quinta-feira, 30 de abril de 2015

Adão não foi o primeiro homem a povoar a Terra


Uma leitora pergunta-nos qual foi o primeiro homem a se encarnar na Terra, ou seja, o primeiro a dar início à Humanidade terrena.
Teria ele relação com algum personagem bíblico?
O povoamento da Terra e o advento de Adão foram examinados por Allan Kardec nas questões 50 a 53 d´O Livro dos Espíritos, que adiante reproduzimos:

50. A espécie humana começou por um único homem? “Não; aquele a quem chamais Adão não foi o primeiro, nem o único a povoar a Terra.”
51. Poderemos saber em que época viveu Adão? “Mais ou menos na que lhe assinais: cerca de 4.000 anos antes do Cristo.”
Nota de Kardec: O homem, cuja tradição se conservou sob o nome de Adão, foi dos que sobreviveram, em certa região, a alguns dos grandes cataclismos que revolveram em diversas épocas a superfície do globo, e se constituiu tronco de uma das raças que atualmente o povoam. As leis da Natureza se opõem a que os progressos da Humanidade, comprovados muito tempo antes do Cristo, se tenham realizado em alguns séculos, como houvera sucedido se o homem não existisse na Terra senão a partir da época indicada para a existência de Adão. Muitos, com mais razão, consideram Adão um mito ou uma alegoria que personifica as primeiras idades do mundo.
52. Donde provêm as diferenças físicas e morais que distinguem as raças humanas na Terra? “Do clima, da vida e dos costumes. Dá-se aí o que se dá com dois filhos de uma mesma mãe que, educados longe um do outro e de modos diferentes, em nada se assemelharão, quanto ao moral.”
53. O homem surgiu em muitos pontos do globo? “Sim e em épocas várias, o que também constitui uma das causas da diversidade das raças. Depois, dispersando-se os homens por climas diversos e aliando-se os de uma aos de outras raças, novos tipos se formaram.”
a) Estas diferenças constituem espécies distintas? “Certamente que não; todos são da mesma família. Porventura as múltiplas variedades de um mesmo fruto são motivo para que elas deixem de formar uma só espécie?”

No cap. II de seu livro A Caminho da Luz, psicografado por Francisco Cândido Xavier em 1938, Emmanuel refere-se aos primeiros antepassados dos homens, cuja presença em nosso orbe teria sido registrada no chamado período terciário, uma unidade de tempo utilizada para demarcar uma etapa específica de desenvolvimento da Terra e da vida nela contida. Embora considerado hoje um conceito defasado, o terciário consiste no espaço de tempo que vai de 65 milhões até 2,6 milhões de anos atrás. É difícil, portanto, como se vê, determinar em que momento exato o ser humano iniciou na Terra sua romagem evolutiva.
Adão não foi o primeiro nem o único homem a povoar a Terra. As próprias condições em que ele surgiu e o talento revelado por seus filhos indicam que eles chegaram à Terra numa época em que o planeta já estava povoado e bem desenvolvido.
O grupo de pessoas simbolizado na figura de Adão – a chamada raça adâmica – foi, com certeza, o mais inteligente que até então se encarnara na Terra, procedente de outros planetas. Com efeito, o livro de Gênesis no-lo mostra, desde seus primórdios, industrioso, apto às artes e às ciências, o que mostra que tal grupo de Espíritos não passou na Terra pela infância espiritual, diferentemente do que ocorreu com os povos mais antigos.
A raça adâmica passou a habitar a Terra mais ou menos na época mencionada na Bíblia – cerca de 4.000 anos antes do Cristo – e essa informação tem fundamento também nos registros históricos. Com efeito, Caim e Abel tinham habilidades desconhecidas dos homens primitivos, como o uso da terra para plantio e o pastoreio. Caim conhecia também a arte da construção de casas e cidades, uma conquista do período neolítico, porque antes desse período os homens da Terra viviam em cavernas.
Registra a história que foi no período neolítico – entre os anos 5.000 e 2.500 antes do Cristo – que surgiu na Terra o pastoreio, seguido do cultivo da terra, e o homem passou de caçador a pastor e a habitar em casas.
Ora, se – de acordo com o livro de Gênesis – Caim cultivava o solo e seu irmão Abel era pastor, a data indicada pela Bíblia e pelos Espíritos a respeito da época em que viveu Adão é perfeitamente compatível com a tradição e a ciência.
Como o povoamento da Terra se iniciou em épocas bem mais recuadas, torna-se mais que evidente que não descendemos dos pais de Abel e Caim, mas de outros ancestrais que viveram muitos séculos antes da chegada aqui do grupo de Espíritos que deu origem à chamada raça adâmica.
Respondendo, pois, à pergunta da leitora, podemos dizer que não é possível saber quem foi a primeira pessoa a encarnar-se na Terra e afirmar, com toda a certeza, que essa pessoa nenhuma relação tem com os chamados personagens bíblicos.



quarta-feira, 29 de abril de 2015

Pílulas gramaticais (150)



Os que escrevem devem ter um cuidado especial com o uso de vírgula quando utilizamos uma destas conjunções coordenativas adversativas: no entanto, entretanto, contudo, porém e todavia.
A regra é bem simples: quando tais conjunções vierem no início da oração, a vírgula é uma só e será aplicada antes da oração.
Exemplos:
  • Adquiri um televisor de plasma, porém não o instalei.
  • Matriculei-me na academia, contudo as aulas não se iniciaram.
  • O João diz que iria, no entanto ninguém o viu na festa.
Procedimento diferente ocorrerá se a conjunção for deslocada para o interior da oração, caso em que ficará isolada entre vírgulas.
Exemplos:
  • Comprei um novo carro; não o usei, porém, até hoje.
  • Entrei para a academia; as aulas, contudo, ainda não começaram.
  • Ele disse que ia; evitou, no entanto, comparecer à festa.

