sexta-feira, 31 de maio de 2019




O Tesouro dos Espíritas

Miguel Vives y Vives

Parte 13

Damos sequência ao estudo do clássico O Tesouro dos Espíritas, de Miguel Vives y Vives, que está sendo aqui estudado em 16 partes, com base na tradução de J. Herculano Pires, conforme a 6ª edição publicada pela Edicel.
Nosso objetivo é que este estudo possa servir para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

Questões preliminares

A. Qual a principal obrigação do espírita?
B. Que pensar dos que dizem que as obras de Kardec não trazem novidades e que há obras mais interessantes?
C. É o Espiritismo religião?

Texto para leitura

150. A obrigação principal do espírita, diz Irmão Saulo(1), é zelar pelo seu tesouro: a Doutrina Espírita. Para isso, temos de estudá-la e conhecê-la bem, pois, do contrário, como poderemos zelar por ela? “O Espiritismo – lembra ele – não é apenas uma eclosão mediúnica, não é somente manifestações de espíritos. É a Doutrina do Consolador, do Espírito da Verdade, do Paráclito, prometida e enviada pelo Cristo para nos orientar.” (P. 165)
151. Se Jesus nos trouxe a mensagem redentora do Evangelho e prometeu que nos enviaria o Consolador, é que temos de conhecer o Evangelho e conhecer o Espiritismo. “Os cristãos estudam a Lei Nova, que está no Novo Testamento. Os espíritas, que são os cristãos renascidos da água e do espírito, devem estudar as obras de Kardec, que são a Codificação do Espiritismo, a Nova Revelação.” (P. 166)
152. Há espíritas que se deixam levar pelos falsos profetas, encarnados e desencarnados, que enchem o nosso mundo de novidades absurdas e perturbam o movimento doutrinário, impedindo a boa divulgação da luz. Acreditam eles que Kardec está superado e que, portanto, a obra de Kardec não tem mais nada a nos ensinar. “Ah, como se enganam esses pobres irmãos, levados por ilusões momentâneas!” (P. 167)
153. Alguns confrades dizem: As obras de Kardec não trazem novidades; há outros livros que nos falam de coisas mais interessantes, contando-nos fatos desconhecidos, dando-nos ensinamentos novos. “Ah, pobres irmãos que não fazem conta da promessa do Senhor, que menosprezam a sua dádiva! Então o Senhor e Mestre nos promete o Consolador e no-lo envia, para agora o deixarmos de lado e corrermos como loucos atrás dos falsos profetas, dos falsos Cristos, dos falsos Kardecs, que enxameiam na vaidade humana?” (PP. 168 e 169)
154. Não temos o direito de pensar assim. O Espiritismo é a Verdade Maior que podemos conhecer, nesta fase evolutiva da Terra. O seu aparecimento foi preparado pelo Alto. Antes de Kardec encarnar-se, para cumprir a sua missão, já numerosos fatos espíritas ocorreram no mundo, predispondo-nos à compreensão do trabalho do Codificador. (P. 169)
155. O próprio Codificador viveu cinquenta anos preparando-se, adquirindo cultura e experiência, conquistando toda a ciência do seu tempo, antes de receber do Alto a incumbência de investigar os fenômenos e organizar a Doutrina, embora fosse um dos mais lúcidos discípulos de Jesus, que este enviou à Terra para cumprir a promessa do Consolador. E queremos, por acaso, ser mais do que ele e do que o Espírito da Verdade, que o assistia e guiava? (P. 169)
