das ideias iluministas francesas, além de leitor há décadas das Escrituras Sagradas, buscava ironizar, mesmo quando meu amigo publicou a obra com princípios espíritas intitulada Les temps sont arrivés. Para mim, os tempos não tinham passado, presente ou futuro, como procurei simbolizar no delírio de Brás Cubas, cap. 7, então, como poderiam ser chegados?
Daí o meu lento progresso na absorção da teoria espírita que, durante muito tempo, foi confundida com curandeiria e cartomancia, práticas tidas como diabólicas ou de comércio do sagrado e fraudes que tanto Moisés quanto Jesus condenavam.
Para finalizar, compartilho com a amiga e amigo leitores uma síntese do método kardequiano, muito bem elaborada pelo site: http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/allan-kardec-espiritismo-religiao-bem-brasileira-806044.shtml:

MÉTODO CIENTÍFICO
As principais explicações de Kardec para os fenômenos psíquicos e mediúnicos
Fraude: O pesquisador acreditava que os casos de truques deveriam ser sempre denunciados: “O espiritismo só terá a ganhar com o desmascaramento dos impostores”,escreveu. Kardec dizia que médiuns que realizam espetáculos públicos pagos deveriam ser observados com suspeita redobrada.
Alucinação: O pedagogo estabelecia critérios para diferenciar alucinações e problemas mentais em geral de contatos legítimos com espíritos. Por exemplo: se uma pessoa escreve mensagens em línguas que não conhece, ou se o fenômeno físico (por exemplo, uma mesa se mexendo) foi visto por várias pessoas.
Influência externa: Kardec reconhecia a possibilidade da existência de dois fenômenos psíquicos: a telepatia, que ele chamava de “reflexo do pensamento”, e a clarividência, a percepção extrassensorial de objetos a distância. Para ele, nenhuma das duas era resultado de contatos com o mundo espiritual.
Comunicação: O contato com almas desencarnadas só pode ser considerado quando as hipóteses de fraude, alucinação e influência de outras pessoas tiverem sido descartadas. As mensagens do além só poderiam ser consideradas confiáveis se fossem espontâneas e confirmadas por médiuns que não se conhecessem entre si.

E assim, gradativamente, vamos saindo da ignorância e do preconceito para a razão e o conhecimento da verdade, que o Espiritismo esclarece residir não nessa ou naquela religião, ciência ou filosofia, mas em Deus.




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sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Só pelo trabalho o Espírito adquire conhecimentos


Um confrade do Rio Grande do Sul nos indaga qual é o significado do ramo de vinha que aparece nas capas e muitas vezes na parte interna de alguns livros espíritas. 

Trata-se da reprodução da cepa que aparece desenhada na abertura dos Prolegômenos d´O Livro dos Espíritos, primeira e principal obra de Allan Kardec. A cepa nada mais é que um ramo da videira, trepadeira lenhosa que nos fornece essa fruta deliciosa chamada uva. Os Espíritos superiores a escolheram como emblema do trabalho do Criador.
Eis o que eles disseram sobre o assunto a Kardec:

"Aí se acham reunidos todos os princípios materiais que melhor podem representar o corpo e o espírito. O corpo é a cepa; o espírito é o licor; a alma ou espírito ligado à matéria é o bago. O homem quintessencia o espírito pelo trabalho e tu sabes que só mediante o trabalho do corpo o Espírito adquire conhecimentos".

O texto citado consta dos Prolegômenos, uma espécie de prefácio que abre O Livro dos Espíritos.



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quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Pérolas literárias (113)


Anjo de redenção

Jésus Gonçalves

Do Céu desceste resplendente e puro
E no santo mistério em que te apagas
Vestiste-me o burel de sânie(1) e chagas
E algemaste-me a lenho estranho e duro.

Nume solar pairando no monturo,
Terno, escondendo as flores com que afagas,
Ouviste-me, em silêncio, o choro e as pragas,
Doce e invisível no caminho escuro!...

Mas, da cruz de feridas que me deste,
Libertaste meu ser à Luz Celeste,
Onde, sublime e fúlgido, flamejas!

E agora brado, enfim, de alma robusta:
– Deus te abençoe, ó Dor piedosa e justa,
Anjo da redenção! bendito sejas!...



(1) Burel: tecido grosseiro de lã. Sânie: pus ou matéria purulenta gerada pelas úlceras e chagas não tratadas.

