Os fundamentos do Espiritismo têm sido
fortalecidos e não enfraquecidos com o passar dos anos
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Uma leitora escreveu-nos o seguinte:
“Qual é, na
verdade, a posição de Allan Kardec com relação aos ensinamentos espíritas face
ao avanço da ciência? Se a doutrina dos espíritos ficar estagnada no que foi
estabelecido em meados do século 19, existe algum perigo de se ver
ridicularizada ou paralisada no tempo, como acontece com determinadas igrejas
que parecem agir na contramão do progresso científico?”
São duas as
proposições apresentadas pela leitora.
Quanto à posição
de Kardec com relação ao avanço científico, eis o que ele escreveu:
“O Espiritismo
(...) não estabelece como princípio absoluto senão o que se acha evidentemente
demonstrado, ou o que ressalta logicamente da observação. Entendendo com todos
os ramos da economia social, aos quais dá o apoio das suas próprias
descobertas, assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer
ordem que sejam, desde que hajam assumido o estado de verdades práticas e
abandonado o domínio da utopia, sem o que ele se suicidaria. Deixando de ser o
que é, mentiria à sua origem e ao seu fim providencial. Caminhando de par com o
progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas
lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria
nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.” (A Gênese,
cap. I, item 55.)
O entendimento
acima foi reiterado pelo codificador da doutrina espírita em outro momento da
mesma obra, quando, linhas adiante, afirmou que as religiões, e não apenas a
doutrina espírita, devem caminhar lado a lado com a Ciência.
Em um texto que
ele inseriu no cap. IV, Kardec lembra que as religiões jamais ganharam coisa
alguma em sustentar erros manifestos.
O raciocínio é
muito simples. A missão da Ciência é descobrir as leis da Natureza. Ora, sendo
essas leis obra de Deus, não podem ser contrárias às religiões que se baseiem
na verdade. Dessa forma, lançar anátema ao progresso, por atentatório à
religião, é lançá-lo à própria obra de Deus.
Trata-se, aliás,
de um trabalho inútil porque nem todos os anátemas do mundo são capazes de
obstar a que a Ciência avance e a verdade abra caminho. Se a Religião se nega a
avançar com a Ciência, esta avançará sozinha.
Somente as religiões
estacionárias podem, pois, temer as descobertas da Ciência, as quais só são
funestas àquelas que se deixam distanciar pelas ideias progressistas,
imobilizando-se no absolutismo de suas crenças. Agindo assim, demonstram fazer
mesquinha ideia da Divindade, visto que não compreendem que assimilar as leis da Natureza, que a Ciência revela, é
glorificar a Deus em suas obras. (Cf. A Gênese, cap. IV, itens 9 e
10.)
Quanto à segunda
proposição, entendemos que é um exagero dizer que o Espiritismo possa ser um
dia ridicularizado pela Ciência, uma vez que seus fundamentos,
ao contrário, têm sido fortalecidos e não enfraquecidos com o passar dos anos.
Imortalidade da
alma, pluralidade das existências, comunicação com os mortos, existência de
vida em outros mundos – são princípios fundamentais do Espiritismo que ganham a
cada dia novos adeptos, pela força dos fenômenos e pelo avanço do conhecimento
científico. As pesquisas conduzidas seriamente, os filmes, as novelas, as
séries de TV, livros de autores encarnados e desencarnados, tanto quanto os
congressos na área médico-espírita, provam isso.
Não podemos
ignorar que a Doutrina Espírita foi codificada há mais de 160 anos em uma época
em que nem luz elétrica havia. Surgiram depois disso a eletrônica, a teoria da
relatividade, a física quântica, o avião, as viagens espaciais, a TV, o cinema,
o rádio, o computador, a internet...
Nada, porém, foi
capaz de balançar um só dos fundamentos espíritas, contrariamente ao que ocorre
com as chamadas religiões dogmáticas, que têm
dificuldade em conciliar seus dogmas com o avanço vertiginoso do conhecimento
científico e tecnológico.
Nota do Autor:
Para ler o texto
publicado no domingo anterior, clique em: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/10/apanagio-do-ser-humano-o-livre-arbitrio.html
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