sábado, 31 de agosto de 2019




Coerência, virtude difícil

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Agradeço muito a Deus sua tolerância, amor e proteção desde sempre. Sobretudo, por blindar-me contra as decepções provenientes das contradições existentes entre o que as pessoas falam e o que elas fazem. E nisso não sou exceção.
Desde bem jovem, sempre acreditei nos ensinamentos lógicos do Espiritismo. Lembro-me de que, aos seis anos de idade, ouvia meu pai, pessoa simples e iletrada, criada no interior mineiro, falar sobre a justiça da reencarnação e da bondade de Deus com uma sabedoria invejável.
E a conversa paterna, pasmem!... era, por vezes, com pastor evangélico nosso vizinho, que nunca o contestava. O mesmo amigo que, antes da desencarnação de papai, após longa doença deste, toda noite visitava-nos e por ele orava. Papai ouvia, humilde, a prece e lhe agradecia o apoio espiritual sem qualquer contrariedade. Isso é coerência.
O tempo passou, e passei a frequentar uma mocidade espírita no Rio de Janeiro. Ali comecei, ano após ano, a observar quanto estamos distantes de fazer o que recomendamos a outrem.
Por vezes, falava-se lá sobre a importância da união e necessidade de exercitarmos a fraternidade com outras pessoas e instituições coirmãs, pelo bem pessoal e de nossa amada Doutrina Espírita. Isso, porém, era desmentido pelas “disputas de território” entre aqueles mesmos diretores de nossa querida casa espírita e outra, vista como sua concorrente...
Noutras ocasiões, ouvi palestras de irmãos e irmãs profundamente engajados na divulgação espírita, mas que, tão logo se encerrava um evento religioso, passavam a criticar acremente os atos alheios, em conversas pessoais. E o que é pior, até mesmo em homenagem a irmãos que já haviam desencarnado e não tinham como se defender estes eram criticados. 
É a eterna luta pelo poder temporal que nos leva a disputar as atenções alheias e os cargos, vendo “um cisco no olho do próximo, mas tendo uma trave no nosso”. Isso nos foi lembrado por nosso irmão Julião na palestra que fez, no último domingo, na Federação Espírita Brasileira.
Aprendamos com o Cristo, irmãos e irmãs, a vigiar pensamentos, palavras e atos. Não os do próximo, mas os nossos...
Sejamos mansos e humildes de coração, como Jesus, e encontraremos repouso para nossas almas, cansadas de disputas vãs. Uma única causa deve mover-nos: a do amor ao próximo como a nós mesmos, sempre atentos à recomendação de nosso Mestre querido: 

Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito. Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas (Mateus, 22: 37- 40).






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sexta-feira, 30 de agosto de 2019




O porquê da vida

Léon Denis

Parte 10

Damos sequência ao estudo do clássico O porquê da vida, de Léon Denis, com base na 14ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira. O estudo será aqui apresentado em 13 partes.
Nossa expectativa é que ele sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

Questões preliminares

A. Como o Espiritismo nos recomenda encarar o sofrimento?
B. O purgatório localiza-se onde?
C. O Espiritismo é apenas uma ciência?