O autor, Jésus Gonçalves, nasceu em 12 de julho de 1902 na cidade de Borebi, Estado de São Paulo. Surgindo-lhe os sintomas do Mal de Hansen em 1930, internou-se num hospital, daí se transferindo para o Asilo Colônia de Pirapitingui, onde desencarnou em 16 de fevereiro de 1947. Na Colônia conheceu o Espiritismo e fundou mais tarde um Centro Espírita. O soneto acima, psicografado por Chico Xavier, integra o Parnaso de Além-Túmulo.


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quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Pílulas gramaticais (167)


Existem em nosso idioma palavras que mudam de sentido ao receber o acréscimo de um singelo “s”.
Assim é que as palavras costa e costas têm significados diferentes.
Costa significa: litoral; porção de mar próxima da terra; encosta, declive.
Costas, além de ser o plural de costa, significa: a parte posterior do tronco humano; dorso, lombo, costado; a parte posterior de vários objetos; encosto; o lado oposto; reverso; em um livro, o lado correspondente ao fim do texto.
Desse modo, diremos:
- Ele percorreu de barco toda a costa.
- Meu filho caiu e machucou as costas.
- A costa da África é cheia de acidentes.
- As costas da mulher ficaram bastante feridas.
A palavra costas está presente também em diversas expressões conhecidas:
Carregar nas costas: numa tarefa que exija esforço de um grupo, fazer praticamente sozinho o trabalho de (todos); carregar.
Desejar ver pelas costas: desejar a ausência, o desaparecimento de (alguém).
Mostrar as costas: fugir.
Ter as costas quentes: estar sob a proteção de alguém.
Ter as costas largas: estar sob a proteção de alguém; ter as costas quentes, ter costas quentes, ter santo forte; ser capaz de arrostar responsabilidades, encargos, culpas, etc. 

*

Croqui [do fr. croquis], que significa esboço, em breves traços, de desenho ou de pintura, escreve-se assim mesmo, sem “s” no final. Diremos croquis quando quisermos nos referir a diversos esboços.
O mesmo ocorre com a palavra chassi [do fr. châssis], que também não se escreve com “s” no final.


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terça-feira, 25 de agosto de 2015

Nossos filhos... espíritos em caminhada


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Nossos filhos não são nossos, são espíritos em caminhada. Somos todos iguais perante o olhar do Pai. Esses espíritos, confiados a nós, são nossos companheiros, porém, com um laço mais estreito de responsabilidade, dedicação, cuidado. Deveria ser, regra geral, com amor e carinho, embora, graças a Deus, ocorra em grande parte dos casos.
Como também somos filhos e tivemos uma família, nossos filhos são espíritos em sucessão de uma história, ora por amor, ora por necessidade, no entanto, sempre com uma razão. E a sabedoria divina, devagarzinho, nos apresenta as etapas para a importante tarefa, na maioria das vezes, necessária: o apropriado reencontro para ambos os lados.
Vem como um pequenino ser carente de todos os tipos de cuidados, ser delicado por quem nos apaixonamos, por quem nosso coração tanto se felicita. De variadas formas, o filho pode chegar, às vezes, de inesperada e surpreendente maneira, entretanto, chega à nossa vida e isso é o fator determinante.
E olhamos para o filho... e devemos sempre nos recordar de que ele é um companheiro e não nos pertence. Todos devemos ser livres para a progressão na vida, pois quando o laço delicado passa a ser nó, os desajustes sufocam a harmonia imprescindível e prisioneiros passam a ocupar invisíveis celas devastadoras. Companheiro quer dizer alguém que acompanha, que deveria amar e ser amado.
Assim como o vento sopra indicando a melhor direção e segue adiante sem sufocar nenhuma flor, também deveriam ser os pais com seus filhos, ensinando-os sempre com o coerente exemplo e lembrando-se de que todos somos universos individuais formando o grande universo de infinitas estrelas. E todas estas querem brilhar, querem despertar a própria luz e seguir seu caminho. O melhor meio para o proveitoso ensinamento é o bom exemplo. Apenas palavras podem se perder ao vento enquanto boas ações observadas ensinam para sempre.
Nossos filhos serão os futuros pais que ensinarão o que aprenderam. Em uma existência não se molda o espírito, porém, muito se pode realizar tanto benéfica quanto maleficamente a outrem. Que sejam, então, incontáveis atos bondosos e edificantes na vida de nossos filhos.
Como se deve respeito aos pais, também estes devem respeitar os companheiros que hoje estão seus filhos, mas que possivelmente já podem ter sido seus pais num passado recente ou longínquo; o respeito é o maior conquistador de corações. Respeito a tudo, respeito à vida.
A Deus, puro agradecimento, pois nos concedeu a dádiva de um filho, confiou-nos um espírito para a ajuda em sua orientação, uma fabulosa oportunidade em nossa vida, crescimento para ambas as partes.
Então que o filho seja entendido e sentido como companheiro de jornada, ligado por amor ou reparação, mas acima de tudo uma ocasião favorável e abençoada. E os pais sejam amáveis orientadores atentos aos pequenos e mesmo aos já crescidos companheiros. Que falem o sim e o não necessários para o bom encaminhamento, no entanto, sobretudo que amem esses espíritos enviados, e os que por algum motivo ainda não são capazes, que, então, se esforcem para isso e lembrem-se sempre de que todo núcleo familiar está arranjado da melhor maneira para todos os envolvidos.
Aos pais, cujos filhos apresentam comportamento incompreensível, calma, fé e amor; aos pais de filhos inseguros, bem mais orientação e segurança; aos pais cujos filhos seguem caminhos tortuosos, a serenidade de buscá-los e colocá-los no brando caminho do bem; a todos os pais do universo, muita luz e persistência para não abandonarem seus companheiros confiados por Deus, mas sem se esquecerem de que todo espírito possui seu livre-arbítrio.
Os pais de hoje podem vir a ser os filhos de amanhã, então que a essência de toda palavra e ato paternos seja levada em conta e sentida como se o pai fosse um filho a recebê-la.

