quarta-feira, 31 de julho de 2024

 





Revista Espírita de 1866

 

Allan Kardec

 

Parte 1

 

Iniciamos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1866, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1866 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que será apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. São as mesmas as almas que animam os corpos do homem e da mulher?

B. Pode acontecer que o Espírito percorra uma série de existências num mesmo sexo?

C. O efeito da prece é apenas de natureza moral?

 

Texto para leitura

 

1. As mulheres têm alma? Esse é o tema do artigo que abre o número de janeiro de 1866, no qual Kardec diz que, além de ter sido posta em deliberação num concílio, tal questão nem sempre foi resolvida pacificamente, constituindo sua negação um princípio de fé em certos povos. No artigo, ele informa também que pouco tempo atrás ainda se discutia na França se o grau de bacharel podia ser conferido a uma mulher. (Págs. 1 e 2.)

2. O Espiritismo ensina que as almas podem animar corpos de homens e mulheres. As almas ou Espíritos não têm sexo; as afeições que os unem nada têm de carnal; fundam-se numa simpatia real e, por isso, são mais duráveis. (Págs. 2 e 3.)

3. Os sexos só existem no organismo; são necessários à reprodução dos seres materiais; mas os Espíritos não se reproduzem uns pelos outros, razão por que os sexos seriam inúteis no mundo espiritual. (Págs. 2 e 3.)

4. A natureza fez o indivíduo do sexo feminino mais fraco que o outro, porque os deveres que lhe incumbem não exigem uma igual força muscular e seriam até incompatíveis com a rudeza masculina. Aos homens e às mulheres são, assim, assinados pela Providência deveres especiais, igualmente importantes na ordem das coisas, pois eles se completam um pelo outro. (Págs. 3 e 4.)

5. A influência que o Espírito encarnado sofre do organismo não se apaga imediatamente após a destruição do invólucro material, assim como não perdemos instantaneamente os gostos e hábitos terrenos. Pode acontecer ainda que o Espírito percorra uma série de existências no mesmo sexo, o que faz que durante muito tempo possa conservar, na erraticidade, o caráter de homem ou de mulher, cuja marca nele ficou impressa. (Pág. 4.)

6. Se essa influência se repercute da vida corporal à vida espiritual, o fato se dá também quando o Espírito passa da vida espiritual para a corporal. Numa nova encarnação trará o caráter e as inclinações que tinha como Espírito. Mudando de sexo, poderá então conservar os gostos, as inclinações e o caráter inerente ao sexo que acaba de deixar. Assim se explicam certas anomalias aparentes, notadas no caráter de certos homens e de certas mulheres. (Pág. 4.)

7. Referindo-se à prece, diz Kardec que o Espiritismo proclama a sua utilidade, não por espírito de sistema, mas porque a observação permitiu comprovar a sua eficácia e o seu modo de ação. Além da ação puramente moral, a prece produz um efeito de certo modo material, resultante da transmissão fluídica, e sua eficácia em certas moléstias é constatada pela experiência, como demonstrada pela teoria. (Págs. 5 e 6.)

8. Rejeitar a prece é, portanto, privar o homem de seu mais poderoso suporte moral na adversidade, visto que pela prece ele eleva sua alma, entra em comunhão com Deus, identifica-se com o mundo espiritual e desmaterializa-se, condição essencial de sua felicidade futura. (Pág. 6.)

9. Concluindo o artigo sobre a prece, o Codificador lembra que o que faz a principal autoridade da doutrina é que não há um só de seus princípios que seja produto de uma ideia preconcebida ou de uma opinião pessoal: todos, sem exceção, são o resultado da observação dos fatos. (Págs. 8 e 9.)

10. A Revista noticia o falecimento em 2 de dezembro de 1865 do Sr. Didier, membro-fundador da Sociedade Espírita de Paris e editor das obras de Kardec. No momento do falecimento, a editora do Sr. Didier imprimia a 14ª edição d’O Livro dos Espíritos. (Págs. 9 e 10.)

11. No dia 8 de dezembro, na Sociedade de Paris, Kardec pronunciou uma alocução em que teceu palavras de reconhecimento pelo trabalho realizado pelo amigo recém-desencarnado, cujo desprendimento foi devidamente destacado pelo Codificador. (Págs. 11 e 12.)

