quarta-feira, 30 de novembro de 2022

 



Revista Espírita de 1861

 

Allan Kardec

 

Parte 14 e final

 

Concluímos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1861, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1861 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, sempre apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Que é preciso para que um grupo espírita seja estável?

B. Quais são, segundo Kardec, os verdadeiros espíritas?

C. Quem são os melhores propagadores do Espiritismo?

 

Texto para leitura

 

244. Na constituição dos grupos, uma das primeiras condições é a homogeneidade: uma reunião não pode ser estável, nem séria, se não houver simpatia entre os componentes. (P. 392)

245. O que uma reunião espírita requer, acima de tudo, é o recolhimento. Ora, como estar recolhido se, a cada momento, a gente é distraída por uma polêmica acrimoniosa, e se há, no grupo, pessoas hostis umas às outras? (P. 393)

246. Kardec repete então a classificação dos espíritas constantes do item 28 d’O Livro dos Médiuns. (P. 393)

247. O Codificador chama de verdadeiros espíritas, ou melhor, espíritas cristãos, os que não se limitam a admirar a moral espírita, mas a praticam e aceitam. E diz que um grupo formado exclusivamente por elementos desta última classe estaria nas melhores condições, porque entre praticantes da lei de amor e de caridade é que se pode estabelecer uma séria ligação fraternal. (PP. 393 e 394)

248. Tendo por objetivo a melhora dos homens, o Espiritismo não vem procurar os perfeitos, mas os que se esforçam em se aprimorar pondo em prática os ensinos dos Espíritos. “O verdadeiro espírita – assevera Kardec – não é o que alcançou a meta, mas o que seriamente quer atingi-la.” (P. 394)

249. A simples lógica demonstra, a quem quer que conheça as leis do Espiritismo, quais os melhores elementos para a composição dos grupos realmente sérios, e são estes que têm a maior influência na propagação da Doutrina. (P. 394)

250. Aquele, pois, que tem a intenção de organizar um grupo em boas condições deve, antes de tudo, assegurar-se do concurso de alguns adeptos sinceros, que levem a doutrina a sério e cujo caráter conciliatório e benevolente seja conhecido. Formado esse núcleo, far-se-ão as regras precisas para as admissões e a ordem dos trabalhos. (P. 395)

251. Essas regras, segundo Kardec, podem sofrer modificações, mas há algumas que são essenciais à unidade de princípios: o estudo prévio, uma profissão de fé categórica e uma adesão formal à doutrina d’ O Livro dos Espíritos. (P. 395)

252. A ordem e a regularidade dos trabalhos – afirma Kardec – são igualmente essenciais. (P. 396)

253. Kardec diz também que seria útil que houvesse entre os grupos um ponto de ligação, um centro de ação, formado de delegados de todos os grupos, o que ajudaria de forma significativa a união de todos. (P. 397)

254. O ponto principal, contudo, é para Kardec a composição dos grupos primitivos. Se formados de bons elementos, serão boas raízes que darão bons renovos. Se, porém, forem formados de elementos heterogêneos e antipáticos, de espíritas duvidosos, mais ocupados com a forma do que com o fundo, que consideram a moral como parte acessória e secundária, há que esperar polêmicas irritantes e sem saída, estremecimentos, suscetibilidades e conflitos. (P. 397)

255. A verdadeira propagação, a que é útil e frutífera – reitera Kardec –, é feita pelo ascendente moral das reuniões sérias. “Sede, pois – aconselha o Codificador –, sérios em toda a acepção da palavra e as pessoas sérias virão a vós: são os melhores propagadores, porque falam com convicção e tanto pregam pelo exemplo quanto pela palavra.” (P. 398)

256. Dizendo que alguns grupos falaram em filiar-se à Sociedade Espírita de Paris, Kardec explica que essa palavra - filiação - seria imprópria, porque suporia uma espécie de supremacia material que não deve existir. As relações da Sociedade de Paris com as demais são relações morais, científicas e de mútua benevolência, mas sem sujeição. (P. 400)