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/


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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

As mais lindas canções que ouvi (152)



Já era tempo

Ary Barroso e Vinícius de Moraes


Já era tempo de você voltar,
Me beijar, esquecer...
Já era mais que tempo de você
Refletir que as palavras
Muitas vezes
Não provêm do coração.

Faz muitos meses que você, meu bem,
Disse adeus e partiu.
Já era tempo de você chegar
Como eu, com os olhos
Rasos d'água, mas sem mágoa...

Triste de quem tem e vive à toa,
Triste de quem ama e não perdoa.
Ai de quem não cede
E de quem sempre tem razão.
Ninguém sabe mais que o coração...

Por isso eu peço:
Volte aos braços meus,
Sem adeus, só perdão,
Porque na hora em que você chegar
Como eu, com os olhos
Rasos d'água, mas sem mágoa...
Primeiro eu vou fingir espanto,
Depois sorrir, banhada em pranto...

Primeiro eu vou fingir espanto,
Depois sorrir, banhada em pranto.



Você pode ouvir a canção acima, na voz das intérpretes abaixo, clicando nos links respectivos:



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domingo, 23 de agosto de 2015

A paz e suas premissas segundo a Bíblia e os ensinos espíritas



Oriunda do latim pace, a palavra paz tanto significa ausência de violência, guerras e conflitos de natureza externa, como tranquilidade de alma e ausência de conflitos íntimos.
Um texto publicado algum tempo atrás na revista “O Consolador” chamou a atenção de todos para a surpresa que André Luiz (Espírito), autor do livro Nosso Lar, teve ao adentrar a colônia espiritual “Nosso Lar”, onde o cenário, além de encantador e bem diferente do que vira em sua passagem pelo Umbral, era pleno de paz.(1)
Desde 1998, Divaldo Franco vem realizando em várias cidades do Brasil e do exterior dezenas de encontros voltados para a paz. Referimo-nos ao Movimento "Você e a Paz", que ele idealizou com o propósito de congregar pessoas e instituições para a construção e desenvolvimento de uma cultura de paz e de não violência.
Em suas inúmeras manifestações a respeito do assunto, Divaldo tem lembrado que a violência, conforme definição atribuída à Unesco, é uma doença do espírito, da psique, e deve ser tratada na sua origem. Essa é a razão pela qual é preciso iniciemos o movimento pela paz em nossa casa, amando mais aos nossos filhos que já são amados, amando mais aqueles que ainda não o são, e tratando o cônjuge com o respeito e a dignidade que o ser humano merece.
A paz tem sido objeto de preocupação há muito tempo.
É assim que o tema comparece nas páginas da Bíblia, tanto no Antigo como em o Novo Testamento, nos quais são evidenciadas com clareza as condições indispensáveis para que a paz se concretize.
Eis alguns exemplos colhidos nas Escrituras: 
  1. Se algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos, e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? (Tiago 2:16)
  2. Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz. (Tiago 3:18)
  3. E o efeito da justiça será paz, e a operação da justiça, repouso e segurança para sempre. (Isaías 32:17)
  4. E procurai a paz da cidade, para onde vos fiz transportar em cativeiro, e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz. (Jeremias 29:7)
  5. Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco. (II Coríntios 13:11)
  6. Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens. (Romanos 12:18)
  7. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus. (Isaías 57:21)
  8. Mas os mansos herdarão a Terra, e se deleitarão na abundância de paz. (Salmos 37:11)
Na doutrina espírita, as condições que se apresentam como essenciais a que a paz se torne uma realidade em nossa vida são apresentadas com toda a clareza em diversos textos: 
  1. O amor está por toda parte em a Natureza, que nos convida ao exercício da nossa inteligência; até no movimento dos astros o encontramos. É o amor que orna a Natureza de seus ricos tapetes; ele se enfeita e fixa morada onde se lhe deparem flores e perfumes. É ainda o amor que dá paz aos homens, calma ao mar, silêncio aos ventos e sono a dor. (Resumo da doutrina de Sócrates e Platão, n. XVI, em O Livro dos Espíritos, Introdução, IV.)
  2. Com que direito exigiríamos dos nossos semelhantes melhor proceder, mais indulgência, mais benevolência e devotamento para conosco, do que os temos para com eles? A prática dessas máximas tende à destruição do egoísmo. Quando as adotarem para regra de conduta e para base de suas instituições, os homens compreenderão a verdadeira fraternidade e farão que entre eles reinem a paz e a justiça. Não mais haverá ódios, nem dissensões, mas, tão somente, união, concórdia e benevolência mútua. (Allan Kardec, em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XI, item 4.)
  3. Que os meus irmãos encarnados creiam na palavra do amigo que lhes fala, dizendo-lhes: É na caridade que deveis procurar a paz do coração, o contentamento da alma, o remédio para as aflições da vida. Oh! quando estiverdes a ponto de acusar a Deus, lançai um olhar para baixo de vós; vede que de misérias a aliviar, que de pobres crianças sem família, que de velhos sem qualquer mão amiga que os ampare e lhes feche os olhos quando a morte os reclame! (Adolfo, bispo de Argel, em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIII, item 11.)
  4. Meus filhos, na máxima: Fora da caridade não há salvação, estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no céu; na Terra, porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no céu, porque os que a houverem praticado acharão graças diante do Senhor. Essa divisa é o facho celeste, a luminosa coluna que guia o homem no deserto da vida, encaminhando-o para a Terra da Promissão. (Paulo, o apóstolo, em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XV, item 10.)
  5. Quando, por toda parte, a lei de Deus servir de base à lei humana, os povos praticarão entre si a caridade, como os indivíduos. Então, viverão felizes e em paz, porque nenhum cuidará de causar dano ao seu vizinho, nem de viver a expensas dele. (O Livro dos Espíritos, questão 789.)
Em face de ensinamentos tão claros, fica evidente que todos nós – individualmente ou coletivamente – podemos contribuir com o nosso tijolo para a edificação de uma sociedade mais justa, mais fraterna e solidária, criando assim as condições que farão deste orbe um mundo de paz, como, por sinal, previu o salmista.


(1) O texto citado foi publicado na edição 168 da revista, com o título O segredo da paz em “Nosso Lar”. Eis o link: http://www.oconsolador.com.br/ano4/168/editorial.html



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sábado, 22 de agosto de 2015