156. Outros irmãos alegam: O Espiritismo é muito simples, é o ABC da Espiritualidade; temos maiores instruções na Teosofia ou com os Rosa-Cruzes. “Deviam antes pensar, diz Irmão Saulo, que necessitamos justamente do ABC, pois somos ainda analfabetos espirituais. O Espiritismo não tem a pretensão de tudo saber e tudo ensinar. Porque as doutrinas que tudo ensinam, na verdade nada sabem.” (P. 170)
157. Não pensemos, porém, que o Espiritismo é doutrina estática, que não quer ir além. Pelo contrário, ele é doutrina dinâmica e avança sempre. Mas avança na medida do possível e do conveniente, com os pés na terra, para evitar a vertigem das alturas. “Na proporção em que crescermos moralmente – prestemos bem atenção a esta palavra: moralmente – o próprio Espiritismo, dentro das próprias obras de Kardec, desvelará novos mundos e novos ensinos aos nossos olhos. Mas, então, estaremos em condições de compreendê-los.” (P. 172)
158. Em conclusão: O espírita deve estudar constantemente as obras de Kardec, que são o fundamento do Espiritismo, e não deixar-se levar por fascinações da vaidade ou da ambição de saber o que não pode. (PP. 172 e 173)
159. O Espiritismo é a Religião em espírito e verdade, de que Jesus falou à mulher samaritana. Mas há espíritas que não compreendem isso e negam a religião espírita. “É possível tirarmos do Espiritismo a fé em Deus e a lei da caridade?” (P. 174)
160. Todo o problema, que tanta celeuma tem levantado entre alguns irmãos intelectuais, se resume na falta de compreensão do que seja religião. Os confrades antirreligiosos gastam tinta e papel em quantidade por quererem provar um absurdo. “Alegam que Kardec se recusou a chamar o Espiritismo de religião. Mas o próprio Kardec explicou por que o evitou – não se recusou, mas apenas evitou – chamar o Espiritismo de religião: não queria confundir uma doutrina de luz e liberdade com as organizações dogmáticas e fanáticas do mundo religioso.” (PP. 174 e 175)
161. Todo homem de cultura hoje compreende que religião não é igreja, mas sentimento. Henri Bergson ensinou que há dois tipos de religião: a social, que é dogmática e estática, e a individual, que é livre e dinâmica. Assim pensava também Henrique Pestalozzi, para quem a religião verdadeira é a Moralidade. Vemos aí um dos motivos por que Kardec dizia que o Espiritismo tem consequências morais, em vez de referir-se a consequências religiosas. “Hoje em dia, o Codificador não teria dúvida em falar de religião, porque o conceito atual de religião é muito mais amplo.” (PP. 175 e 176)
162. O Espiritismo tem três aspectos, como sabemos: o científico, no qual ele se apresenta como ciência de observação e investigação, tratando dos fenômenos espíritas; o filosófico, no qual procura interpretar os resultados da investigação científica e dar-nos uma visão nova do mundo; e o religioso, no qual nos ensina como aplicar, na vida prática, os princípios da filosofia espírita. “Queremos, acaso, ficar apenas nos princípios, sem aplicá-los?” (P. 176)