257. Finalizando suas instruções, Kardec lembra que muitos o acusavam de querer fazer escola no Espiritismo. Ora, por que não teria ele esse direito? “Que haja, pois, uma escola, já que assim o querem”, responde-lhes o Codificador. “Para nós – assevera ele – será uma glória escrever em sua fachada: Escola do Espiritismo Moral, Filosófico e Cristão. E convidamos todos os que têm por divisa amor e caridade. A todos que se ligam a esta bandeira, todas as nossas simpatias e o nosso concurso jamais faltará.” (PP. 401 e 402)

258. A Revista noticia o falecimento, aos 69 anos de idade, do Sr. Jobard, de Bruxelas, presidente honorário da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. (P. 402)

259. Ao abraçar o Espiritismo, Jobard disse que a doutrina da reencarnação o havia ferido como um traço de luz, porque, tudo explicando de maneira tão lógica, era ela a chave que lhe faltava para chegar à verdade tão buscada. (P. 404)

260. Como prometido, a Revista traz passagens de alguns jornais espanhóis que se indignaram com o auto de fé de Barcelona, classificado pela imprensa da Espanha como um repugnante espetáculo. (PP. 404 a 407)

261. A Revista traz outra fábula do Sr. Dombre: “A Toutinegra, o Pombo e o Peixinho”, na qual o peixe, ao ajudar o pássaro, a quem o pombo recusara auxílio, diz:

“No porvir, pelo menos

Nos grandes não confieis; o clamor da miséria

Só fracamente ecoa em corações em férias;

Seus dons são o conselho e a condolência.

Mas a cordial assistência

Só se encontra nos pequenos”. (N.R.: Toutinegra: espécie de pássaro, de plumagem escura e canto ameno.) (P. 410)

262. Lamennais assevera: “As ideias mudam, mas as ideias e os desígnios de Deus, nunca. A religião, isto é, a fé, a esperança, a caridade, uma só coisa em três, o emblema de Deus na Terra, fica inabalável em meio às lutas e preconceitos”. “A religião existe, antes de tudo, nos corações, e assim não pode mudar.” (PP. 415 e 416)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Que é preciso para que um grupo espírita seja estável?

A homogeneidade, diz Kardec, é uma das primeiras condições à constituição de um grupo, cujas reuniões não podem ser estáveis, nem sérias, se não houver simpatia entre seus componentes. (Revista Espírita de 1861, p. 392.)

B. Quais são, segundo Kardec, os verdadeiros espíritas?

Os verdadeiros espíritas, ou melhor, os espíritas cristãos, são os que não se limitam a admirar a moral espírita, mas a praticam e aceitam. Um grupo formado exclusivamente por elementos desta classe estaria nas melhores condições, porque entre praticantes da lei de amor e de caridade é que se pode estabelecer uma séria ligação fraternal. (Obra citada, pp. 393 e 394.)

C. Quem são os melhores propagadores do Espiritismo?

A verdadeira propagação do Espiritismo, a que é útil e frutífera, é a que se faz pelo ascendente moral das reuniões sérias. Os melhores propagadores são os que falam com convicção e tanto pregam pelo exemplo quanto pela palavra. (Obra citada, p. 398.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 13 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/11/blog-post_23.html

 

 

  

 

 

 

Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/h85Vsc, e verá como utilizá-lo.

 

 

 

terça-feira, 29 de novembro de 2022

 



Mente humana

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

De Londrina-PR

 

A nossa mente é maravilhosa, exagerada, apavorada, sonhadora e muito preocupada. Graças a Deus que, a bem da verdade, muito pouco se concretiza da montanha de problemas que criamos. E tão interessante é a dimensão tomada pelos nossos desassossegos e, subitamente, eles, que tanto nos atormentaram, num novo amanhecer, nem mais deles nos lembramos. Oh, mente humana, tão ansiosa e desassossegada.

De repente, descobrimos a meditação, mas a nossa mente ainda é só quase preocupação. Mas meditar é preciso e viver melhor e com mais paz já é questão de sobrevivência, então nos acalmemos. E suscitamos em nós que somos espíritos, eternos, criados por Deus e que, mais uma vez, recebemos esta dádiva: a reencarnação. Olhamos para o céu e agradecemos. E quando vemos a infinitude do alto, nosso coração começa a acalmar e vem a admiração.

