sábado, 8 de março de 2025

 


Como devemos dizer: D. Pedro abdicou da coroa ou D. Pedro abdicou a coroa?

No primeiro caso, a regência é indireta; no segundo, a regência é direta, mas ambas são corretas.

Nos textos jornalísticos devemos preferir a primeira forma:

- D. Pedro abdicou da coroa

- O presidente jamais abdicava dos seus princípios.

- A rainha já disse que não abdicará do cargo.

A segunda forma, com objeto direto, por ser menos conhecida, deve ser usada somente em artigos e comentários assinados:

- O rei abdicou o trono

- O deputado abdicou os seus princípios.

O verbo abdicar pode ser também intransitivo, isto é, sem complemento algum:

- O rei acaba de abdicar

- Para evitar conflitos, a rainha decidiu abdicar.

 

*

 

Não cabe a crase antes de verbo, visto que, em construções assim, há apenas um “a”, seja na condição de preposição, seja na de pronome.

Exemplos:

Maria viu o falecido e começou a chorar.

Prefiro ler a andar.

Não aceitamos chamadas a cobrar.

Se ele não a reconhecer, não insista.

Prometa que a respeitará.

A partir desta data, não venderemos a prazo.

 

 

Observação:

Para acessar o estudo publicado no sábado anterior, clique aqui:  https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/03/parentese-tem-plural-sim.html

 

 

 

 

 

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sexta-feira, 7 de março de 2025

 



Roteiro

 

Emmanuel

 

2

 

No Plano Carnal

 

Isolado na concha milagrosa do corpo, o Espírito está reduzido em suas percepções a limites que se fazem necessários.

A esfera sensorial funciona, para ele, à maneira de câmara abafadora.

Visão, audição, tato, padecem enormes restrições.

O cérebro físico é um gabinete escuro, proporcionando-lhe ensejo de recapitular e reaprender.

Conhecimentos adquiridos e hábitos profundamente arraigados nos séculos aí jazem na forma estática de intuições e tendências.

Forças inexploradas e infinitos recursos nele dormem, aguardando a alavanca da vontade para se externarem no rumo da superconsciência.

No templo miraculoso da carne, em que as células são tijolos vivos na construção da forma, nossa alma permanece provisoriamente encerrada, em temporário olvido, mas não absoluto, porque, se transporta consigo mais vasto patrimônio de experiência, é torturada por indefiníveis anseios de retorno à espiritualidade superior, demorando-se, enquanto no mundo opaco, em singulares e reiterados desajustes.

Dentro da grade dos sentidos fisiológicos, porém, o Espírito recebe gloriosas oportunidades de trabalho no labor de autossuperação.

Sob as constrições naturais do Plano físico, é obrigado a lapidar-se por dentro, a consolidar qualidades que o santificam e, sobretudo, a estender-se e a dilatar-se em influência, pavimentando o caminho da própria elevação.

Aprisionado no castelo corpóreo, os sentidos são exíguas frestas de luz, possibilitando-lhe observações convenientemente dosadas, a fim de que valorize, no máximo, os seus recursos no espaço e no tempo.

Na existência carnal, encontra multiplicados meios de exercício e luta para a aquisição e fixação dos dons de que necessita para respirar em mais altos climas. [1]

Pela necessidade, o verme se arrasta das profundezas para a luz.

Pela necessidade, a abelha se transporta a enormes distâncias, à procura de flores que lhe garantam o fabrico do mel.

Assim também, pela necessidade de sublimação, o Espírito atravessa extensos túneis de sombra, na Terra, de modo a estender os poderes que lhe são peculiares.

Sofrendo limitações, improvisa novos meios para a subida aos cimos da luz, marcando a própria senda com sinais de uma compreensão mais nobre do quadro em que sonha e se agita.

Torturado pela sede de Infinito, cresce com a dor que o repreende e com o trabalho que o santifica.

As faculdades sensoriais são insignificantes réstias de claridade descerrando-lhe leves notícias do prodigioso reino da luz.

E quando sabe utilizar as sombras do palácio corporal que o aprisiona temporariamente, no desenvolvimento de suas faculdades divinas, meditando e agindo no bem, pouco a pouco tece as asas de amor e sabedoria com que, mais tarde, desferirá venturosamente os voos sublimes e supremos, na direção da Eternidade.

 

[1] O Livro dos Espíritos, 132,133.

