domingo, 31 de janeiro de 2021

 



A reencarnação e seu propósito

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

De Londrina-PR

 

Existe, como sabemos, uma diferença de conteúdo essencial entre os vocábulos reencarnação e ressurreição.

A ideia de que os mortos podiam volver à vida terrestre fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição. Só os saduceus, partidários de uma seita fundada por Sadoc por volta do ano 248 a.C., cuja crença era a de que tudo acabava com a morte, não acreditavam nisso.

Os judeus, sim, admitiam que um homem que vivera podia reviver, sem saberem precisamente de que maneira o fato se dava. É assim que muitas pessoas acreditavam que Jesus fosse algum dos profetas que voltara. Designavam com o nome de ressurreição o que o Espiritismo chama de reencarnação.

A ressurreição propriamente dita, que implica o retorno à vida de um corpo que se acha com seus elementos dispersos ou absorvidos, é cientificamente impossível. Se aplicada às pessoas que tiveram uma morte aparente, como Lázaro ou a filha de Jairo, fica evidente a impropriedade da palavra, porque, não existindo morte, não há que falar de ressurreição, mas sim de ressuscitação, nome que se dá, em Medicina, ao conjunto de atos pelos quais, mediante o uso de manobras manuais e de aparelhos adequados, se restaura a vida ou a consciência de indivíduo aparentemente morto.

Reencarnação significa coisa diferente, pois é a volta do Espírito à existência corpórea, mas em outro corpo formado especialmente para ele e que nada tem de comum com o antigo.

A ideia de reencarnação está bem definida na questão 166 d´O Livro dos Espíritos:

 

- Como pode a alma, que não alcançou a perfeição durante a vida corpórea, acabar de depurar-se? 

“Sofrendo a prova de uma nova existência.”

a) Como realiza essa nova existência? Será pela sua transformação como Espírito?

“Depurando-se, a alma indubitavelmente experimenta uma transformação, mas para isso necessária lhe é a prova da vida corporal.”

b) A alma passa então por muitas existências corporais?

“Sim, todos contamos muitas existências. Os que dizem o contrário pretendem manter-vos na ignorância em que eles próprios se encontram. Esse o desejo deles.”

c) Parece resultar desse princípio que a alma, depois de haver deixado um corpo, toma outro, ou, então, que reencarna em novo corpo. É assim que se deve entender?

“Evidentemente.”

 

Vê-se que o propósito da reencarnação é permitir que os Espíritos alcancem a meta para a qual foram criados: a perfeição. O conceito de reencarnação está, portanto, intimamente ligado ao conceito de encarnação, isto é, à passagem do Espírito pela existência carnal ou corporal, assunto tratado na questão 132 da mesma obra:

 

– Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?

“Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.”

 

À vista destes ensinos, não é difícil compreender as seguintes palavras que Jesus dirigiu a Nicodemos: “Em verdade, em verdade, te digo: Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo”. (João, 3:1 a 12.)

 

 

 

 

 

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sábado, 30 de janeiro de 2021

 



Revisor não é coautor

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília-DF

 

Encontrei-me, noite passada, com o Bruxo do Cosme Velho, que, na juventude, exerceu o ofício de revisor. Ele saiu duma nave fluídica, que atravessou a dimensão espacial e se materializou em meu escritório. Feliz por revê-lo, saudei-o amigavelmente. Machado retribuiu meu cumprimento e perguntou-me sobre o que tanto me inquieta ultimamente.

Ocupado com trabalhos revisionais, perguntei-lhe se ele, que na juventude trabalhara como revisor de textos dos periódicos Marmota Fluminense e Correio Mercantil, tinha algumas dicas aos revisores de obras espíritas. Ele, então, propôs-me dez mandamentos:

I - Respeitarás o autor do texto sobre todas as tuas ciências, com todo o teu entendimento e de todo o teu coração;

II – Não substituirás termos doutrem, inda que sejam sinônimos, pelos do teu agrado, principalmente, se o escritor já estiver no Além;

III - Não corrigirás destaques, palavras repetidas, em versos e, muito menos, juntarás estrofes de poemas alheios;