E com tranquilidade, mais da metade dos monstros que nos afligia evaporou-se e o restante já traz certo manual de resolução. Para tudo há um caminho. Menos devaneio e mais fé amorosa. Crer que estamos amparados e não sozinhos já nos traz a segurança do amor e vem à mente que na vida se vive um dia de cada vez.

Menos desespero e ansiedade, mais confiança; menos preocupação e mais a lembrança do Mestre Jesus. Estamos em outro precioso momento de nossa eternidade, já passamos tantas vezes por essa ocasião, porém, a cada uma, o reconhecimento deve ser expandido, cada momento vivido deve ser celebrado.

A nossa mente deve ser direcionada para um caminho mais agradável, calmo, e com segurança, no entanto algo a lembrar-se é a lei do livre-arbítrio, pois, decerto, se as escolhas não forem favoráveis, as suas consequências tampouco serão. A nossa mente pode ser educada, mas a nossa consciência mostrará claramente o belo e o mal de nossas ações. Isso é fato.

Assim, para os pensamentos negativos, daremos um basta já que dificilmente nos ajudarão. Daremos asas apenas aos pensamentos felizes, criadores de boas realizações e amorosos, pois esses, sim, é que nos aproximarão do alto, esses, sim, é que nos deixarão bem mais pertinho de Deus.

Há tanto sentido nesta frase: uma mente sã num corpo são.

 

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

 

 

 

 

 

Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/h85Vsc, e verá como utilizá-lo.

 

 

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

 



Sexo e Obsessão

 

Manoel Philomeno de Miranda

 

Parte 2

 

Damos sequência neste espaço ao estudo metódico e sequencial do livro Sexo e Obsessão, obra de autoria de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada originalmente em 2002.

Este estudo será publicado neste blog sempre às segundas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

8. Podemos afirmar que nenhuma prece fica sem resposta?

Sim. Nenhuma louvação, rogativa ou gratidão expressa através da prece fica sem resposta adequada, desde que os sentimentos lhe acompanhem o curso oracional. (Sexo e Obsessão, capítulo 2: O poder da oração.)

9. Qual era o objetivo inicial da Caravana socorrista enviada à crosta pela Colônia?

Atender um jovem sacerdote que se encontrava em momento muito grave da sua existência, lutando com tenacidade contra as tendências infelizes do passado, que o assaltavam agora com pertinaz incidência. Embora forjado em sentimentos humanitários e cristãos, ele perdia lentamente as forças na imensa pugna travada contra as más inclinações que predominavam no seu íntimo e porque também estava sob indução espiritual perversa e perigosa. Quando a equipe chegou ao local em que deveriam iniciar as atividades socorristas, encontraram um jovem religioso mergulhado em terrível conflito interior. Não obstante se encontrasse ajoelhado, orando em desespero, seu pensamento turbilhonado exteriorizava imagens atormentadoras de que se desejava libertar. O rapaz aparentava trinta anos de idade e chamava-se Mauro. Tentando fugir dos tormentos que o sitiavam desde a adolescência e sentindo-se dominado pelo desvario das tendências sexuais infelizes, ele procurara refúgio na Religião, na qual imaginava poder deter os desejos infrenes que o aturdiam, mas sua tarefa era complexa e muito difícil. (Obra citada, capítulo 2: O poder da oração.)

10. Apesar de suas tendências pessoais para a conduta infeliz, o sacerdote Mauro era também vítima de seus próprios comparsas?

Sim. Vinculado a terrível Organização espiritual jesuítica do passado, quando cometeu arbitrariedades contra criaturas tidas como inimigas e silvícolas que tombaram nas suas garras ignóbeis, aos quais deveria evangelizar, Mauro ainda não conseguira libertar-se desses comparsas, que hoje prosseguiam inspirando-o na situação calamitosa em que se encontrava. (Obra citada, capítulo 2: O poder da oração.)

