O Além e a
Sobrevivência do Ser
Léon Denis
Parte 15
Damos sequência ao estudo do clássico O Além e a Sobrevivência do Ser, de autoria de Léon Denis, com base na 8ª edição publicada em português pela Federação Espírita Brasileira.
Nosso propósito é que este estudo
sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados
Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas
encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Quantos elementos compõem o ser
humano?
B. É correto dizer que o homem tem
diversas consciências?
C. Segundo o Espiritismo, as almas que
se amam tornam a encontrar-se, mesmo depois do fenômeno da morte corpórea?
Texto para
leitura
175. Jamais os seres invisíveis se nos
apresentaram como sendo o inconsciente ou o eu superior dos médiuns e das
outras pessoas presentes. Sempre se anunciaram como personalidades diferentes,
no gozo pleno de suas consciências, com individualidades livres, que viveram na
Terra, conhecidos dos assistentes, na maioria dos casos com todos os caracteres
do ser humano, suas qualidades e seus defeitos, e, frequentemente, forneciam
provas de sua própria identidade.
176. O que há de mais notável em tudo
isto, parece-nos, é a engenhosidade, a fecundidade de certos pensadores, a
habilidade que denotam em arquitetar teorias fantasistas, com o fim de fugirem
a realidades que lhes desagradam e os embaraçam.
177. Sem dúvida, não previram todas as
consequências de seus sistemas, fecharam os olhos aos resultados que deles se
pode esperar. Sem atenderem a que estas doutrinas funestas aniquilam a
consciência e a personalidade, separando-as, chegando logicamente, fatalmente,
à negação da liberdade, da responsabilidade e, por conseguinte, à destruição de
toda a lei moral.
178. Efetivamente, tivessem realidade
tais hipóteses, o homem seria uma dualidade ou uma pluralidade mal equilibrada,
em que cada consciência agiria a seu talante, sem se incomodar com as outras.
São essas noções que, penetrando nas almas e tornando-se para elas uma
convicção, um argumento, as levam a todos os excessos.
179. Ao contrário, tudo na Natureza e
no homem é simples, claro, harmônico e só parece obscuro e complicado por
efeito do espírito de sistema.
180. Do exame atento, do estudo
constante e aprofundado do ser humano, uma coisa resulta: a existência, em nós,
de três elementos, que são o corpo físico, o corpo fluídico ou perispírito e,
enfim, a alma ou espírito. Aquilo a que chamam o inconsciente, a segunda
pessoa, o eu superior, a policonsciência etc., é apenas o Espírito que, dadas
certas condições de desprendimento e de clarividência, vê surgir em si, como
manifestação de poderes ocultos, um conjunto de recursos que as anteriores
existências lhe armazenaram e que se achavam momentaneamente escondidos sob o
véu da carne.
181. Não, certamente, o homem não tem
diversas consciências. A unidade psíquica do ser é condição essencial de sua
liberdade e de sua responsabilidade. Há nele, sim, diversos estados de
consciência.
182. À medida que o Espírito se
desprende da matéria e se liberta do envoltório carnal, suas faculdades, suas
percepções se dilatam, suas lembranças despertam, a irradiação da sua
personalidade se amplia. É isso o que algumas vezes se produz no estado de sono
magnético. Em tal estado o véu da matéria cai, a alma se liberta e suas
potências latentes ressurgem. Daí, algumas manifestações de uma mesma
inteligência, que deram azo à crença numa dupla personalidade, numa pluralidade
de consciências.
183. Entretanto, semelhante ideia não
basta para explicar os fenômenos espíritas. Na maior parte dos casos, a
intervenção de entidades estranhas, de vontades livres e autônomas se impõe,
como sendo a única explicação racional. Inutilmente, pois, os críticos se
encarniçam contra o Espiritismo.
184. Desde que os examinemos com
atenção, seus argumentos se desfazem como o fumo: alucinação, sugestão,
inconsciente subliminal, nada mais são do que palavras. Aqueles que as põem em
uso pensam ter dito tudo. Na realidade, porém, nada explicam e os problemas
subsistem em toda a sua extensão.
185. A prática do Espiritismo
apresenta, é certo, sombras, dificuldades, perigos. Mas, não esqueçamos que não
há no mundo coisa alguma, por mais bela e proveitosa que seja, que não se torne
perigosa logo que dela se abuse. O mesmo acontece com o Espiritismo.
