terça-feira, 30 de setembro de 2025

 



Trabalhador da luz

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

 

Há muito trabalho a fazer; há muito bem a criar; há tanta lágrima a secar; há amparo a doar; há agradecimento e pedido a orar; há uma vida a viver e milhares a salvar. O trabalho não é para quando o instrumento estiver pronto, mas para quanto antes iniciar. O que nos prejudica é o adiamento para realizar o bem, é aguardar o dia propício para progredir; o progresso brada por crescimento, reforma, renovação, e é para agora o tempo todo.

Não importa o que o outro indivíduo tenha feito, pois os sublimes ensinamentos de Jesus mostram que o Mestre abraçava com carinho e importância todos os que necessitavam de ajuda. Ininterruptamente, as pessoas precisam de apoio espiritual, mental e físico. Desde um olhar carinhoso até uma feliz atitude, a bênção da bondade está ativa e o número de boas realizações sinônimo de vidas amparadas apenas se comprova que todos os seres podem contribuir para a essência do amor.

E, ainda, mesmo quando não percebemos, somos nós os mais amparados quando ajudamos. A bondade em prática cura o ser amparador antes do ser amparado, porque a doação dos bons fluidos nasce e permanece em nós, por meio da energia divina. Em qualquer etapa da vida, a atitude mais reta e iluminada é a de servir por sermos já primeiramente servidos.

Quanto mais assimilamos a necessidade de amparar, mais também passamos a compreender a vida. À medida que estamos abertos ao trabalho de servir, assim vamos nos capacitando, porque só aprende e progride exercitando; teorias existem para que a realização aconteça, e se não houver teoria para tudo, ainda assim, a prevalência da vontade e da determinação já está amparando vidas.

A frase “quando eu tiver condições farei algo por alguém” é sinônima da frase “provavelmente nunca farei” e continuará a sofrer. Conforme o egoísmo enfraquece, a harmonia começa a chegar ao coração e a expandir, porque quando realizamos o que agrada ao espírito, o nosso ser, que é eterno, começa a ser alimentado. E como reconhecemos o bom alimento para o espírito? A resposta não poderia ser outra: tudo o que deixa o espírito em paz, feliz e mais completo.

Todos podem doar amor e são inúmeras as maneiras para essa doação. O que retarda o progresso é estabelecer normas e teorias demais para fazer o bem, pois para a sua realização não existe tempo, local, forma nem seres determinados, apenas a vontade de ser mais luz em vez de continuar escuridão.

 

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/

 

 


 


 

To read in English, click here:  ENGLISH
Para leer en Español,  clic aquí:  ESPAÑOL
Pour lire en Français, cliquez ici:  FRANÇAIS
Saiba como o Blog funciona clicando em COMO CONSULTAR O BLOG

 

 

 

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

 



A conta da vida

 

Neio Lúcio (Espírito)

 

Quando Levindo completou vinte e um anos, a mãezinha recebeu-lhe os amigos, festejou a data e solenizou o acontecimento com grande alegria.

No íntimo, no entanto, a bondosa senhora estava triste, preocupada.

O filho, até à maioridade, não tolerava qualquer disciplina. Vivia ociosamente, desperdiçando o tempo e negando-se ao trabalho. Aprendera as primeiras letras a preço de muita dedicação materna, e lutava contra todos os planos de ação digna.

Recusava bons conselhos e inclinava-se, francamente, para o desfiladeiro do vício.

Nessa noite, todavia, a abnegada mãe orou, mais fervorosa, suplicando a Jesus o encaminhasse à elevação moral. Confiou-o ao Céu, com lágrimas, convencida de que o Mestre Divino lhe ampararia a vida jovem.

As orações da devotada criatura foram ouvidas, no Alto, porque Levindo, logo depois de arrebatado pelas asas do sono, sonhou que era procurado por um mensageiro espiritual, a exibir largo documento na mão. Intrigado, o rapaz perguntou-lhe a que devia a surpresa de semelhante visita.

O emissário fitou nele os grandes olhos e respondeu:

— Meu amigo, venho trazer-te a conta dos seres sacrificados, até agora, em teu proveito.

