domingo, 21 de dezembro de 2025

 




A perturbação post mortem depende do nosso grau de elevação

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Sabe-se que após a desencarnação muitos Espíritos vagam por dias, anos e até décadas sem rumo e sem perceber que faleceram.

Em face disso, muitos perguntam: - Por que isso acontece, se todos temos um anjo guardião ou amigos e parentes que desencarnaram primeiro e que certamente poderiam orientá-los?

Para compreendermos o fato, lembremos que, segundo os ensinamentos espíritas, a duração da perturbação pós-morte depende do grau de elevação de cada um. O Espírito purificado reconhece-se quase imediatamente, enquanto o homem carnal – pessoa excessivamente apegada às coisas materiais, cuja consciência ainda não está pura – guarda por muito mais tempo a impressão da matéria.

O assunto é tratado em minúcias nas questões 164 e 165 d´O Livro dos Espíritos.

Em nota aposta em seguida à questão 165, Allan Kardec diz que por ocasião da morte tudo, a princípio, é confuso. De algum tempo precisa a alma para entrar no conhecimento de si mesma. Ela se acha como que aturdida, no estado de uma pessoa que despertou de profundo sono e procura orientar-se sobre sua situação. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam, à medida que se apaga a influência da matéria que ela acaba de abandonar e se dissipa a espécie de névoa que obscurece seus pensamentos.

Como se percebe, variável é o tempo que dura a perturbação post mortem. Pode ser de algumas horas, como também de muitos meses e até de muitos anos. As pessoas que, desde sua passagem pela Terra, se identificaram com o estado futuro que as aguardava são aquelas em quem a perturbação menos longa é, porque elas compreendem imediatamente a posição em que se encontram.

Outro fato que tem grande influência no estado de perturbação é o gênero de morte. Nos casos de morte violenta, por suicídio, acidente, apoplexia e acontecimentos assemelhados, o Espírito fica surpreendido, espantado e não acredita estar morto. Se alguém lhe disser que seu corpo morreu, não acreditará e sustentará, de forma veemente, que continua vivo.

Existe, portanto, uma limitação normal à ação dos protetores e amigos e há casos – aliás, muitos casos – em que o Espírito tão perturbado está que nem enxerga os familiares desencarnados que dele se aproximam.

Em tal estado, situações existem em que o Espírito se acerca das pessoas ainda reencarnadas a quem estima, fala-lhes e não entende por que elas não lhe respondem. Se levado pelo seu protetor espiritual a uma sessão mediúnica, é exatamente isso que ele diz ao esclarecedor, imaginando que seus familiares não querem conversar com ele por algum motivo que ele ignora.

Essa ilusão prolonga-se até que se dê o completo desprendimento do Espírito. Só então ele se reconhece como tal e passa a compreender que não pertence mais ao número dos chamados vivos; contudo, para que isso ocorra, é indispensável o concurso do tempo.

Apesar de curioso e aparentemente inexplicável, o fenômeno explica-se facilmente.

Vejamos como Allan Kardec se refere ao tema:

 

“Surpreendido de improviso pela morte, o Espírito fica atordoado com a brusca mudança que nele se operou; considera ainda a morte como sinônimo de destruição, de aniquilamento. Ora, porque pensa, vê e ouve, tem a sensação de não estar morto. Mais lhe aumenta a ilusão o fato de se ver com um corpo semelhante, na forma, ao precedente, mas cuja natureza etérea ainda não teve tempo de estudar. Julga-o sólido e compacto como o primeiro e, quando se lhe chama a atenção para esse ponto, admira-se de não poder apalpá-lo.

Esse fenômeno é análogo ao que ocorre com alguns sonâmbulos inexperientes, que não creem dormir. É que têm o sono por sinônimo de suspensão das faculdades. Ora, como pensam livremente e veem, julgam naturalmente que não dormem.” (O Livro dos Espíritos, n. 165 - Comentário de Kardec.)

 

Esperamos que as explicações acima atendam à expectativa de nossos leitores.

 

 

Nota do Autor:

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