Meu
caro Amarílio Sá,
O
que há na obsessão
Vista
do lado de cá.
Posso
informar a você
Que
estes casos tais quais são,
Seja
na Terra ou no Além,
São
assuntos de paixão.
O
ódio é amor selvagem,
No
que exige e não alcança,
Afeto
quando egoísta
Insatisfeito
é vingança.
Orgulho
é amor a si mesmo,
De
maneira desastrada.
Ciúme
— amor possessivo
Que
fere a pessoa amada.
Vaidade
— amor ao poder,
Na
indiferença ante o bem,
Opinião
que domina
E
não atende a ninguém.
Desencarnando
na Terra
Estamos
por dentro a sós,
Por
isto, a morte revela
O
que trazemos em nós.
Espírito
libertado
Sem
dúvida e sem talvez,
De
imediato no Além,
Está
naquilo que fez.
Em
razão disto, meu caro,
Céu
ou luz, algema ou lama,
Desencarnando,
a pessoa
Tem
aquilo que mais ama.
Há
quem se agarre com gente,
Com
sítios, nomes, partidos,
Empresas,
casas, remorsos
E
sombras de tempos idos.
São
muitos os casos tristes
Nessa
larga desventura,
Porque
a lei manda se ache
Aquilo
que se procura.
Você
recorda João Nico:
Envenenou
Maristela;
Morreu,
mas vive na roça,
Chorando
na casa dela.
Perfurado
por Toninho,
Finou-se
Joaquim da Torra,
Mas
Joaquim desesperado
Vive
atolado em desforra.
Caçava
como ninguém
Nosso
amigo Merengueiro.
Largando
o corpo na Terra,
Anda
atrás do perdigueiro.
Nicósio
viveu colado
A
grande barril de pinga.
Morreu
e bebe sem pausa,
E
grita, blasfema e xinga.
Sempre
agarrada a conforto,
Faleceu
Joaquina Fraza,
Mas
vive atrelada à cama
E
espanta o povo da casa.
Escravizado à fazenda,
Quintino
de Maritacas,
Sem
corpo, vive no campo,
Cuidando
de bois e vacas.
Presa
às tarefas de granja,
Desencarnou
Mariquinhas…
De
tanto gostar de frangos
Vive
assombrando as galinhas.
Ligado
às antiguidades,
Lá
se foi Marcos Dirceu.
Hoje
encontrei-o na sombra:
É
um fantasma de museu.
Obsessão,
meu amigo,
Traçada
em linhas gerais,
É
sempre desequilíbrio
No
apego quando é demais.
No
assunto, lembre Jesus
Na
luminosa lição:
—
“Onde se guarda um tesouro,
Tem-se
aí o coração”.
Do
livro Conversa firme, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido
Xavier.
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