12. Em seu discurso, Kardec explicou por que não usara a palavra no enterro do amigo, ocasião em que se reuniram muitas pessoas pouco simpáticas e mesmo hostis à causa espírita. Considerando o momento inadequado, ele se absteve e, ao esclarecer o fato, aproveitou para fazer importante advertência, quando afirmou que o Espiritismo ganhará sempre mais com a estrita observação das conveniências. (Pág. 12.)

13. Não devemos esquecer – disse Kardec – que o Espiritismo visa o coração e seus meios de sedução são a doçura, a consolação e a esperança. Sua moderação e seu espírito conciliador nos põem em relevo. “Não percamos sua preciosa vantagem”, aditou o Codificador. “Procuremos os corações aflitos, as almas atormentadas pela dúvida: seu número é grande; lá estarão os nossos mais úteis auxiliares; com eles faremos mais prosélitos do que com reclames e exibição.” (Pág. 12.)

 

Respostas às questões propostas

 

A. São as mesmas as almas que animam os corpos do homem e da mulher?

Sim. O Espiritismo nos ensina que as almas podem animar corpos de homens e mulheres. As almas ou Espíritos não têm sexo; os sexos só existem no organismo e são necessários à reprodução dos seres materiais. Mas os Espíritos não se reproduzem uns pelos outros, razão por que os sexos seriam inúteis no mundo espiritual. (Revista Espírita de 1866, pp. 2 e 3.)  

B. Pode acontecer que o Espírito percorra uma série de existências num mesmo sexo?

Sim. O fato é possível e geralmente é o que ocorre, o que faz que durante muito tempo possa o Espírito conservar, na erraticidade, o caráter de homem ou de mulher, cuja marca nele ficou impressa. Se essa influência se repercute da vida corporal à vida espiritual, o fato se dá também quando o Espírito passa da vida espiritual para a corporal. Numa nova encarnação trará o caráter e as inclinações que tinha como Espírito. Mudando de sexo, poderá então conservar os gostos, as inclinações e o caráter inerente ao sexo que acabou de deixar. Assim se explicam certas anomalias aparentes, notadas no caráter de certos homens e de certas mulheres. (Obra citada, pág. 4.)

C. O efeito da prece é apenas de natureza moral?

Não. A observação permitiu comprovar a sua eficácia e o seu modo de ação. Além da ação puramente moral, a prece produz um efeito de certo modo material, resultante da transmissão fluídica, e sua eficácia em certas moléstias é constatada pela experiência, como demonstrada pela teoria. Rejeitar a prece é, portanto, privar o homem de seu mais poderoso suporte moral na adversidade, visto que pela prece ele eleva sua alma, entra em comunhão com Deus, identifica-se com o mundo espiritual e desmaterializa-se, condição essencial de sua felicidade futura. (Obra citada, pp. 5 e 6.)

 

 

 

 

 

 

To read in English, click here:  ENGLISH
Para leer en Español,  clic aquí:  ESPAÑOL
Pour lire en Français, cliquez ici:  FRANÇAIS
Saiba como o Blog funciona clicando em COMO CONSULTAR O BLOG

 

 


terça-feira, 30 de julho de 2024

 




A imaginação é muito poderosa

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

 

Quando compreendermos o poder de nossa imaginação, decerto haverá mais dedicação aos pensamentos. Tudo o que existe é energia que pode se apresentar em várias escalas entre o negativo e o positivo. O ato de imaginar é energia pura em desenvolvimento e requer apenas atenção aos níveis escolhidos. A imaginação é dádiva do espírito e, naturalmente, é recurso abençoado provido por Deus. Depende unicamente de cada espírito, também, a escolha dos pensamentos e, por consequência, será a própria vibração.

Mais uma vez se confirma o livre-arbítrio, pois até para a imaginação há preferência e ninguém é forçado a uma forma de pensamento, simplesmente nós a escolhemos por determinado padrão mais familiar, ou ainda, por certo comodismo. É necessário o despertamento se desejamos o progresso. Tudo se inicia em nossa mente, com os pensamentos e a imaginação, no entanto devemos ter autoridade sobre o ato de pensar e imaginar, pois se for o contrário, haverá uma imaginação desequilibrada, desproporcionada que poderá atrair mais seres e situações infelizes.