186. Estudai-lhe as leis, obedecei-lhe
às regras, não abordeis a experimentação senão possuídos de sentimento puro e
elevado e lhe reconhecereis bem depressa a grandiosidade e a beleza.
Compreendereis que se tornará a força moral do futuro, a prova mais certa da
sobrevivência, a consolação dos desgraçados, o supremo refúgio dos náufragos da
vida.
187. Ele já por toda parte penetra. A
literatura se mostra dele impregnada. A imprensa periódica lhe consagra
frequentes artigos. A Ciência, que por tanto tempo o repeliu, muda pouco a
pouco de atitude no que lhe diz respeito. As Igrejas, que supunham destroçá-lo
facilmente, se veem na contingência de recorrer a todas as armas para combatê-lo.
Em muitos púlpitos seu poder é mesmo proclamado; todos os dias vemos sacerdotes
veneráveis, pastores e crentes lhe darem testemunho de fé.
188. Ele triunfará, pois que é a
verdade e à verdade nada pode resistir. Seria tão difícil deter a marcha dos
astros, paralisar o movimento da Terra, quanto obstar aos progressos desta
verdade que se revelou ao mundo e fazer que os homens regredissem às suas
dúvidas, às suas incertezas, às suas negações anteriores.
189. Resumamos e concluamos. Através
da espessa bruma em que flutua há tantos séculos o pensamento humano, tateando
em busca do desconhecido, o fenômeno espírita faz passar um grande facho de
luz. As quimeras que o passado engendrou se dissipam: não mais separação
definitiva, não mais inferno eterno! O Além se revela nas suas misteriosas
profundezas, onde se desdobra a vida infinita, onde atuam as forças divinas. A
angústia das partidas, o desespero das separações cedem lugar à alegria do
regresso e à inebriante promessa das reuniões entrevistas.
190. Todas as almas que se amam tornam
a encontrar-se, a fim de prosseguirem juntas na sua evolução ascendente, de
vida em vida, de mundo em mundo, e subirem para a perfeição, para Deus,
banhadas de uma luz cada vez mais viva, ao seio de harmonias sempre e sempre
mais grandiosas. A revelação dos Espíritos, feita em inúmeras mensagens faladas
e escritas, recebidas em todos os pontos do globo, vem mostrar-nos o supremo
alvo da vida, de todas as nossas vidas.
Respostas às questões preliminares
A. Quantos elementos compõem o ser humano?
Existem em nós, seres humanos, três
elementos: o corpo físico, o corpo fluídico ou perispírito e, enfim, a alma ou
espírito. Aquilo a que chamam o inconsciente, a segunda pessoa, o eu superior,
a policonsciência etc., é apenas o Espírito que, dadas certas condições de
desprendimento e de clarividência, vê surgir em si, como manifestação de
poderes ocultos, um conjunto de recursos que as anteriores existências lhe
armazenaram e que se achavam momentaneamente escondidos sob o véu da carne. (O Além e a Sobrevivência do Ser.)
B. É correto dizer que o homem tem diversas consciências?
Claro que não. O homem – diz Léon
Denis – não tem diversas consciências. A unidade psíquica do ser é condição
essencial de sua liberdade e de sua responsabilidade. Há nele, sim, diversos
estados de consciência. À medida que o Espírito se desprende da matéria e se
liberta do envoltório carnal, suas faculdades, suas percepções se dilatam, suas
lembranças despertam, a irradiação da sua personalidade se amplia. Em tal
estado o véu da matéria cai, a alma se liberta e suas potências latentes
ressurgem. Daí, algumas manifestações de uma mesma inteligência, que deram azo
à crença numa dupla personalidade, numa pluralidade de consciências. (Obra
citada.)
C. Segundo o Espiritismo, as almas que se amam tornam a
encontrar-se, mesmo depois do fenômeno da morte corpórea?
Sim. Todas as almas que se amam tornam
a encontrar-se, a fim de prosseguirem juntas na sua evolução ascendente, de
vida em vida, de mundo em mundo, e subirem para a perfeição, para Deus,
banhadas de uma luz cada vez mais viva, ao seio de harmonias sempre e sempre
mais grandiosas. (Obra citada.)
Observação:
Para acessar a Parte 14 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/04/blog-post_23.html
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