Rindo e aprendendo com nossos erros de português II



JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Estava-se no Tribunal, quando execrável juiz lavrou sua iníqua sentença de condenação a alguns políticos, grandes baluartes da democracia brasileira atual, por pequenos deslizes praticados por esses insignes representantes do nosso povo. Começava ali a descoberta de que, todo ano, 50 bilhões de reais são desviados dos cofres públicos brasileiros, o que daria para resolver a educação de nossas crianças e jovens com melhores escolas, melhor formação e salário de seus professores, cuja classe, em países sérios, é tratada com dignidade e respeito.
Um dos jurados presentes louvou o perverso magistrado com as seguintes palavras:
— “Bema-venturados” são os sábios como Vossa Excelência...
Ao que o árbitro das trevas respondeu com humildade:
— Depois dessa, sei que nada sei...
E nós refletimos, amigo leitor:
 — Se assim é, “bema-mados” pelo fisco são os nossos contribuintes.
Sim, amiga leitora, não se pronuncia a palavra composta bem-aventurados senão como “bem” e “aventurados”, distintamente; assim também “bem” e “amados” é a pronúncia de bem-amados.
“Bem mamado” é o bebê que mamou bem no peito da mamãe. “Bema-venturado” não sei o que é.
Ignoro de onde algumas pessoas cultas, sem o mínimo de reflexão, embarcaram nessa pronúncia, mas isso virou uma praga, de uns tempos para cá, como outras elocuções populares, tais como “há anos atrás”, “elo de ligação”, encarar de frente”, “adentrar para dentro”, “sair para fora”, etc. Isso é chamado, nas figuras de linguagem, de pleonasmo, que pode ser vicioso ou não...
Certos pleonasmos servem para enfatizar a elocução. Um exemplo é a expressão de Jesus: — Lázaro, sai para fora. Sair só pode ser para fora, mas o Cristo quis enfatizar a saída do amigo. Creio mesmo que ele teria dito, como rezam as melhores traduções: “— Lázaro, vem para fora” (João, 11:43).
Outro exemplo é a famosa frase inscrita no Oráculo de Delfos, na Grécia, e repetida por Sócrates: — Homem, conhece-te a ti mesmo. Pura ênfase. Mas, em geral, os pleonasmos são ditos por crassa ignorância e falta de reflexão de quem os pronuncia, pois se refletissem um pouco perceberiam que não há necessidade alguma da ênfase viciosa de suas expressões.
E também não será quando você “lê” estas informações, amiga leitora, que ficará mais sábia, e, sim, quando você “ler” e praticar, sem se sentir ofendida, cada uma destas dicas, sem perder a simplicidade, a clareza e a objetividade na comunicação falada e escrita.
Por fim, peço-lhe um favor, amigo leitor: quando vir alguém maltratando a língua, não o critique publicamente. Chame-o num canto à parte e alerte-o sobre a “pedalada” linguística. Anote, confira o suposto erro em boa gramática, no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, o menosprezado VOLP, e em bom dicionário, com muita atenção, para não ser cúmplice desse elemento, como dizem os policiais, e acabar assassinando a língua pátria.
Se você gostaria de estar em algum lugar, não diga que queria “está” ali, pois o que você deseja é “estar”. O verbo aqui fica no infinitivo.
Quando se diz “Vi com meus próprios olhos...” está-se enfatizando o ato de “ver”, com a expressão “com meus próprios olhos”, embora com os olhos do leitor é que eu não poderia ver, a não ser que fosse cego e tu me transmitisses, por osmose, tua visão.
