sábado, 30 de junho de 2018




A volta de Machado à FEB do Rio
   
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Nem acredita o leitor onde estive na semana passada. Pois é, estive na sede histórica da Federação Espírita Brasileira (FEB), que foi fundada em 10 de dezembro de 1911, na Avenida Passos, nº 30, no Rio de Janeiro.
No século XIX, ainda não foi ali que estive, mas sim em seu antigo endereço, na Rua da Carioca nº 120, sobrado onde também residia seu fundador, o português Augusto Elias da Silva. Esse fato foi relatado em minha crônica de 5 de outubro de 1885, na Gazeta de Notícias.
Após assistir à conversa de alguns diretores da Casa sobre atividades de assistência social da FEB, acompanhei-os, ao lado de Jó, até o restaurante da Rua Buenos Aires, onde todos almoçamos. Em seguida, caminhamos pela Rua Gonçalves Ledo, entramos por uma travessa dessa rua e alcançamos o Teatro João Caetano.
Caminhando mais um pouco, chegamos ao Real Gabinete Português de Leitura, local de minhas antigas pesquisas e no qual presidi quatro sessões da Academia Brasileira de Letras. Ao fundo do salão, belo busto de Camões. Ao lado do vate português, grande espada, que eu trocaria por bela caneta descansando após a escrita deste seu famoso soneto:

Alma minha gentil, que te partiste
tão cedo desta vida, descontente,
repousa lá no Céu eternamente,
e viva eu cá na Terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
memória desta vida se consente,
não te esqueças daquele amor ardente
que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
alguma cousa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder-te,

roga a Deus, que teus anos encurtou,
que tão cedo de cá me leve a ver-te,
quão cedo de meus olhos te levou.1

De retorno à FEB, passeamos um pouco pelo comércio da Rua da Alfândega, acotovelados por milhares de pedestres. Nesse local, à frente das lojas que ladeiam a rua, seus concorrentes, os camelôs, vendiam todo tipo de mercadoria, desde frutas diversas e tropicais, como cajaranas e bananas a chaveiros, roupas e calçados variados.
Mas o que mais me impressionou, no centro do Rio, foi a quantidade de mendigos. Um deles, deitado ao lado do teatro João Caetano, lembrou-me famosa peça teatral de Chico Buarque e Paulo Pontes: Gota d’Água.
Deixo aqui meu louvor à Federação Espírita Brasileira que, bem perto dali, realiza um trabalho social que remonta a mais de um século, com base em famosa frase de Allan Kardec: “Fora da caridade, não há salvação”.


[1] PIVA, Luís. Organização e comentários. Luís de Camões: antologia. Brasília: Thesaurus, 1983, p. 63.







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sexta-feira, 29 de junho de 2018




A Alma é Imortal

Gabriel Delanne

Parte 14

Continuamos o estudo do clássico A Alma é Imortal, de Gabriel Delanne, conforme tradução de Guillon Ribeiro, publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto indicado para leitura. 

Questões preliminares

A. Que fato – que seria muito tempo depois confirmado pela fotografia Kirlian – foi comprovado e descrito pelo Sr. de Rochas?
B. Quando o Sr. de Rochas obteve a primeira fotografia de um sensitivo exteriorizado?
C. Alguma coisa de natureza física que se faça ao duplo materializado pode repercutir no corpo material do médium?