 

Nota: O livro Roteiro, psicografado pelo médium Chico Xavier, foi publicado inicialmente pela editora da FEB em 1952.

 

 

 

 

 

 

 

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quinta-feira, 6 de março de 2025

 


AS MAIS LINDAS CANÇÕES QUE OUVI

O mundo é um moinho


Cartola

 


Ainda é cedo, amor,

Mal começaste a conhecer a vida,

Já anuncias a hora de partida

Sem saber mesmo o rumo que irás tomar.

 

Presta atenção, querida,

Embora eu saiba que estás resolvida,

Em cada esquina cai um pouco a tua vida,

Em pouco tempo não serás mais o que és.

 

Ouve-me bem, amor,

Presta atenção, o mundo é um moinho,

Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos,

Vai reduzir as ilusões a pó...

 

Presta atenção, querida,

De cada amor tu herdarás só o cinismo,

Quando notares, estás à beira do abismo,

Abismo que cavaste com teus pés.




Você pode ouvir a canção na voz do seu intérprete preferido clicando no link correspondente:

Beth Carvalho - https://www.youtube.com/watch?v=t_5AnB3JS-0&ab_channel=vsbonvenutobr

Cartola - https://www.youtube.com/watch?v=-Wzlr-OjFUQ&ab_channel=IvanVasconcelos

 

 

 

 

 

 

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quarta-feira, 5 de março de 2025

 



Revista Espírita de 1868

 

Allan Kardec

 

Parte 2

 

Continuamos o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1868, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo baseia-se na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1868 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Quais são os meios de nos preservarmos dos maus Espíritos?

B. Com a publicação do livro A Gênese, o Espiritismo entrou numa nova fase. Que fase foi essa?

C. Que é que Kardec escreveu a respeito das comunicações relacionadas com o tema Os Messias do Espiritismo?

 

Texto para leitura

 

15. Adolf, Conde de Poninski e espírita em Leipzig, mandou imprimir em alemão um interessante cartão de votos de feliz Ano Novo aos espíritas e espiritualistas daquela cidade. No texto, reproduzido pela Revista, o autor diz que, embora nada ensine de novo a respeito da imortalidade, de que o Cristo também falou, o Espiritismo derruba todas as dúvidas e lança nova luz sobre a questão. Não devemos, porém, considerar como inúteis os ensinamentos do Cristianismo e pensar que eles foram substituídos pelo Espiritismo. Ao contrário; fortifiquemo-nos na fonte das verdades cristãs, para as quais o Espiritismo não é senão um novo facho. (Págs. 43 e 44.)

16. No final da mensagem, o confrade alemão lembra que os Espíritos elevados, quando se comunicam, se fazem reconhecer por sua linguagem, que é a mesma por toda a parte, sempre de acordo com o Evangelho e a razão humana. “O meio de se preservar dos maus Espíritos é, para começar, fazer uma prece sincera a Deus; depois, jamais empregar o Espiritismo para coisas materiais”, assevera o conde. (Págs. 44 e 45.)

17. A Revista transcreve uma coleção de treze comunicações mediúnicas assinadas por Espíritos diversos e recebidas em diferentes cidades. As quatro primeiras tratam do tema Os Messias do Espiritismo, das quais extraímos as seguintes informações: I – Nasceu o novo Messias, e ele restabelecerá o Evangelho de Jesus-Cristo. Não é, porém, permitido revelar o lugar onde nasceu. (São José, Sétif, 1861.) II – O homem chamado a consumar a grande renovação da humanidade não está ainda maduro para realizar sua missão, mas já nasceu e sua estrela apareceu em França. (Fénelon, Constantine, 1861.) III – Jesus foi um desses enviados excepcionais e do mesmo modo tereis, para os tempos chegados, um Espírito superior que dirigirá o movimento de conjunto e dará uma coesão poderosa às forças esparsas do Espiritismo. Esperai e orai, porque o tempo é chegado e o novo Messias não vos faltará, e aliás é por suas obras que ele se afirmará. (Baluze, Paris, 1862.) IV – Eis uma pergunta que se repete por toda a parte: o Messias anunciado é a pessoa mesma do Cristo? Perto de Deus estão numerosos Espíritos chegados ao topo da escada dos Espíritos puros, que mereceram ser seus enviados especiais. Podeis chamá-los Cristos; é a mesma escola; são as mesmas ideias. Se o Messias de que falam essas comunicações não é Jesus, é o mesmo pensamento. Uma multidão de Espíritos de todas as ordens, sob a direção do Espírito de Verdade, vieram a todas as partes do mundo e a todos os povos revelar as leis do mundo espiritual e lançar os fundamentos da nova ordem social. Quando todas as suas bases estiverem postas, então virá o Messias que deve coroar o edifício e presidir à reorganização com o auxílio dos elementos que tiverem sido preparados. Não creiais, porém, que esse Messias esteja só. Espíritos de escol surgirão em todas as partes e que, como lugar-tenentes animados da mesma fé e do mesmo desejo, agirão de comum acordo, sob o impulso do pensamento superior. É preciso, porém, que se realizem primeiro certos acontecimentos. (Lacordaire, Paris, 1862.) (Págs. 45 a 47.)