11. Os conflitos sexuais do padre eram efeitos de sua conduta infeliz no passado ou decorrência de obsessão?

Anacleto explicou: “Estamos diante de uma resposta da Vida aos atos clamorosos perpetrados anteriormente pelo nosso amigo. É natural que, havendo desconsiderado as Leis que estabelecem o respeito, o amor e o dever para com o próximo, hoje sofra os conflitos e as perturbações que lhe constituem mecanismo de depuração dos gravames cometidos. Ao mesmo tempo, algumas das suas vítimas cercam-no de vibrações deletérias e odientas, inspirando-o nas tendências doentias, a fim de mais o afligirem, ao tempo em que o alucinam e o estarrecem ante os próprios absurdos gerados pela mente em desalinho. Sempre há cobrador quando existe devedor na pauta dos processos atuais de evolução do planeta terrestre e dos seus habitantes. Os seus adversários espirituais encharcam-no de ideias pervertidas e desejos lúbricos insaciáveis, desvairando-o. Fixando-se-lhe nos painéis mentais, telecomandam-no a distância, e quando se desprende pelo sono físico é atraído ou arrebatado para os sítios de vergonha e de depravação, nos quais mais se acentuam os desbordamentos da paixão insana”. (Obra citada, capítulo 2: O poder da oração.)

12. As orações, mesmo quando expressam desespero, são captadas e atendidas?

Sim. Todo apelo que procede do coração, mesmo quando as possibilidades emocionais não permitem melhor entrosamento entre o sentimento e a razão, atinge o fulcro para o qual é direcionado. Nenhuma solicitação ao Pai Amantíssimo fica sem resposta, seja qual for a natureza do seu conteúdo, recebendo-a de acordo com o propósito de que se reveste. (Obra citada, capítulo 2: O poder da oração.)

13. Embora com dificuldade de descrever o local e o ambiente cultivados pela Comunidade pervertida, que informações sobre o assunto Manoel Philomeno de Miranda consignou nesta obra?

A degradação moral era ali evidente. As personagens presentes formavam a grande massa deambulante e movimentada em todos os lados. A tonalidade avermelhada da iluminação, que fazia recordar os archotes fumegantes do passado, produzia um aspecto terrificante no ambiente, que esfervilhava de Espíritos de ambos os lados da vida em infrene orgia de alucinados. Podia-se perceber que Espíritos vitimados por graves alterações e mutilações no perispírito misturavam-se à malta desenfreada na exaltação do sexo e das suas mais sórdidas expressões, a acompanhar freneticamente um desfile de carros alegóricos, que faziam recordar os carnavais da Terra, exibindo, porém, cenas de terrível horror e espetáculos de grosseira manifestação da libido. (Obra citada, capítulo 3: A comunidade da perversão moral.)

14. O Espírito do padre Mauro ali também comparecia? 

Sim. Podiam ser vistos ali diversos Espíritos reencarnados que seguiam jugulados aos seus algozes, presos a coleiras como se fossem felinos esfaimados, babando ante o espetáculo que lhes aguçava os instintos grosseiros. Entre outros, encontrava-se o padre Mauro com o seu sicário, que dele escarnecia e o amedrontava, enquanto, debatendo-se para liberar-se da retenção e atirar-se no vulcão de asquerosa sensualidade, urrava em deplorável aspecto. (Obra citada, capítulo 3: A comunidade da perversão moral.)

 

 

Observação:

Para acessar a 1ª parte deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui:  https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/11/blog-post_21.html

 

 

 

 

 

 

Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/h85Vsc, e verá como utilizá-lo.

 

 

domingo, 27 de novembro de 2022

 



De volta à Casa Espírita

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

De Londrina-PR

 

No domingo passado – 20 de novembro – voltamos a participar presencialmente das atividades espíritas em uma Casa Espírita, dois anos e oito meses depois que os efeitos da pandemia da Covid 19 nos levaram ao isolamento recomendado pelas autoridades de saúde, um fato que certamente ninguém em nosso país ignora. (1)

Uma imensa alegria tivemos nesse retorno, que se deu na cidade em que agora moramos e numa instituição – o Centro Espírita Fé, Luz e Caridade, de Arapongas – em que havíamos proferido palestras sobre Espiritismo exatamente há 25 anos.

Rever alguns amigos de longa data, como o casal Jeanete e Pedro Garcia, contribuiu para a alegria a que nos referimos.

A Casa Espírita que agora passamos a frequentar dispõe de um salão de palestras bastante confortável e, logo aos fundos, uma ampla, agradável e bem arejada sala de passes, em que os médiuns se distribuem com ótimo distanciamento entre eles.