(1) Irmão Saulo é o pseudônimo usado nesta obra pelo conhecido escritor José Herculano Pires, tradutor do texto de Miguel Vives y Vives e autor da 2ª Parte da obra em estudo. As partes 13 e seguintes deste estudo são de sua autoria.

Respostas às questões preliminares

A. Qual a principal obrigação do espírita?
A obrigação principal do espírita, diz Irmão Saulo(1), é zelar pelo seu tesouro: a Doutrina Espírita. Para isso, temos de estudá-la e conhecê-la bem, pois, do contrário, como poderemos zelar por ela? “O Espiritismo – lembra ele – não é apenas uma eclosão mediúnica, não é somente manifestações de espíritos. É a Doutrina do Consolador, do Espírito da Verdade, do Paráclito, prometida e enviada pelo Cristo para nos orientar.” (O Tesouro dos Espíritas, 2ª Parte, Marcha para o Futuro, pp. 165 e 166.)
B. Que pensar dos que dizem que as obras de Kardec não trazem novidades e que há obras mais interessantes?
A respeito deles, diz Irmão Saulo: “Ah, pobres irmãos que não fazem conta da promessa do Senhor, que menosprezam a sua dádiva! Então o Senhor e Mestre nos promete o Consolador e no-lo envia, para agora o deixarmos de lado e corrermos como loucos atrás dos falsos profetas, dos falsos Cristos, dos falsos Kardecs, que enxameiam na vaidade humana?” Não temos o direito de pensar assim. O Espiritismo é a Verdade Maior que podemos conhecer, nesta fase evolutiva da Terra. O seu aparecimento foi preparado pelo Alto. Antes de Kardec encarnar-se, para cumprir a sua missão, já numerosos fatos espíritas ocorreram no mundo, predispondo-nos à compreensão do trabalho do Codificador. (Obra citada, pp. 168 e 169.)
C. É o Espiritismo religião?
Sim. O Espiritismo é a Religião em espírito e verdade, de que Jesus falou à mulher samaritana. Mas há espíritas que não compreendem isso e negam a religião espírita. “É possível tirarmos do Espiritismo a fé em Deus e a lei da caridade?” Todo o problema, que tanta celeuma tem levantado entre alguns irmãos intelectuais, se resume na falta de compreensão do que seja religião. Os confrades antirreligiosos gastam tinta e papel por quererem provar um absurdo. “Alegam que Kardec se recusou a chamar o Espiritismo de religião. Mas o próprio Kardec explicou por que o evitou – não se recusou, mas apenas evitou – chamar o Espiritismo de religião: não queria confundir uma doutrina de luz e liberdade com as organizações dogmáticas e fanáticas do mundo religioso.” (Obra citada, pp. 174 a 176.)

Observação:
Eis os links que remetem aos textos anteriores:




                                  
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quinta-feira, 30 de maio de 2019




A fé, suas acepções e importância

Este é o módulo 134 de uma série que esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura. 

Questões para debate

1. Como podemos conceituar a fé?
2. Que é fé cega? E que é fé raciocinada?
3. Existe diferença entre crença e fé?
4. É possível comunicar a fé a alguém por meio da imposição?
5. Jesus de Nazaré deixou-nos algum ensinamento acerca da fé e de sua importância?

Texto para leitura

A fé autêntica não fica estagnada em circunstância nenhuma
1. O vocábulo “fé” tem várias acepções. No sentido comum, significa a confiança do indivíduo em si mesmo, pois os que disso são dotados são capazes de realizações que pareceriam impossíveis àqueles que de si duvidam. Dá-se igualmente o nome de fé à crença nos dogmas dessa ou daquela religião, casos em que recebe adjetivação específica: fé cristã, fé judaica, fé católica etc.
2. Existe, por fim, a fé pura, a fé não sectária, que se traduz por uma segurança absoluta no amor, na justiça e na misericórdia de Deus. De todas as espécies de fé, esta é, sem dúvida, a mais sublime e também a mais difícil de ser encontrada, por constituir apanágio de poucas almas de escol, cujo aprimoramento vem de longo tempo.
3. Ter fé em Deus é guardar no coração luminosa certeza de que nosso Pai existe e não deixa ao desamparo nenhum dos seus filhos, convicção essa que ultrapassa o âmbito da simples crença religiosa. Conseguir fé é alcançar a possibilidade de não mais dizer: “eu creio”, mas sim: “eu sei”, com todos os valores da razão tocados pela luz do sentimento. 
4. Essa fé não fica estagnada em nenhuma circunstância da vida e sabe trabalhar sempre, intensificando a amplitude de sua iluminação, pela dor, pela responsabilidade, pelo esforço e pelo dever cumprido. Traduzindo a certeza na assistência de Deus, ela exprime a confiança que sabe enfrentar todas as lutas e os problemas, com a luz divina no coração.