Enquanto o moço arregalava os olhos de assombro, o mensageiro prosseguia:

— Até hoje, para sustentar-te a existência, morreram, aproximadamente, 2.000 aves, 10 bovinos, 50 suínos, 20 carneiros e 3.000 peixes diversos. Nada menos de 60.000 vidas do reino vegetal foram consumidas pela tua, relacionando-se as do arroz, do milho, do feijão, do trigo, das várias raízes e legumes. Em média calculada, bebeste 3.000 litros de leite, gastaste 7.000 ovos e comeste 10.000 frutas. Tens explorado fartamente as famílias de seres do ar e das águas, de galinheiros e estábulos, pocilgas e redis. O preço dos teus dias nas hortas e pomares vale por uma devastação. Além disto, não relacionamos aqui os sacrifícios maternos, os recursos e doações de teu pai, os obséquios dos amigos e as atenções dos vários benfeitores que te rodeiam. Em troca, que fizeste de útil? Não restituíste ainda à Natureza a mínima parcela de teu débito imenso. Acreditas, porventura, que o centro do mundo repousa em tuas necessidades individuais e que viverás sem conta nos domínios da Criação? Produze algo de bom, marcando a tua passagem pela Terra. Lembra-te de que a própria erva se encontra em serviço divino. Não permitas que a ociosidade te paralise o coração e desfigure o espírito!…

O moço, espantado, passou a ver o desfile dos animais que havia devorado e, sob forte espanto, acordou…

Amanhecera. O Sol de ouro como que cantava em toda parte um hino glorioso ao trabalho pacífico.

Levindo escapou da cama, correu até à genitora e exclamou:

— Mãezinha, arranje-me serviço! Arranje-me serviço!…

— Oh! Meu filho, — disse a senhora num transporte de júbilo, — que alegria! Como estou contente!… Que aconteceu?

E o rapaz, preocupado, informou:

— Nesta noite passada, eu vi a conta da vida.

Daí em diante, converteu-se Levindo num homem honrado e útil.

 

Do livro Ideias e ilustrações, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

 




 


To read in English, click here:  ENGLISH
Para leer en Español,  clic aquí:  ESPAÑOL
Pour lire en Français, cliquez ici:  FRANÇAIS
Saiba como o Blog funciona clicando em COMO CONSULTAR O BLOG

 

 


domingo, 28 de setembro de 2025

 



  Embora sejam meras provas, riqueza e pobreza têm objetivos diferentes

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Vez por outra alguém nos pergunta: – Se riqueza e pobreza são provas, qual delas é a mais difícil?

Não há dúvida. Riqueza e pobreza nada mais são que provas pelas quais o Espírito necessita passar, tendo em vista um objetivo mais alto, que é o seu progresso.

Deus concede a uns a prova da riqueza, e a outros a da pobreza, para experimentá-los de modos diferentes. Aliás, essas provas são, com frequência, escolhidas pelos próprios Espíritos, que, infelizmente, nelas geralmente sucumbem.

Ambas são provas muito difíceis, porque, se na pobreza o Espírito pode ser tentado à revolta e à blasfêmia contra o Criador, na riqueza expõe-se ele ao abuso dos bens que Deus lhe empresta, deturpando, com esse comportamento, os objetivos traçados em sua programação reencarnatória.

Espíritos evoluídos e os que, mesmo imperfeitos,  compreendem o significado da lei de causa e efeito, podem solicitar a prova da pobreza como oportunidade para o acrisolamento de qualidades ou a realização de certas tarefas que a riqueza certamente prejudicaria. Em muitos casos, também, o mau uso da fortuna em uma anterior existência pode levar o Espírito a pedir a oportunidade de reencarnar numa condição oposta, com o que espera reparar abusos cometidos e pôr-se a salvo de novas tentações.

A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação.

A riqueza é, para os que a usufruem, a prova da caridade e da abnegação.

É preciso que entendamos – e jamais esqueçamos – que a existência corpórea é passageira e que a morte do corpo priva o homem de todos os recursos materiais de que eventualmente disponha no plano terráqueo.

Pobres e ricos voltam, pois, à vida espiritual em idênticas condições, o que mostra que a posição social do rico ou do pobre não passa de uma expressão transitória.

Compreendamos, no entanto, que nenhuma das duas constitui obstáculo à chamada salvação. Se isso ocorresse, Deus, que as concede, teria dado a seus filhos um instrumento de perdição, ideia que repugna à razão.

Concluindo, com respeito à prova da riqueza, não é difícil perceber que, pelas tentações que gera e pela fascinação que exerce, constitui ela uma prova muito arriscada e certamente mais perigosa.

 

 

Nota do Autor:

Para ler o texto publicado no domingo anterior, clique em: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/09/apontamentos-relativos-obsessao-e-seu.html

 

 

 

 

 

 

To read in English, click here:  ENGLISH
Para leer en Español,  clic aquí:  ESPAÑOL
Pour lire en Français, cliquez ici:  FRANÇAIS
Saiba como o Blog funciona clicando em COMO CONSULTAR O BLOG