Texto para leitura

138. O Sr. de Rochas chegou a estabelecer a objetividade da luz ódica, que o barão de Reichenbach atribuía a todos os corpos cujas moléculas guardam uma orientação determinada. As experiências feitas até então indicavam que os eflúvios poderiam ser devidos unicamente às vibrações constitucionais dos corpos, transmitindo-se ao éter ambiente. (Pág. 156)
139. O corpo humano - segundo de Rochas - também emite eflúvios de coloração variável, conforme os pacientes. (Pág. 156)
140. Após reportar algumas experiências descritas pelo Sr. de Rochas, Delanne admite, por hipótese, que a característica essencial dos movimentos vibratórios é a interferência, isto é, a produção, por efeito da combinação das ondas, de faixas de movimentos, em que as vibrações são máximas, e faixas de repouso, nas quais o movimento vibratório é nulo, ou mínimo. (Pág. 158)
141. A força nervosa, em vez de se espalhar pelo ar e dissipar-se, distribui-se em camadas concêntricas ao corpo. É preciso, pois, que uma força a retenha, porquanto, desde que normalmente ela se escoa pela extremidade dos dedos, do mesmo modo que a eletricidade pelas pontas, forçosamente se perderia no meio ambiente, se não existisse um envoltório fluídico para retê-la. (Pág. 159)
142. No estado normal, a força nervosa circula no corpo, pelos condutos naturais, os nervos, e chega à periferia pelas mil ramificações nervosas que se estendem por baixo da pele. Sob a influência do magnetismo, o perispírito se exterioriza mais ou menos, isto é, irradia em volta de todo o seu corpo e a força nervosa se espalha no envoltório fluídico e aí se propaga em movimentos ondulatórios. (Págs. 159 e 160)
143. Vimos que os fantasmas de vivos falam, o que implica a existência neles, além dos órgãos da palavra, de certa quantidade de força viva, cuja presença é também atestada por deslocamentos de objetos materiais, como o abrir e fechar uma porta, agitação de campainhas etc. (Pág. 161)
144. É necessário, portanto, que eles tirem essa força de qualquer parte. Em tais casos, tiram-na provavelmente de seus corpos materiais, visto que, segundo ensina Kardec, a alma, quando se desprende, seja durante o sono, seja nos casos de bicorporeidade, permanece ligada sempre ao seu envoltório terreno por um laço fluídico. (Pág. 161)
145. O Sr. de Rochas observou que, se se fizer que uma zona luminosa, isto é, sensível, de um paciente exteriorizado atravesse um copo d’ água, a água existente no copo se iluminará rapidamente em toda a sua massa, desprendendo-se dela, ao fim de algum tempo, uma espécie de fumaça luminosa. Ainda mais: tomando-se desse copo e transportando-o a certa distância, ele observou que o paciente se conservava sensível, ou seja, que se ressentia de todos os toques feitos na água, embora àquela distância já não restassem vestígios de camadas sensíveis. (Pág. 161)
146. De Rochas pesquisou depois sobre quais substâncias armazenam a sensibilidade, verificando serem quase sempre as mesmas que guardam os odores: os líquidos, os corpos viscosos, sobretudo os de origem animal, como a gelatina e a cera, o algodão, os tecidos de malhas frouxas ou que se desfiam, como os veludos de lã, etc. (Pág. 161)
147. Foi a partir dessas experiências que ele teve a intuição de fotografar os sensitivos, primeiramente despertos, depois adormecidos, sem estarem exteriorizados, e por fim adormecidos e exteriorizados. A primeira fotografia ele a fez em 30/7/1892, utilizando na experiência uma chapa de bromo-gelatina e, como sensitiva, a Sra. Lux. (Pág. 162)
148. Na terceira situação - estando a Sra. Lux adormecida e exteriorizada - a chapa utilizada permaneceu algum tempo em contato com o corpo da sensitiva, dentro do chassis, antes de posta na máquina. Picando com um alfinete a primeira chapa, ela nada sentiu. Picando a segunda, sentiu um pouco. Na terceira, a sensitiva sentiu vivamente e tudo isso poucos instantes após a operação. Repetindo a experiência no dia 2 de agosto, de Rochas verificou que a primeira chapa nada produziu; a segunda produziu alguma coisa; mas a terceira chapa, embora já revelada, continuava tão sensível quanto no dia 30 de julho. Ao perfurar a chapa com dois golpes fortes na imagem de uma das mãos, a Sra. Lux fez logo uma contração e soltou gritos de dor, embora estivesse a dois metros de distância e nada visse. (Pág. 162)
149. Comentando o assunto, Delanne atesta que as experiências do Sr. de Rochas foram verificadas também pelo Dr. Luys e pelo Dr. Paul Joire, tendo este concluído que a exteriorização da sensibilidade é um fenômeno real, de forma nenhuma dependente de sugestão, conforme fora insinuado pelo Dr. Mavroukakis. (Pág. 163)
150. Na sequência, Delanne transcreve um caso em que a clarividente Adèle Maginot, ao ver certa pessoa que se encontrava distante num país muito quente, sentiu no próprio rosto o efeito produzido pelo sol, um fato de repercussão sobre o corpo da ação exercida sobre o perispírito que, segundo Delanne, já fora observado inúmeras vezes. (Págs. 163 e 164)
151. O Sr. Aksakof, em experiência realizada com Kate Fox, observou certa vez que, enfulijada a mão fluídica da médium, a fuligem foi transportada para os seus dedos materiais, que estavam imobilizados pelo pesquisador. (Pág. 165)
152. No seu tratado de Magia Prática, Papus refere o caso de um oficial russo que, presa de obsessão por uma individualidade encarnada, lançou-se de espada em punho sobre a aparição e lhe fendeu a cabeça. O ferimento feito no perispírito se reproduziu na mulher causadora do fenômeno, que, devido a isso, acabou morrendo. (Pág. 165)
153. Dassier cita muitos casos semelhantes extraídos dos arquivos judiciários da Inglaterra. O caso Joana Brooks é um deles. Quando alguém disse que estava vendo o Espírito de Joana, então desdobrada, um dos presentes saltou e deu um golpe de punhal no lugar indicado. O vidente disse que a mulher ficara ferida na mão. Indo no dia seguinte à casa da feiticeira, eles verificaram que ela estava realmente ferida. (Pág. 165) (Continua no próximo número.)