Levada ao excesso, a fé cega pode produzir o fanatismo
5. Do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em dogmas especiais que distinguem as diferentes religiões e sob esse aspecto a fé pode ser raciocinada ou cega. A fé cega, como o próprio nome indica, tudo aceita sem verificação, tanto o verdadeiro quanto o falso, e pode, obviamente, a cada passo, chocar-se com a evidência e a razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo. Assentada no erro, cedo ou tarde desmorona. 
6. Somente a fé que se baseia na verdade garante a sua perenidade, porque nada teme do progresso das luzes, pois o que é verdadeiro na obscuridade também o é à luz meridiana. Duas condições requer a verdadeira fé. A primeira é não rejeitar a razão e poder ser, assim, raciocinada. A segunda condição é prender-se à verdade, sem jamais compactuar com a mentira.
7. Fato digno de nota é que a fé verdadeira não se conquista de uma hora para outra. Ela se adquire com o tempo, é fruto de experiências vivenciadas, embora pareça de algum modo inata em certas pessoas, nas quais uma centelha basta às vezes para desenvolvê-la, o que constitui sinal evidente de anterior progresso. Em outras pessoas, ao contrário, a dificuldade de ter fé é muito grande, um indício não menos evidente de uma natureza retardatária ou pelo menos refratária a isso.
8. Em seu livro O Consolador, Emmanuel estabelece uma distinção entre crer e ter fé. Crer diz respeito à crença. O ato de crer em alguma coisa demanda a necessidade do sentimento e do raciocínio para que a alma edifique a fé em si mesma. Inspiração divina, diferentemente da simples crença, a fé desperta todos os instintos nobres que encaminham o homem para o bem e, como tal, é a base da regeneração.

A fé não se prescreve nem se impõe, mas pode ser adquirida
9. Idêntico ensinamento encontramos no cap. VII – 2ª Parte do livro O Céu e o Inferno, de Kardec, no qual o guia da médium que serviu de intermediária no caso Xumene explicou por que o Espiritismo não torna imediatamente perfeitos nem mesmo os mais crentes adeptos: “A crença é o primeiro passo; vem em seguida a fé e a transformação por sua vez, mas, além disso, força é que muitos venham revigorar-se no mundo espiritual”. 
10. A fé sincera é empolgante e contagiosa. Comunica-se aos que não a têm ou mesmo não desejam tê-la. Encontra palavras persuasivas que vão à alma, ao passo que a fé aparente utiliza tão somente palavras sonoras que deixam frio e indiferente quem as escuta. 
11. É de Kardec este conhecido pensamento: “Fé inabalável somente o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade”. A importância da fé é destacada pelo codificador do Espiritismo em várias passagens de sua obra, como Jesus o fez em diversos momentos, como o trecho, anotado por Mateus, em que o Mestre afirmou a seus apóstolos que, se eles tivessem fé do tamanho de um grão de mostarda, diriam a uma montanha: “Transporta-te daí para ali” e ela seria transportada. 
12. “Tudo é possível àquele que tem fé”, ensinou Jesus, consoante lemos em Marcos, 9:23, afirmativa essa que demonstra a importância da fé em nossa vida e nos anima a tudo fazer por conquistá-la, certos de que, conforme asseverou Kardec, a fé não se impõe nem se prescreve, mas pode ser adquirida, não existindo ninguém que esteja impedido de possuí-la. Para crer é preciso, porém, compreender, porquanto – adverte o codificador do Espiritismo – a fé cega já não tem lugar em nosso mundo.