*

O texto “O neto é tal qual a avó”, se fosse grafado na forma plural, seria assim escrito: “Os netos são tais quais as avós”, observando-se que “tal” e “qual” devem concordar com os nomes a que se referem.
Assim, devemos escrever:
  • O menino é tal qual o pai.
  • O menino é tal quais os pais.
  • Os filhos são tais qual o pai.
  • Os filhos são tais quais os pais.




terça-feira, 28 de abril de 2015

Um espírito viajor pelas existências


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Passar por um lugar num determinado tempo; é assim que todo espírito passa por cada existência e em breve fração retorna ao seu plano real. Idas e vindas.
Em muitos casos, o espírito desperdiça essa abençoada oportunidade, deixa de fazer pequena porcentagem programada para aumentar o número de débitos em seu grau mais complicado. Se é uma viagem, é também uma época limitada para aqui ficar e procurar levar de volta apenas a bagagem condizente com a realidade.
Poder, orgulho, vaidade, egoísmo, maldade tornarão o espírito extremamente denso ao local de retorno, enquanto que bondade, humildade, altruísmo deixarão o leve e feliz espírito como os pássaros que entram na corrente natural do vento e são levados pelas mãos das boas realizações.
Na existência deve-se fazer o melhor a cada dia, mas sem apego, pois quando isso ocorre um visitante imediatamente está presente: o sofrimento. No entanto, amar muito, pois o amor é a cura e o recomeço. Assim como a liberdade para o pássaro, também deverá ser a liberdade para o espírito, sem prisões e nem algemas impedindo o seu progresso.
E essa viagem pode ser tão maravilhosa e proveitosa, tudo dependerá do livre-arbítrio desse espírito que, muitas vezes, ainda nem se deu conta que é centelha divina, parte eterna do todo. É necessário adquirir conhecimento, pois com ele tudo se torna mais compreensível e iluminado.
Esta viagem atual é mais uma na eterna existência, com a grande diferença de que nesta se pode fazer algo, ou melhor, se pode muito realizar. Portanto, valorizar o que realmente possui valor.
Amar mais; respeitar sempre; doar-se e também saber receber; ouvir mais e falar menos; admirar a abençoada natureza e aprender com ela; olhar para o céu ao entardecer... é tão lindo; relembrar a simplicidade com as crianças; falar a quem se ama: amo você; conversar mais com os pais e os avôs; observar com sorriso o baile dos livres pássaros; sentir, no inverno, o calor aconchegante do sol; amparar quem necessita ser amparado... tanto há para fazer numa existência.
E o espírito continuará sua viagem, só que muito dependerá se levará a boa e leve bagagem ou não. Ao mesmo tempo que uma existência é uma chispa também possui o dínamo, impulso para o progresso.
A eternidade é viva, mas este é o momento real e a mais certa oportunidade de mostrar o que se aprendeu e pôr em prática o aprendizado do decorrer de todas as vivências.
O espírito sempre será o dono de sua própria história e a paisagem e suas cores serão de acordo com a atitude desse viajor. Agora é a ocasião, é quando melhor se pode anexar a nova página ao capítulo das existências.
Que a bagagem seja muito suave e proveitosa quando for o tempo do retorno ao verdadeiro lar.

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/


segunda-feira, 27 de abril de 2015

As mais lindas canções que ouvi (136)



Você abusou

Antonio Carlos e Jocafi

Você abusou...
Tirou partido de mim, abusou.
Tirou partido de mim, abusou.
Tirou partido de mim, abusou.
Tirou partido de mim, abusou.
Mas não faz mal,
É tão normal ter desamor,
É tão cafona sofredor,
Que eu já nem sei
Se é meninice ou cafonice o meu amor.
Se o quadradismo dos meus versos
Vai de encontro aos intelectos
Que não usam coração como expressão.

Você abusou...
Tirou partido de mim, abusou.
Tirou partido de mim, abusou.
Tirou partido de mim, abusou.
Que me perdoe se eu insisto nesse tema,
Mas não sei fazer poema ou canção
Que fale de outra coisa que não seja o amor.
Se o quadradismo dos meus versos
Vai de encontro aos intelectos
Que não usam coração como expressão.

Você abusou...
Tirou partido de mim, abusou.
Tirou partido de mim, abusou.
Tirou partido de mim, abusou.
Tirou partido de mim, abusou.


Você pode ouvir a canção acima, na voz de diferentes intérpretes, clicando nos links respectivos:
Antonio Carlos, Jocafi e Moska - https://www.youtube.com/watch?v=jt6xxIOatP8
Antonio Carlos e Jocafi – https://www.youtube.com/watch?v=j5qTwjfPE_M



domingo, 26 de abril de 2015

Suicídio – é possível prevenir?