Respostas às questões preliminares

A. Que fato – que seria muito tempo depois confirmado pela fotografia Kirlian – foi comprovado e descrito pelo Sr. de Rochas?
O corpo humano, como foi demonstrado pelo Sr. de Rochas, emite eflúvios de coloração variável, conforme os pacientes. (A Alma é Imortal, págs. 156 a 161.)
B. Quando o Sr. de Rochas obteve a primeira fotografia de um sensitivo exteriorizado?
Foi em 30/7/1892, com a utilização na experiência de uma chapa de bromo-gelatina e, como sensitiva, a Sra. Lux. (Obra citada, pág. 162.)
C. Alguma coisa de natureza física que se faça ao duplo materializado pode repercutir no corpo material do médium?
Sim. No seu tratado de Magia Prática, Papus refere o caso de um oficial russo que, presa de obsessão, lançou-se de espada em punho sobre a aparição e lhe fendeu a cabeça. O ferimento feito no perispírito se reproduziu na mulher causadora do fenômeno, que, devido a isso, acabou morrendo. Dassier cita muitos casos semelhantes extraídos dos arquivos judiciários da Inglaterra. O caso Joana Brooks é um deles. Quando alguém disse que estava vendo o Espírito de Joana, então desdobrada, um dos presentes saltou e deu um golpe de punhal no lugar indicado. O vidente disse que a mulher ficara ferida na mão. Indo no dia seguinte à casa da feiticeira, eles verificaram que ela estava realmente ferida. (Obra citada, pág. 165.)

Nota:
Eis os links que remetem aos três últimos textos:




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quinta-feira, 28 de junho de 2018




O papel do perispírito em nossa vida

Este é o módulo 86 de uma série que esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura. 

Questões para debate

1. No processo reencarnatório, que papel exerce o perispírito na formação do corpo físico?
2. Que são centros vitais e qual a sua função na vida das pessoas?
3. De que forma o perispírito do reencarnante se une ao gérmen que dará origem ao corpo físico?
4. Qual é a sede da memória espiritual?
5. Onde podemos localizar a etiologia das moléstias que afligem o corpo físico?