Texto para leitura

121. Passada a tormenta, dissipar-se-ão as nuvens sombrias que nos escurecem o céu. Um límpido raio de sol brilhará sobre as ruínas acumuladas e uma era nova começará para a Humanidade. Grandes coisas então se realizarão. Almas poderosas reencarnarão entre nós para dar vigoroso impulso à ascensão geral. A consciência humana se desembaraçará das peias do materialismo. A Filosofia se espiritualizará. (PP. 113 e 114)
122. No seu artigo de ataque ao Espiritismo, já referido antes, o padre Coubé faz a apologia do inferno, afirmando: “O Inferno não é em si mesmo uma crueldade, pois que a crueldade consiste em fazer sofrer um ente para gozar com o seu sofrimento, portanto, além do que ele merece e do que a ordem reclama”. Responderemos a ele: “É sempre cruel infligir a um ser sofrimentos que não tenham a leni-los nenhuma esperança e que não comportam resultado algum”. (P. 116)
123. Em todo o Universo, o sofrimento é, sobretudo, um meio educativo e purificador. Considerando-o como uma expiação temporária, do ponto de vista da justiça divina e segundo o Espiritismo, ele se nos mostra como um processo de evolução, pois que, desenvolvendo em nós a sensibilidade, nos aumenta a vida, tornando-a mais intensa, ao passo que, com as penas eternas, o sofrimento não é mais do que uma baixa vingança, uma crueldade inútil. (P. 116)
124. Ora, Deus nada faz sem objetivo, e o seu objetivo é sempre grandioso, generoso, benéfico para suas criaturas. (P. 116)
125. Aliás, o padre Coubé não deve ignorar que a maioria dos teólogos hão renunciado à teoria das penas eternas e que já está reconhecido e firmado que a palavra hebreia que se traduziu por eterno não significa sem-fim, mas apenas longa duração. (P. 116)
126. A Terra, eis o purgatório verdadeiro, o inferno temporário. O sofrimento do Espírito na vida do espaço não pode ser senão moral. Resulta da ação da consciência que desperta imperiosa, mesmo que se trate das almas mais atrasadas. (P. 117)
127. Em meio de tantas obscuridades acumuladas pela Igreja no decurso dos séculos, não admira que a pobre Humanidade se tenha extraviado e erre, sem bússola, à mercê das tempestades da paixão, da dúvida, do desespero. (P. 117)
128. Com o Espiritismo, nada de afirmações sem provas, porque ele repousa sobre um conjunto de fatos e de testemunhos que, crescendo continuamente, lhe assegura o seu lugar na Ciência e lhe prepara esplêndido porvir. Todas as descobertas recentes da Física e da Química vieram confirmar suas experiências. (PP. 117 e 118)
129. O Espiritismo é, pois, ao mesmo tempo uma ciência e uma fé. Como fé, pertencemos ao Cristianismo, não a esse cristianismo desfigurado, apoucado, rebaixado pelo fanatismo, mas à Religião que une o homem a Deus em espírito e verdade. Não nos passa pela mente fundar um novo evangelho. O de Jesus nos basta plenamente. (P. 118)
130. Se um dia o grande ideal desejado pelos sábios e entrevisto por todos os inovadores vier a realizar-se pelo acordo entre a Ciência e a Fé, a Humanidade deverá isso ao Espiritismo, às suas investigações laboriosas, à sua filosofia consoladora e elevada. Graças a ele é que se cumprirá a bela profecia de Claude Bernard: “Virá o momento em que o sábio, o pensador, o poeta e o sacerdote falarão a mesma linguagem”. (P. 119)
131. Lançando um olhar de conjunto sobre a obra da Igreja Católica Romana, podemos dizer que, malgrado as suas manchas e sombras, é bela e grande a sua história. Nas épocas de barbaria, foi ela o asilo do pensamento e das artes e, por séculos, a educadora do mundo. Mas a obra da Igreja teria sido incomparavelmente mais bela, mais eficaz, se houvesse ensinado sempre a verdade em toda a sua plenitude, se houvesse feito luz completa sobre o destino humano. (P. 119)
132. Se isso tivesse sido feito, não veríamos a indiferença, o ceticismo e o materialismo se espalharem, nem tantas revoltas, tantos desesperos e suicídios. E a Terra não assistiria a tantas paixões, tantas cobiças e tantos furores se desencadearem à volta dos que aqui residem. (P. 120)