Podemos nos conectar com o que desejarmos, não há limite para a nossa imaginação que, maravilhosamente, se sentirá quando estiver mais conectada com a frequência amorosa de Deus, do Mestre Jesus. Em tudo na vida, quanto melhor for a sensação mais elevada será a vibração. O bem sempre gerará um novo bem. Se há a escolha do imaginar, então, que as nossas criações sejam prósperas, felizes e bondosas, porque toda essa energia nos propiciará diretamente e outros seres ainda poderão ser extensamente contemplados.

Também se houver abrangente conhecimento, porém com a imaginação limitada, será apenas uma mente com material contido sem publicação nem aproveitamento. A imaginação existe para iniciarmos todas as grandes viagens, realizações, conquistas, para transpormos aparentes limites impostos pelo imediatismo humano. Os notáveis criadores em toda a história criaram feitos indiscutíveis e que continuam até hoje, mas antes da criação material, eles já haviam visualizado, imaginado, sentido como algo real com toda emoção e sentimento.

E é com o avivamento da imaginação que devemos seguir; tudo o que for passível de criação poderá se realizar. A nossa capacidade de imaginar é muito poderosa, somente é preciso observar a sua vibração, como tudo na vida. À medida que conhecermos o nosso admirável potencial, muitas surpresas e conquistas ocorrerão.

 

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

 


 

 

 

 

 

To read in English, click here:  ENGLISH
Para leer en Español,  clic aquí:  ESPAÑOL
Pour lire en Français, cliquez ici:  FRANÇAIS
Saiba como o Blog funciona clicando em COMO CONSULTAR O BLOG

 

 

 

segunda-feira, 29 de julho de 2024

 




O golpe de vento

 

Hilário Silva

 

Ali, na solidão do quarto de estudo, Joanino Garcia descerrara a grande janela, à procura de ar fresco.

Repousara minutos breves. Agora, porém, acreditava ter chegado ao fim.

Julgara haver lido numa obra de clínica médica a própria sentença de morte. Facilmente sugestionável, há muito vinha dando imenso trabalho ao médico. E, não obstante espírita convicto, deixava-se levar por impressões.

Em menos de dois anos, sentira-se vitimado por sintomas diversos. A princípio, dominado por bronquite rebelde, compulsara um livro sobre tuberculose e supusera-se viveiro dos bacilos de Koch. Tempo e dinheiro foram gastos em exames e chapas.

Entretanto, mal não acabara de se convencer do contrário, quando, numa noite, ao sentir-se trêmulo, sob o efeito de determinada droga, começou a estudar a doença de Parkinson e foi nova luta para que lhe desanuviassem o crânio.

Joanino mostrara-se contente, por alguns dias; entretanto, uma intoxicação alterou-lhe a pele e ei-lo crente de que fora atacado pela púrpura hemorrágica, obrigando o médico e a família a difícil trabalho de exoneração mental.

Naquele instante, contudo, via-se derrotado. Experimentando muita dor, buscara o consultório na antevéspera e o clínico amigo descobrira uma artrite reumatoide, recomendando cuidados especiais.

No grande sofá, depois de leve refeição, ao sentir pontadas relampagueantes no ombro esquerdo, tomou o livro de anotações médicas e abriu no capítulo alusivo à moléstia que lhe fora diagnosticada.

Antes de iniciar a leitura, levantou-se, com dificuldade, para um gole d’água, tentando aliviar as agulhadas nervosas, e não viu que o vento virara as folhas do volume.

Voltando, sobressaltado leu nas primeiras linhas da página:

— “A moléstia assume a forma de dor pungente e agoniante. Geralmente a crise perdura por segundos e termina com a morte. Sofrimento agudo e invencível. A dor começa no ombro esquerdo a refletir-se na superfície flexora do braço esquerdo até as pontas dos dedos médios.”

Joanino rendeu-se. Quis gritar, pedir socorro, mas a “dor agoniante”, ali referida, crescia, assustadora.

Pensou na mulher e nos quatro filhinhos. Suava. Afligia-se como que sufocado.