Lemos meses atrás no Jornal de Londrina uma notícia desalentadora, a respeito do aumento do número de suicídios em Londrina, cuja incidência cresceu 52% nos últimos cinco anos, percentual que foi ainda maior (57%) na faixa etária de 20 a 29 anos, na qual, aliás, ocorre o maior número de casos.
Na reportagem a que nos referimos, foram transcritos depoimentos de dois profissionais da área da saúde.
Afirmou o psicoterapeuta Ivan Capelatto, de Campinas (SP), em entrevista concedida ao periódico: “O que a gente tem encontrado nos estudos é a decepção com a família, com amigos, consigo mesmo, porque começou a ficar muito difícil pertencer a essa sociedade pós-moderna. Há suicídios cujo objetivo é machucar o outro, mas há suicídios que são a insuportabilidade de viver”.
O diagnóstico coincide com o que temos aprendido na doutrina espírita a respeito dos desafios que todos nós enfrentamos na experiência reencarnatória, especialmente num planeta que apresenta, como características básicas, servir como mundo de provas, reparação e expiação.
Pesam-nos muito a carga do passado, a necessidade da reparação e o enfrentamento de situações que nós mesmos escolhemos antes de retornarmos ao cenário terrestre. É por isso que encontramos na experiência comum pessoas que vencem seus obstáculos e uma parcela de quem não consegue superar as vicissitudes inerentes ao projeto reencarnatório escolhido.
O tema suicídio já foi por nós examinado em inúmeras oportunidades na revista O Consolador, ocasião em que lembramos os diferentes aspectos doutrinários pertinentes ao assunto, especialmente no tocante às consequências para aquele que decidiu pôr fim à sua existência. Repitamos: “fim à sua existência”, não fim à vida, porque esta jamais se extingue, estejamos ou não revestidos de um corpo carnal. 
Na entrevista concedida ao Jornal de Londrina, Ivan Capelatto não fala somente sobre causas, mas sugere algumas medidas de caráter preventivo. “Para fazer a prevenção – afirma ele –, temos de começar a mostrar para a criança valores como afeto, carinho pelo outro; os pais devem ficar mais juntos dos filhos, fazer com que as crianças suportem o desprazer, sempre colocando limite como: ‘não, agora não pode’. Eles precisam sentir que deverão buscar um sonho, buscar uma relação com a vida.”
O outro especialista citado na reportagem é a psicóloga Karen Scavacini, de São Paulo (SP), mestre em Saúde Pública na área de Promoção de Saúde Mental e Prevenção ao Suicídio. Karen entende ser possível prevenir o suicídio a partir do momento em que se lança luz sobre causas, fatores de risco, sinais de risco e fatores de prevenção.
Dentre os fatores de risco, aponta a psicóloga a falta de sentido para a vida e o sentimento de desesperança. Como fatores de prevenção, menciona a autoconfiança, o sentimento de valor pessoal, o apoio familiar e de amigos, sentimento de pertencimento, bons relacionamentos, capacidade de pedir ajuda, boa alimentação e bom sono.
À luz do Espiritismo, entendemos que valeria a pena incluir nessas medidas a prática da oração, o exercício do bem, o Evangelho no lar e, em especial, fé, esperança e integral confiança em Deus, que, como ninguém ignora, só deseja o bem para os seus filhos.
Curiosamente, os especialistas defendem, também, que se tire o tema do silêncio, contrariando uma antiga política adotada pela imprensa em geral, que sempre evitou dar destaque ao assunto, entendendo que isso poderia concorrer para o aumento dos casos.
O silêncio é realmente útil em inúmeras situações, mas nos parece evidente que, em se tratando da prevenção do suicídio, ele, sem dúvida, não ajuda.



sábado, 25 de abril de 2015

O galope de Sinclair II



JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Cansado de disparar pelas campinas verdejantes da capital brasileira, Lord Sinclair II, um belo cavalo puro-sangue lusitano, conversava com Poetin I, a égua que já fora campeã de corrida equestre, sua companheira.
— Amada Poetin I, as coisas não andam bem para mim. Como você sabe, nosso tempo máximo de vida mal chega aos quarenta anos...
— Isso só em casos excepcionais, de equinos bem alimentados e bem tratados, Lord, pois raramente nossa raça ultrapassa os trinta...
— É verdade, Poetin I, mas o tempo passou e agora já estamos mais para o ingresso nos Campos Elíseos do que nos deste mundo. Eu, na faixa dos 25; tu, na dos 23...
— E o que tem isso? Ainda somos muito bem tratados por nossos amos. Nosso problema maior é que, em vez de ir para a frente, estamos indo para trás.
— É verdade, Poetin I, se antes disputávamos corridas, agora andamos de ré nas exposições pecuárias. Mas quando nossos senhores nos deixam sós, como ainda é bom correr, não é mesmo?
— E o que o preocupa tanto, Lord?
— Vou abrir meu coração com você. Há um ano, durante uma corrida, senti um mal-estar estranho, que me obrigou a parar o galope e passar a trotar. Pensei que o problema estava nos antolhos que esquecera de colocar e nunca mais corri sem esses tapa-olhos.
— E daí? Você tornou a passar mal?
— Durante alguns meses, não. Entretanto, de uns tempos para cá, de vez em quando sinto esse abalo e outros problemas corporais.
— Já procurou o veterinário?
— Vários. O primeiro deles, procurei por ter passado a urinar mais do que o normal, principalmente, à noite. Ele fez-me alguns exames de sangue, verificou minha pressão e disse-me que estava tudo bem comigo. Pressão de jovem, reforçou...12x8!
O segundo eu procurei por ter apresentado um problema de pele. Era um veterinário dermatologista. Ele examinou-me, pediu uma biópsia e, após o resultado um tanto preocupante, disse-me que o que eu tinha já não tinha mais e que muitos cavalos, hoje em dia, têm isso. Verificou minha pressão e disse que meu coração estava mais rijo do que o de muitos pangarés.
A terceira era uma égua que procurei devido ao resultado da biópsia, por receio de ser algo mais grave, ainda que soubesse ser comum o meu caso atualmente...
— E o que ela disse?
Ela verificou minha pressão, examinou meu couro e me dispensou dizendo que eu estava curado, após extração do... De uma coisinha na região lombar... Pressão 11x8!
Por fim, após quase um mês sem correr, fui liberado para corrida e... voltei a passar mal. Como senti uma sensação parecida com a que teve meu sogro, ao morrer de AVC, procurei um veterinário neurologista e lancei-lhe em face todos os meus ruminantes problemas, inclusive dizendo-lhe que sofro de labirintite crônica.
— E o que ele disse?
— Foi logo perguntando quem me indicara. Pareceu contrariado quando soube que eu não fora indicado por outro facultativo e, sim, que achara seu endereço na internet. Examinou meu fundo de olho, verificou minha pressão e disse-me que eu nada tenho, além de uma pressão de garoto.
— Você e seus distúrbios neurovegetativos, Lord Sinclair II! E agora, o que fará?
— Depois de tudo isso, sinto-me curado. Mas por via das dúvidas, vou trocar o galope das corridas pela Galopeira da música cantada por uma dupla sertaneja.

Visite, quando puder: www.jojorgeleite.blogspot.com



sexta-feira, 24 de abril de 2015

No Invisível (5)


Vimos estudando semanalmente no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina (PR), o livro “No Invisível”, um dos clássicos do Espiritismo, de autoria de Léon Denis.
Reproduzimos, em seguida, o texto do módulo concluído nesta semana, cuja publicação tem por finalidade proporcionar, a quem se interessar, a oportunidade de acompanhar o mencionado estudo.