IV – Uma cousa é uma coisa; outra coisa é uma cousa; se optei por cousa, não te cabe trocar por coisa; além disso, a obra que revisas pode ir além-mar, após o acordo ortográfico entre países lusófonos, onde cousa é a mesma coisa;

V – Não mudarás o sentido direto pelo indireto, e vice-versa, da frase que não é tua, ou seja, da frase que não é tua, não mudarás o sentido direto pelo indireto;

VI – Lembra-te de que adjuntos adverbiais dispensam vírgula no fim da frase;

VII – Honra o teu editor e a autoria do texto, mas, se discordares dalgo grave que ambos exigem manter no trabalho sob tua revisão, pede-lhes para excluir teu nome da citação dos créditos na obra;

VIII – Não faças qualquer alteração de frases obscuras à revelia do autor;

IX - Não atualizes nem mudes referências citadas pelo autor, salvo se tiveres certeza de que estão erradas;

X – Não ambiciones ser coautor da obra, inda que contribuas, com a anuência do autor, na correção de datas, concordância, regência, ortografia, coerência, vírgulas, acréscimos autorizados por ele, ponto final.

Dito isso, Machado de Assis deu-me um abraço, desejou-me saúde, neste mundo em transição, retornou à nave e acenou-me adeus.

Disse-lhe muito obrigado e passei a refletir...

 

Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com

 

 

 

 

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sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

 



O Além e a Sobrevivência do Ser

 

Léon Denis

 

Parte 2

 

Damos sequência ao estudo do clássico O Além e a Sobrevivência do Ser, de autoria de Léon Denis, com base na 8ª edição publicada em português pela Federação Espírita Brasileira.

Nosso propósito é que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados Clássicos do Espiritismo.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. É verdade que no final do século 19 e início do século 20 o estudo da personalidade humana sofreu importante guinada? 

B. Foi por essa ocasião que vultos eminentes da ciência passaram a reconhecer e afirmar a realidade dos fenômenos espíritas?

C. Para Sir Oliver Lodge, membro da Academia Real e reitor da Universidade de Birmingham, a sobrevivência do ser é um fato comprovado?

 

Texto para leitura

 

22. Pode-se dizer que a infância do século XX assinala uma nova fase do pensamento e da ciência. Esta se afasta cada vez mais das linhas acanhadas em que esteve encerrada por tão largo tempo, a fim de levantar o voo, de desenvolver seus meios de investigação e de apreciação e explorar os vastos horizontes do desconhecido.  

23. A psicologia, notadamente, enveredou por outros caminhos. O estudo do eu, da personalidade humana, passou do terreno da metafísica para o da observação e da experiência. Entre as ciências nascidas deste movimento figura o espiritualismo experimental.  

24. Sob esta denominação, o velho Espiritismo, tão escarnecido e achincalhado, tantas vezes enterrado, reapareceu mais vivo e vê aumentar dia a dia o número de seus adeptos. Não é isto bastante singular? Nunca talvez se vira um conjunto de fatos, considerados a princípio como impossíveis, que não despertavam, no pensamento da maioria dos homens, senão antipatia, desconfiança, desdém; que eram alvo da hostilidade de muitas instituições seculares, acabar por se impor à atenção e mesmo à convicção de eminentes cientistas, de sábios competentes, cheios de autoridade por suas funções e seus caracteres!  

25. Esses homens, anteriormente cépticos, chegaram, por via de estudos, de pesquisas, de experiências, a reconhecer e a afirmar a realidade da maior parte dos fenômenos espíritas.  

26. Sir William Crookes, o mais notável físico dos tempos modernos, depois de ter observado, durante três anos, as materializações do Espírito de Katie King e de as haver fotografado, declarou: “Não digo: isto é possível; digo: isto é real.”  

27. Pretendeu-se que W. Crookes se retratara. Ora, à semelhante insinuação ele próprio respondeu no discurso que proferiu por ocasião da abertura do Congresso de Bristol, como presidente da Associação Britânica para o Adiantamento das Ciências. Falando dos fenômenos que descrevera, acrescentou: “Nada vejo de que me deva retratar; mantenho minhas declarações já publicadas. Poderia mesmo aditar-lhes muita coisa.”  

