Pátria do Evangelho, para
onde caminhas?
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Uma leitora de
Minas Gerais escreveu-me o seguinte:
“Amigo,
bom dia! Tenho uma pergunta! Li o livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do
Evangelho. Aprendi que nosso país tem um perfil e um planejamento, mas vi
também que uma nação, assim como um indivíduo, tem seu livre-arbítrio. Como se
explica todo esse processo da atual política brasileira? Era realmente para ser
como está? Não sou partidário, nem fã de político algum. Eu gostaria de saber
sob a luz da doutrina! Abraços! Paz e luz!”
A essa pergunta poderíamos, de nossa parte, acrescentar:
Por que tanta corrupção? por que tantos desmandos? por que tantos abusos? por
que tanta incompetência e falta de comprometimento da parte de quem deveria
governar com sabedoria os destinos do país?
Admitindo, apenas para argumentar, a veracidade do que
Humberto de Campos expôs em seu livro, fica claro, desde o diálogo inicial
entre Jesus e Helil, reproduzido no livro, que a ideia primeira, com o
povoamento que se seguiu à chegada de Pedro Álvares Cabral, era constituir em
nosso país uma nação imbuída de novos ideais, sem o histórico de guerras, de
intrigas e de mazelas outras que caracterizavam a velha Europa.
Do descobrimento do país até 1889, quando foi proclamada
a República, a condução do Brasil teria estado – segundo relata Humberto de
Campos – sob as rédeas do plano espiritual, algo que é difícil compreender
quando lembramos que foi exatamente em tal período que se instalou e reinou
soberano no país o lamentável regime de escravidão e em que os povos indígenas
que aqui viviam foram praticamente dizimados.
Admitamos, no entanto, que o autor do livro não se tenha
equivocado. Sendo assim, relembremos o que a obra em foco nos apresenta no
capítulo intitulado “A República”, no qual o autor reproduz uma interessante
mensagem atribuída a Jesus:
"Irmãos, a Pátria do Evangelho atinge agora a sua
maioridade coletiva. Profundas transições assinalarão a sua existência social e
política. Uma nação que alcança a sua maioridade é a responsável legítima e
direta por todos os atos comuns que pratica, no concerto dos povos do planeta.
Necessário é separemos agora o organismo político do Brasil dos alvitres
permanentes e constantes do mundo espiritual, para que todos os seus
empreendimentos sejam devidamente valorizados. À maneira dos indivíduos, as
pátrias têm, igualmente, direito à mais ampla liberdade de ação, uma vez
atingido o plano dos seus raciocínios próprios.
“Acompanharemos, indiretamente, o Brasil, onde as
sementes do Evangelho foram jorradas a mancheias, a fim de que o seu povo,
generoso e fraternal, possa inscrever mais tarde a sua gloriosa missão
espiritual nas mais belas páginas da civilização, em o livro de ouro dos
progressos do mundo. Seus votos evolutivos, no que se refere às instituições
sociais e políticas, serão carinhosamente observados por nós, de maneira a não
serem obstadas as deliberações das suas autoridades administrativas no plano
tangível da matéria terrestre; mas, como o reino do amor integral e da verdade
pura ainda não é do orbe terreno, urge reformemos também as nossas atividades,
concentrando-as na obra espiritual da evangelização de todos os espíritos localizados
na região do Cruzeiro.
“A proclamação da República Brasileira, como índice da
maioridade coletiva da nação do Evangelho, há de fazer-se sem derramamento de
sangue, como se operaram todos os grandes acontecimentos que afirmaram, perante
o mundo, a Pátria do Cruzeiro, os quais se desenvolveram sob a nossa imediata
atenção. Doravante, o Brasil político será entregue à sua responsabilidade
própria.”
Conforme é dito com absoluta clareza na mensagem acima, a
partir de novembro de 1889 saiu de cena a cobertura espiritual, quando os
condutores espirituais da República decidiram dar um tempo, e o país passou à
responsabilidade direta, e sem nenhuma tutela, dos próprios brasileiros.
Terão as coisas melhorado?
Do ponto de vista material, parece-nos que sim. Para isso
a ciência e as inovações tecnológicas contribuíram de forma efetiva e
inquestionável.
Quanto ao desenvolvimento moral, social e político, há
controvérsias, e a própria observação feita pela leitora, a que nos reportamos
no preâmbulo, indica isso.
Perguntaram certa vez ao professor José Raul Teixeira
como conciliar a existência da escravidão no Brasil por tanto tempo com o fato
de ter sido o país colonizado sob a égide do Cristianismo e com o título, que
Humberto de Campos (Espírito) lhe atribuiu, de coração do mundo e pátria do
Evangelho.
Raul, com a objetividade que lhe é característica,
respondeu:
“O Cristianismo do Cristo muito se distingue do
cristianismo dos cristãos. Assim é que tantos abusivos atos foram e são
cometidos em nome do Cristianismo, sem que se especificasse tratar-se do
segundo. Na alusão de Humberto de Campos encontramos a mesma gravidade da
previsão de Jesus, ao afirmar que a Terra seria o mundo renovado do porvir,
quando no mundo encontramos, ainda, toda sorte de loucuras, guerras e
materialismo, e que, como o Brasil, espera no tempo as possibilidades de
alcançar o seu destino traçado no Mais Além.” [A entrevista de que foi extraída a resposta acima pode
ser lida na íntegra clicando-se neste link: http://www.oconsolador.com.br/5/entrevista.html]
Em face de tudo o que acima foi dito, é bastante válido,
pois, perguntar: Pátria do Evangelho, para onde
caminhas?
Alguém, porventura, sabe dar-nos a resposta?
Nota do Autor:
Para ler o texto publicado no domingo anterior, clique em:
https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/08/a-existencia-dos-meninos-prodigios-e.html
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