Questões para debate

A. Como Léon Denis define o Espírito?  
Por Espírito deve-se entender a alma revestida do seu envoltório fluídico, que tem a forma do corpo físico e participa da imortalidade da alma, do qual é inseparável. Da essência da alma apenas sabemos uma coisa: que, sendo indivisível, é imperecível. A alma se revela por seus pensamentos e também por seus atos; para que possa, porém, agir e nos impressionar os sentidos físicos, preciso lhe é um intermediário semimaterial, sem o qual nos pareceria incompreensível a sua ação. É o perispírito, nome dado ao invólucro fluídico, imponderável, invisível. Em sua intervenção é que se pode encontrar a chave explicativa dos fenômenos espíritas. (No Invisível, O Espiritismo experimental: III – O Espírito e a sua forma.)

B. Em que consiste o perispírito?  
O perispírito é o organismo fluídico completo; é ele que, durante a vida terrestre, pelo grupamento das células, ou no espaço, com o auxílio da força psíquica que absorve nos médiuns, constitui, sobre um plano determinado, as formas duradouras ou efêmeras da vida. É o perispírito, e não o corpo material, que representa o tipo primordial e persistente da forma humana. (Obra citada - O Espiritismo experimental: III – O Espírito e a sua forma.)

C. O Espírito pode tomar as aparências e reproduzir os hábitos que lhe foram pessoais no passado?  
Sim. O perispírito tem uma constituição flexível, compressível à vontade, e se presta, dentro de certos limites, às exigências do Espírito, permitindo-lhe no Espaço, conforme a extensão do seu poder, tomar as aparências, reproduzir os hábitos que lhe foram pessoais no passado, com os atributos próprios que o fazem reconhecer. Observa-se isso muitas vezes nos casos de aparições. A vontade é criadora; sua ação sobre os fluidos é considerável. O Espírito adiantado pode submeter a matéria sutil a inúmeras metamorfoses. (Obra citada - O Espiritismo experimental: III – O Espírito e a sua forma.) 