28. Russel Wallace, da Academia Real de Londres, na obra intitulada O Milagre e o Moderno Espiritualismo, descreve: “Eu era um materialista tão completo e experimentado que não podia, nesse tempo, achar lugar no meu pensamento para a concepção de uma existência espiritual... Os fatos, entretanto, são obstinados: os fatos me convenceram."  

29. O professor Hyslop, da Universidade de Colúmbia, Nova York, em seu relatório sobre a mediunidade de Mrs. Piper, médium de transe, disse: “A julgar pelo que eu próprio vi, não sei como poderia furtar-me à conclusão de que a existência de uma vida futura está absolutamente demonstrada.”  

30. F. Myers, professor em Cambridge, na bela obra: A Personalidade Humana, chega à conclusão de que “vozes e mensagens nos vêm de além-túmulo”. Falando de Mrs. Thompson, acrescenta: “Creio que a maioria dessas mensagens parte de Espíritos que se servem temporariamente do organismo dos médiuns, para no-las transmitir.”  

31. Richard Hodgson, presidente da Sociedade Americana de Pesquisas Psíquicas, escrevia nos Proceedings of Society Psychical Research: “Acredito, sem a menor sombra de dúvida, que os Espíritos que se comunicam são de fato as personalidades que dizem ser; que sobreviveram à mutação conhecida pelo nome de morte e que se comunicaram diretamente conosco, pretensos vivos, por intermédio do organismo de Mrs. Piper adormecida.”  

32. O mesmo Richard Hodgson, falecido em dezembro de 1906, se comunicou depois com seu amigo James Hyslop, entrando em minúcias acerca das experiências e dos trabalhos da Sociedade de Pesquisas Psíquicas. E explicou como, para ficar absolutamente provada sua identidade, deviam as experiências ser conduzidas.  

33. Essas comunicações foram feitas por diferentes médiuns que não se conhecem reciprocamente e umas confirmam as outras. Notam-se as palavras e as frases familiares, em vida, aos que se comunicam depois de mortos.  

34. Sir Oliver Lodge, reitor da Universidade de Birmingham e membro da Academia Real, escreveu em The Hilbert Journal o seguinte, que o Light de 8 de julho de 1911 reproduziu: “Falando por conta própria e com pleno sentimento de minha responsabilidade, dou testemunho de que, como resultado das investigações que fiz no terreno do psiquismo, adquiri por fim, mas de modo inteiramente gradual, a convicção em que me mantenho após vinte anos de estudo, não só de que a continuação da existência pessoal é um fato, como também de que uma comunicação pode ocasionalmente, embora com dificuldade e em condições especiais, chegar-nos através do espaço.”  

35. Na conclusão do seu recente livro A Sobrevivência Humana, acrescentou: “Não vimos anunciar uma verdade extraordinária; nenhum novo meio de comunicação trazemos, mas apenas uma coleção de provas de identidade cuidadosamente colhidas, por métodos desenvolvidos, ainda que antigos, mais exatos e mais vizinhos da perfeição talvez do que os empregados até hoje. Digo ‘provas cuidadosamente colhidas’, pois que os estratagemas empregados para a sua obtenção foram postos em prática de um e de outro lado da barreira que separa o mundo visível do invisível; houve distintamente cooperação dos que vivem na matéria e dos que já se libertaram dela.”  

36. O professor W. Barrett, da Universidade de Dublin, declarou (Anais das Ciências Psíquicas, novembro e dezembro de 1911): “Sem dúvida, por nossa parte acreditamos haver alguma inteligência ativa operando por detrás do automatismo (escrita mecânica, transe e incorporação) e fora deste, uma inteligência que mais provavelmente é a pessoa morta que a mesma inteligência afirma ser do que qualquer outra coisa que possamos imaginar... Dificilmente se encontrará solução para o problema dessas mensagens e das ‘correspondências’ de cooperação inteligente entre certos Espíritos desencarnados e os nossos.”  

37. O célebre Lombroso, professor da Universidade de Turim, escrevia na Lettura: “Sinto-me forçado a externar a convicção de que os fenômenos espíritas são de uma importância enorme e que é dever da Ciência dirigir sem mais demora sua atenção para essas manifestações.”