18. As três comunicações seguintes focalizam o tema Os Espíritos marcados, das quais reproduzimos as observações que se seguem: I – Muitos Espíritos superiores concorrerão para a obra reorganizadora, mas nem todos são Messias. Há que distinguir: 1o) Os Espíritos superiores que agem livremente e por sua própria vontade. 2o) Os Espíritos marcados, isto é, designados para uma importante missão. 3o) Os Messias, seres superiores chegados ao mais alto degrau da hierarquia celeste, depois de haverem atingido uma perfeição que os torna infalíveis. Espíritos dessas três categorias deverão concorrer para o grande movimento regenerador que se opera. (Autor não identificado, Paris, 1866.) II – Esse glorioso futuro que vos anunciamos será realizado pela vinda de um Espírito superior. Estrela da nova crença, o futuro Messias cresce na sombra. Perguntais se esse novo Messias é a pessoa mesma de Jesus de Nazaré. Que vos importa, se é o mesmo pensamento que os anima a ambos? Espíritas! compreendei a gravidade de vossa missão; estremecei de alegria, porque não está longe a hora em que o divino enviado realegrará o mundo. (São Luís, Paris, 1862.) III – A vinda do Cristo trouxe à Terra sentimentos que, por um instante, a submeteram à vontade de Deus, que permite que ainda uma vez sua palavra seja pregada na Terra. Estão próximos os tempos em que essa palavra far-se-á ouvir. Sim, o povo comprimir-se-á sobre os passos do novo mensageiro anunciado pelo próprio Cristo, e todos virão escutar essa divina palavra, porque nelas encontrarão a linguagem da verdade e o caminho da salvação. (Lamennais, Havre, 1862.) (Págs. 47 a 49.)

19. O Futuro do Espiritismo é o tema das comunicações que se seguem, das quais destacamos os pontos adiante resumidos: I – Depois de suas primeiras etapas, o Espiritismo fará em breve o seu aparecimento na grande cena do mundo. Os acontecimentos marcham com tal rapidez que não é possível desconhecer a poderosa intervenção dos Espíritos que presidem aos destinos da Terra. De todos os lados veem-se sinais de decrepitude nos usos e legislações, que não mais estão de acordo com as ideias modernas. Marchai, pois, imperturbavelmente em vossa estrada, sem vos preocupar com as troças de uns e o amor-próprio ferido de outros. Estaremos e ficaremos convosco, sob a égide do Espírito de Verdade, nosso e vosso mestre. (Erasto, Paris, 1863.) II – Cada dia o Espiritismo estende o círculo de seu ensino moralizador e sua voz repercute de um extremo ao outro da Terra. A humanidade não é má por natureza, mas é ignorante e, por isso mesmo, mais apta a se deixar governar por suas paixões. Ela é, contudo, progressiva e deve progredir para atingir seus destinos. Esclarecei-a; mostrai-lhe seus inimigos ocultos na sombra; desenvolvei sua essência moral, nela inata e apenas adormecida sob a influência dos maus instintos, e assim reanimareis a centelha da eterna verdade, do belo e do bom, que reside para sempre no coração do homem, mesmo o mais perverso. (Montaigne, Paris, 1865.) (Págs. 49 a 51.)

