terça-feira, 1 de maio de 2012

No Dia do Trabalho, as nossas homenagens a todos os que trabalham


Hoje é, como sabemos, Dia do Trabalho e, por isso, com este texto, queremos deixar registrada nossa modestíssima homenagem aos trabalhadores do mundo todo, lembrando o que na doutrina espírita aprendemos a respeito do trabalho e de sua importância para todos nós.
“Por que o trabalho se impõe ao homem?”. A esta pergunta, os imortais responderam: “Por ser uma consequência da sua natureza corpórea. É expiação e, ao mesmo tempo, meio de aperfeiçoamento da sua inteligência. Sem o trabalho, o homem permaneceria sempre na infância, quanto à inteligência. Por isso é que seu alimento, sua segurança e seu bem-estar dependem do seu trabalho e da sua atividade.” (O Livro dos Espíritos, questão 676 e seguintes.)
Genericamente, o trabalho pode ser definido como “ocupação em alguma obra ou ministério; exercício material ou intelectual para fazer ou conseguir alguma coisa”. É pelo trabalho que o homem forja o próprio progresso, desenvolve as possibilidades do meio ambiente em que se situa e amplia os recursos de preservação da vida.
O trabalho não se restringe, porém, aos esforços de ordem física e material, visto que abrange também a atividade intelectual que objetiva as manifestações da cultura, do conhecimento, da arte e da ciência.
Há em nosso mundo o trabalho remunerado e o trabalho-abnegação. Com o primeiro, o homem modifica o meio, transforma o habitat, cria as condições de conforto. Com o segundo, do qual não decorre pagamento nem permuta alguma, ele se modifica a si mesmo e cresce no sentido moral e espiritual.
O trabalho é, ao lado da oração, o mais eficiente antídoto contra o mal, porque faculta àquele que trabalha a conquista de valores incalculáveis com que a pessoa corrige suas imperfeições e disciplina a vontade.
O momento perigoso para o homem é, segundo o Espiritismo, o momento do ócio, não o do sofrimento nem o da luta áspera. Se na ociosidade pode surgir e crescer o mal, na dor e na tarefa fulguram a luz da oração e a chama da fé.
A doutrina espírita considera trabalho toda ocupação útil e ensina que ele constitui fator indispensável ao progresso das criaturas e da comunidade em que vivemos, um meio de elevação e de expiação de que necessitamos para resgatar os abusos e os erros cometidos no passado. “O homem quintessencia o espírito pelo trabalho e só mediante o trabalho do corpo o Espírito adquire conhecimentos”, afirmaram os imortais. (O Livro dos Espíritos, Prolegômenos.)
A finalidade e a importância do trabalho em nossa vida são enfatizadas pelo Espiritismo em inúmeras obras, e não apenas em O  Livro dos Espíritos, como mostram os textos seguintes:
·       A ciência é obra do gênio e só pelo trabalho deve ser adquirida, pois só pelo trabalho é que o homem se adianta no seu caminho. (O Livro dos Médiuns, item 294, 28a questão.)
·       O progresso nos Espíritos é o fruto do próprio trabalho. (O Céu e o Inferno, 1a Parte, cap. III, item 7.)
·       A encarnação é necessária ao duplo progresso moral e intelectual do Espírito: ao progresso intelectual pela atividade obrigatória do trabalho; ao progresso moral pela necessidade recíproca do contato dos homens entre si. (O Céu e o Inferno, 1a Parte, cap. III, item 8.)
·       As almas ou Espíritos são criados simples e ignorantes, isto é, sem conhecimentos nem consciência do bem e do mal, porém aptos para adquirir o que lhes falta. O trabalho é o meio de aquisição, e o fim — que é a perfeição — é para todos o mesmo. (O Céu e o Inferno, cap. VIII, item 12.)
·       A máxima:  Buscai e achareis, análoga a esta outra: Ajuda-te a ti mesmo, que o céu te ajudará, é o princípio da  lei do trabalho  e, por conseguinte, da  lei do progresso,  porquanto o progresso é filho do trabalho. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXV, item 2.)
·       Se Deus houvesse isentado do trabalho do corpo o homem, seus membros se teriam atrofiado; se o houvesse isentado do trabalho da inteligência, seu Espírito teria permanecido na infância, no estado de instinto animal. (E.S.E., cap. XXV, item 3.)