Quanto à psicosfera reinante na instituição nem é preciso falar, porque os que frequentam centros espíritas sérios e focados na proposta espírita sabem que neles encontraremos sempre a paz, o conforto espiritual e os esclarecimentos de que necessitamos para bem nos conduzirmos na vida.

Nas reuniões públicas em que iniciamos nossa participação, o trabalho é composto normalmente de duas partes. Na primeira, a palestra pública ou comentários sobre temas diversos à luz da doutrina espírita; na segunda parte, os passes realizados em sala à parte.

Sabemos que muitos vão a uma Casa Espírita em busca apenas do passe, e isso se dá porque nem todos os espíritas e, certamente, os simpatizantes do Espiritismo sabem o que ocorre efetivamente durante as palestras espíritas.

No capítulo Sexo e Responsabilidade do livro Trilhas da Libertação, obra mediúnica psicografada por Divaldo Franco, Manoel Philomeno de Miranda, referindo-se ao que se verifica normalmente em uma palestra pública, observou que em determinada noite, a convite do Mentor dos trabalhos, expressivo número de trabalhadores desencarnados, lúcidos e joviais, colaborava com o grupo espírita durante as explanações públicas, esclarecendo as companhias espirituais infelizes dos encarnados, afastando as mais rebeldes e encaminhando aquelas que se encontravam predispostas à renovação.

Tanto a palestra pública como o estudo – diz o autor espiritual – exerciam a função de psicoterapia coletiva para as pessoas presentes e os desencarnados. Em razão de os encarnados raramente manterem sintonia elevada e interesse superior por muito tempo, os Benfeitores espirituais se utilizavam da palavra do palestrante para centralizar-lhes a atenção e fazê-los concentrar-se.

Agiam então com extrema dedicação e, ao término, ainda sob a psicosfera saudável, realizavam algumas cirurgias perispirituais, separando mentes parasitas dos seus hospedeiros, refundindo o ânimo nos lutadores, apoiando as intenções saudáveis dos que despertavam, auxiliando, enfim, em todas as direções, mediante os recursos terapêuticos do passe magnético.

Vê-se, assim, que a atividade do passe, realizado em seguida às palestras públicas, acaba sendo um trabalho complementar, uma vez que a tarefa do socorro espiritual já é realizada durante a explanação doutrinária, o que explica por que as reuniões públicas em uma Casa Espírita séria calam fundo em nossos corações.

 

(1) Nosso afastamento das atividades presenciais na Casa Espírita em nada afetou a atividade que realizamos há muito tempo com respeito à divulgação espírita: diariamente, as edições do blog Espiritismo Século XXI; semanalmente, as edições da revista O Consolador; mensalmente, as edições do jornal “O Imortal” e os e-books publicados pela EVOC – Editora Virtual O Consolador.

 

  

 

 

 

Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/h85Vsc, e verá como utilizá-lo.

 

 

sábado, 26 de novembro de 2022

 



Horas difíceis

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília, DF

 

Alma irmã, durante muito tempo eu julgava os acontecimentos da vida pelo que ocorria em minha própria existência. Enfim, aprendi que o que ocorre conosco não serve como medida do que é certo ou errado em relação aos fatos sociais genéricos. Por exemplo, se estudei em escola pública e tive como professor alguém que não cumpria bem seus deveres profissionais, não posso julgar todos os professores de escola pública com base no comportamento daquele professor. Tempos difíceis todos temos, mas Deus está no comando.

Precisamos entender que todos nós estamos sujeitos a errar. Provavelmente, aquele professor ainda não atingiu a maturidade que o faça perceber as consequências para si mesmo de seu despreparo profissional.

Por essa razão, o espírito Emmanuel também intitulou sua mensagem como Horas difíceis. Ela está no livro psicografado por Chico Xavier que se chama Livro de Respostas, editado pela Federação Espírita Brasileira. Após elencar as situações ruins que podemos estar passando, Emmanuel conclui: “Se essas horas de crise te surgiram na existência, não desanimes nem te desesperes. Ergue a fronte para o alto e conta com Deus. Realmente, o que mais importa é o que sucede dentro de ti”.