Não podendo resistir, por mais tempo, aos próprios pensamentos concentrados na ideia da desencarnação, rendeu-se à morte.

Despertando, porém, fora do corpo de carne, afogado em preocupações, ao pé dos familiares em chorosa gritaria, viu o benfeitor espiritual que velava habitualmente por ele. O amigo abraçou-o, emocionado, e falou:

— É lamentável que você tenha vindo antes do tempo…

— Como assim? — respondeu Garcia, arrasado.

— Li os sintomas derradeiros de minha enfermidade.

— Houve engano — explicou o instrutor —; os apontamentos do livro reportavam-se à angina de peito e não à artrite reumatoide como a sua leitura fez supor. A corrente de ar virou a página do livro. Você possuía, em verdade, um processo anginoso, mas com catorze anos de sobrevida… Entretanto, com o peso de sua tensão mental…

Só aí Joanino veio a saber que morrera, de modo prematuro, em razão da sensibilidade excessiva, ante a leitura alterada por ligeiro golpe de vento.

 

Do livro Almas em desfile, mensagem de Hilário Silva psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

 

 



 

 

To read in English, click here:  ENGLISH
Para leer en Español,  clic aquí:  ESPAÑOL
Pour lire en Français, cliquez ici:  FRANÇAIS
Saiba como o Blog funciona clicando em COMO CONSULTAR O BLOG

 



domingo, 28 de julho de 2024

 





Se Espírito não tem sexo, por que no plano espiritual há homens e mulheres?

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Uma pessoa amiga diz-nos não compreender a informação de que os Espíritos não têm sexo, se eles se comunicam conosco como homem ou mulher e assim vivem nas colônias espirituais, fato que nos foi mostrado no filme Nosso Lar, baseado no livro homônimo de autoria de André Luiz.

De fato, André Luiz ali se apresenta na forma masculina e D. Laura, mãe de Lísias, apresenta-se na forma feminina.

Antes de tratar diretamente da dúvida, é importante lembrar o que o Espiritismo nos informa quanto ao problema do sexo:

1) As almas podem animar corpos de homens e mulheres. As almas ou Espíritos não têm sexo; as afeições que os unem nada têm de carnal; fundam-se numa simpatia real e, por isso, são mais duráveis. (Revista Espírita de 1866, págs. 2 e 3.)

2) Os sexos só existem no organismo; são necessários à reprodução dos seres materiais; mas os Espíritos não se reproduzem uns pelos outros, razão por que os sexos seriam inúteis no mundo espiritual. (Revista Espírita de 1866, págs. 2 e 3.)

É óbvio que estas informações, quando vistas isoladamente, não resolvem a dúvida de nossa amiga. Afinal, se as informações são exatas, por que uns – quando desencarnados – se apresentam com a forma masculina e outros, com a forma feminina?

O entendimento da questão requer que sejam repetidas aqui algumas explicações a que já nos reportamos em outro momento.

Emmanuel, em seu livro Vida e Sexo, obra psicografada por Chico Xavier e publicada pela FEB em 1971, informa-nos:

a) Quando errante – quer dizer, desencarnado – pouco importa ao Espírito reencarnar no corpo de um homem ou de uma mulher. “O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar”, como é dito claramente na questão 202 d’ O Livro dos Espíritos.

b) A vida espiritual pura e simples rege-se por afinidades eletivas essenciais; mas, através de milênios e milênios, o Espírito passa por uma série imensa de reencarnações, ora em posição de feminilidade, ora em condições de masculinidade, o que sedimenta o fenômeno da bissexualidade, mais ou menos pronunciado em quase todas as criaturas.

c) O homem e a mulher serão, assim, de maneira respectiva, acentuadamente masculino ou acentuadamente feminina, sem especificação psicológica absoluta.

d) Ao reencarnar, o Espírito pode, obviamente, tomar um corpo feminino ou masculino, atendendo-se ao imperativo de encargos particulares em determinado setor de ação, ou ao cumprimento de obrigações regenerativas.

O assunto examinado por Emmanuel foi, de igual forma, tratado por Allan Kardec, como podemos conferir na Revista Espírita de 1866, págs. 2 a 4.