Texto para leitura

126. Apesar de todas as dificuldades, pouco a pouco foi avultando o número dos investigadores conscienciosos, dos que tinham o espírito bastante livre e a alma suficientemente elevada para colocar a verdade acima de todas as considerações de escola ou de interesse pessoal. Dia a dia se têm visto sábios intrépidos romperem com o método tradicional e abordarem resolutamente o estudo dos fenômenos, tendo já conseguido incorporar a telepatia, a clarividência, a premonição e a exteriorização das forças ao domínio da ciência de observação.
127. Com o coronel De Rochas, a França ocupa o primeiro plano no estudo da exteriorização da sensibilidade. Fundam-se, por toda parte, sociedades de estudos psíquicos. O cepticismo de antanho se atenua. Em certos momentos, um sopro de renovação parece animar o velho organismo científico. Não nos fiemos nisso, todavia. Os sábios oficiais ainda não abordaram sem restrições esse domínio. O Sr. Duclaux, notável discípulo de Pasteur, o declarava em sua conferência de inauguração do Instituto Psíquico Internacional, a 30 de janeiro de 1901: “Este Instituto será uma obra de crítica mútua, tendo por base a experiência. Não admitirá como descoberta científica senão a que puder ser, à vontade, repetida.”
128. Que significam essas palavras? Podem reproduzir-se à vontade os fenômenos astronômicos e meteorológicos? Aí estão, entretanto, fatos científicos. Por que essas reservas e empecilhos? Em muitos casos o fenômeno espírita se produz com uma espontaneidade que frustra todas as previsões. Não é possível mais que registrá-lo; ele se impõe e escapa ao nosso domínio. Provocai-o, e ele se retrairá; mas, se não pensardes mais em tal, ei-lo que reaparece. Tais são quase todos os casos de aparições à distância e os fenômenos das casas mal-assombradas. Os fantasmas surgem e somem-se, indiferentes às nossas pretensões e exigências. Espera-se durante horas e nada se produz; feitos os preparativos de retirada, começam as manifestações.
129. A propósito do imprevisto dos fenômenos, recordemos o que dizia o Sr. Varley, engenheiro-chefe das linhas telegráficas da Grã-Bretanha: “A Sra. Varley vê e reconhece os Espíritos, particularmente quando está em transe (estado de sonambulismo lúcido); é também muito boa médium de incorporação, mas sobre ela eu não exerço quase nenhuma influência para provocar esse estado, de sorte que me é impossível servir-me de sua mediunidade para fazer experiências.”
130. É, pois, um modo errôneo de entender, fértil em desagradáveis consequências, considerar o Espiritismo um domínio em que os fatos se apresentem sempre idênticos, em que possam os elementos de experimentação ser dispostos à vontade. Fica-se, desse modo, exposto ao inconveniente de malogradas pesquisas, ou a colher incoerentes resultados.
131. Aqui está um exemplo. O Sr. Charles Richet, que é um espírito resoluto e sagaz, depois de ter observado repetidas vezes os fatos produzidos com Eusápia Paladino e assinado as resenhas que autenticavam a sua realidade, não acaba por confessar que sua convicção, ao começo profunda, se enfraquece e torna-se vacilante algum tempo depois, sob o império dos hábitos de espírito contraídos no meio que lhe é familiar?
132. O público muito espera do novel instituto e dos sábios que o compõem. Trata-se não já de Psicologia elementar, mas da mais alta questão que jamais terá preocupado o pensamento humano: o problema do destino. A Humanidade, cansada do dogmatismo religioso, atormentada pela necessidade de saber, volve suas vistas para a Ciência; aguarda o seu veredicto definitivo, que lhe permitirá orientar seus atos, fixar suas opiniões e crenças.
133. Graves são as responsabilidades dos sábios. Os homens que ocupam as cátedras do ensino superior sentem bem todo o seu peso e medem acaso toda a sua extensão? Saberão eles fazer o sacrifício do seu mesquinho amor-próprio e recuar das afirmações prematuramente formuladas? Ou se reservarão, no declínio de sua carreira, o pesar de reconhecer que erraram o alvo, desdenharam as coisas mais essencialmente dignas de se conhecer e ensinar?
134. O movimento psíquico vem principalmente do exterior, como indicávamos há pouco; dia a dia se acentua. Se a ciência francesa se esquivasse a nele tomar parte, seria sobrepujada, suplantada, e o seu belo renome no mundo ficaria deprimido. Saiba ela, renunciando aos seus preconceitos e conservando os seus cautelosos métodos, elevar-se com os sábios estrangeiros, a regiões mais vastas e sutis, fecundas em descobertas, e que está no seu próprio interesse explorar, antes que negar. Faça ela do Espiritismo uma ciência nova que complete as outras ciências, constituindo-lhes o pináculo.
135. Aplicam-se estas a domínios particulares da Natureza; conduzem por vezes a sistemas falsos, e quem neles se enclausura perde de vista os grandes horizontes, as verdades de ordem geral. A ciência psíquica deve ser a ciência suprema que nos ensinará a conhecer-nos, a ponderar, a aumentar as potências da alma, a exercitá-las, a elevar-nos, pelos meios que nos oferece, até à Alma divina e eterna! 
136. O Espiritismo experimental: III – O Espírito e a sua forma – Em todo homem vive um espírito. Por espírito deve-se entender a alma revestida de seu envoltório fluídico, que tem a forma do corpo físico e participa da imortalidade da alma, do qual é inseparável.
137. Da essência da alma apenas sabemos uma coisa: que, sendo indivisível, é imperecível. A alma se revela por seus pensamentos e também por seus atos; para que possa, porém, agir e nos impressionar os sentidos físicos, preciso lhe é um intermediário semimaterial, sem o qual nos pareceria incompreensível a sua ação. É o perispírito, nome dado ao invólucro fluídico, imponderável, invisível. Em sua intervenção é que se pode encontrar a chave explicativa dos fenômenos espíritas.
138. O corpo fluídico, que possui o homem, é o transmissor de nossas impressões, sensações e lembranças. Anterior à vida atual, inacessível à destruição pela morte, é o admirável instrumento que para si mesma a alma constrói e que aperfeiçoa através dos tempos; é o resultado de seu longo passado. Nele se conservam os instintos, se acumulam as forças, se fixam as aquisições de nossas múltiplas existências, os frutos de nossa lenta e penosa evolução.
139. A substância do perispírito é extremamente sutil, é a matéria em seu estado mais quintessenciado, é mais rarefeita que o éter; suas vibrações, seus movimentos, ultrapassam em rapidez e penetração os das mais ativas substâncias. Daí a facilidade de os Espíritos atravessarem os corpos opacos, os obstáculos materiais e transporem consideráveis distâncias com a rapidez do pensamento.
140. Insensível às causas de desagregação e destruição que afetam o corpo físico, o perispírito assegura a estabilidade da vida em meio da contínua renovação das células. É o modelo invisível através do qual passam e se sucedem as partículas orgânicas, obedecendo a linhas de força, cuja reunião constitui esse desenho, esse plano imutável, reconhecido por Claude Bernard como necessário para manter a forma humana em meio às constantes modificações e à renovação dos átomos.
141. A alma se desliga do envoltório carnal durante o sono, como depois da morte. A forma fluídica pode então ser percebida pelos videntes, nos casos de aparição de pessoas falecidas ou de exteriorização de vivos. Durante a vida normal, essa forma se revela, por suas irradiações, nos fenômenos em que a sensibilidade e a motricidade se exercem à distância. No estado de desprendimento durante o sono, o Espírito atua às vezes sobre a matéria e produz ruídos e deslocamento de objetos. Manifesta-se finalmente, depois da morte, em graus diversos de condensação, nas materializações parciais ou totais, nas fotografias e nos moldes, até a ponto de reproduzir certas deformidades.
142. O perispírito – todos esses fatos o demonstram – é o organismo fluídico completo; é ele que, durante a vida terrestre, pelo grupamento das células, ou no espaço, com o auxílio da força psíquica que absorve nos médiuns, constitui, sobre um plano determinado, as formas duradouras ou efêmeras da vida. É ele, e não o corpo material, que representa o tipo primordial e persistente da forma humana.