 

Respostas às questões preliminares

 

A. É verdade que no final do século 19 e início do século 20 o estudo da personalidade humana sofreu importante guinada? 

Sim. A infância do século 20, sobretudo, assinalou uma nova fase do pensamento e da ciência. Esta se afastou das linhas acanhadas em que esteve encerrada por tão largo tempo, a fim de levantar o voo, de desenvolver seus meios de investigação e de apreciação e explorar os vastos horizontes do desconhecido. O estudo do eu, da personalidade humana, passou do terreno da metafísica para o da observação e da experiência. Entre as ciências nascidas desse movimento figura o espiritualismo experimental. (O Além e a Sobrevivência do Ser.)

B. Foi por essa ocasião que vultos eminentes da ciência passaram a reconhecer e afirmar a realidade dos fenômenos espíritas?

Sim. Cientistas importantes, anteriormente cépticos, chegaram, por via de estudos, de pesquisas e de experiências, a reconhecer e a afirmar a realidade da maior parte dos fenômenos espíritas. Um deles, Sir William Crookes, o mais notável físico daquela época, depois de haver observado, durante três anos, as materializações do Espírito de Katie King e de as haver fotografado, declarou: “Não digo: isto é possível; digo: isto é real.” (Obra citada.)

C. Para Sir Oliver Lodge, membro da Academia Real e reitor da Universidade de Birmingham, a sobrevivência do ser é um fato comprovado?

Sim. Eis o que ele escreveu em The Hilbert Journal e o Light de 8 de julho de 1911 reproduziu: “Falando por conta própria e com pleno sentimento de minha responsabilidade, dou testemunho de que, como resultado das investigações que fiz no terreno do psiquismo, adquiri por fim, mas de modo inteiramente gradual, a convicção em que me mantenho após vinte anos de estudo, não só de que a continuação da existência pessoal é um fato, como também de que uma comunicação pode ocasionalmente, embora com dificuldade e em condições especiais, chegar-nos através do espaço.” (Obra citada.)

 

 

Observação:

Para acessar a 1ª Parte deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/01/o-alem-e-asobrevivencia-do-ser-leon.html

 

 

 

 

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quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

 



O Evangelho segundo o Espiritismo

 

Allan Kardec

 

Parte 11

 

Prosseguimos o estudo metódico de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, terceira das obras que compõem o Pentateuco Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em abril de 1864.

Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto consolidado dos estudos relativos à presente obra, para acompanhar, pari passu, o presente estudo, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN e, em seguida, no verbete "O Evangelho segundo o Espiritismo”.

Eis as questões de hoje:


81. Que pensar dos que, recebendo a ingratidão em paga de benefícios que fizeram, deixam de praticar o bem para não topar com os ingratos?

Nesses há mais egoísmo do que caridade, visto que fazer o bem apenas para receber demonstrações de reconhecimento é não fazê-lo com desinteresse. O bem feito desinteressadamente é o único agradável a Deus. Se Deus permite que por vezes sejamos pagos com a ingratidão é para experimentar a nossa perseverança em praticar o bem. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIII, item 19.)

82. É acertada a beneficência quando praticada exclusivamente entre pessoas da mesma opinião, da mesma crença, ou do mesmo partido?

Claro que não, porque é precisamente o espírito de seita e de partido que precisa ser abolido, visto que são irmãos todos os homens. O verdadeiro cristão vê somente irmãos em seus semelhantes e não procura saber, antes de socorrer o necessitado, qual a sua crença ou a sua opinião. (Obra citada, cap. XIII, item 20.)

83. É complexa a tarefa dos pais de conduzir seus filhos pelo caminho do bem?

