A finalidade
da encarnação dos Espíritos em planetas como a Terra é algo bem definido na
doutrina codificada por Allan Kardec, como provam os textos que se seguem.
O Codificador
do Espiritismo perguntou aos Espíritos: – Qual o objetivo da encarnação dos
Espíritos? Eles responderam: “Deus lhes impõe a encarnação com o fim de
fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas,
para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da
existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a
encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca
na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um
instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí
cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo
para a obra geral, ele próprio se adianta.” (O Livro dos Espíritos, 132.)
Em momento distinto, o
Codificador indagou: – Como pode a alma acabar de se depurar? Resposta:
"Submetendo-se à prova de uma nova existência". A finalidade da
reencarnação é: "Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. Sem
isso, onde estaria a justiça?" (O Livro dos Espíritos, 166 e 167.)
Em artigo
publicado em 1863 Kardec examinou a tese de que os Espíritos não teriam sido
criados para encarnarem; a encarnação não seria senão o resultado de sua falta.
O Espiritismo afirma o contrário, ou seja, que a encarnação é uma necessidade
para o progresso do Espírito e do próprio planeta em que ele vive, e não uma
forma de castigo, como ensina o roustainguismo. (Revista Espírita de 1863, pp. 164 a 166.)
Comunicação obtida em 1864 na Sociedade Espírita de Sens diz
que a reencarnação é fator indispensável ao progresso espiritual, a que Kardec
acrescenta que, trabalhando para si mesmo, o Espírito encarnado trabalha para o
melhoramento do mundo em que habita.
Em Paris, o mesmo tema foi focalizado por outro Espírito,
que explicou que a reencarnação é necessária enquanto a matéria domina o
Espírito. Do momento em que o Espírito chegou a dominar a matéria, a
reencarnação não se torna mais necessária; é o estado dos chamados Espíritos
puros. (Revista Espírita de 1864, pp. 48 a 50.)
Colhemos
desta última comunicação os ensinamentos seguintes: I) À medida que as
sensações corporais do homem se tornam mais requintadas, suas sensações
espirituais também despertam e crescem. II) Sendo os fluidos os agentes que
põem em movimento o nosso corpo, são eles os elementos de nossas aspirações,
pois existem fluidos corpóreos e fluidos espirituais. III) Esses fluidos
compõem o corpo espiritual do Espírito que, uma vez encarnado, age por meio
deles sobre a máquina humana, que ele deve aperfeiçoar. IV) O Espírito possui
livre-arbítrio e procura sempre o que lhe é agradável e satisfaz. Se for um
Espírito inferior e material, busca suas satisfações na materialidade e dá,
assim, um impulso aos fluidos materiais. V) Como necessita de depuração e esta
só é alcançada pelo trabalho, as encarnações escolhidas lhe são mais penosas,
porque - depois de haver dado supremacia à matéria e a seus fluidos - deve
constrangê-la, lutar com ela e dominá-la.
(Revista Espírita de 1864, p. 52 a 55.)
Comentando a
mensagem, Kardec ensina que, considerada do ponto de vista do progresso, a vida
do Espírito apresenta três períodos principais:
1o)
O período material, no qual a influência da matéria domina a do Espírito.
2o)
O período do equilíbrio, no qual ambas as influências se exercem
simultaneamente.
3o)
O período espiritual, no qual, tendo dominado completamente a matéria, o
Espírito não mais necessita da encarnação e seu trabalho passa a ser
inteiramente espiritual; é o estado dos Espíritos nos mundos superiores.
(Revista Espírita de 1864, pp. 52
a 55.)
Emmanuel
assevera que a reencarnação, em si mesma, representa uma estação de tratamento
e de cura de certas enfermidades d’alma, às vezes tão persistentes, que podem
reclamar várias estações sucessivas, com a mesma intensidade nos processos
regeneradores. (O Consolador, pergunta 96.)
E é
exatamente isso que se vê nas trovas seguintes, psicografadas por Chico Xavier,
constantes do livro “Na Era do Espírito”, cap. 4:
"Para quem sofre no Além
Sob a culpa
em choro inglório
O regresso ao
lar terrestre
É a bênção do
purgatório" (Oscar Leal)
"Não adianta fugir
Do débito que
se atrasa,
Reencarnação
chega logo
Cobrando
dentro de casa" (Cornélio Pires)
"Quando um sábio das Alturas
Necessita
reencarnar
Ninguém
consegue impedir
Nem adianta
evitar" (Casimiro Cunha)
"De quaisquer provas na Terra
A que mais amansa a gente:
Inimigo
reencarnado
Sob a forma de parente" (Lulu Parola)
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