Roteiro
Emmanuel
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Tentando definir a mediunidade, podemos ainda interpretá-la como sendo a capacidade de fazer-se alguém intermediário entre pessoas e regiões distintas. E assim como existem agentes de variada espécie para variados assuntos da vida humana, temos medianeiros de especialidades múltiplas para a vida espiritual.
Informados
hoje de que a morte física não expressa sublimação, não podemos assim admitir
que o desenvolvimento das faculdades psíquicas constitua, só por si, credencial
de superioridade.
Daí,
o imperativo de fixarmos no aprimoramento pessoal a condição primária do êxito,
em qualquer tarefa de intercâmbio.
Aqui,
encontramos clarividentes notáveis e além somos defrontados por excelentes
médiuns falantes, mas se aquele que vê não possui discernimento para o esforço
de seleção e se aquele que se faz portador do verbo não consegue auxiliar a
obra de esclarecimento construtivo, o trabalho de transmissão sofre
naturalmente consideráveis prejuízos, desajudando ao invés de ajudar.
Nesse
sentido, somos obrigados a reconhecer que o espírito do Cristianismo jamais foi
alterado, em sua pureza essencial, mas os representantes ou medianeiros dele,
no curso dos séculos, impuseram-lhe cultos, interpretações, aspectos e
atividades, simplesmente artificiais.
O
médium de agora deve exprimir-se em mais altos níveis.
Acham-se,
frente a frente, os dois grandes grupos da Humanidade — encarnados e
desencarnados — e, em ambos, persistem os “altos e baixos” do mundo moral…
Se
o intermediário entre eles não se aperfeiçoa, convenientemente, permanece na
posição do aprendiz retardado, por tempo indefinível, nas letras iniciantes,
quando lhe constitui obrigação avançar sempre, na direção da sabedoria.
O
artista é o representante da música.
O
violino é o instrumento.
Mas
se o violino aparece irremediavelmente desajustado, como revelar-se o portador
da melodia?
A
força elétrica é o reservatório de poder.
A
lâmpada é o recipiente da manifestação luminosa.
Mas
se a lâmpada estiver quebrada, como aproveitar a energia para expulsar as
trevas?
O
benfeitor espiritual é o mensageiro da perfeição e da beleza.
O
homem é o veículo de sua presença e intervenção.
Todavia,
se o homem está mergulhado no desespero ou no desalento, na indisciplina ou no
abuso, como desempenhar a função de refletor dos emissários divinos?
Há
muita gente que se reporta ao automatismo e à inconsciência nos estudos da
mediunidade, perfeitamente cabíveis no círculo dos fenômenos. Não podemos
olvidar, entretanto, que o serviço de elevação exige esforço e boa vontade,
vigilância e compreensão daquele que o executa, a fim de que a tarefa
espiritual se sustente em voo ascensional para os cimos da vida.
Por
esse motivo, quem se disponha a cooperar em semelhante ministério, precisará
buscar no bem a sua própria razão de ser.
Amando,
arrancamos no caminho as mais belas notas de simpatia e fraternidade, que
constituem vibrações positivas de auxílio e apoio, na edificação que nos
compete efetuar.
A
bondade e o entendimento para com todos representam o roteiro único para
crescermos em aprimoramento dos dons psíquicos de que somos portadores, de modo
a assimilarmos as correntes santificantes dos Planos superiores, em marcha para
a consciência cósmica.
Não
há bom médium, sem homem bom.
Não
há manifestação de grandeza do Céu, no mundo, sem grandes almas encarnadas na
Terra.
Em
razão disso, acreditamos que só existe verdadeiro e proveitoso desenvolvimento
psíquico, se estamos aprendendo a estudar e servir.
[1]
O Livro dos Médiuns, 200-218.
Nota:
O livro Roteiro, psicografado pelo médium Chico Xavier, foi publicado
inicialmente pela editora da FEB em 1952.
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