Em apoio às palavras finais de Emmanuel, lemos na obra ditada pelo espírito Maria João de Deus, intitulada Cartas de Uma Morta, também psicografada por Chico Xavier, no capítulo 63, esta frase: “Um espírito pode beneficiar-se com o que lhe provém do exterior, mas o seu verdadeiro mundo é aquele criado por seus pensamentos, atos e aspirações”.

Foi por esse motivo que, ao ser indagado por Allan Kardec, na questão 621 d’O Livro dos Espíritos, onde se situa a lei de Deus, a resposta recebida foi objetiva: “Na consciência”. Provavelmente, aquele educador relapso foi de tal modo prejudicado por suas atitudes negativas, que aprendeu com seus erros a se tornar um dos melhores professores da escola. Ele poderia também ter percebido que o magistério não era sua vocação e ter optado por outra profissão na qual se realizaria e proporcionaria melhores resultados para si e para outrem.

Mas se o professor se acomodou, certamente chegará o dia em que perceberá o mal causado a quem lhe cabia educar. Se não nesta, noutra encarnação, pois ainda que ignoremos os apelos da consciência, dia haverá em que teremos de escutá-la a clamar, incessante, como na figura bíblica: “Caim, Caim, que fizeste do teu irmão?”

Somente em boa sintonia com a consciência, entenderemos a lei de causa e efeito. Então, a fé verdadeira nos dará forças para atuar no bem, fiéis às palavras de Pedro: “O amor cobre a multidão dos pecados”. Daí a necessidade de satisfazermos os três requisitos para a quitação do débito espiritual de cada um de nós: arrependimento, expiação e reparação.

Deus proverá tudo o que for preciso, no tempo certo, pois, como nos lembrou nosso amigo Evandro, nobre tradutor das obras básicas de Kardec e da Revista Espírita: “O tempo de Deus é diferente do nosso tempo”. Por esse motivo, os que agora estamos angustiados precisamos encontrar na oração, na tolerância, no trabalho e no bem incansável os remédios eficazes para enfrentarmos serenamente as horas difíceis.

 

Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com

 

 

 

 


 

Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/h85Vsc, e verá como utilizá-lo.

 


 

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

 



A Evolução Anímica

 

  Gabriel Delanne

 

Parte 15

 

Damos prosseguimento ao estudo do clássico A Evolução Anímica, de Gabriel Delanne, conforme a 8ª edição da tradução de Manoel Quintão, publicada pela Federação Espírita Brasileira.

Esperamos que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto indicado para leitura.

Este estudo é publicado sempre às sextas-feiras.

 

Questões preliminares

 

A. O Espírito reencarna onde quer?

B. Por que muitos obsidiados são tidos muitas vezes como loucos?

C. É difícil distinguir a loucura da obsessão?

 

Texto para leitura

 

155. Os Espíritos não reencarnam onde desejam. No mundo sideral há leis tão ou mais rigorosas do que as que regem o nosso mundo. As afinidades perispiríticas e as leis magnéticas do pensamento e da vontade representam, no feito, um grande papel. Os Espíritos errantes que não compreendem as grandes leis da evolução são propensos a reencarnar na Terra, objetivando dar livre curso às paixões que não podem satisfazer no espaço. Se isso lhes fosse permitido, assediariam as classes ricas, tomariam os ambientes que chamamos privilegiados. Falta-lhes, porém, a correspondência fluídica com esses encarnados e, por isso, lhes é vedado o acesso a esses ambientes. Pertencemos a uma certa categoria de Espíritos que, mais ou menos no mesmo ritmo, procuram conjugar a sua evolução ajudando uns aos outros. Através das vidas sucessivas, podemos escalar todas as posições sociais e prestar-nos mútuo socorro. (Págs. 205 e 206) 

156. Da mesma maneira que existem famílias que honram as artes, existem famílias outras nas quais os vícios constituem o traço característico. Dr. Morel refere a história de uma família dos Vosges, na qual o bisavô alcoólatra sucumbira ao próprio vício. O avô, assaltado pela mesma paixão do álcool, morreu maníaco. Ele teve um filho mais sóbrio, que não escapou, porém, da hipocondria, com tendências homicidas, e um neto que acabou, por sua vez, atingido pela idiotia. Assim, na primeira geração, excessos alcoólicos. Na segunda, embriaguez hereditária. Na terceira, diátese hipocondríaca. Na quarta, estupidez e possível extinção da prole. (Pág. 206) 