Respostas às questões propostas

1. Como podemos conceituar a fé?
O vocábulo “fé” tem várias acepções. No sentido comum, significa a confiança do indivíduo em si mesmo, pois os que disso são dotados são capazes de realizações que pareceriam impossíveis àqueles que de si duvidam. Dá-se igualmente o nome de fé à crença nos dogmas dessa ou daquela religião, casos em que recebe adjetivação específica: fé cristã, fé judaica, fé católica etc.
2. Que é fé cega? E que é fé raciocinada?
A fé cega, como o próprio nome indica, tudo aceita sem verificação, tanto o verdadeiro quanto o falso, e pode, obviamente, a cada passo, chocar-se com a evidência e a razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo. Assentada no erro, cedo ou tarde desmorona. A fé raciocinada é a que não rejeita a razão e prende-se à verdade, sem jamais compactuar com a mentira.
3. Existe diferença entre crença e fé?
Sim. No livro O Consolador, Emmanuel diz que crer diz respeito à crença. Inspiração divina, diferentemente da simples crença, a fé desperta todos os instintos nobres que encaminham o homem para o bem e, como tal, é a base da regeneração. Idêntico ensinamento encontramos no cap. VII – 2a Parte do livro O Céu e o Inferno, no qual o guia da médium que serviu de intermediária no caso Xumene diz que a crença é o primeiro passo; a fé virá em seguida e, por último, a transformação, mas para isso é preciso que muitos tenham de revigorar-se no mundo espiritual. 
4. É possível comunicar a fé a alguém por meio da imposição?
Não. Segundo Kardec, a fé não se impõe nem se prescreve, mas pode ser adquirida, não existindo ninguém que esteja impedido de possuí-la. Para crer é preciso, porém, compreender, porquanto – adverte o codificador – a fé cega já não tem lugar em nosso mundo.
5. Jesus de Nazaré deixou-nos algum ensinamento acerca da fé e de sua importância?
Sim. “Tudo é possível àquele que tem fé”, ensinou Jesus, consoante lemos em Marcos, 9:23, afirmativa essa que demonstra a importância da fé em nossa vida e nos anima a tudo fazer por conquistá-la.

Bibliografia:
O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, capítulo XIX, itens 1 a 11.
O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, 2a Parte, cap. VII.
Depois da Morte, de Léon Denis, pp. 258 a 262.
Páginas de Espiritismo Cristão, de Rodolfo Calligaris, p. 38.
O Espírito do Cristianismo, de Cairbar Schutel, p. 311.
O Consolador, de Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, questões 354 e 355.
Roteiro, de Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, pp. 51 a 53.
Palavras de Emmanuel, de Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, pp. 93 a 97.
O Espírito da Verdade, de Espíritos diversos, psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, pp. 70 e 71.
Após a Tempestade, de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo P. Franco, pp. 16 a 20.
Estudos Espíritas, de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo P. Franco, pp. 113 a 116.

Observação:
Eis os links que remetem aos 3 últimos textos:





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quarta-feira, 29 de maio de 2019



O alimento espiritual

Meimei

O professor lutava na escola com um grande problema. Os alunos começaram a ler muitas histórias de homens maus, de roubos e de crimes e passaram a viver em plena insubordinação.
Queriam imitar aventureiros e malfeitores e, em razão disso, na escola e em casa apresentavam péssimo comportamento.
Alguns pronunciavam palavrões, julgando-se bem-educados, e outros se entregavam a brinquedos de mau gosto, acreditando que assim mostravam superioridade e inteligência.
Esqueciam-se dos bons livros. Zombavam dos bons conselhos.
O professor, em vista disso, certo dia reuniu todas as classes para a merenda costumeira, apresentando uma surpresa esquisita. Os pratos estavam cheios de coisas impróprias, tais como pães envolvidos em lama, doces com batatas podres, pedaços de maçãs com tomates deteriorados e geleias misturadas com fel e pimenta.
Os meninos revoltados gritavam contra o que viam, mas o velho educador pediu silêncio e, tomando a palavra, disse-lhes:
– Meus filhos, se não podemos dispensar o alimento puro a benefício do corpo, precisamos também de alimento sadio para a nossa alma. O pão garante a nossa energia física, mas a leitura é a fonte de nossa vida espiritual. Os maus livros, as reportagens infelizes, as difamações e as aventuras criminosas representam substâncias apodrecidas que nós absorvemos, envenenando a vida mental e prejudicando-nos a conduta. Se gostamos das refeições saborosas que auxiliam a conservação de nossa saúde, procuremos também as páginas que cooperam na defesa de nossa harmonia interior, a fim de nunca fugirmos ao correto procedimento.
Com essa preleção, a hora da merenda foi encerrada. Os alunos retiraram-se cabisbaixos. E, pouco a pouco, a vida dos meninos foi sendo retificada, modificando-se para melhor.

