A perturbação post
mortem depende do nosso grau de elevação
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Sabe-se que após a desencarnação muitos Espíritos vagam por dias,
anos e até décadas sem rumo e sem perceber que faleceram.
Em face disso, muitos perguntam: - Por
que isso acontece, se todos temos um anjo guardião ou amigos e parentes que
desencarnaram primeiro e que certamente poderiam orientá-los?
Para
compreendermos o fato, lembremos que, segundo os ensinamentos espíritas, a
duração da perturbação pós-morte depende do grau de elevação de cada um. O
Espírito purificado reconhece-se quase imediatamente, enquanto o homem carnal –
pessoa excessivamente apegada às coisas materiais, cuja consciência ainda não
está pura – guarda por muito mais tempo a impressão da matéria.
O assunto
é tratado em minúcias nas questões 164 e 165 d´O Livro dos Espíritos.
Em
nota aposta em seguida à questão 165, Allan Kardec diz que por ocasião da morte
tudo, a princípio, é confuso. De algum tempo precisa a alma para entrar no conhecimento
de si mesma. Ela se acha como que aturdida, no estado de uma pessoa que
despertou de profundo sono e procura orientar-se sobre sua situação. A lucidez
das ideias e a memória do passado lhe voltam, à medida que se apaga a
influência da matéria que ela acaba de abandonar e se dissipa a espécie de
névoa que obscurece seus pensamentos.
Como
se percebe, variável é o tempo que dura a perturbação post mortem. Pode ser de algumas horas, como também de muitos meses
e até de muitos anos. As pessoas que, desde sua passagem pela Terra, se
identificaram com o estado futuro que as aguardava são aquelas em quem a perturbação
menos longa é, porque elas compreendem imediatamente a posição em que se
encontram.
Outro
fato que tem grande influência no estado de perturbação é o gênero de morte. Nos
casos de morte violenta, por suicídio, acidente, apoplexia e acontecimentos assemelhados,
o Espírito fica surpreendido, espantado e não acredita estar morto. Se alguém
lhe disser que seu corpo morreu, não acreditará e sustentará, de forma
veemente, que continua vivo.
Existe,
portanto, uma limitação normal à ação dos protetores e amigos e há casos –
aliás, muitos casos – em que o Espírito tão perturbado está que nem enxerga os
familiares desencarnados que dele se aproximam.
Em
tal estado, situações existem em que o Espírito se acerca das pessoas ainda reencarnadas
a quem estima, fala-lhes e não entende por que elas não lhe respondem. Se
levado pelo seu protetor espiritual a uma sessão mediúnica, é exatamente isso
que ele diz ao esclarecedor, imaginando que seus familiares não querem
conversar com ele por algum motivo que ele ignora.
Essa
ilusão prolonga-se até que se dê o completo desprendimento do Espírito. Só
então ele se reconhece como tal e passa a compreender que não pertence mais ao
número dos chamados vivos; contudo, para que isso ocorra, é indispensável o
concurso do tempo.
Apesar
de curioso e aparentemente inexplicável, o fenômeno explica-se facilmente.
Vejamos
como Allan Kardec se refere ao tema:
“Surpreendido
de improviso pela morte, o Espírito fica atordoado com a brusca mudança que
nele se operou; considera ainda a morte como sinônimo de destruição, de aniquilamento.
Ora, porque pensa, vê e ouve, tem a sensação de não estar morto. Mais lhe
aumenta a ilusão o fato de se ver com um corpo semelhante, na forma, ao
precedente, mas cuja natureza etérea ainda não teve tempo de estudar. Julga-o
sólido e compacto como o primeiro e, quando se lhe chama a atenção para esse
ponto, admira-se de não poder apalpá-lo.
Esse
fenômeno é análogo ao que ocorre com alguns sonâmbulos inexperientes, que não
creem dormir. É que têm o sono por sinônimo de suspensão das faculdades. Ora, como
pensam livremente e veem, julgam naturalmente que não dormem.” (O Livro dos Espíritos, n. 165 -
Comentário de Kardec.)
Esperamos
que as explicações acima atendam à expectativa de nossos leitores.
Nota do Autor:
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