Respostas às questões preliminares

A. Como o Espiritismo nos recomenda encarar o sofrimento?
O sofrimento deve ser encarado, sobretudo, como um meio educativo e purificador. Numa perspectiva espírita, ele se nos mostra como um processo de evolução, pois que, desenvolvendo em nós a sensibilidade, aumenta-nos a vida e a torna mais intensa, ao passo que, com a eternidade das penas, o sofrimento não é mais do que uma baixa vingança, uma crueldade inútil. (O porquê da vida, pág. 116.)
B. O purgatório localiza-se onde?
Na concepção espírita, a Terra é o purgatório verdadeiro, o inferno temporário. O sofrimento do Espírito na vida do espaço não pode ser senão moral. Resulta da ação da consciência que desperta imperiosa, mesmo que se trate das almas mais atrasadas. (Obra citada, pág. 117.)
C. O Espiritismo é apenas uma ciência?
Não. O Espiritismo - diz Léon Denis - é, ao mesmo tempo, uma ciência e uma fé. Como fé, pertence ao Cristianismo, não a esse cristianismo desfigurado, apoucado, rebaixado pelo fanatismo, mas à Religião que une o homem a Deus em espírito e verdade. Não passa pela mente dos espíritas fundar um novo evangelho. O de Jesus lhes basta plenamente. (Obra citada, pág. 118.)


Observação:
Eis os links que remetem aos textos anteriores:





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quinta-feira, 29 de agosto de 2019





É lícito a um casal limitar o número de filhos?

A resposta a essa questão, que continua atual e preocupa tanto as pessoas, foi dada com clareza por Joanna de Ângelis no cap. 10 de seu livro Após a Tempestade, psicografado por Divaldo Franco.
O homem – afirma Joanna, em sua privilegiada posição de Espírito que vê as duas faces da existência humana, a visível e a invisível – pode e deve programar a família que lhe convém ter, o número de filhos e o período propício para a maternidade, mas jamais se eximirá aos imperiosos resgates que deve enfrentar em face do seu próprio passado.
Os filhos não são realizações fortuitas. Procedem de compromissos aceitos antes da reencarnação pelos futuros pais, de modo a edificarem a família de que necessitam para a própria evolução.
É, evidentemente, lícito aos casais adiar a recepção de Espíritos que lhes são vinculados, impossibilitando mesmo que reencarnem por seu intermédio. Mas as Soberanas Leis da Vida dispõem de meios para fazer que aqueles rejeitados venham por outros processos à porta dos seus devedores ou credores, em circunstâncias talvez mui dolorosas, complicadas pela irresponsabilidade de casais que ajam com leviandade, em flagrante desconsideração para com os códigos divinos.
Entende o Dr. Jorge Andréa (Encontro com a Cultura Espírita, págs. 77, 105 e 106) que o planejamento familiar é questão de foro íntimo do casal. Contudo ele pergunta: Será preferível um Espírito reencarnar num lar pobre com as habituais dificuldades de subsistência, ou ficar aturdido e acoplado à mãe que lhe fechou os canais, criando, nessa simbiose, neuroses e psicoses de variados matizes?
Respondendo a isso, ele próprio esclarece (Forças Sexuais da Alma, cap. V, págs. 124 a 126) que, na maioria das vezes, os Espíritos, quando vêm para a reencarnação, de há muito já estão em sintonia com o cadinho materno. Se os canais destinados à maternidade são neutralizados e fechados, é claro que haverá distúrbios, principalmente no psiquismo de profundidade, isto é, na zona inconsciente ou espiritual, em que as energias emitidas por essas fontes não encontram correspondência em seu ciclo.
Seria melhor, portanto, não opor obstáculos à volta dos Espíritos a um corpo de carne, pois o espírita não ignora a seriedade da planificação reencarnatória. É razoável pensar que antes de retornarmos às experiências físicas nos tenhamos comprometido a receber, como filhos, um número determinado de Espíritos. A prole estaria, assim, com sua quota previamente estabelecida quando ainda nos achávamos nos planos espirituais.
Rejeitar alguém convidado para vir seria equivalente a romper um compromisso, um contrato, um acordo, como fazem os que desertam das responsabilidades, o que não é raro na sociedade em que vivemos.