Diz-nos o Codificador do Espiritismo, no volume citado, que as almas podem, efetivamente, animar corpos de homens e mulheres, tal como é ensinado em O Livro dos Espíritos e no livro Vida e Sexo.

Ocorre, porém, que a influência que o Espírito encarnado sofre do organismo material não se apaga imediatamente após a destruição do invólucro material, assim como não perde ele instantaneamente os gostos e hábitos terrenos.

Se o Espírito percorreu uma série de existências no mesmo sexo, ele poderá conservar durante muito tempo, na erraticidade, o caráter de homem ou de mulher, cuja marca nele ficou impressa.

É assim – devido a essa influência, que repercute da vida corporal à vida espiritual – que ele se apresentará no plano espiritual, na chamada erraticidade, o que explica a existência ali de homens e mulheres, embora estejam desencarnados, quando então revestem o corpo espiritual, ou perispírito, que é a matriz do corpo material que deixaram ao desencarnar.

 


 

 

 

 

To read in English, click here:  ENGLISH
Para leer en Español,  clic aquí:  ESPAÑOL
Pour lire en Français, cliquez ici:  FRANÇAIS
Saiba como o Blog funciona clicando em COMO CONSULTAR O BLOG

 

 

 

sábado, 27 de julho de 2024

 



Na língua portuguesa temos os vocábulos que e quê.

Ambos são muito utilizados por nós que falamos o idioma português.

A forma quê pode exercer na frase diferentes funções: de substantivo masculino, de interjeição e de pronome interrogativo.

Eis, a seguir, alguns exemplos.

Substantivo masculino

- O quê vem, no alfabeto, logo após a letra pê.

- Tenho ainda uns quês por resolver.

- Penso que nesse esquema há um quê de falcatrua.

- Ela tem um quê de mistério.

Interjeição

- Quê?! O filme ainda não começou?!

- O quê?! Isso é inadmissível!

Pronome interrogativo

- Quê? Não entendi.  

- O quê? Pode falar mais alto, por favor?

Em outras situações, quando usada no final de uma oração, a forma quê é obrigatória: Para quê? Ela não veio por quê?

O mesmo entendimento é adotado na expressão “Maria, sem quê nem pra quê, brigou com todos”.

 

 

Observação:

Para acessar o estudo publicado no sábado anterior, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/07/como-devemos-dizer-puxou-da-faca-para.html

 

 

 

 

 

 

 

To read in English, click here:  ENGLISH
Para leer en Español,  clic aquí:  ESPAÑOL
Pour lire en Français, cliquez ici:  FRANÇAIS
Saiba como o Blog funciona clicando em COMO CONSULTAR O BLOG

 

 

 

sexta-feira, 26 de julho de 2024

 




Comunicações mediúnicas entre vivos

 

Ernesto Bozzano

 

Parte 25

 

Damos prosseguimento ao estudo do clássico Comunicações mediúnicas entre vivos, de autoria de Ernesto Bozzano, traduzido para o idioma português por J. Herculano Pires e publicado pela Edicel.

Esperamos que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto indicado para leitura.

Este estudo será publicado sempre às sextas-feiras.

 

Questões preliminares

 

A. Um sensitivo clarividente, além de ver à distância, pode ter acesso a fatos passados da vida de outra pessoa? 

B. Quer dizer então que a clarividência telepática não se limita a fatos ocorridos no mesmo momento, à chamada “clarividência no presente”? 

C. Que condições são necessárias à ocorrência dos fenômenos de “clarividência telepática”?

 

Texto para leitura

 

341. Eis um segundo exemplo do mesmo gênero, relatado pelo célebre estadista suíço Zshokke, que possuía qualidades excepcionais de sensitivo clarividente:

Sucede-me frequentemente que, ao esbarrar pela primeira vez com uma pessoa desconhecida e enquanto, em silêncio, eu escuto as suas palavras, vejo passar diante de meus olhos, sem procurar, e perfeitamente distinta, uma visão da sua vida passada, enquadrada no ambiente em que se desenrolou, porém quase sempre vejo uma cena principal de sua vida e nada mais. Quando isso acontece, sinto-me de tal modo absorvido na contemplação da visão que se desenvolve na minha frente, que quase não percebo mais o vulto da pessoa que me fala, embora continue contemplando o seu rosto, bem como não ouço mais a sua voz. Durante muito tempo eu tive menos confiança do que qualquer outro na veracidade de tais visões e, quando me decidia a revelar ao meu interlocutor o que estava vendo a seu respeito, esperava naturalmente ouvi-lo responder-me: “Nada disso é verdade”, e muitas vezes sentia um calafrio de horror percorrer-me os ossos quando o interlocutor respondia confirmando a minha descrição, mas, outras vezes, o espanto que lhe aparecia no rosto punha-me informado da exatidão da minha visão antes que ele a confirmasse. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

342. Eis como ele relatou um desses fatos que mais o impressionaram:

O incidente que passo a relatar foi um dos que mais me pasmaram: Cheguei certo dia à pequena cidade de Waldshut e fui hospedar-me no hotel Vine Inn, em companhia de dois jovens estudantes. Jantamos na Table d’Hôte, juntamente com numerosos outros viajantes que davam grandes gargalhadas quando se falava no Magnetismo de Mesmer e na Fisiognomia de Laváter (estudo do caráter de uma pessoa pelos traços fisionômicos). Um dos meus companheiros, que se sentia ofendido no seu orgulho nacional por aquelas risadas estúpidas, pediu-me que os contestasse e especialmente que fizesse calar um jovem que estava sentado na minha frente e que, mais do que qualquer outro, se permitia debochar e proferir ditos espirituosos contra os nomes desses dois grandes homens. No mesmo instante tive uma visão da vida do jovem e por isso lhe dirigi a palavra, perguntando-lhe se podia estar certo de que ele me responderia sinceramente se eu lhe revelasse coisas notáveis do seu passado, embora me fosse desconhecido, fazendo-lhe notar que, se eu obtivesse bom resultado, seria ir muito mais longe do que Laváter com os seus estudos.

Ele me prometeu que se as minhas revelações estivessem corretas, ele o confirmaria sem restrições. Então lhe descrevi tudo o que me havia aparecido na visão e todos os presentes ficaram, desse modo, informados da vida passada de um jovem viajante comercial a começar dos seus anos de escola para passar pelos seus muitos erros juvenis e terminar com uma falta muito mais grave com relação ao cofre de seu chefe e lhe descrevi ainda um quarto sem móveis, com as paredes caiadas de branco, onde à direita de quem entrava, em cima da mesa, se achava um pequeno cofre preto, etc., etc.

Durante a minha narração, um silêncio mortal reinava no ambiente, silêncio esse que só era por mim interrompido de vez em quando para interrogar o meu interlocutor se estava correta a minha descrição. O jovem, cheio do maior espanto, não fazia outra coisa senão confirmar as minhas palavras, todas as vezes que eu o interrogava, com frequentes movimentos da cabeça, o que fez também – e isso eu não esperava – quando lhe descrevi o último quadro. Surpreendido e comovido pela sua sinceridade, levantei-me e fui apertar-lhe a mão, do outro lado da mesa.

Dir-se-ia que cada homem traz consigo a história completa de sua vida como se ficasse escrita, em caracteres espirituais, em sua mente, onde outra pessoa, em “relação psíquica” com ele, pode lê-la. (William Howitt – History of the Supernatural, Vol. I, págs. 99/100). (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

343. Também quanto a este segundo episódio, deve-se observar o que foi dito com relação ao primeiro, isto é, que os informes sobre a existência passada da pessoa submetida à indagação do sensitivo representam as coisas mais salientes do seu passado e, acima de tudo, dizem respeito exclusivamente à pessoa em questão e nunca a terceira pessoa que ele tenha conhecido quando viva. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

344. Passo a narrar um exemplo igualmente notável de leitura a distância em subconsciências alheias (clarividência telepática). O célebre mitólogo Andrew Lang em sua obra intitulada The Making of Religion (págs. 83/104) relata experiências de “visão no cristal” por ele feitas com a distinta senhorita inglesa Angus, que possuía delicados dotes dessa categoria de visões supranormais. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