Do livro Pai Nosso, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.





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terça-feira, 28 de maio de 2019




Há a transformação natural

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Numa dessas tardes mais tranquilas de sábado, visitava uma parente; momentos distintos do cotidiano corrido. E eu conversava com essa tia-avó, alcançando os seus 94 anos de “luta”, pensei eu, na verdade, ela me disse que esse tempo era de vida.
As histórias antigas são protagonistas nesses encontros, aliás, das quais muito gosto e ouço, atenta, quantas vezes renascerem no assunto. As memórias são bens irrevogáveis do espírito. Que bom! As boas, para encher o coração e as imaturas, como reflexão para o caminho novo.
Deitada em sua cama e segurando a minha mão, a senhora, quase secular, me falou algo bastante interessante:
− Quanto mais velhos, mais nos parecemos com um cristal, com uma casquinha de ovo.
Foi a comparação feita diante da delicadeza em que o corpo físico se transforma. E me falou com propriedade, visto que estava ali deitada porque se recuperava de uma inofensiva queda na qual quebrara o quadril.
Mesmo assim era com suavidade que aquela tia-avó se expressava.
E hei de concordar quanto à comparação por ela refletida; parecida com um cristal, pois seu semblante se apresentava com valorosa, transparente e leve alva e quanto à casca de ovo, aí, sim, fazia referência ao enfraquecimento natural do corpo.
Aqueles olhos azuis denotavam a profundidade de sua essência, o longo caminho desbravado, a sede de ainda mais querer a vida. Aquela voz agradável era o reflexo do seu interior calmo, esperançoso, feliz. Ainda deixava à vista que envelhecer nada mais é que a confirmação de mais uma oportunidade, nos canteiros, de plantar flores e fazer algo melhor ao lado de companheiros que, não necessariamente, sejam a família.
Visitas a parentes que não se têm muito contato são mais longas; o acúmulo de notícias é maior. Mas mesmo assim, há o momento da despedida. Abraços calorosos, pois, normalmente, esses parentes só nos viram na infância e agora estamos, assim, adultos.
Quando me despedi da senhora de 94 primaveras, senti o pulso do vigor real, aquela energia que o espírito traz, a alegria cheia de cores significando que na velhice, o desgaste volta-se ao corpo, mas a alma deve sempre estar com o frescor da vida.

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/







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segunda-feira, 27 de maio de 2019





Da série de erros frequentes no uso do idioma português, eis mais cinco exemplos:
1. Amigo, é cedo ainda. Não se vai; fica mais um pouco.
O correto: Amigo, é cedo ainda. Não se vá; fique mais um pouco.
Explicação: O erro advém do desconhecimento de como é formado o imperativo dos verbos utilizados no texto acima.
2. No parque central tem muitas árvores centenárias.
O correto: No parque central há muitas árvores centenárias. [Outra opção: No parque central existem muitas árvores centenárias.]
Explicação: Os verbos haver e existir são os mais indicados em frases assim.
3. Os demais desejavam se beneficiar da nossa ausência.
O correto: Os demais desejavam beneficiar-se da nossa ausência.
Explicação: Embora ignorada com frequência no português praticado no Brasil, a norma culta pede-nos que nas locuções verbais os pronomes oblíquos átonos não fiquem soltos entre os verbos.
4. A mãe, antes de sair, pediu ao filho para cuidar do avô.
O correto: A mãe, antes de sair, pediu ao filho que cuidasse do avô. [Outra opção: A mãe, antes de sair, pediu ao filho cuidar do avô.]
Explicação: A parte final do texto – “cuidar do avô” – é objeto direto de “pediu”. Não pode, pois, ser antecedida da preposição “para”, que não cabe em frases desse tipo.
5. O rapaz saiu de casa decidido a viajar pelo país a fora.
O correto: O rapaz saiu de casa decidido a viajar pelo país afora.
Explicação: O termo “afora”, seja como preposição, seja como advérbio, é escrito numa só palavra.




