Um leitor radicado em Contagem (MG) pergunta-nos se
uma pessoa assassinada, caso esse crime não fosse cometido, teria mais tempo de
vida ou morreria, de qualquer forma, na mesma época. E no tocante à criança,
morta, por exemplo, por uma bala perdida, deveria ela morrer na mesma época em
que esse fato se deu?
São complexas as questões apresentadas pelo leitor e
não nos cabe, em assuntos assim, expor o que pensamos mas, sim, o que
aprendemos na doutrina espírita e nas obras subsidiárias firmadas por autores
idôneos e dignos do nosso respeito.
O tema foi tratado objetivamente em duas questões d´O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec,
que adiante reproduzimos:
853. Algumas
pessoas só escapam de um perigo mortal para cair em outro. Parece que
não podiam escapar da morte. Não há nisso fatalidade?
“Fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o
instante da morte o é. Chegado esse momento, de uma forma ou doutra, a ele não
podeis furtar-vos.”
a) Assim,
qualquer que seja o perigo que nos ameace, se a hora da morte ainda não chegou,
não morreremos?
“Não; não perecerás e tens disso milhares de exemplos.
Quando, porém, soe a hora da tua partida, nada poderá impedir que partas. Deus
sabe de antemão de que gênero será a morte do homem e muitas vezes seu Espírito
também o sabe, por lhe ter sido isso revelado, quando escolheu tal ou qual
existência.”
854. Do fato de
ser infalível a hora da morte, poder-se-á deduzir que sejam inúteis as
precauções que tomemos para evitá-la?
“Não, visto que as precauções que tomais vos são
sugeridas com o fito de evitardes a morte que vos ameaça. São um dos meios
empregados para que ela não se dê.”
Muitos anos depois – entre 31 de outubro de 1939 e 8
de março de 1940 –, em
Pedro Leopoldo (MG), questão semelhante foi proposta a
Emmanuel, como podemos ler na pergunta 146 do livro O Consolador, de sua autoria, psicografia de Chico Xavier.
Ei-la:
– É fatal o
instante da morte? ”Com exceção do suicídio, todos os casos de
desencarnação são determinados previamente pelas forças espirituais que
orientam a atividade do homem sobre a Terra. Esclarecendo-vos quanto a essa
exceção, devemos considerar que, se o homem é escravo das condições externas da
sua vida no orbe, é livre no mundo íntimo, razão por que, trazendo no seu mapa
de provas a tentação de desertar da vida expiatória e retificadora, contrai um
débito penoso aquele que se arruína, desmantelando as próprias energias. A
educação e a iluminação do íntimo constituem o amor ao santuário de Deus em
nossa alma. Quem as realiza em si, na profundeza da liberdade interior, pode
modificar o determinismo das condições materiais de sua existência,
alcançando-a para a luz e para o bem. Os que eliminam, contudo, as suas
energias próprias, atentam contra a luz divina que palpita em si mesmos. Daí o
complexo de suas dívidas dolorosas. E existem ainda os suicídios lentos e
gradativos, provocados pela ambição ou pela inércia, pelo abuso ou pela
inconsideração, tão perigosos para a vida da alma, quanto os que se observam,
de modo espetacular, entre as lutas do mundo. Essa a razão pela qual tantas
vezes se batem os instrutores dos encarnados, pela necessidade permanente de
oração e de vigilância, a fim de que os seus amigos não fracassem nas
tentações.”
*
Acreditamos que as explicações acima podem ajudar-nos
a entender os diversos tipos de mortes que se verificam no mundo, esclarecendo,
porém, que no tocante à criança – nesse período em que, segundo os instrutores
espirituais, não existe ainda perfeita integração entre o Espírito e a matéria
orgânica – possam ocorrer óbitos antes da época inicialmente programada por
ocasião do processo reencarnatório.
Essa informação colhemos no cap. X, págs. 62 a 64, do livro Entre a Terra o Céu, de André Luiz, obra
psicografada pelo médium Chico Xavier e publicada em 1954 pela Federação
Espírita Brasileira, na qual o Ministro Clarêncio diz que uma criança pode,
sim, desencarnar antes da época indicada para sua libertação.
Eis as palavras com que o Ministro explicou esse fato:
“Em regra geral, multidões de criaturas cedo se afastam do veículo carnal,
atendendo a serviços de socorro e sublimação, mas, em numerosas circunstâncias,
a negligência e a irreflexão dos pais são responsáveis pelo fracasso dos
filhinhos".
Dando sequência a essa informação, irmã Blandina
acrescentou: "Aqui, recebemos muitas solicitações de assistência, a
benefício de pequeninos ameaçados de frustração. Temos irmãs que por nutrirem
pensamentos infelizes envenenam o leite materno, comprometendo a estabilidade
orgânica dos recém-natos; vemos casais que, através de rixas incessantes,
projetam raios magnéticos de natureza mortal sobre os filhinhos tenros,
arruinando-lhes a saúde, e encontramos mulheres invigilantes que confiam o lar
a pessoas ainda animalizadas, que, à cata de satisfações doentias, não se
envergonham de ministrar hipnóticos a entezinhos frágeis, que reclamam
desvelado carinho... Em algumas ocasiões, conseguimos restabelecer a harmonia,
com a recuperação desejável, no entanto, muitas vezes somos constrangidas a
assistir ao malogro de nossos melhores propósitos".
Nenhum comentário:
Postar um comentário