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quarta-feira, 28 de agosto de 2019




Servir mais

Irmão X (autor espiritual)

Efraim ben Assef, caudilho de Israel contra o poderio romano, viera a Jerusalém para levantar as forças da resistência, e, informado de que Jesus, o profeta, fora recebido festivamente na cidade, resolveu procurá-lo, na casa de Obede, o guardador de cabras, a fim de ouvi-lo.
- Mestre - falou o guerreiro -, não te procuro como quem desconhece a justiça de Deus, que corrige os erros do mundo, todos os dias... Tenho necessidade de instrução para a minha conduta pessoal no auxílio do povo. Como agir, quando o orgulho dos outros se agiganta e nos entrava o caminho?... quando a vaidade ostenta o poder e multiplica as lágrimas de quem chora?
- É preciso ser mais humilde e servir mais - respondeu o Senhor, fixando nele o olhar translúcido.
- Mas... e quando a maldade se ergue, espreitando-nos à porta? que fazer, quando os ímpios nos caluniam à feição de verdugos?  
E Jesus:
- É preciso mais amor e servir mais.
- Senhor, e a palavra feroz? que medidas tomar para coibi-la? como proceder, quando a boca do ofensor cospe fogo de violência, qual nuvem de tempestade, arremessando raios de morte?
- É preciso mais brandura e servir mais.
- E diante dos golpes? há criaturas que se esmeram na crueldade, ferindo-nos até o sangue... De que modo conduzir nosso passo, à frente dos que nos perseguem sem motivo e odeiam sem razão?
- É preciso mais paciência e servir mais.
- E a pilhagem, Senhor? que diretrizes buscar, perante aqueles que furtam, desapiedados e poderosos, assegurando a própria impunidade à custa do ouro que ajuntam sobre o pranto dos semelhantes?
- É preciso mais renúncia e servir mais.
- E os assassinos? que comportamento adotar, junto daqueles que incendeiam campos e lares, exterminando mulheres e crianças?
- É preciso mais perdão e servir mais.
Exasperado, por não encontrar alicerces ao revide político que aspirava a empreender em mais larga escala, indagou Efraim:
- Mestre, que pretendes dizer por “servir mais”?
Jesus afagou uma das crianças que o procuravam e replicou, sem afetação:
- Convencidos de que a justiça de Deus está regendo a vida, a nossa obrigação, no mundo íntimo, é viver retamente na prática do bem, com a certeza de que a Lei cuidará de todos. Não temos, desse modo, outro caminho mais alto senão servir ao bem dos semelhantes, sempre mais...
O chefe israelita, manifestando imenso desprezo, abandonou a pequena sala, sem despedir-se.
Decorridos dois dias, quando os esbirros do Sinédrio chegaram, em companhia de Judas, para deter o Messias, Efraim ben Assef estava à frente. E, sorrindo, ao algemar-lhe o pulso, qual se prendesse terrível salteador, perguntou, sarcástico:
- Não reages, galileu?
Mas o Cristo pousou nele, de novo, o olhar tranquilo e disse apenas:
- É preciso compreender e servir mais.

Do livro Contos Desta e Doutra Vida, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.





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terça-feira, 27 de agosto de 2019