157. Muitas vezes – explica Delanne – é como prova que o Espírito encarna nessas famílias, por querer adquirir forças para domar a matéria. O sr. Trélat conta o caso de uma senhora morigerada e econômica que era assaltada por crises dipsomaníacas irresistíveis. A mãe e uma tia dela eram também alcoólatras. (Pág. 206) 

158. Casos há, admite Delanne, em que o crime e a loucura são hereditários. Outro fato, verificado pelos Drs. Férus e Lélut, é ser a loucura muito mais frequente nos criminosos do que nos outros homens. Grande é o número de criminosos cujos ascendentes deram mostras de loucura. Está nesse número o célebre Verger, que matou o arcebispo de Paris. A mãe e um irmão de Verger morreram loucos – da loucura do suicídio. (Págs. 206 e 207) 

159. A loucura – A loucura propriamente dita faz-se acompanhar sempre de um estado mórbido dos órgãos, que se traduz, as mais das vezes, por uma lesão. A alienação será, pois, uma enfermidade física quanto à sua causa, embora mental quanto à maioria dos seus efeitos. Pode a loucura transmitir-se por via hereditária, mas às vezes se transforma, quando manifesta nos descendentes. Nada é tão comum como ver a loucura degenerar em suicídio, ou o suicídio degenerar em loucura, alcoolismo, hipocondria. (Pág. 207) 

160. Há famílias cujos membros, com raras exceções, são acometidos de loucura, na mesma idade. Mas é preciso assinalar, no entanto, que muitos desses casos, atribuídos a enfermidades do cérebro, são produzidos pela ação de Espíritos desencarnados. A obsessão apresenta, amiúde, todos os sintomas da legítima loucura. Em casos assim, não é do corpo, mas da alma que importa cuidar. Dirigindo-nos ao Espírito obsessor, podemos conseguir, algumas vezes, fazê-lo abandonar a presa. A bibliografia espírita menciona algumas curas deste gênero. (Pág. 208) 

161. Se nos dermos ao cuidado de observar um grande número de fatos chamados alucinatórios, facilmente concluiremos que muitas vezes não passam de simples vidência mediúnica. As visões de Carlos IX, citadas por Sully, levam-nos a crer que em torno do sanguinário rei reuniam-se muitos Espíritos para clamar vingança. Abercombie cita o caso de um vidente que não sabia diferenciar se as pessoas que via eram entidades reais ou fantasmas. (Págs. 208 e 209) 

162. Quando o corpo não goza saúde perfeita, isto é, quando as relações normais entre alma e corpo se perturbam, a força vital pode exteriorizar-se parcialmente, dando azo a que Espíritos malévolos tirem partido disso. Importa, pois, nesses casos peculiares, cuidar simultaneamente do corpo e da alma. E a cura será tanto mais rápida quanto melhor conhecermos a natureza do mal. (Pág. 210) 

163. A obsessão – Reportando-se diretamente à obra de Kardec, que Delanne aconselha devamos consultar sempre que nos depararmos com enfermidades desta espécie, ele disserta sobre a obsessão e a loucura. Eis, de forma resumida, os pontos principais contidos nesse estudo:

I – Há que fazer rigorosas distinções entre a obsessão, a fascinação, a possessão e a loucura propriamente dita, que compreende a alucinação, a monomania, a mania, a demência e a idiotia.

II – Entre a obsessão e a subjugação integral há várias gradações que, agravando-se com o tempo, podem produzir verdadeiras lesões cerebrais.

III – A subjugação ou a obsessão simples não são, a bem dizer, um estado consciencial. Trata-se simplesmente da intermissão e imposição de um Espírito a comunicar-se, a impedir que outros o façam, ou a substituir os evocados. O médium tem, pois, nesses casos a noção do que se passa.

IV – Na fascinação, o fenômeno se acentua e as consequências tornam-se mais graves. O médium não se julga ludibriado, mas não goza do seu livre-arbítrio e só obedece às injunções do Espírito: é a hipnotização espiritual a exercer-se.