Texto para leitura

Os centros vitais presidem à atividade funcional dos órgãos físicos
1. O perispírito – também chamado de psicossoma ou corpo espiritual – é a força diretriz responsável pela edificação do plano escultural e do tipo funcional de todos os seres. Contém o desenho prévio e as propriedades organogênicas que, ativadas sob a ação da força vital, servirão de regra à formação do novo organismo físico e lhe assinarão o lugar na escala morfológica, segundo o grau evolutivo do indivíduo. É no embrião que se executa essa ação diretiva, mas ela se estende até o fim de sua existência, atuando até mesmo no tocante à regeneração dos tecidos orgânicos destruídos.
2. Ensina André Luiz que o perispírito ou corpo espiritual possui todo o equipamento de recursos automáticos que governam os bilhões de entidades microscópicas a serviço da Inteligência, nos círculos de ação em que nos demoramos, recursos esses adquiridos vagarosamente pelo ser, em milênios de esforço e recapitulação, nos múltiplos setores da evolução anímica. (Cf. Evolução em Dois Mundos, p. 26.)
3. No corpo espiritual – acrescenta André Luiz – situam-se os centros vitais que presidem à atividade funcional dos vários órgãos que integram o corpo físico. Tais centros são fulcros energéticos que, sob a direção automática da alma, imprimem às células a especialização extrema, pela qual o homem possui no corpo denso – e detém no corpo espiritual em recursos equivalentes – as células que produzem fosfato e carbonato de cálcio para a constituição dos ossos, as que se distendem para a recobertura do intestino, as que desempenham complexas funções químicas no fígado, as que se transformam em filtros do sangue na intimidade dos rins e outras tantas que se ocupam do fabrico de substâncias indispensáveis à conservação e defesa da vida nas glândulas, nos tecidos e nos órgãos que constituem o seu veículo de manifestação.
4. No momento de reencarnar, o perispírito do reencarnante une-se molécula a molécula à matéria do gérmen, que encerra uma energia potencial que se transforma em energia atual para o curso da existência do ser. Esse gérmen está sujeito às leis da genética, ou seja, a força vital sofre as ações modificadoras da herança dos pais, que lhe transmitem suas disposições orgânicas. Como já foi dito, a ação da força vital é que leva o perispírito a desenvolver suas propriedades funcionais. 

O perispírito retém todos os conhecimentos adquiridos pela alma
5. O gérmen recapitula, de modo rápido, no seu desenvolvimento, as várias fases da evolução pelas quais a raça passou. Da mesma forma que o perispírito traz o registro de todos os estados do Espírito desde a sua origem, assim também o gérmen material encerra as impressões das etapas percorridas pelo psicossoma ou corpo espiritual.  
6. O perispírito retém todos os estados de consciência, de sensibilidade e de vontade; guarda todos os conhecimentos adquiridos pelo ser. É ele a sede da memória. É ele que armazena, registra e conserva todas as percepções, todas as volições e ideias da alma. Todo o nosso passado fica nele armazenado. As várias etapas do nosso desenvolvimento estão aí registradas. 
7. Ao longo de sua imensa trajetória, desde quando a alma iniciou suas peregrinações terrestres sob as formas mais inferiores, vem o perispírito registrando as experiências vividas pelo ser inteligente, incorporando uma bagagem crescente. É, pois, fácil compreender que os desregramentos, os abusos, os atentados contra o corpo físico e as lesões aos direitos de outrem tenham também seu registro no corpo espiritual e passem a repercutir na existência em que ocorrem ou em futura encarnação. 
8. A esse respeito, ensina Kardec que o duplo fluídico, como um dos elementos componentes do ser humano, além do importante papel que exerce nos fenômenos psicológicos, tem sua participação nas ocorrências fisiológicas e patológicas. Segundo André Luiz, a etiologia das moléstias que afligem o corpo físico e o dilaceram guarda no corpo espiritual as suas causas profundas. O remorso provoca distonias diversas em nossas forças recônditas e desarticula as sinergias do corpo espiritual, criando predisposições mórbidas para essa ou aquela enfermidade. 