Segundo Santo Agostinho (Espírito), essa tarefa não é tão difícil quanto nos possa parecer. Não exige o saber do mundo. Podem desempenhá-la assim o ignorante como o sábio, e o Espiritismo lhe facilita o desempenho dando a conhecer a causa das imperfeições da alma humana. Desde pequenina, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz de sua existência anterior. A estudá-los devem os pais aplicar-se. Todos os males se originam do egoísmo e do orgulho. Espreitem, pois, os pais os menores indícios reveladores do gérmen de tais vícios e cuidem de combatê-los, sem esperar que lancem raízes profundas. Façam como o bom jardineiro, que corta os rebentos defeituosos à medida que os vê apontar na árvore. Se deixarem que se desenvolvam o egoísmo e o orgulho, não devem espantar-se de serem mais tarde pagos com a ingratidão. (Obra citada, cap. XIV, item 9.)

84. A moral de Jesus pode ser resumida em duas virtudes principais. Quais são elas? 

Caridade e humildade, virtudes que são o oposto, respectivamente, do egoísmo e do orgulho. (Obra citada, capítulo XV, itens 1 a 3.)

85. Qual é a frase escrita por Kardec que sintetiza os deveres do homem na face da Terra? 

Fora da caridade não há salvação. (Obra citada, capítulo XV, itens 4 e 5.)  

86. Quais são, segundo Paulo de Tarso, as qualidades da caridade?

Paulo de Tarso, além de colocar a caridade acima da fé e da esperança, definiu-a de modo muito claro, mostrando-a não só na beneficência, como também no conjunto de todas as qualidades do coração, na bondade e na benevolência para com o próximo. (Obra citada, capítulo XV, itens 6 e 7.)

87. Quais são os erros presentes nas máximas "Fora da Igreja não há salvação" e "Fora da verdade não há salvação"?

O dogma “Fora da Igreja, não há salvação” se estriba não na fé fundamental em Deus e na imortalidade da alma, fé comum a todas as religiões, porém numa fé especial, em dogmas particulares e, por isso, é exclusivista e absoluto. Esse é o seu erro. Longe de unir os filhos de Deus, separa-os; em vez de incitá-los ao amor de seus irmãos, alimenta e sanciona a irritação entre os sectários dos diferentes cultos que reciprocamente se consideram malditos na eternidade, embora possam, em alguns casos, ser parentes e amigos.

A máxima “Fora da verdade não há salvação” equivale ao “Fora da Igreja não há salvação” e é igualmente exclusivista, porquanto nenhuma seita existe que não pretenda ter o privilégio da verdade.  Se Deus houvera feito da posse da verdade absoluta condição expressa da felicidade futura, teria proferido uma sentença de proscrição geral, ao passo que a caridade, mesmo na sua mais ampla acepção, podem todos praticá-la. (Obra citada, capítulo XV, itens 8 e 9.)

88. Por que Paulo de Tarso diz em sua mensagem sobre a caridade que os destinos do homem na Terra e no Céu se contêm na máxima "Fora da caridade não há salvação"?  

Ele mesmo explicou o que quis dizer com tal frase, ao acrescentar à frase as seguintes palavras: na Terra, porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no céu, porque os que a houverem praticado acharão graças diante do Senhor. Essa divisa é, segundo Paulo, o facho celeste, a luminosa coluna que guia o homem no deserto da vida, encaminhando-o para a Terra da Promissão. Ela brilha no céu, como auréola santa, na fronte dos eleitos, e, na Terra, se acha gravada no coração daqueles a quem Jesus dirá: “Passai à direita, benditos de meu Pai”. (Obra citada, capítulo XV, item 10.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 10 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/01/o-evangelho-segundo-o-espiritismo-allan_21.html

 

 

 

 

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quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

 


Nos Domínios da Mediunidade

 

André Luiz

 

Parte 1

 

Vimos publicando neste espaço – sob a forma dialogada – o estudo de onze livros de André Luiz, psicografados pelo médium Francisco Cândido Xavier, integrantes da chamada Série Nosso Lar.

Concluído o estudo dos sete primeiros livros da Série, iniciamos nesta data o estudo da oitava obra: Nos Domínios da Mediunidade, publicada em 1954 pela Federação Espírita Brasileira.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto consolidado do livro, para acompanhar, pari passu, o presente estudo, sugerimos que clique em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#AND e, em seguida, no verbete " Nos Domínios da Mediunidade".