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domingo, 26 de maio de 2019




O amor cobre a multidão dos pecados

De vez em quando reaparece em nosso meio uma velha questão acerca da chamada pena de talião. Ela continua existindo ou foi revogada por Jesus?
A pena de talião, que outros chamam de lei de talião, consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena, apropriadamente chamada retaliação. Essa lei é frequentemente expressa pela máxima “olho por olho, dente por dente”.
Trata-se de uma das mais antigas leis existentes em nosso mundo, cuja origem encontramos no Código de Hamurabi, em 1780 a.C., na Babilônia. Moisés, algum tempo depois, a consagrou em Israel.
Conforme se lê na questão 764 de O Livro dos Espíritos, a pena de talião, tal como era aplicada na antiguidade, não mais vigora. O que vigora no mundo é, em verdade, a justiça de Deus e é, obviamente, Deus quem a aplica. Conhecida na doutrina espírita como lei de causa e efeito, ela aparece no Evangelho resumida numa frase que Jesus disse ao apóstolo Pedro: “Pedro, guarda a espada, porque todo aquele que matar com a espada perecerá sob a espada”.
O rigor de tal pena pode, contudo, ser suavizado por uma outra lei que se tornou conhecida graças ao citado apóstolo: “O amor cobre a multidão dos pecados”, frase que integra a 1ª Epístola de Pedro, cap. 4, versículo 8, o que significa que muitas pessoas podem alterar o mapa de sua vida amando, ajudando, fazendo o bem, uma ideia que Divaldo Franco resumiu numa frase bem conhecida: “O bem que fazemos anula o mal que fizemos”.
O tema foi examinado por Allan Kardec no texto intitulado “Código Penal da Vida Futura”, que faz parte do cap. VII da 1ª Parte do livro O Céu e o Inferno.
Segundo o Codificador, quando o assunto é a regeneração de quem lesou o próximo, o arrependimento, embora seja o primeiro passo, não basta. É preciso ajuntar ao arrependimento a expiação e a reparação. Arrependimento, expiação e reparação constituem, pois, as condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências.
O arrependimento, afirma Kardec, suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; mas somente a reparação pode anular o efeito, destruindo-lhe a causa. Não fosse assim, o perdão seria uma graça, não uma anulação.
Quando Pedro escreveu a epístola a que nos reportamos, ele certamente se referia à expiação, que pode ser perfeitamente amenizada e até excluída pela prática do bem e da caridade, que são a expressão maior do amor. Na literatura espírita encontramos diversos exemplos disso. Muitas vezes a pessoa deveria perder um braço inteiro, em face de um delito cometido no passado, e perde apenas um dedo. No tocante à reparação, isso, porém, não se dá.
Lembremos o que Kardec escreveu a respeito:

“A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal. Quem não repara os seus erros numa existência, por fraqueza ou má vontade, achar-se-á numa existência ulterior em contato com as mesmas pessoas que de si tiverem queixas, e em condições voluntariamente escolhidas, de modo a demonstrar-lhes reconhecimento e fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito. Nem todas as faltas acarretam prejuízo direto e efetivo; em tais casos a reparação se opera, fazendo-se o que se deveria fazer e foi descurado; cumprindo os deveres desprezados, as missões não preenchidas; praticando o bem em compensação ao mal praticado, isto é, tornando-se humilde se foi orgulhoso, amável se foi austero, caridoso se foi egoísta, benigno se foi perverso, laborioso se foi ocioso, útil se foi inútil, frugal se foi intemperante, trocando em suma por bons os maus exemplos perpetrados”. (O Céu e o Inferno, 1ª Parte, cap. VII.)

O importante, no entanto, é que tudo isso pode ser feito não necessariamente debaixo de um grande sofrimento, em face do abrandamento lembrado em boa hora pelo apóstolo Pedro, sintetizado na frase: “O amor cobre a multidão dos pecados”.





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