143. O Sr. H. Durville, secretário-geral do Instituto Magnético, fez experiências muito demonstrativas em tal sentido, as quais evidenciam que os fenômenos de exteriorização são manifestações do duplo que, desprendido do corpo material pela ação magnética, percebe todas as impressões, as transforma em sensações e as transmite ao corpo físico mediante o cordão fluídico pelo qual se acham ligados, até à morte, esses dois corpos.
144. Com um sensitivo adormecido, cujo duplo exteriorizado fora separado do corpo material e transportado para um outro aposento, foram feitas as seguintes experiências relativamente à vista, audição, olfato, paladar e tato:
a) É lido pelo duplo um artigo de jornal e repetido pelo sensitivo adormecido na sala contígua.
b) Do mesmo modo, objetos e pessoas são percebidos pelo duplo à distância e descritos pelo sensitivo.
c) O duplo ouve o tique-taque de um relógio, bem como palavras ao pé dele proferidas em voz baixa; sente o cheiro de amônia contida num vidro, como sente outros odores ou perfumes: aloés, açúcar, sulfato de quinina, laranja, etc., e transmite ao corpo essas diferentes sensações gustativas.
145. A propósito do tato, finalmente, assim se exprime o Sr. Durville: “É sabido que quase todos os sensitivos magneticamente adormecidos são insensíveis, mas ninguém sabe onde se refugia a sensibilidade. Quando o sensitivo está exteriorizado, a sensibilidade irradia sempre em torno dele. Uma queimadura produzida, ou um beliscão, uma punção, aplicados nas zonas sensíveis, despertam uma dor intensa no sensitivo, que, entretanto, nada absolutamente percebe quando se lhe fricciona o corpo. O mesmo sucede no desdobramento. O sensitivo não percebe as punções nem as beliscaduras aplicadas no corpo físico, mas experimenta uma sensação desagradável e mesmo dolorosa quando é atingido o duplo ou o cordão que o liga àquele. Esse fenômeno se verifica em todas as sessões e com todos os sensitivos, sem exceção alguma.”
146. A forma humana, dizem os invisíveis, é a de todos os Espíritos encarnados ou desencarnados que vivem no Universo. Essa forma, porém, rígida e compacta no corpo físico, é flexível, compressível à vontade, no perispírito. Presta-se, dentro de certos limites, às exigências do Espírito e lhe permite no Espaço, conforme a extensão do seu poder, tomar as aparências, reproduzir os hábitos que lhe foram pessoais no passado, com os atributos próprios que o fazem reconhecer. Observa-se isso muitas vezes nos casos de aparições. A vontade é criadora; sua ação sobre os fluidos é considerável. O Espírito adiantado pode submeter a matéria sutil a inúmeras metamorfoses.
147. O perispírito é um foco de energias. A força magnética, por certos homens projetada em abundância, e que pode, de perto ou de longe, fazer sentir sua influência, aliviar e curar, é uma de suas propriedades. Nele tem sua sede a força psíquica indispensável à produção dos fenômenos espíritas.
148. O corpo fluídico não é somente um receptáculo de forças; é também o registro vivo em que se imprimem as imagens e lembranças: sensações, impressões e fatos, tudo aí se grava e fixa. Quando são muito fracas as condições de intensidade e duração, as impressões quase não atingem a nossa consciência; nem por isso deixam de ser registradas no perispírito, em que permanecem latentes. O mesmo se dá com os fatos relativos às nossas anteriores existências. Ao ser psíquico, imerso no estado de sonambulismo, desprendido parcialmente do corpo, é possível apreender-lhes o encadeamento. Assim se explica o fenômeno da memória.
149. As vibrações do perispírito se reduzem sob a pressão da carne; readquirem sua amplitude logo que o Espírito se desprende da matéria e reassume a liberdade. Sob a intensidade dessas vibrações, as impressões acumuladas no perispírito ressurgem. Quanto mais completo é o desprendimento, mais se dilata o campo da memória; as mais remotas lembranças reaparecem. O indivíduo pode reviver suas passadas vidas; assim temos verificado muitas vezes em nossas experiências. Pessoas imersas, por uma influência oculta, no estado sonambúlico, reproduziam os sentimentos, as ideias, os atos deslembrados de sua existência atual, de sua primeira juventude; reviviam mesmo cenas de suas anteriores existências, com a linguagem, as atitudes e as opiniões da época e do meio.
150. Parece, em casos tais, que se apresenta uma personalidade diferente, que uma outra individualidade se revela. Esses fenômenos, mal observados por certos experimentadores, deram origem à teoria das personalidades múltiplas coexistentes em um mesmo invólucro, tendo cada uma delas seu caráter e recordações próprias. Nessa teoria se vem enxertar a da consciência subliminal ou do inconsciente superior.
151. A verdade é que é sempre a mesma individualidade que intervém sob os diferentes aspectos por ela revestidos através dos séculos e agora reconstituídos com tanto maior intensidade quanto mais enérgica é a influência magnética e mais enfraquecidos se acham os laços corporais. Certas experiências o demonstram: as do professor Flournoy, por exemplo, com a médium Helena Smith, que se transporta, no estado de transe, a uma de suas existências, no século XII verificada na Índia,  e as de Esteva Marata e outros experimentadores espanhóis com médiuns sonambulizados,  às quais convém acrescentar os estudos mais recentes e extensos do Coronel A. De Rochas.
152. O grau de pureza de sua forma fluídica atesta a riqueza ou a indigência da alma. Etérea, radiosa, pode elevar-se até às esferas divinas, penetrar-se das mais sublimes harmonias; opaca, tenebrosa, precipita-se nas regiões inferiores e nos arrasta aos mundos de luta e sofrimento.
153. Por seu espírito, imerge o homem no que de mais baixo possui a Natureza e insere suas raízes na animalidade; por ele também gravita para os mundos luminosos em que vivem as almas angélicas, os Espíritos puros. O nosso estado psíquico é obra nossa. O grau de percepção, de compreensão, que possuímos, é o fruto de nossos esforços prolongados. Fomos nós que o fizemos ao percorrer o ciclo imenso de sucessivas existências.
154. O nosso invólucro fluídico, sutil ou grosseiro, radiante ou obscuro, representa o nosso valor exato e a soma de nossas aquisições. Os nossos atos e pensamentos pertinazes, a tensão de nossa vontade em determinado sentido, todas as volições do nosso ser mental, repercutem no perispírito e, conforme a sua natureza, inferior ou elevada, generosa ou vil, assim dilatam, purificam ou tornam grosseira a sua substância.
155. Daí resulta que, pela constante orientação de nossas ideias e aspirações, de nossos apetites e procedimentos em um sentido ou noutro, pouco a pouco fabricamos um envoltório sutil, recamado de belas e nobres imagens, acessível às mais delicadas sensações, ou um sombrio domicílio, uma lôbrega prisão, em que, depois da morte, a alma restringida em suas percepções se encontra sepultada como num túmulo.
156. Assim cria o homem para si mesmo o bem ou o mal, a alegria ou o sofrimento. Dia a dia, lentamente, edifica ele seu destino. Em si mesmo está gravada sua obra, visível para todos no Além. É por esse admirável mecanismo das coisas, simples e grandioso ao mesmo tempo, que se executa, nos seres e no mundo, a lei de causalidade ou de consequência dos atos, que outra coisa não é senão o cumprimento da justiça. E, por um efeito das mesmas causas, já desde esta vida o homem atrai as influências do Espaço, as irradiações etéreas ou os grosseiros eflúvios dos Espíritos de violência ou de desordem.
157. Encontra-se aí a regra das manifestações espíritas; não é outra senão a própria lei das atrações e afinidades. Conforme o grau de sutileza de nosso invólucro e a intensidade de suas irradiações, podemos, nos momentos de êxtase e desprendimento – o que para alguns é mesmo possível no recolhimento e na meditação –, entrar em relação com o mundo invisível, perceber os ecos, receber as inspirações, entrever os esplendores das esferas celestes, ou, doutro modo, experimentar a influência dos Espíritos de trevas.