Outros pleonasmos: a) encarei o problema de frente; b) foi estabelecido um elo de ligação; c) subi para cima; e) desci para baixo... É impossível encarar sem que o seja de frente; todo elo é de ligação; subir só pode ser para cima e descer somente é possível se for para baixo.
Ouvi de um crítico a recriminação a outro, que caluniava a crença alheia: — Vamos parar com essas alegorias... Em verdade, o que ele queria dizer era: — Vamos parar com essas aleivosias. Alegorias são figuras de linguagem, simbolismo de uma narração. Já aleivosias são falsas acusações, calúnias. Era este o seu pensamento: — Vamos parar com essas aleivosias, ou seja, com essas acusações falsas.
— Não te irrites se te pagarem mal um benefício; antes cair das nuvens que de um terceiro andar. (Machado de Assis)




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sexta-feira, 21 de agosto de 2015

No Invisível (12)


Estudamos semanalmente no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina (PR), o livro “No Invisível”, um dos clássicos do Espiritismo, de autoria de Léon Denis. São duas as turmas de estudo, uma na terça à noite, a outra na quinta-feira à tarde.
Reproduzimos, em seguida, o texto do módulo concluído nesta semana, cuja publicação tem por finalidade proporcionar, a quem se interessar, a oportunidade de acompanhar o mencionado estudo.

Questões para debate

A. A luz pode atrapalhar o curso de uma reunião mediúnica?
Sim. A luz geralmente exerce uma ação dissolvente sobre os fluidos. Em todos os casos em que não seja indispensável, como para obter-se a escrita semimecânica, será conveniente diminuir-lhe a intensidade e mesmo suprimi-la inteiramente. (No Invisível - O Espiritismo experimental: IX - Condições de experimentação.)
  
B. Quando o médium está agitado, inquieto, desassossegado, esse fato pode prejudicar as comunicações mediúnicas?  
Evidentemente. As mais secretas leis do pensamento se revelam nas experiências. Quando os membros de um grupo estão agitados por intensas preocupações, pode a linguagem do médium ressentir-se desse fato. O mesmo se dará com a ação dos Espíritos sobre o médium, e reciprocamente. Qualquer que seja o predomínio de um Espírito sobre o sensitivo, se este se acha desassossegado, inquieto, agitado, as comunicações apresentarão o cunho desse estado de perturbação. (Obra citada - O Espiritismo experimental: IX - Condições de experimentação.)

C. A composição do grupo, com maior ou menor número de participantes, pode afetar os resultados da sessão mediúnica?  
Pode. Os grupos pouco numerosos e de composição homogênea são os que reúnem as maiores probabilidades de êxito. Se já é difícil harmonizar as vibrações de cinco ou seis pessoas entre si e com os fluidos do Espírito, é evidente que as dificuldades aumentam com o número dos assistentes. É prudente não exceder o limite de dez a doze pessoas, mantendo, quando possível, sempre as mesmas, porque a renovação frequente da assistência, reclamando contínuo trabalho de fusão e assimilação da parte dos Espíritos, compromete ou pelo menos provoca a demora dos resultados. (Obra citada - O Espiritismo experimental: IX - Condições de experimentação.)