345. Entre outras coisas, narra ele o seguinte episódio:

A última visão que apareceu no cristal interessava muito à sensitiva, mas desapareceu para dar lugar à aparição de uma senhora vestida com um penteador e deitada em um sofá, com os pés descalços. A Srta. Angus não conseguia distinguir o rosto dela, porque a imagem lhe aparecia voltada de costas, de modo que anunciou a nova visão com manifesta contrariedade, uma vez que estava interessada na imagem anterior. A Sra. Cockburn, entretanto, para quem nenhuma visão havia aparecido, mostrou-se contrariada com isso e particularmente me manifestou o seu cepticismo sobre a veracidade das imagens aparecidas no cristal. Em um sábado, dia 5 de fevereiro de 1897, porém, tive novamente ocasião de fazer experiências com a Srta. Angus, juntamente com a Sra. Bissott, e quando esta anunciou que havia pensado em certa coisa para aparecer no cristal, a Srta. Angus divisou no mesmo uma alameda de bosque ou de jardim perto de um rio, em um céu perfeitamente sereno e completamente azul. Na referida alameda achava-se uma senhora elegantemente vestida que, passeando, fazia girar sobre o seu ombro uma sombrinha belíssima, tendo os seus passos um encadeamento rítmico algo curioso. Ao lado dela estava um jovem cavalheiro, vestido com uma roupa branca leve como a que se usa na Índia. Tinha os ombros largos, pescoço curto, nariz afilado e escutava sorrindo, mas indiferente, as palavras da sua companheira, evidentemente muito viva e bem loquaz. O rosto dessa senhora estava um tanto pálido e descarnado, como de uma pessoa em más condições de saúde. Depois a cena mudou e apareceu o mesmo moço, sozinho, tomando conta de um grupo de trabalhadores ocupados em derrubar árvores.

A Sra. Bissott reconheceu logo, na imagem que apareceu no cristal, sua própria irmã Sra. Clifton, que se achava na Índia, e ficou muito espantada quando a Srta. Angus imitou o andar da pessoa vista no cristal, andar peculiar causado por uma enfermidade que a Sra. Clifton havia sofrido anos antes. Além disso, a Sra. Bissott e o seu marido reconheceram o cunhado no homem visto pela sensitiva e então apresentaram à Srta. Angus uma fotografia da Sra. Clifton quando noiva e a Srta. Angus observou que o retrato parecia muito com a senhora por ela vista no cristal, conquanto nele parecesse mais bonita. Depois mostrou um novo retrato da Sra. Clifton, recebido na Índia, no qual aparecia perfeitamente o rosto magro da visão no cristal. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F) (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

346. No episódio exposto, fica excluído que se pudesse tratar-se de “clarividência no presente”, visto que, no incidente dos “pés descalços”, verificou-se que havia acontecido três horas antes de ser visto no cristal, indício notório de que, uma vez estabelecida a “relação psíquica” (produzida por meio da progenitora presente à experiência), a sensitiva, ou melhor, as suas faculdades subconscientes retiraram tal incidente ainda vivo na memória da senhora afastada, incidente esse visto no cristal e transmitido pela personalidade subconsciente da sensitiva à sua própria personalidade consciente. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

347. Diga-se o mesmo do episódio realizado entre a Inglaterra e a Índia e isto porque, tendo a sensitiva visto duas pessoas quando passeavam em um jardim e logo depois a outra visão de uma só delas quando dirigia um serviço de derrubada de matas, tal demonstra que, em um caso como em outro, não se podia tratar de “clarividência no presente”, mas sim de “clarividência telepática”, isto é, leitura do pensamento subconsciente de pessoas afastadas. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

348. No dia seguinte, domingo, 6 de fevereiro, a Sra. Bissott recebeu inesperadamente, da Índia, uma carta de sua irmã, datada de 20 de janeiro, carta em que a Sra. Clifton descrevia uma localidade indiana para onde ela havia ido para uma grande cerimônia e passeara num jardim, à margem de um rio. Acrescentava que, juntamente com o marido, deveria partir para outra localidade, de onde iriam para pleno campo, até o fim de fevereiro, pois que uma das atribuições de seu marido era superintender um trabalho de derrubada de matas, preparatório para a formação de novos campos de cultura. Era precisamente o que a Srta. Angus vira no cristal. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