Nota:

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quinta-feira, 23 de abril de 2015

Pérolas literárias (95)


A primeira pedra

Francisca Clotilde Barbosa Lima


A multidão tumultua
Em cada canto da praça.
Algemado, em plena rua,
É um homem triste que passa...

Há gritos no Sol a pino...
São vozes a descompor:
– “Donde vieste, assassino?
Celerado! Matador!... ”

– “Fera solta! Condenado!
Gatuno! Monstro! Quem és?”
E o infeliz disse, cansado,
Mal se aguentando nos pés :

– “Por Deus, poupai-me a lembrança!
Basta a aflição que me corta...
Eu fui aquela criança
A quem cerrastes a porta."

“Fui o pequeno mendigo
Que todos vistes passar!
Vede a miséria em que sigo,
Sem a esperança de um lar!...”

“Faminto, descalço e roto,
A minha vida era assim...
Cresci na lama do esgoto,
Nunca tive alguém por mim...”

Bebendo o pranto que rola,
Suspirou, em conclusão :
– “Debalde pedia escola,
Debalde pedia pão.”

Toda a praça silencia.
Somente vibram no ar
Os soluços da agonia
De pobre mãe a chorar...


Francisca Clotilde Barbosa Lima nasceu em S. João de Inhamuns, hoje Tauá, Ceará, em 19 de outubro de 1862 e faleceu em Aracati, Ceará, em 8 de dezembro de 1935. Poetisa, contista e romancista, exerceu o magistério até os últimos dias de sua existência terrena, tendo sido a primeira mulher a lecionar na primeira Escola Normal do Estado do Ceará. O poema acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra mediúnica psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.


quarta-feira, 22 de abril de 2015

Pílulas gramaticais (149)


Leia com atenção as frases abaixo e veja quais estão corretas:

1. Devemos aspirar um melhor futuro para nossos filhos.
2. As pessoas quem mais queremos são geralmente amigas.
3. É dever dos filhos assistir aos pais.
4. Queremos muito bem o país em que moramos.
5. Você gostará dessa peça, se lhe assistir.
6. A menina ambiciosa aspirava sempre uma condição melhor na vida.
7. A enfermeira assistiu ao doente durante a noite toda.
8. Assisti um filme de que todos nós gostamos muito.
9. Os jovens, em verdade, aspiravam a glória.
10. Tu gostarás deste filme, se a ele assistires.
11. Assisti à palestra, de que gostei muito.
12. A palestra teria sido mais proveitosa, se todos a ela assistissem.

Das 12 frases, somente as três últimas estão corretas.
Eis as 9 primeiras, depois de corrigidas:

1. Devemos aspirar a um melhor futuro para nossos filhos.
2. As pessoas a quem mais queremos são geralmente amigas.
3. É dever dos filhos assistir os pais.
4. Queremos muito bem ao país em que moramos.
5. Você gostará dessa peça, se assistir a ela.
6. A menina ambiciosa aspirava sempre a uma condição melhor na vida.
7. A enfermeira assistiu o doente durante a noite toda.
8. Assisti a um filme de que todos nós gostamos muito.
9. Os jovens, em verdade, aspiravam à glória.

*

Caftina ou cafetina? Qual é a palavra correta?
Ambas as formas existem.
Caftina, mulher que explora o comércio de meretrizes, é o feminino de cáften, que designa aquele que vive à custa de meretrizes; o mesmo que rufião, empresário de prostíbulos que faz comércio explorando a prostituição, alcoviteiro, proxeneta.



terça-feira, 21 de abril de 2015

Paz do coração é realizar a prática dos ensinamentos


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Entender... todo mundo diz que sim. Mas pôr em prática os ensinamentos, eis a questão. Sempre se deveria aprender algo, ou com os próprios erros, ou com a vasta instrução lançada de todos os lados por meio da bondade divina.
A felicidade é almejada; a paz, procurada; o amor, imprescindível. Porém, para essa perfeita combinação, nada mais certo do que se adquirir, pelo progresso, a descoberta das qualidades e a sua lapidação. Infelizmente, ainda muitos corações se perturbam com o pensamento desequilibrado, no entanto, o livre-arbítrio é presente para todos; dependerá de cada espírito continuar a lamúria ou conquistar a estrada mais feliz.
Não se trata de mágica, pois as notáveis realizações vieram de muito trabalho e dedicação, mas, cabe aqui, a determinação em melhorar. E o primeiro mandamento é não se perder de Deus, ou melhor, não se distanciar Dele, pois ele é a razão de tudo.          
Muitos argumentarão que não conseguem nem ao menos fazer uma prece, entretanto, ninguém, em tempo algum, explicou que seria fácil, porém, a felicidade começará a apontar no caminho quando novos passos, sentimentos e pensamentos forem estruturados.
O velho homem precisa morrer para nascer o novo homem. Os ranços precisam se diluir; não é propício construir uma casa melhor na fundação antiga e enfraquecida. Vida nova, então, nova vivência.
Vários padecimentos são resultado de infeliz realização, assim perdurará a dor e, o pior, a mesma dor pelo mesmo erro. E a vida é tão grandiosa e o espírito demora tanto a compreendê-la.
A lei universal é perfeita por não privilegiar e nem acarretar prejuízo gratuitamente, é igualitária a todos, a diferença ocorre a partir da maneira como se relaciona com ela. Então, caso deseje se aperfeiçoar é necessário se melhorar e deixar a janela da alma se abrir, pois a luz sempre quer entrar.
Todos possuem uma espécie de chip eterno denominado consciência, portanto, enganar-se, só se quiser. E tão mais fácil é viver a simplicidade e não a complexidade. No entanto, sabe-se que cada coração é único, sem comparação, cuja escolha se baseia na experiência considerada, porém, ainda com a adversativa, o curso é universal e quanto antes aprender, mais rápido esse coração poderá apreciar o início da paz e da plenitude e tanto se regozijar com a eternidade do bem-estar.
Que o jovem coração aprendiz da vida se desperte todos os dias como o sábio sol da manhã, grandioso por sua simplicidade e compreensão de seu papel.
Toda conquista no progresso proporciona leveza e impulsiona para novas aquisições. A sabedoria sempre se apresenta, simples; a complicação é retrocesso. Pois bem, se o espírito quer paz, então, que compreenda que o aprendizado das boas lições precisa acontecer; é somente com o avanço que ele começará a visualizar o campo iluminado e feliz que tanto o aguarda.