Eis as questões de hoje:


1. Que é indispensável à peregrinação libertadora para os Cimos da Vida?

Depois de afirmar, no prefácio desta obra, que "somos instrumentos das forças com as quais estamos em sintonia", Emmanuel é bem claro e direto: "Sem noção de responsabilidade, sem devoção à prática do bem, sem amor ao estudo e sem esforço perseverante em nosso próprio burilamento moral, é impraticável a peregrinação libertadora para os Cimos da Vida". (Nos Domínios da Mediunidade, Prefácio, págs. 9 a 12.)

2. Principal instrutor da obra ora em estudo, quem foi Aulus?

Aulus aliava, segundo André Luiz, uma substanciosa riqueza cultural ao mais entranhado patrimônio de amor, causando satisfação vê-lo reportar-se às necessidades humanas, com o carinho do médico benevolente e sábio que desce à condição de enfermeiro para a alegria de ajudar e salvar. Ele interessava-se pelas experimentações mediúnicas desde 1779, quando conhecera Mesmer, em Paris. Havendo reencarnado no início do século 19, apreciara de perto as realizações de Allan Kardec, na codificação do Espiritismo, e privara com Cahagnet e Balzac, Théophile Gautier e Victor Hugo, acabando seus dias na França, depois de vários decênios consagrados à mediunidade e ao magnetismo, nos moldes científicos da Europa. No mundo espiritual prosseguiu no mesmo rumo, observando e trabalhando em seu apostolado educativo. (Obra citada, cap. 1, pág. 13.)

3. Onde se situa a base de todos os fenômenos mediúnicos?

Segundo o instrutor Albério, a mente permanece na base de todos os fenômenos mediúnicos. Somos – diz ele – capazes de arrojar de nós a energia atuante do próprio pensamento, estabelecendo, em torno de nossa individualidade, o ambiente psíquico que nos é particular. (Obra citada, cap. 1, págs. 15 e 16.)

4. O psiquismo que nos é peculiar independe dos centros nervosos?

Sim. O psiquismo independe dos centros nervosos, uma vez que, fluindo da mente, é ele que condiciona todos os fenômenos da vida orgânica em si mesma. (Obra citada, cap. 1, págs. 16 e 17.)

5. Que podemos entender por vibrações compensadas?

Para responder a esta questão, imaginemos um suposto diálogo entre um hotentote desencarnado e um sábio terrestre. Hotentote é o nome que designa o indivíduo pertencente a um povo nômade do sul da África. Evidentemente, nesse contato o desencarnado nada poderá oferecer ao sábio além dos assuntos triviais em que se lhe desdobraram no mundo as experiências primitivistas. Se o desencarnado fosse o sábio a comunicar-se com o hotentote encarnado, não conseguiria também facultar-lhe cooperação imediata, salvo no trabalho embrionário em que se lhe situam os interesses mentais, como por exemplo o auxílio a um rebanho. Obviamente, o hotentote não se sentiria feliz na companhia do sábio e vice-versa, por falta desse alimento quase imponderável que o Instrutor Albério denominou "vibrações compensadas". É da Lei, explicou ele, que nossas maiores alegrias sejam recolhidas ao contato daqueles que, em nos compreendendo, permutam conosco valores mentais de qualidades idênticas aos nossos, assim como as árvores oferecem maior produtividade se colocadas entre árvores da mesma espécie, com as quais trocam seus princípios germinativos. (Obra citada, cap. 1, págs. 17 e 18.)

6. Por que há estudiosos que comparam nosso mundo mental a um espelho?

Essa comparação advém – segundo o Instrutor Albério – do fato de que refletimos as imagens que nos cercam e arremessamos na direção dos outros as imagens que criamos. Como não podemos fugir ao imperativo da atração, somente retrataremos a claridade e a beleza se instalarmos a beleza e a claridade no espelho de nossa vida íntima. Por causa disso, é preciso compreender que os reflexos mentais, conforme sua natureza, favorecem-nos a estagnação ou nos impulsionam a jornada para a frente, porque cada criatura humana vive no céu ou no inferno que edificou para si mesma. O espelho sepultado na lama não reflete o esplendor do Sol; o lago agitado não retrata a imagem da estrela. É imprescindível, pois, saber que tipo de onda mental assimilamos, para conhecer a qualidade do nosso trabalho. (Obra citada, cap. 1, págs. 18 a 20.)