Texto para leitura

329. É compreensível ser necessário que haja afinidade entre os membros de um círculo e as entidades atuantes. As influências humanas atraem inteligências similares e as manifestações revestem um caráter em harmonia com as disposições, as preferências, as aptidões do meio.
330. Há críticos que têm pretendido concluir daí que as comunicações espíritas não passam de reflexos dos pensamentos dos assistentes. Fácil de refutar é essa opinião. Basta recordar as revelações de nomes, fatos, datas, desconhecidos de todos, as quais se têm produzido em tantos casos e foram reconhecidas exatas depois de verificação. Têm-se obtido palavras, ditadas em línguas ignoradas dos assistentes; a assinatura, o estilo, a maneira de escrever de pessoas falecidas têm sido mecanicamente reproduzidas por médiuns que nunca as haviam conhecido.
331. Às vezes, também, experimentadores instruídos só obtêm coisas vulgares, ao passo que em reuniões de iletrados têm sido transmitidas comunicações notáveis pela elevação e beleza de linguagem.
332. As analogias que se notam entre os membros de um grupo e os Espíritos que o dirigem não provêm unicamente das simpatias adquiridas e da similitude de opiniões; radicam-se também nas exigências da transmissão fluídica. Nas manifestações intelectuais o Espírito necessita de um agente e de um meio que lhe forneçam os elementos necessários para expor suas ideias e as fazer compreender. Daí a tendência para se aproximar dos homens com quem se acha em comunhão de ideias ou de sentimentos.
333. É sabido que nos fenômenos de escrita, de incorporação e, às vezes, mesmo, de tiptologia, o pensamento do Espírito se transmite através do cérebro do médium e este não deixa passar senão um certo número de vibrações – as que se acham em harmonia com o seu próprio estado psíquico. Do mesmo modo que um raio de luz, atravessando os vidros coloridos de uma janela, se decompõe e não projeta do outro lado senão uma quantidade reduzida de vibrações, assim o ditado do Espírito, seja qual for a opulência dos termos e das imagens que o compõem, será transmitido no restrito limite das formas e das expressões familiares ao médium e contidas em seu cérebro.
334. Essa regra é geral. Temos, entretanto, observado que um Espírito poderoso em vontade e energia consegue fazer um médium transmitir ensinos superiores a seus conhecimentos e indicar fatos que sua memória não registra.
335. Quanto às lacunas e contradições que entre si apresentam as comunicações e de que tantas vezes se faz um argumento contra o Espiritismo, convém não esquecer que os Espíritos, como os homens, representam todos os graus da evolução. A morte não lhes confere a ciência integral e, posto que suas percepções sejam mais extensas que as nossas, não penetram eles senão a pouco e pouco, e na medida do seu adiantamento, os segredos do Universo imensurável.
336. A atmosfera terrestre está povoada de Espíritos inferiores, em inteligência e em moralidade, aos quais o peso específico que lhes é próprio não permite elevarem-se mais alto. São os que acodem aos nossos chamados e se comunicam a maior parte das vezes. Os que se elevaram a uma vida superior não volvem até nós senão em missão. Suas manifestações são mais raras. Revestem-se de caráter grandioso, que não as permite confundir no conjunto das outras comunicações.
337. Se os pensamentos divergentes dos circunstantes são uma causa de perturbação e de insucesso, por um efeito contrário, os pensamentos dirigidos para um objetivo comum, sobretudo quando elevado, produzem vibrações harmônicas que difundem no ambiente uma impressão de calma, de serenidade, que penetra o médium e facilita a ação dos Espíritos. Estes, em vez de lutarem, empregando o poder da vontade, não têm mais que associar seus esforços às intenções dos assistentes; e desde logo a diferença dos resultados é considerável.
338. É por isso que nas reuniões do nosso grupo de estudos reclamamos constantemente o silêncio, o recolhimento, a união dos pensamentos e, a fim de os facilitar e de orientar a assistência no sentido de elevados assuntos, abrimos sempre as sessões com uma prece coletiva, com uma invocação improvisada ao Poder Infinito e aos seus invisíveis Agentes, pondo nessa invocação todas as forças de nosso espírito, todos os espontâneos surtos de nosso coração.