20. O Espírito de Dupuch, que foi bispo em Argel, comunicando-se em Bordeaux em 1863, escreveu: “Aurora esplêndida de um dia novo, o Espiritismo vem iluminar os homens”. “Já os clarões mais fortes aparecem no horizonte; já os Espíritos das trevas, vendo que seu império vai esboroar-se, são presa de raivas impotentes e lançam seu último vigor em conchavos infernais. Já o anjo radioso do progresso estende suas brancas asas matizadas; já as virtudes do céu se abalam e as estrelas caem de sua abóbada, mas transformadas em puros Espíritos, que vêm, como anuncia a Escritura em linguagem figurada, proclamar sobre as ruínas do velho mundo o advento do Filho do Homem.” Depois de afirmar que são bem-aventurados os justos e todos os que cultivam as virtudes ensinadas pelo Cristo, Dupuch aconselhou: “Ó meus amigos! continuai a marchar na via que vos é traçada; não sejais obstáculos à verdade que quer esclarecer o mundo. Não. Sede propagadores zelosos e infatigáveis como os primeiros apóstolos, que não tinham teto para abrigar suas cabeças, mas que marchavam para a conquista que Jesus havia começado; que marchavam sem ideia preconcebida, sem hesitação, que tudo sacrificavam, até a última gota de sangue, para que fosse estabelecido o Cristianismo”. (Pág. 51.)

21. Das três comunicações que completam a coleção de treze reproduzidas pela Revista, extraímos as informações que se seguem: I – Povos, escutai! Uma grande voz se faz ouvir de um extremo a outro dos mundos; é a do precursor, anunciando a vinda do Espírito de Verdade, que vem endireitar as vias tortuosas por onde o espírito humano se desgarrava em falsos sofismas. O Espiritismo é essa voz potente que já repercute até os extremos da Terra e todos a entenderão. O Espiritismo marca a hora solene do despertar das inteligências. (João Evangelista, Paris, 1866.) II – Jesus virá sobre as nuvens, a julgar os vivos e os mortos. Sim, Deus o enviará, como o envia todos os dias, para receber as almas dos que entram na erraticidade. Os considerados condenados da parábola do juízo final devem recomeçar o caminho percorrido, em nova existência terrena, até que tenham expulsado as impurezas que os dominam. (Erasto, Paris, 1861.) III – A humanidade não é senão uma criança coletiva que, como toda pessoa, passa por todas as fases que se sucedem em cada um, do nascimento à mais avançada idade. Assim como o desenvolvimento é acompanhado por certas perturbações físicas e intelectuais, a humanidade tem também as suas doenças de crescimento, seus desmoronamentos morais e intelectuais. É a uma dessas grandes épocas que concluem um período e começam outro que vos é dado assistir. Infelizes dos que não tiverem preparado um abrigo! Infelizes dos fanfarrões que enfrentarem esse momento de mãos desarmadas e peito descoberto! Que desgraça terrível os espera. À obra, espíritas, e não esqueçais que deveis ser todo prudência e todo providência. Tendes um escudo, uma âncora de salvação; não a desprezeis. (Clélie Duplantier, Paris, 1867.) (Págs. 52 a 54.)

22. Em mensagem datada de 18/12/1867, São Luís fala sobre A Gênese, a última obra de Kardec, dada a lume em janeiro: “O Espiritismo atualmente entra numa nova fase. Ao atributo de consolador, alia o de instrutor e diretor do espírito, em ciência e em filosofia, como em moralidade. A caridade, sua base inabalável, dele fez o laço das almas ternas; a ciência, a solidariedade, a progressão, o espírito liberal dele farão o traço de união das almas fortes. Conquistou os corações amigos com as armas da doçura; hoje viril, é às inteligências viris que se dirige”. “Por esse livro, como vos disse, o Espiritismo entra numa nova fase e esta preparará as vias da fase que se abrirá mais tarde, porque cada coisa deve vir a seu tempo. Antecipar o momento propício é tão nocivo quanto deixá-lo escapar.” (Págs. 54 e 55.)

23. Na seção de livros novos, a Revista destaca a obra Resumo da Doutrina Espírita, escrita por Florent Loth, de Amiens, a qual apresenta um resumo dos mais essenciais princípios da doutrina espírita, cuja finalidade foi propagar a doutrina nos campos do departamento onde o autor residia. A nota da Revista é acompanhada da transcrição da crítica que o Journal d’ Amiens de 29/12/1867 fez à obra do Sr. Florent Loth e da carta que este dirigiu ao diretor do citado periódico. Um fato importante divulgado pelo jornal foi a notícia de que o livro em causa tinha sido posto no índex da Igreja, pelo menos nas comunas vizinhas de sua aldeia. A proibição aguçou a curiosidade do autor da crítica, que observou, jocosamente: “a gente gosta mesmo do fruto proibido”. (Págs. 55 a 60.)