Durante a encarnação, é estreita a ligação entre a alma  e o corpo
9. Durante a encarnação, existe, portanto, uma ligação estreita entre a alma e o corpo físico, por meio do perispírito, razão por que qualquer modificação doentia nas células nervosas do cérebro importa numa alteração das faculdades espirituais. 
10. Em condições normais, as sensações modificam a natureza das vibrações da força psíquica. Se essas modificações forem, pela sua intensidade e duração, de molde a ultrapassar um limite mínimo, as sensações serão registradas no perispírito de maneira consciente, ou seja, haverá percepção, o Espírito tomará conhecimento do que está ocorrendo. É a memória de fixação. Se esse limite mínimo não for atingido, haverá registro da sensação, mas somente no inconsciente. 
11. Nem todas as sensações e recordações podem existir simultaneamente. Existe um enfraquecimento do seu ritmo que as leva a descer gradativamente abaixo do limite mínimo de percepção, razão por que entram na faixa do inconsciente. É por isso que todos os atos da vida vegetativa e orgânica têm sido conservados no perispírito durante a evolução da alma através da longa série dos reinos inferiores. A repetição continuada de certos atos cria hábitos. No início, esses atos são conscientes, mas, com a repetição, tornam-se mecânicos, até se fazerem automáticos e inconscientes. 
12. A memória evocativa permite-nos lembrar os conhecimentos, através de pontos de referência, cuja localização no passado seja conhecida. Por associação de ideias, esses pontos de referência nos ligam aos acontecimentos que se agrupam ao seu redor, transportando-nos à época das ocorrências. Para essa rememoração há de haver uma associação da vontade à atenção, donde resulta trazer-se à consciência as imagens recolhidas no arquivo perispiritual.

Respostas às questões propostas

1. No processo reencarnatório, que papel exerce o perispírito na formação do corpo físico?
O perispírito é a força diretriz responsável pela edificação do plano escultural e do tipo funcional de todos os seres. Contém o desenho prévio e as propriedades organogênicas que, ativadas sob a ação da força vital, servirão de regra à formação do novo organismo físico e lhe assinarão o lugar na escala morfológica.
2. Que são centros vitais e qual a sua função na vida das pessoas?
Os centros vitais são fulcros energéticos que, sob a direção automática da alma, imprimem às células a especialização que lhes é peculiar e presidem, assim, à atividade funcional dos vários órgãos que integram o corpo físico.
3. De que forma o perispírito do reencarnante se une ao gérmen que dará origem ao corpo físico?
O perispírito une-se molécula a molécula à matéria do gérmen, que encerra uma energia potencial que se transforma em energia atual para o curso da existência do ser. 
4. Qual é a sede da memória espiritual?
A sede da memória é o perispírito, que armazena, registra e conserva todas as percepções, todas as volições e ideias da alma. 
5. Onde podemos localizar a etiologia das moléstias que afligem o corpo físico?
Segundo André Luiz, a etiologia das moléstias guarda no corpo espiritual as suas causas profundas. O remorso provoca distonias diversas em nossas forças recônditas e desarticula as sinergias do corpo espiritual, criando predisposições mórbidas para essa ou aquela enfermidade.

Bibliografia:
Obras Póstumas, de Allan Kardec, item 12, p. 45.
A Evolução Anímica, de Gabriel Delanne, pp. 39, 55, 56, 81, 225 e 226.
Evolução em Dois Mundos, de André Luiz, pp. 26, 28, 213 e 214.

Nota:
Eis os links que remetem aos 3 últimos textos:



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quarta-feira, 27 de junho de 2018