·       Quando experimentarmos qualquer pesar, devemos resistir e fazer todo esforço para não nos abandonarmos à tristeza, lembrando que nada se obtém sem trabalho. (Revista Espírita de 1860, p. 21.)
·       A prece mais agradável a Deus é o trabalho útil, seja qual for. "Não vos contenteis em pedir a Deus que vos ajude: ajudai-vos vós mesmos, pois assim provareis a sinceridade de vossa prece." (Revista Espírita de 1860, p. 67.)
·       Segundo o Espírito de Verdade, felizes são os que tiverem trabalhado no campo do Senhor com desinteresse e sem outro móvel senão a caridade, porque seus dias de trabalho serão pagos ao cêntuplo do que esperam. (Revista Espírita de 1862, pp. 88 e 89.)
·       A depuração do Espírito só é alcançada pelo trabalho. É por isso que as encarnações escolhidas lhe são mais penosas, porque - depois de haver dado supremacia à matéria e a seus fluidos - deve constrangê-la, lutar com ela e dominá-la. (Revista Espírita de 1864, pp. 50 a 52.)
·       “Se bastasse formular palavras para se dirigir a Deus, os inoperantes apenas teriam que tomar um livro de preces para satisfazer a obrigação de orar. O trabalho, a atividade da alma são a única boa prece que a purifica e a faz crescer.” (Revista Espírita de 1865, pp. 28 a 31.)
·       Nos Espíritos o progresso é fruto do próprio trabalho. São eles, pois, os artífices de sua situação, feliz ou infeliz, conforme o ensinamento do Cristo: “A cada um segundo as suas obras”. (Revista Espírita de 1865, p. 67.)
·       A verdadeira vida, tanto do animal, quanto do homem, não está no envoltório corporal; está no princípio inteligente que sobrevive ao corpo. Esse princípio inteligente necessita do corpo para se desenvolver pelo trabalho que deve realizar sobre a matéria bruta. O corpo se gasta nesse trabalho, mas a alma, não; ao contrário, dele sai mais forte, mais lúcida e mais capaz. (Revista Espírita de 1865, p. 95.)
Apesar da importância do trabalho, a lei natural fixou um limite ao seu exercício, que é, segundo a doutrina espírita, o limite das forças, fato que deixa claro que, sendo fonte de equilíbrio físico e moral, o trabalho deve ser exercido por tanto tempo quanto nos mantenhamos válidos. Ninguém ignora que o avançar da idade debilita o corpo físico e mesmo as faculdades intelectuais, embora a história registre casos de homens em idade avançada que muito contribuíram para o mundo em que vivemos, como Benjamim Franklin, que aos 81 anos colaborou na elaboração da Constituição americana; Miguel Ângelo, que aos 89 anos de idade ainda produzia obras de rara beleza, e marechal Cândido Rondon, que aos 92 anos ainda trabalhava intensamente nas matas do Brasil.
O momento do repouso é também fundamental. Todo o homem que trabalha tem direito a ele, para refazimento de suas forças e manutenção do seu ritmo de produtividade. O repouso nada mais é que um prêmio pelo esforço despendido, uma pausa necessária à continuidade das tarefas que assumimos. Foi por isso que o Decálogo consagrou a santificação do dia do sábado, em que é clara a preocupação em proteger a saúde das pessoas, inclusive dos escravos, dos estrangeiros e até mesmo dos animais de serviço. “Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro”, diz o cap. 20, versículos 9 e 10, de Êxodo.
É indispensável, pois, reservemos um dia para o descanso do corpo, após uma semana de trabalho, mas devemos consagrá-lo de modo especial a Deus, santificando-o mais do que os demais dias, com a prática de obras que atestem o nosso amor pelo próximo e por nosso Pai Celestial. Foi com esse propósito que Jesus, em dia de sábado, alimentou, pregou e curou a obsessão que uma mulher trazia “havia dezoito anos” e a mão ressequida de um homem, entre tantos benefícios que ele realizou, mostrando que todo dia é dia para a prática do bem, sem exceção de nenhum deles.

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