Amigos de tão bom coração

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

O domingo já estava terminando e a madrugada de segunda começava. Corpo e espírito se preparavam para a maratona de mais uma semana a trabalhar, a amar, a aprender, a reanimar, a querer viver cada segundo.
Este dia da semana é o recomeço ou o início. Quase tudo está previsto para a partir de segunda; incrivelmente, é um dia de grande esperança e entusiasmo, apenas dependerá da intenção.
Nesta madrugada, como todo repouso para o corpo, mas com trabalho continuado para a alma, recebi um admirável bálsamo para a ocasião: levaram-me a outra dimensão com beleza, cor, paz e amparo inigualáveis. No local havia uma espécie de um gramado amplo, impossível de compará-lo com o mais suave que se possa, aqui, sentir.
Viemos eu, um rapaz e uma jovem mulher, um à minha direita e outro à esquerda, caminhando sobre a grama aconchegante e cheia do orvalho da vida. Familiar e ao mesmo tempo incomparável era o lugar.
Num determinado ponto, paramos; pediram-me que eu me sentasse dentro de um pequeno círculo semelhante a um bambolê. Depois de acomodada, orientaram-me a olhar para frente e encantada demais fiquei, pois nunca imaginara uma cor daquela, alaranjada forte que iluminava o horizonte próximo, o horizonte tão meu.
Por uns cinco minutos permaneci dentro do círculo. A energia foi grandiosa, curadora.
“Que luz era aquela?”, perguntava-me em pensamento.
Sem palavras, sem explicações, no entanto recebi o que necessitava. Energia restauradora trespassou os meus corpos, alimentou e fortificou o meu ser. Esplêndida sensação.
Por mais um pouco, fiquei no mundo além deste, dimensão da energia cor de laranja. Mas já era hora, precisei voltar para o presente que se sintoniza com a realidade essencial agora.
Com a fração de um estralo de dedo, estava em minha cama, de volta. Enchi meus pulmões do ar apropriado daqui − planeta físico, Terra − e ainda circundada por tanto carinho e agradecida pela terna atenção, juntei as mãos à altura do peito...
“Obrigada, meu Deus.”
E um pouco mais veio a hora de me levantar.
Há coisas das quais não se pode fugir e o melhor remédio é o seu enfrentamento, chamado de progresso.
Com a diluição natural, o ocorrido foi-se dispersando, ou melhor, tornou-se mais uma experiência na vida, confesso, enlevação no limiar de uma nova vida. Tempo, abençoado tempo.
O que tanto me preocupava perdeu a força e fez-me compreender que a luz, a esperança e a renovação serão antes de tudo maiores.
Quantas vezes esses nossos queridos irmãos nos dão socorro... amparo... força... e o reforço para o sentido da vida que Jesus nos ensinou.
Eles estão conosco, com muito amor, bem mais do que podemos imaginar.
Que sigamos o caminho com mais pássaros e flores.

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/






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segunda-feira, 26 de agosto de 2019




Da série de erros frequentes no uso do idioma português, eis mais seis exemplos:
1 - A notícia causou mal estar muito grande em nosso grupo.
2 - Presentes na negação do perdão está o orgulho e a vaidade.
3 - Aos olhos do político corrupto, que importa os outros!
4 - Quem nutre ideias suicidas em verdade se auto-confere o direito de dispor da vida.
5 - Desde aquele momento decidi adentrar à vida acadêmica.
6 - Mário concedeu uma entrevista onde fala sobre sua infância no Pará.
Aqui estão os seis textos devidamente corrigidos e, entre parênteses, a justificativa da correção efetuada:
1 - A notícia causou mal-estar muito grande em nosso grupo. (Mal-estar é grafado com hífen, a exemplo de mal-educado, mal-entendido etc.)
2 - Presentes na negação do perdão estão o orgulho e a vaidade. (O sujeito da oração são “o orgulho e a vaidade”.)
3 - Aos olhos do político corrupto, que importam os outros! (O sujeito da oração são “os outros”.)
4 - Quem nutre ideias suicidas em verdade se autoconfere o direito de dispor da vida. (Palavras formadas com o elemento “auto” só têm hífen quando o segundo elemento começa por h ou o: auto-hipnose, auto-observação.)
5 - Desde aquele momento decidi adentrar a vida acadêmica. (O verbo adentrar, transitivo direto, pede objeto direto: adentrei o pátio; adentrou o campo de futebol; adentramos a sala.)
6 - Mário concedeu uma entrevista em que fala sobre sua infância no Pará.  (O vocábulo "onde", com o significado de “em que”, somente se usa quando a referência é a um lugar físico: a casa onde nasci; a cidade onde vivi; a praça onde vi o candidato.)