Oásis de luz

Meimei

Suave, suavemente, belo jorro de luz desceu da amplidão, coroando, de todo, a casa singela. Dir-se-ia que a construção fora atingida em um segundo por fúlgura cascata de raios luminescentes.
Inflamara-se o teto de láurea rutilante.
As paredes coloridas por luminárias ocultas faziam-se transparentes, despedindo bonançosas centelhas.
De janelas e portas, fluíram de inesperado caudais de bênçãos, qual se o ambiente interior estivesse inundado de nutriente energia.
Chamas blandiciosas dissolviam as sombras, desabotoando prematura alvorada em meio às trevas noturnas e o firmamento, nos cimos, parecia cálida umbela deitando flores argenteadas sobre o anônimo ninho humano, que passara da condição de apagado recinto à ilha refulgente de alvenaria.
Os insetos da noite ciciaram com mais brandura, cães das proximidades aplacaram latidos e os habitantes de residências vizinhas experimentaram sem perceber a intangível presença de paz profunda.
Contudo, na intimidade doméstica, acentuava-se, deslumbrante, o painel festivo, qual se varinha mágica fizesse nascer de pessoas e coisas balsâmicas radiações de entendimento e simpatia.
Trajara-se a sala modesta de surpreendente grandeza, convertida em deleite remanso por banho lustral de amor puro que fixava sorrisos musicais de bondade em cada fisionomia.
Halos fulgurantes revestiram todas as formas alindando-lhes os traços e as cores sob o poder de ignoto cinzel. Auréolas de esplendor tocaram os moradores, lágrimas de jubilosa esperança tremularam, furtivas, em olhos alumiados de reconforto, rostos brilharam confiantes, impregnaram-se as frontes de lume tênue, palavras ressoaram mais ternas, tonificaram-se corações em novos haustos de força e alcandorou-se a emoção a eminências desconhecidas, em transportes de irresistível candura.
Na esteira de luz em torno, transeuntes do espaço respiraram felizes, enquanto, não longe, menestréis da vida maior, vocalizaram canções de bom ânimo para todo o grupo tocado de intenso brilho.
A transfiguração arrebatadora e imprevista era Jesus, o conviva celeste em visita à casa humilde: instalara-se ali, o Culto Santificante do Evangelho no Lar.


Do livro Ideal Espírita, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.




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terça-feira, 26 de junho de 2018




Como se fosse para entrega

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Passava das duas da tarde. Era dia de trabalho, ainda no meio da semana, e o simples restaurante da esquina estava fechando. Um menino de seus oito ou nove anos aguardava, discretamente na calçada, o encerramento para ganhar uma marmita. E assim aconteceu. O dono lhe passou uma sacola branca com a comida do dia, uma marmita como se fosse para entrega.
Próximo do local havia uma praça que se emendava a um campo de bairro de futebol. Na pracinha, também havia um campo de bocha, algumas mesas e bancos de cimento. E foi para lá que o menino se encaminhou. Com todo cuidado, colocou a sacola numa mesa e sentou-se num banco. Tirou a marmita, fez da sacola um guardanapo onde descansou a vasilha descartável com a comida, descolou o garfinho grudado na tampa, abriu-a devagar, olhou a comida e sentiu o cheirinho de conforto de quem se alimentaria. Embora estivesse com fome, o seu respeito pelo momento da refeição fora maior e com calma começou a comer.
Era só o menino na praça, ninguém mais. Sentado, talvez pensando em tantas coisas, como em sua família que quiçá não tivesse o que comer, ou ainda na família que nem existisse, ou em para onde ir depois de almoçar, ou onde dormir. Poderiam ser tantos questionamentos, tantos sonhos, dores, sentimentos, mas poderia também ser o pensamento de viver somente um dia de cada vez, respeitando-o com gratidão e fazendo o melhor que pudesse.
O menino terminara o almoço. Juntou o garfinho e a marmita vazia e colocou-os no saquinho branco. Ficou mais uns minutos, sentado, descansando. Quem sabe teria um lugar para voltar ou não. Então, levantou-se, deixou o saquinho em uma das latas próprias para esse tipo de resíduo e continuou seu caminho. E foi. Foi ao encontro de um dia ser ele o amparador de alguém mais necessitado, de ser o refrigério, por um momento que seja, para alguém com mais dificuldade, desesperança, desamor.
Mas talvez o menino ainda volte amanhã e ganhe mais uma marmita como se fosse para entrega.

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/




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segunda-feira, 25 de junho de 2018




Chama divina

Olavo Bilac (Espírito)

Na escuridão hostil da primeira caverna,
Enquanto o homem larval grita, sonha e tateia,
Deus acende na furna humílima candeia
Sobre simples sinais da natureza externa.

A princípio é clarão de pálida lanterna,
Frágil, treme, vacila, ondula e bruxuleia;
Depois, é tocha imensa a crepitar sem peia,
Descortinando ao mundo a Majestade Eterna!

Facho excelso e imortal, desde então se fez guia
Da civilização que fulge e se irradia
Em sublime esplendor flamífero e disperso…

E essa Chama Divina é o Livro soberano,
Hífen de sol, ligando o entendimento Humano
À grandeza da Vida e à Glória do Universo.


Do livro Assembleia de Luz, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.




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