24. Kardec, em seus comentários sobre o assunto, observa que o jornalista que criticou a obra de Florent Loth não conhecia uma palavra da doutrina espírita e a julgava, como tantos outros críticos, por ouvir dizer, sem se dar ao trabalho de ir ao fundo da questão. “Se tivesse, diz Kardec, conhecido os seus primeiros elementos, não teria suposto os espíritas tão simplórios para acreditar na inteligência de uma mesa, como ele próprio não acredita na inteligência da pena que, em suas mãos, transmite os pensamentos de seu próprio espírito. Como ele, os espíritas não admitem que objetos materiais possam ser dotados da menor inteligência; mas, como ele sem dúvida, admitem que esses objetos podem ser instrumentos a serviço de uma inteligência.” (Págs. 60 e 61.)

25. Quatro notas fecham o número de fevereiro: I – A primeira diz ter sido publicado o primeiro capítulo d’ A Gênese, “Caracteres da Revelação Espírita”, numa brochura à parte. II – A segunda dá conta de que estava no prelo a segunda edição de A Gênese, tendo em vista que praticamente se esgotara a primeira edição. III – A terceira refere o lançamento em Paris do livro Os pensamentos do zuavo Jacob. IV – A última nota avisa que o periódico Giornale di Studii Psicologici, de Nápoles, circularia, a partir de março, nos dias 1o e 15 de cada mês. (Págs. 62 e 63.)

26. A Revista de março se inicia com um alentado artigo de Allan Kardec a respeito das comunicações publicadas em fevereiro relacionadas com o tema Os Messias do Espiritismo. (Págs. 65 a 71.)

27. A ideia da vinda de um ou vários messias era mais ou menos geral, diz Kardec, mas fora encarada sob pontos de vista mais ou menos errados. Disseram que os messias do Espiritismo viriam após a sua constituição. Ora, não é estranho o missionário chegar quando o objeto de sua missão está realizado? (Págs. 65 e 66.)

28. Feitas as considerações precedentes, o Codificador observou: I – A revelação espírita é, ao mesmo tempo, o produto do ensino dos Espíritos e do trabalho dos homens, e se realiza sob a direção de grandes Espíritos, que receberam a missão de presidir à obra de regeneração da humanidade. II – Se não cooperam na obra como encarnados, nem por isso deixam de dirigir os trabalhos como Espíritos, de que temos as provas. Seu papel de messias, então, não se apagou, pois que o realizam antes de sua encarnação, e essa ação é até mais eficaz, porque podem estendê-la a toda a parte. III – Como Espíritos, fazem hoje o que o Cristo fazia como homem: ensinam, mas pelas mil vozes da mediunidade. Virão, a seguir, fazer como homens o que o Cristo não pôde fazer: instalar sua doutrina. IV – A instalação de uma doutrina chamada a regenerar o mundo não pode ser obra de um dia, e a vida de um homem não bastaria para isto. Primeiro é preciso elaborar os princípios. Mais tarde, estando o terreno preparado e a obra elaborada, será o momento de dar a última demão no edifício e consolidá-la. V – Enquanto esperam, eles não estão inativos, pois dirigem os trabalhadores. Sua encarnação posterior não será, pois, senão, uma fase de sua missão. (Págs. 66 e 67.)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Quais são os meios de nos preservarmos dos maus Espíritos?

Segundo palavras escritas pelo confrade Adolf, Conde de Poninski e espírita em Leipzig, os Espíritos elevados, quando se comunicam, se fazem reconhecer por sua linguagem, que é a mesma por toda a parte, sempre de acordo com o Evangelho e a razão humana. “O meio de se preservar dos maus Espíritos é, para começar, fazer uma prece sincera a Deus; depois, jamais empregar o Espiritismo para coisas materiais”, afirmou o conde. (Revista Espírita de 1868, pp. 43 a 45.)

B. Com a publicação do livro A Gênese, o Espiritismo entrou numa nova fase. Que fase foi essa?

A resposta a esta pergunta encontra-se nesta mensagem de São Luís, datada de 18/12/1867: “O Espiritismo atualmente entra numa nova fase. Ao atributo de consolador, alia o de instrutor e diretor do espírito, em ciência e em filosofia, como em moralidade. A caridade, sua base inabalável, dele fez o laço das almas ternas; a ciência, a solidariedade, a progressão, o espírito liberal dele farão o traço de união das almas fortes. Conquistou os corações amigos com as armas da doçura; hoje viril, é às inteligências viris que se dirige”. “Por esse livro, como vos disse, o Espiritismo entra numa nova fase e esta preparará as vias da fase que se abrirá mais tarde, porque cada coisa deve vir a seu tempo. Antecipar o momento propício é tão nocivo quanto deixá-lo escapar.” (Obra citada, pp. 54 e 55.)