V – Às vezes são vários os Espíritos que se agregam para atormentar a vítima, de modo que, simplesmente obsidiada no começo, ela acaba realmente louca. Aos que não compreendem que os Espíritos possam empregar seu tempo para torturar os encarnados, basta lançar os olhos à Gazeta dos Tribunais e verificar quanta baixeza a Humanidade é capaz de praticar.

VI – Os Espíritos atrasados alimentam as paixões mais ignóbeis, sobretudo a da vingança, se puderem identificar na carne um ser que lhes tenha feito mal.

VII – Muitos obsidiados são tratados como loucos porque se atribui à alucinação o que de fato não passa de sugestão espiritual incoercível. Quando vemos uma pessoa hipnotizada rir, chorar, executar passivamente os atos mais extravagantes, compreendemos que a atuação do Espírito obsessor é substancialmente idêntica à do hipnotizador humano sobre o seu paciente. A única diferença é que, na obsessão, a vontade operante tanto pode ser de um como de alguns agentes invisíveis e inacessíveis aos processos correntes de que dispõe a Medicina. (Págs. 211 a 213) 

164. Depois de relatar o caso da Senhorita M..., extraído da obra de Brierre de Boismont, Delanne explica que a anulação da vontade diante da sugestão dos Espíritos prende-se à fraqueza do sistema nervoso, e é fácil reproduzi-la artificial e transitoriamente com um indivíduo hipnotizável. Os obsidiados podem comparar-se, portanto, com os sonâmbulos em vigília que, embora sofrendo a ação do magnetizador, mantêm consciência do seu estado. Um caso tirado da obra de Charles Richet mostra como as coisas se passam no caso dos sonâmbulos. (Pág. 213 a 217) 

165. O Espiritismo oferece, desse modo, uma explicação lógica de certos estados da alma averbados de loucura e que, absolutamente, nada têm de comum com as falsas percepções e com as perturbações cerebrais, porque se prendem a uma certa ação análoga à da sugestão hipnótica, cuja causa há que procurar no mundo espiritual. O que torna difícil distinguir a loucura da obsessão é que os sentidos são suscetíveis de alucinação consequente a desordens do sistema nervoso, independente de uma intervenção externa e ostensiva. É preciso, portanto, grande prática e muito discernimento para reconhecer a origem do mal. (N.R..: Delanne foi muito feliz ao escrever essas palavras, porque o Dr. Célio Trujilo Costa, médico-psiquiatra e conhecido estudioso do Espiritismo, diretor clínico do Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro, entende que só uma meticulosa observação pode levar o especialista a distinguir uma crise obsessiva de um surto de esquizofrenia.) (Pág. 217) (Continua no próximo número.)

 

Respostas às questões preliminares

 

A. O Espírito reencarna onde quer?

Não. No mundo sideral há leis tão ou mais rigorosas do que as que regem o nosso mundo. As afinidades perispiríticas e as leis magnéticas do pensamento e da vontade representam, no feito, um grande papel. (A Evolução Anímica, pp. 205 e 206.)

B. Por que muitos obsidiados são tidos muitas vezes como loucos?

A subjugação ou a obsessão simples não são, a bem dizer, um estado consciencial. Trata-se simplesmente da intermissão e imposição de um Espírito a comunicar-se, a impedir que outros o façam, ou a substituir os evocados. Muitos obsidiados são tratados como loucos porque se atribui à alucinação o que de fato não passa de sugestão espiritual incoercível. Quando vemos uma pessoa hipnotizada rir, chorar, executar passivamente os atos mais extravagantes, compreendemos que a atuação do Espírito obsessor é substancialmente idêntica à do hipnotizador humano sobre o seu paciente. A única diferença é que, na obsessão, a vontade operante tanto pode ser de um como de alguns agentes invisíveis e inacessíveis aos processos correntes de que dispõe a Medicina. (Obra citada, pp. 211 a 213.) 

C. É difícil distinguir a loucura da obsessão?

Sim. O motivo disso é que os sentidos são suscetíveis de alucinação consequente a desordens do sistema nervoso, independente de uma intervenção externa e ostensiva. É preciso, portanto, grande prática e muito discernimento para reconhecer a origem do mal. (Obra citada, pág. 217.) 

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 14 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/11/blog-post_18.html

 

 

 

 

 

 

Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/h85Vsc, e verá como utilizá-lo.