349. Quando a cética Sra. Cockburn foi informada de tais coincidências verídicas, teve uma ideia. Escreveu à sua filha para perguntar-lhe se na quinta-feira, 2 de fevereiro, porventura ela se achava sentada em um sofá, com os pés descalços. A moça respondeu-lhe que o fato era verdadeiro, mas, quando veio a saber da forma como isso chegara a conhecimento de terceiros, expressou toda a sua reprovação por essa forma de invasão ilícita na intimidade doméstica. O incidente dos pés descalços se verificara entre as 4:30 e as 7:30 horas da tarde, ao passo que a visão correspondente se dera perto das 10 horas da noite. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

350. Do ponto de vista teórico, convém recordar, antes de tudo, que os fenômenos de “clarividência telepática” são condicionados pela necessidade imprescindível da “relação psíquica” que só pode ser produzida nas seguintes circunstâncias: quando o sensitivo conheça a pessoa afastada com a qual deseja entrar em relação ou quando a pessoa afastada, desconhecida do sensitivo, seja conhecida de outra pessoa que se encontre em companhia do sensitivo ou em relação com ele, ou quando ao sensitivo seja apresentado um objeto usado, durante muito tempo, pela pessoa afastada (psicometria). Recordemos, portanto, que fora de tais condições não é possível que um sensitivo entre em relação com uma pessoa afastada (entretanto, muitas vezes os opositores presumem que aconteça). (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

351. Além disto, convém notar que, no caso exposto, como nos casos precedentes, as visões da sensitiva se referiam unicamente a incidentes estritamente pessoais dos indivíduos vistos, bem como a incidentes ainda vivos em sua subconsciência. Finalmente, não se deve esquecer que os referidos episódios representam os limites extremos a que chegam, potencialmente e rarissimamente, as faculdades inquiridoras da “leitura do pensamento” e da “clarividência telepática”. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F) (Continua no próximo número.)

 

Respostas às questões preliminares

 

A. Um sensitivo clarividente, além de ver à distância, pode ter acesso a fatos passados da vida de outra pessoa? 

Sim. O relato feito pelo estadista suíço Zshokke, que possuía qualidades excepcionais de sensitivo clarividente, dá conta de um fato dessa natureza. Segundo ele mesmo contou, era comum, ao esbarrar pela primeira vez com uma pessoa desconhecida, ver passar diante de seus olhos, perfeitamente distinta, uma visão de sua vida passada, enquadrada no ambiente em que se desenrolou. O incidente dessa natureza que mais o surpreendeu é relatado neste livro. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

B. Quer dizer então que a clarividência telepática não se limita a fatos ocorridos no mesmo momento, à chamada “clarividência no presente”? 

Evidentemente. No incidente da senhora que aparecia com os “pés descalços”, a ocorrência visualizada no cristal havia acontecido três horas antes de ser vista, indício notório de que, uma vez estabelecida a “relação psíquica” (produzida por meio da progenitora presente à experiência), a sensitiva, ou melhor, suas faculdades subconscientes retiraram tal incidente ainda vivo na memória da senhora afastada, incidente esse visto no cristal. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

C. Que condições são necessárias à ocorrência dos fenômenos de “clarividência telepática”?

Segundo Bozzano, os fenômenos de “clarividência telepática” são condicionados pela necessidade imprescindível da “relação psíquica”, que só pode ser produzida nas seguintes circunstâncias: quando o sensitivo conheça a pessoa afastada com a qual deseja entrar em relação ou quando a pessoa afastada, desconhecida do sensitivo, seja conhecida de outra pessoa que se encontre em companhia do sensitivo ou em relação com ele, ou quando ao sensitivo seja apresentado um objeto usado, durante muito tempo, pela pessoa afastada, fato pertencente ao campo da psicometria. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo F)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 24 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/07/comunicacoes-mediunicas-entre-vivos_01905175814.html

 

 

 

 

  

To read in English, click here:  ENGLISH
Para leer en Español,  clic aquí:  ESPAÑOL
Pour lire en Français, cliquez ici:  FRANÇAIS
Saiba como o Blog funciona clicando em COMO CONSULTAR O BLOG