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segunda-feira, 20 de abril de 2015

As mais lindas canções que ouvi (135)



Minha festa

Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito


Graças a Deus,
Minha vida mudou!
Quem me viu, quem me vê,
A tristeza acabou.
Contigo aprendi a sorrir,
Escondeste o pranto
De quem sofreu tanto.
Organizaste uma festa em mim,
É por isso que eu canto assim...
Lá, laraiá...
Lá, laraiá...

Graças a Deus,
Minha vida mudou!
Quem me viu, quem me vê,
A tristeza acabou.
Contigo aprendi a sorrir,
Escondeste o pranto
De quem sofreu tanto.
Organizaste uma festa em mim,
É por isso que eu canto assim...
Lá, laraiá...
Lá, laraiá...


Você pode ouvir a canção acima, na voz dos intérpretes abaixo, clicando nos links respectivos:




domingo, 19 de abril de 2015

Das religiões que conhecemos, qual é a melhor?


Autoproclamado Estado Islâmico, o grupo que vem aterrorizando parte da população no Iraque e na Síria não constitui, certamente, uma boa propaganda do Islã e da doutrina contida no Alcorão, fato que vem sendo lembrado com tristeza por líderes muçulmanos de várias partes do mundo.
Com efeito, sequestrar meninas e decapitar jornalistas não são procedimentos condizentes com a religião fundada por Maomé e se somam aos argumentos dos que pretendem que a violência é inerente ao islamismo, o que seguramente não é verdade.
Ressurge, a propósito do assunto, uma antiga questão relacionada à qualidade das religiões e sua eficácia junto aos seus adeptos. E daí, a pergunta inevitável: – Das religiões conhecidas qual é, afinal, a melhor?
O assunto não é estranho à obra de Allan Kardec, que dele tratou de forma objetiva no livro O que é o Espiritismo, na passagem adiante reproduzida em que Kardec dialoga com um Padre:

Padre. – Pois bem! Que dizem os Espíritos superiores a respeito da religião? Os bons nos devem aconselhar e guiar. Suponhamos que eu não tenha religião alguma e queira escolher uma; se eu lhes pedir para aconselharem-me se devo ser católico, protestante, anglicano, quaker, judeu, maometano ou mórmon, qual será a resposta deles?

Allan Kardec. – Há dois pontos a considerar nas religiões: os princípios gerais, comuns a todas, e os princípios particulares de cada uma delas. Os primeiros são os de que falamos há pouco; estes são proclamados por todos os Espíritos, qualquer que seja a sua classe. Quanto aos segundos, os Espíritos vulgares, sem ser maus, podem ter preferências, opiniões; podem preconizar esta ou aquela forma, animar certas práticas, seja por convicção pessoal, seja porque conservaram as ideias da vida terrena, seja por prudência, para não assustar as consciências timoratas. Acreditais, por exemplo, que um Espírito esclarecido, fosse mesmo Fénelon, dirigindo-se a um muçulmano, irá inabilmente dizer-lhe que Maomé é um impostor, e que ele será condenado se não se fizer cristão? Não o fará, porque seria repelido.
Em geral, os Espíritos superiores, se a isso não são solicitados por alguma consideração especial, não se preocupam com essas questões de minúcia, eles se limitam a dizer: Deus é bom e justo; não quer senão o bem; a melhor de todas as religiões é aquela que só ensina o que é conforme à bondade e justiça de Deus; que dá de Deus a maior e a mais sublime ideia e não O rebaixa emprestando-Lhe as fraquezas e as paixões da humanidade; que torna os homens bons e virtuosos e lhes ensina a amarem-se todos como irmãos; que condena todo mal feito ao próximo; que não autoriza a injustiça sob qualquer forma ou pretexto que seja; que nada prescreve de contrário às leis imutáveis da Natureza, porque Deus não se pode contradizer; aquela cujos ministros dão o melhor exemplo de bondade, caridade e moralidade; aquela que procura melhor combater o egoísmo e lisonjear menos o orgulho e a vaidade dos homens; aquela, finalmente, em nome da qual se comete menos mal, porque uma boa religião não pode servir de pretexto a nenhum mal; ela não lhe deve deixar porta alguma aberta, nem diretamente, nem por interpretação. Vede, julgai e escolhei. (O que é o Espiritismo, Terceiro Diálogo, O Padre.)

As ideias acima expostas pelo Codificador do Espiritismo são semelhantes, se não idênticas, às que o Dalai Lama expressou em um interessante diálogo com o conhecido teólogo Leonardo Boff, citado no livro Conselhos Espirituais, publicado por Verus Editora.
Segundo Leonardo Boff, no intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, da qual ambos participavam, ele perguntou ao líder tibetano:
– Santidade, qual é a melhor religião?
O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, olhou-o bem nos olhos e afirmou:
— A melhor religião é aquela que te faz melhor.
Em face dessa assertiva tão clara, o teólogo perguntou:
— O que me faz melhor?
O Dalai Lama respondeu:
— Aquilo que te faz mais compassivo, aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável... A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião...
Em face de ideias tão sábias, como seria bom que elas chegassem aos líderes do Estado Islâmico!
Certamente Maomé – onde quer que se encontre – ficaria feliz se tal acontecesse, e mais ainda se eles as ouvissem e adotassem.