339. Além disso, nas sessões de efeitos físicos, quando se pretende obter fenômenos de transportes, escrita direta, materializações, é conveniente empregar um meio artificial para fixar num ponto os pensamentos dos circunstantes. Pode-se adotar um signo e colocar imaginariamente acima do médium, como, por exemplo, uma cruz, um triângulo, uma flor, e, de quando em quando, no curso da sessão, lembrar o signo convencional, atrair para ele a atenção oscilante e prestes sempre a desviar-se.
340. Esse processo substitui com vantagem as cantarolas vulgares, pouco edificantes, a que muitos costumam recorrer em certas reuniões e que impressionam desagradavelmente as pessoas de fino gosto e espírito culto, e só têm aplicação na obscuridade. A luz geralmente exerce uma ação dissolvente sobre os fluidos. Em todos os casos em que não seja indispensável, como para obter-se a escrita semimecânica, será conveniente diminuir-lhe a intensidade e mesmo suprimi-la inteiramente, desde que, por exemplo, se dispõe de médiuns videntes e de incorporação.
341. A música, os cantos graves e religiosos podem também contribuir poderosamente para determinar a harmonia dos pensamentos e dos fluidos. Isto não é, porém, suficiente. Nas sessões, à união dos pensamentos é necessário acrescentar a união dos corações. Quando reina a antipatia entre os membros de um grupo, a ação dos Espíritos elevados se enfraquece e aniquila. Para obter sua intervenção assídua é preciso que a harmonia moral, mãe da harmonia fluídica, se estabeleça nos corações e que todos os adeptos se sintam na conjunção de esforços por alcançar um objetivo comum, ligados por um sentimento de sincera e benévola cordialidade.
342. As mais secretas leis do pensamento se revelam nas experiências. Quando, às vezes, os membros de um grupo estão agitados por intensas preocupações, pode a linguagem do médium ressentir-se desse fato. O mesmo se dará com a ação dos Espíritos sobre o médium e reciprocamente. Qualquer que seja o predomínio de um Espírito sobre o sensitivo, se este se acha desassossegado, inquieto, agitado, as comunicações apresentarão o cunho desse estado de perturbação. As inteligências que se manifestam, quando sejam pouco adiantadas, podem também sofrer a influência dos assistentes.
343. Há, de modo geral, entre o meio terrestre e as entidades invisíveis uma reciprocidade de influências que é preciso ter em consideração na análise dos fenômenos. O Espírito elevado, porém, mesmo em virtude de sua superioridade e das forças de que dispõe, escapa a essas influências, as domina e governa, e se afirma com uma autoridade que não deixa lugar à menor dúvida. É por isso que convém acima de tudo captarmos a intervenção das almas superiores e facilitá-la, colocando-nos nas condições que elas nos impõem, sem as quais não podemos atrair senão Espíritos medíocres, pouco aptos a nos servir de guias e traduzir fielmente os altos ensinamentos do Espaço.
344. Os grupos pouco numerosos e de composição homogênea são os que reúnem as maiores probabilidades de êxito. Se já é difícil harmonizar as vibrações de cinco ou seis pessoas entre si e com os fluidos do Espírito, é evidente, a fortiori, que as dificuldades aumentam com o número dos assistentes.(1) É prudente não exceder o limite de dez a doze pessoas, de um e outro sexo, quando possível sempre as mesmas, sobretudo no começo das experiências.
345. A renovação frequente da assistência, reclamando contínuo trabalho de fusão e assimilação da parte dos Espíritos, compromete ou pelo menos demora os resultados. Se é excelente, no ponto de vista da propaganda, franquear os círculos a novos adeptos, é necessário que ao menos um núcleo de antigos membros permaneça compacto e constitua invariável maioria.
346. Convém reunir-se em dias e horas fixos e no mesmo lugar. Os Espíritos podem apropriar-se, assim, dos elementos fluídicos que lhes são necessários, e os lugares de reunião, impregnando-se desses fluidos, tornam-se cada vez mais favoráveis às manifestações.
347. A perseverança é uma das qualidades indispensáveis ao experimentador. Aborrece muitas vezes passar um serão infrutífero na expectativa dos fenômenos. Sabemos, contudo, que uma ação insensível, lenta e progressiva, se realiza no curso das sessões. A concentração das forças necessárias não se efetua, às vezes, senão depois de repetidos esforços, em reuniões de tentativas e de ensaios.
348. Os seguintes exemplos nos demonstram que a paciência é frequentemente a condição do êxito. Em 1855 o professor Mapes formou, em Nova Iorque, um grupo de doze pessoas, homens cultos e cépticos, que combinaram reunir-se, com um médium, vinte vezes seguidas. Durante as dezoito primeiras noites os fenômenos apresentaram caráter tão indeciso e trivial que muitos dentre os assistentes deploravam a perda de um tempo precioso; no curso das duas últimas sessões, porém, produziram-se fatos de tal modo notáveis que o estudo foi prosseguido pelo mesmo grupo durante quatro anos; todos os seus membros se tornaram convencidos adeptos.