7. A moralidade, o sentimento e o caráter das pessoas são perceptíveis aos olhos dos Espíritos?

Segundo Aulus, são claramente perceptíveis, por meio de singela e ligeira inspeção. Hilário perguntou, então, se detectando a presença de elementos arraigados ao mal, numa equipe de cooperadores do bem, os instrutores espirituais providenciariam sua expulsão. "Não será preciso", respondeu Aulus. "Se a maioria permanece empenhada na extensão do bem, a minoria encarcerada no mal distancia-se do conjunto, pouco a pouco, por ausência de afinidade." (Obra citada, cap. 2, págs. 23 e 24.)

8. Numa reunião mediúnica é importante o serviço de harmonização preparatória?

Sim. O serviço de harmonização preparatória é muito importante. Quinze minutos de prece, quando não sejam de palestra ou leitura com elevadas bases morais, estabelecem o clima necessário à reunião, uma vez que não devemos abordar o mundo espiritual sem a atitude nobre e digna que nos outorgará a possibilidade de atrair companhias edificantes. (Obra citada, cap. 2, págs. 25 e 26.)

 

  

 

 

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terça-feira, 26 de janeiro de 2021

 



Somente Deus

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

De Londrina-PR

 

Um dos grandes princípios é saber que somente Deus pode dar a vida ou deve retirá-la de acordo com os seus desígnios, pois Ele tudo sabe mesmo antes de existir. Somente Deus deve decidir quem viverá ou não. Somos apenas simples seres e os dias aqui é que nos dão, principalmente, a experiência e a condição para o nosso crescimento.

As mães e os seus bebês devem ser valorizados como pérolas e cristais, como a chuva sobre as flores, como o ar puro das manhãs, como a água limpa e fresca, como o amor que alimenta a alma, como o pão que abranda a fome, como o olhar ao céu vendo Deus. As mães e os seus bebês são as rainhas e os príncipes e princesas que iluminam todo um reinado... a vida. E se a mãe se vê sem o seu filho – por vontade ou forçosamente − certamente nunca mais será a mesma mulher; se o filho se vê sem sua mãe, aqui ou lá, não será mais a estrela feliz.

Ambos possuem a vida criada por Deus e não têm o direito de exterminar essa vida, nenhuma jovem mãe e nenhum filho já crescido. O pequenino precisa da mãe em tempo integral para que os laços se fortaleçam, é o reencontro entre dois espíritos, com motivo, tempo e lugar estabelecidos.

Não há equívocos nos arranjos familiares – espíritos encaminhados em comum acordo ou necessidade −, há somente puro amor de Deus em benefício do aprimoramento dos Seus filhos. Ainda que uma gravidez inesperada surja, possui o seu objetivo e o espírito gestante tem relação direta com o espírito aguardado. Não há equívoco na vida. Há, sim, ação e reação, a lei universal.

Se antecipadamente ao que seria o nosso nascimento, a nossa vida tivesse sido ceifada, como estaríamos? Não teríamos vindo a mais uma vivência, oportunidade bendita; não teríamos amado, sofrido, aprendido, acertado, errado, sorrido, visto; não teríamos feito nada de tudo o que já fizemos, na verdade não teríamos vivido aqui nem progredido mais um pouco. Não teríamos encontrado tantos outros espíritos necessários; não teríamos realizado o que devemos, aprendido um pouquinho mais sobre a grandeza de Deus; não teríamos recebido nem dado amor; amparado nem sido amparados; não teríamos feito as preces diárias nem dado os abraços apertados. Se a nossa mãe nos tivesse abortado, certamente as lindas manhãs demorariam para amanhecer em nossa vida, seria mais céu cinza, solitário e infeliz.

Ou mais fácil ou mais difícil, a nossa mãe nos garantiu a vida e estamos aqui hoje. Gratidão.

E nas orações de coração puro, Deus nos diz sempre que só quer os Seus filhos felizes, com vida e toda luz que puderem sentir.

 

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

 

 

 

 

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