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domingo, 25 de agosto de 2019





Solidão, isolamento e tecnologia

Discute-se atualmente se as novas tecnologias vêm sendo bem utilizadas e, desse modo, contribuindo para o desenvolvimento da sociedade moderna. É óbvio que ninguém discorda de sua relevância como ferramentas importantes na vida de todos nós.
A televisão digital, os aparelhos celulares com suas múltiplas e interessantes funções, os vídeos e filmes de alta definição, os computadores pessoais cada vez mais velozes e potentes, os tablets, a interligação em âmbito mundial proporcionada para internet, o advento das chamadas redes sociais, os jogos eletrônicos virtuais, os sofisticados aparelhos que, por meio dos exames de imagem, facilitam os diagnósticos médicos – eis uma lista resumida do que a tecnologia de ponta nos tem oferecido, alargando os nossos horizontes no macro e no microcosmo.
É imperioso, porém, que a criatura humana, deslumbrada pelas conquistas externas, não se esqueça das conquistas sublimes do seu mundo interior.
Os benefícios que o avanço tecnológico nos oferece devem servir para facilitar a vida, e jamais para complicá-la, visto que o uso irresponsável dos recursos tecnológicos postos à nossa disposição pode trazer-nos grandes dissabores.
Ninguém certamente ignora que podem tais ferramentas servir ao bem ou ao mal, conforme as tendências e o livre-arbítrio de quem as utiliza.
A mesma rede mundial de computadores que veicula uma palestra educativa pode ser usada para divulgar a vulgaridade, a baixeza, a vilania. Em alguns lamentáveis episódios atribuídos ao terrorismo descobriu-se que os agentes que os provocaram colheram subsídios para sua ação na mesma rede de computadores que permite que este texto e tantas publicações importantes cheguem aos olhos e aos lares de nossos leitores.
Outro fato, já mencionado por alguns estudiosos, diz respeito ao isolamento das pessoas, mesmo quando vivem em um meio social repleto de gente. Num canto, a menina com olhos fixos no seu tablet; no outro, o jovem obcecado pelos jogos eletrônicos; mais adiante, a mulher concentrada nas notas do Facebook ou no seu smartphone de última geração...
Em um texto publicado tempos atrás na revista O Consolador, nosso amigo José Lucas, de Portugal, referiu-se ao assunto. “Paradoxalmente – disse ele –, nestes tempos que deveriam ser de alegria, face ao incremento da tecnologia, a sociedade sofre de grave doença mortal, a solidão, mesmo quando rodeados de uma imensidão de pessoas.”
E, finalizando seu artigo, ele escreveu: “Foi aí que me apercebi da grave doença, que se vai instalando silenciosamente, que nos afeta nos dias de hoje: a SIT (Solidão, Isolamento e Tecnologia). Se as novas tecnologias são uma bênção para a humanidade, o seu uso deve ser efetuado com parcimônia, de modo a que o rumo orientador de sociabilização apontado em O Livro dos Espíritos (...) não venha a ser posto em causa por esse flagelo que associa a tecnologia ao isolamento e à solidão do ser humano”. Se o leitor quiser ler o artigo, eis o link que remete ao texto:  http://www.oconsolador.com.br/ano6/258/jose_lucas.html





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sábado, 24 de agosto de 2019