349. Em 1861, o banqueiro Livermore, experimentando com a médium Kate Fox, com o fim de obter materializações do Espírito de sua esposa Estela, só à 24ª sessão viu desenhar-se a sua forma. Pôde mais tarde conversar com esse Espírito e obter comunicações diretas.  A falta de perseverança nenhum desses resultados teria permitido colher.
350. Compreende-se, à vista desses fatos, quanto é necessário aplicar uma atenção rigorosa à composição dos grupos e às condições de experimentação. Tal seja a natureza do meio, a faculdade do médium produzirá efeitos muitíssimo diversos. Ora se manifestará em fenômenos de caráter equívoco, que despertarão a dúvida e a desconfiança, fazendo que as sessões, em tal caso, deixem uma impressão de mal-estar indefinível; ora dará lugar a efeitos tão poderosos que diante deles toda incerteza se dissipará.
351. Tenho, por minha parte, assistido a muitas sessões nulas ou insignificantes; mas também posso afirmar que tenho visto médiuns admiravelmente inspirados em suas horas de êxtase e de sono magnético. Outros tenho visto escrever de um jato, às vezes mesmo na obscuridade, páginas magníficas de estilo, esplêndidas de elevação e de vigor. Tenho assistido, aos milhares, a fenômenos de incorporação que permitiam a habitantes do Espaço apoderar-se, durante algumas horas, do órgão de um médium e proferir frases, discursos, com inflexões tais que todos quantos os ouviam guardavam dessas reuniões uma recordação imorredoura.
352. Para o observador atento, que estudou todos os aspectos do fenômeno, há como que uma gradação, uma escala ascensional, que vai desde os ligeiros ruídos e os movimentos de mesas até as mais altas produções do pensamento. É uma engrenagem que se apodera do experimentador imparcial e cujo poder todos os homens que têm a preocupação da verdade cedo ou tarde reconhecerão.
353. Apesar das hostilidades, das repulsas e hesitações, forçoso virá a ser um dia consagrar-se, de modo geral, ao estudo das manifestações físicas; este, por um rigoroso encadeamento, conduzirá à psicografia e, em seguida, pela visão e audição, à incorporação; e desde que se quiser investigar as causas reais desses fenômenos, defrontar-se-á com o grande problema da sobrevivência.
354. À medida que o observador penetrar nesse domínio, sentir-se-á pouco a pouco elevado acima do plano material. Será induzido a reconhecer que os fatos de ordem física não são mais que preparação para fenômenos mais eminentes e que todos, em conjunto, convergem para a manifestação desta verdade: que a alma humana é imperecível e os seus destinos são eternos. Conceberá, desde então, das leis do Universo, da ordem e harmonia das coisas, uma ideia cada vez mais grandiosa, com uma noção sempre mais profunda do objetivo da existência e dos imprescritíveis deveres que ela impõe.
355. Nos fenômenos é, portanto, necessário distinguir três causas em ação: a vontade dos experimentadores, as forças exteriorizadas do médium e dos assistentes e a intervenção dos Espíritos. Os próprios fenômenos se podem dividir em duas grandes categorias: os fatos magnéticos e os fatos mediúnicos; uns e outros, porém, intimamente se entrelaçam e muitas vezes se confundem.
356. O médium, uma vez mergulhado em sono magnético, acha-se em três estados distintos que se podem nele suceder, a cada um dos quais corresponde uma ordem de fenômenos. São eles:
1 - O estado superficial de hipnose, favorável aos fatos telepáticos e à transmissão de pensamento. Os que, todavia, se produzem nesse estado são em geral pouco concludentes; o desprendimento do corpo fluídico do médium é incompleto, e sua ação pessoal se pode misturar à sugestão do Espírito.
2 - O sono magnético real, que permite ao corpo fluídico do médium exteriorizar-se e agir à distância.
3 - O sono profundo, graças ao qual se produzem as aparições, as materializações, a levitação do médium, as incorporações. O sono mediúnico, em suas várias fases, pode ser provocado, ora por um dos experimentadores, ora diretamente pelo Espírito. Julgamos preferível deixar agir a influência oculta, quando suficiente. Assim se evitará a objeção habitual de que a ação do magnetizador favorece a sugestão.


(1) A fortiori – expressão latina que significa ‘com tanto mais razão’, usada, em Lógica, na expressão ‘raciocínio a fortiori’. 


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