Revista Espírita de 1861
Allan Kardec
Parte 14 e final
Concluímos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1861, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1861 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
sempre apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Que é preciso para
que um grupo espírita seja estável?
B. Quais são, segundo
Kardec, os verdadeiros espíritas?
C. Quem são os
melhores propagadores do Espiritismo?
Texto para leitura
244. Na constituição
dos grupos, uma das primeiras condições é a homogeneidade: uma reunião não pode
ser estável, nem séria, se não houver simpatia entre os componentes. (P. 392)
245. O que uma
reunião espírita requer, acima de tudo, é o recolhimento. Ora, como estar
recolhido se, a cada momento, a gente é distraída por uma polêmica acrimoniosa,
e se há, no grupo, pessoas hostis umas às outras? (P. 393)
246. Kardec repete
então a classificação dos espíritas constantes do item 28 d’O Livro dos
Médiuns. (P. 393)
247. O Codificador
chama de verdadeiros espíritas, ou melhor, espíritas cristãos, os que não se
limitam a admirar a moral espírita, mas a praticam e aceitam. E diz que um grupo
formado exclusivamente por elementos desta última classe estaria nas melhores
condições, porque entre praticantes da lei de amor e de caridade é que se pode
estabelecer uma séria ligação fraternal. (PP. 393 e 394)
248. Tendo por
objetivo a melhora dos homens, o Espiritismo não vem procurar os perfeitos, mas
os que se esforçam em se aprimorar pondo em prática os ensinos dos Espíritos.
“O verdadeiro espírita – assevera Kardec – não é o que alcançou a meta, mas o
que seriamente quer atingi-la.” (P. 394)
249. A simples lógica
demonstra, a quem quer que conheça as leis do Espiritismo, quais os melhores
elementos para a composição dos grupos realmente sérios, e são estes que têm a
maior influência na propagação da Doutrina. (P. 394)
250. Aquele, pois,
que tem a intenção de organizar um grupo em boas condições deve, antes de tudo,
assegurar-se do concurso de alguns adeptos sinceros, que levem a doutrina a
sério e cujo caráter conciliatório e benevolente seja conhecido. Formado esse
núcleo, far-se-ão as regras precisas para as admissões e a ordem dos trabalhos.
(P. 395)
251. Essas regras,
segundo Kardec, podem sofrer modificações, mas há algumas que são essenciais à
unidade de princípios: o estudo prévio, uma profissão de fé categórica e uma
adesão formal à doutrina d’ O Livro dos Espíritos. (P. 395)
252. A ordem e a
regularidade dos trabalhos – afirma Kardec – são igualmente essenciais. (P.
396)
253. Kardec diz
também que seria útil que houvesse entre os grupos um ponto de ligação, um
centro de ação, formado de delegados de todos os grupos, o que ajudaria de
forma significativa a união de todos. (P. 397)
254. O ponto
principal, contudo, é para Kardec a composição dos grupos primitivos. Se
formados de bons elementos, serão boas raízes que darão bons renovos. Se, porém,
forem formados de elementos heterogêneos e antipáticos, de espíritas duvidosos,
mais ocupados com a forma do que com o fundo, que consideram a moral como parte
acessória e secundária, há que esperar polêmicas irritantes e sem saída,
estremecimentos, suscetibilidades e conflitos. (P. 397)
255. A verdadeira
propagação, a que é útil e frutífera – reitera Kardec –, é feita pelo
ascendente moral das reuniões sérias. “Sede, pois – aconselha o Codificador –,
sérios em toda a acepção da palavra e as pessoas sérias virão a vós: são os
melhores propagadores, porque falam com convicção e tanto pregam pelo exemplo
quanto pela palavra.” (P. 398)
256. Dizendo que
alguns grupos falaram em filiar-se à Sociedade Espírita de Paris, Kardec
explica que essa palavra - filiação - seria imprópria, porque suporia uma
espécie de supremacia material que não deve existir. As relações da Sociedade
de Paris com as demais são relações morais, científicas e de mútua
benevolência, mas sem sujeição. (P. 400)
257. Finalizando suas
instruções, Kardec lembra que muitos o acusavam de querer fazer escola no
Espiritismo. Ora, por que não teria ele esse direito? “Que haja, pois, uma
escola, já que assim o querem”, responde-lhes o Codificador. “Para nós –
assevera ele – será uma glória escrever em sua fachada: Escola do Espiritismo
Moral, Filosófico e Cristão. E convidamos todos os que têm por divisa amor e
caridade. A todos que se ligam a esta bandeira, todas as nossas simpatias e o
nosso concurso jamais faltará.” (PP. 401 e 402)
258. A Revista
noticia o falecimento, aos 69 anos de idade, do Sr. Jobard, de Bruxelas,
presidente honorário da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. (P. 402)
259. Ao abraçar o
Espiritismo, Jobard disse que a doutrina da reencarnação o havia ferido como um
traço de luz, porque, tudo explicando de maneira tão lógica, era ela a chave
que lhe faltava para chegar à verdade tão buscada. (P. 404)
260. Como prometido,
a Revista traz passagens de alguns jornais espanhóis que se indignaram com o
auto de fé de Barcelona, classificado pela imprensa da Espanha como um
repugnante espetáculo. (PP. 404 a 407)
261. A Revista traz
outra fábula do Sr. Dombre: “A Toutinegra, o Pombo e o Peixinho”, na qual o
peixe, ao ajudar o pássaro, a quem o pombo recusara auxílio, diz:
“No porvir, pelo
menos
Nos grandes não
confieis; o clamor da miséria
Só fracamente ecoa em
corações em férias;
Seus dons são o
conselho e a condolência.
Mas a cordial
assistência
Só se encontra nos
pequenos”. (N.R.: Toutinegra: espécie de pássaro, de plumagem escura e canto
ameno.) (P. 410)
262. Lamennais
assevera: “As ideias mudam, mas as ideias e os desígnios de Deus, nunca. A
religião, isto é, a fé, a esperança, a caridade, uma só coisa em três, o
emblema de Deus na Terra, fica inabalável em meio às lutas e preconceitos”. “A
religião existe, antes de tudo, nos corações, e assim não pode mudar.” (PP. 415
e 416)
Respostas às questões propostas
A. Que é preciso para
que um grupo espírita seja estável?
A homogeneidade, diz
Kardec, é uma das primeiras condições à constituição de um grupo, cujas
reuniões não podem ser estáveis, nem sérias, se não houver simpatia entre seus
componentes. (Revista Espírita de 1861, p. 392.)
B. Quais são, segundo
Kardec, os verdadeiros espíritas?
Os verdadeiros
espíritas, ou melhor, os espíritas cristãos, são os que não se limitam a
admirar a moral espírita, mas a praticam e aceitam. Um grupo formado
exclusivamente por elementos desta classe estaria nas melhores condições,
porque entre praticantes da lei de amor e de caridade é que se pode estabelecer
uma séria ligação fraternal. (Obra citada, pp. 393 e 394.)
C.
Quem são os melhores propagadores do Espiritismo?
A verdadeira propagação do Espiritismo, a que é útil e
frutífera, é a que se faz pelo ascendente moral das reuniões sérias. Os
melhores propagadores são os que falam com convicção e tanto pregam pelo
exemplo quanto pela palavra. (Obra citada, p. 398.)
Observação:
Para
acessar a Parte 13 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/11/blog-post_23.html
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