Comunicação moderna: ensino e democracia

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

— Quando eu era mais jovem... Isso significa que ainda sou jovem, apenas me refiro à época em que era menos velho, ou, melhor dizendo, quando tinha menos idade...
— Mas agora o senhor tem mais idade e, portanto, é idoso?
— De jeito nenhum! Jovialidade é cousa que não se mensura pelos anos dum gajo...
— Está vendo, galego? Até seu vocabulário é arcaico: “cousa” e não “coisa”; “mensura” e não “mede”; “pelos anos” e não “pela idade”; “ dum gajo” e não “de uma pessoa”. Será que o senhor ainda não percebeu que estamos no tempo em que não se admite machismo, nem mesmo na linguagem?
Esse diálogo hipotético, em Lisboa, entre mim e minha interlocutora portuguesa, demonstra que até mesmo as línguas mais conservadoras evoluem com o passar do tempo. No Brasil, principalmente, a transformação da língua evolui com a velocidade da internet. Precisei elaborar um artigo, baseado em comunicado de congresso literário do qual participei, em julho deste ano, e confesso que a praticidade com que moldei meu artigo, sobre o modelo a mim remetido, pós-congresso, por E-mail, permitiu-me, em poucas horas, fazer o que levaria, há quarenta anos, dias de trabalho.
Fico imaginando a possibilidade de um cidadão comum, do século XIX, de Machado de Assis, entrar numa máquina do futuro e, desejoso de participar duma atividade literária qualquer, ver-se, hoje, diante de um computador. Após abrir a tela, aparece-lhe, no site dessa máquina, diversas palavras: home page, login, upload... O cidadão brasileiro do passado nada entenderia sobre esses vocábulos, atualmente conhecidos por nossas crianças, que já nascem segurando um fone e passando seu dedinho sobre os vários links dessa maquininha, que substitui seus pais na função de educar. Estes, por sua vez, nessa hora, estão ocupados com algum chat da rede mundial de comunicação, onde quase tudo é postado, em especial fakes.
O homem, assustado, pediria: — Moço, traduz para mim essas palavras, por favor.
— Simples assim, amigo ultrapassado: home page é página inicial, login significa entrar e upload nada mais é que envio. É o que lhe diríamos.
E o pobre, sentindo-se indisposto, proporia: — Não seria melhor falar tudo em português? Desse jeito, prefiro retroagir ao período que antecedeu meu tempo e correr pelas planícies ledas do século XIII, em busca de Dom Dinis, o rei poeta de Portugal. Sou mais o cancioneiro desse tempo feliz, que esse linguajar de máquina ultriz.
E não duvido muito que não lhe faltariam boas companhias.
Aqui no Distrito Federal, o secretário de educação foi dispensado por considerar antidemocrático obrigar uma escola da região administrativa de Samambaia a adotar o sistema militar de ensino.
Nada tenho contra os militares, mas, no meu tempo de professor de língua portuguesa para crianças e jovens, duma dessas escolas de Samambaia, presenciei coisas bastante democráticas. Uma delas foi, um dia, deparar-me, no trânsito, com uma viatura da polícia acionando sua sirene, quando me aproximava, de automóvel, da escola. Ao olhar, rapidamente, para aquele carro, em alta velocidade, ainda tive tempo de ver o braço armado de um policial fora da sua janela dianteira.
Ao chegar à instituição, soube que um professor havia levado um tiro de aluno que se evadira após o crime. Isso foi há 25 anos. Depois, pedi demissão, mas as crianças da escola eram uns amores e tinham-me o maior respeito. É certo que, por vezes, eu quase quebrava minha régua de 50 cm na mesa, exigindo silêncio, o que pouco adiantava, mas elas me adoravam...
Nunca me esqueço do dia em que a diretora daquele núcleo escolar providenciou um tratamento para erradicação de piolhos que residiam nas cabeças de lindas meninas e meninos. Quase apanhou de algumas mães... Quanto amor...
De anos para cá, tenho visto na TV notícias de que diversas professoras vêm sendo surradas por seus alunos. Alguns mestres são hospitalizados em estado grave. Há casos de alunos que vão armados para as escolas. Não somente com facas, como até mesmo com revólveres. E tanto sobram balas para os colegas como para professores e diretoras.
Isso para mim, também, nunca foi novidade, pois quando lecionei na rede de ensino particular chamada Compacto, agora extinta,  certa noite, uma de minhas alunas exibiu uma pistola 45, que retirou de sua bolsa. Ao ser questionada sobre o uso do “cospe fogo”, respondeu que era para garantia de sua própria segurança. Ainda bem!
Então, caros leitores, concluo esta já longa crônica expressando minha estranheza pela demissão do secretário de educação de Brasília. Afinal, coitadas de nossas crianças e jovens. Ensino nos moldes militares para quê? Cadê a democracia?





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