C. Que é que Kardec escreveu a respeito das comunicações relacionadas com o tema Os Messias do Espiritismo?

A ideia da vinda de um ou vários messias era mais ou menos geral, disse Kardec, mas fora encarada sob pontos de vista mais ou menos errados. Disseram que os messias do Espiritismo viriam após a sua constituição. Ora, não é estranho o missionário chegar quando o objeto de sua missão está realizado? A revelação espírita é, ao mesmo tempo, o produto do ensino dos Espíritos e do trabalho dos homens, e se realiza sob a direção de grandes Espíritos, que receberam a missão de presidir à obra de regeneração da humanidade. Se não cooperam na obra como encarnados, nem por isso deixam de dirigir os trabalhos como Espíritos, de que temos as provas. Seu papel de messias, então, não se apagou, pois que o realizam antes de sua encarnação, e essa ação é até mais eficaz, porque podem estendê-la a toda a parte. Como Espíritos, fazem hoje o que o Cristo fazia como homem: ensinam, mas pelas mil vozes da mediunidade. Virão, a seguir, fazer como homens o que o Cristo não pôde fazer: instalar sua doutrina. (Obra citada, pp. 65 a 67.) 

 


Observação:

Para acessar a Parte 1 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/02/revista-espirita-de-1868-allan-kardec.html

 

 


 


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terça-feira, 4 de março de 2025

 



Sobre a eternidade

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

 

Se acreditarmos na eternidade, muitas dores, sofrimentos e apegos desaparecerão, pois nada se acaba nem se perde, tudo se transforma, amores continuam, desamores podem vir a se amar, problemas são resolvidos; a única variante é a nossa escolha, ou seja, se escolhemos estar magoados, orgulhosos, felizes, agradecidos, esperançosos, otimistas, amargurados, amorosos, gentis, embrutecidos, promovedores da paz ou não. O desafio maior sempre somos nós, o nosso eu que precisa aprimorar-se.

Quando sentimentos gris se instalam em nosso coração, somos nós os infelizes perdedores, porque sofremos, adoecemos e, tantas vezes, ninguém está interessado em nos “salvar”, ou melhor, nós, outra vez, necessitamos nos libertar das atrocidades sentimentais que insistimos em criar, e o pior, alimentamos inúmeras mazelas.

No entanto se a eternidade é o nosso tempo real e nada vai se acabar nem se perder, na verdade, tudo precisa se reestruturar, então, insistir com a forma estéril de infelicidade é tão retrógrado quanto confinar-se para não querer viver.

A vida é luz e bênção supremas, é a mais magnânima maneira de Deus demonstrar o Seu amor, podemos usufruir os mais nobres sentimentos e realizações e quanto antes desejarmos alcançar uma elevação mais aprazível de viver, também mais sentiremos a vida com a sua grandeza real. E saber que complicamos tanto e atrasamos o nosso encontro com a felicidade e, muitas vezes, escolhemos a infelicidade por gosto próprio, porém a luz chega aos lugares mais escondidos e despercebidos.

Não deve haver motivo de desespero quando alguém querido não está mais conosco, é só por enquanto e este espírito continua a sua caminhada, assim como nós ainda encarnados. Não deve haver angústia perante situações ainda aparentemente assustadoras, pois tudo passará e se transformará, lembrando sempre que tudo ocorre por um propósito e tudo possui amparo, mesmo que não percebemos. Somos Universo e tudo está conectado.

Sobre a eternidade, o que ocorre está no tempo certo, cabe a nós não persistirmos demais em ocasiões desuniformes e limitadas. Menos pressa e mais apreciação; menos ansiedade e mais amor pela vida são medidas acessíveis que requerem disciplina, desejo de compreensão, mas trazem o sentido de viver.

E quando assimilarmos a delicada perfeição da vida, estaremos mais alinhados com o que sempre está a nosso dispor: a luz divina.

A eternidade simplesmente é a mãe curadora no Universo.

 

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

 

 

 

 


 

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