sábado, 7 de dezembro de 2013

Os 10 mandamentos do bom profissional

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
           
Quando Joteli fora militar – me informa ele –, certa ocasião, o capitão comandante de sua unidade foi substituído por um major gaúcho, com o qual Joteli, seu soldado, se comunicara pelo serviço de rádio-operação entre os dois Rios: o de Janeiro e o Grande do Sul. Na época, o soldado Joteli era o único com tal graduação na escala de rádio-operadores do seu quartel do Rio de Janeiro. Os demais eram cabos e sargentos. Mas isso são detalhes que só exaltam o ego de quem não conhece a frase crística: “Aquele que se exaltar será rebaixado, aquele que se rebaixar será exaltado”.
– Como ser rebaixado, se, sendo soldado, embora tendo sido aprovado em primeiro lugar no curso para cabos, na chamada QM 11-074, rádio-operador, não me promoveram? Protesta meu inútil secretário.
– Deixemos isso para lá, meu caro, e continuemos o relato desta crônica. O fato é que o novo comandante, que, a distância, conversara amigavelmente com seu soldado, passados alguns dias, viajou do Rio gaúcho para o carioca e assumiu o comando do quartel.
No primeiro dia de seu posto, na unidade militar, o major reuniu a tropa a seu comando e deu-lhe uma chamada “ordem unida”. Pôs os comandados na posição de sentido e ordenou:
– Companhia, sentido! Ordinário, marche! (Juro que senti vontade de usar a segunda frase no plural, mas em respeito a Joteli me contive.)
– E lá fomos nós – diz Joteli, que também estava em forma. Logo em seguida, veio nova ordem:
– Direção à direita, marche. E todo o pelotão se dirigiu à direita. Entretanto, seja pelo nervosismo em comandar sua companhia no primeiro dia, seja por ter simplesmente esquecido de mandar seguir em frente, todos ficamos marchando na direção ordenada, mas em círculo...
Ninguém se atreveu a rir da ordem do comandante, quando ele ordenou, após, perplexo, observar a companhia dar sete voltas no mesmo lugar:
– Pelotão, alto.
Sem qualquer crítica a seus comandados, o simpático major mandou que ficássemos à vontade e, com breves palavras, falou da sua satisfação em assumir o comando da 1ª Companhia de Comunicação Blindada.
Se isso tivesse ocorrido com um subordinado, dir-se-ia que este “enfiou o pé na jaca”, não é mesmo, amiga leitora? Ou não? Ah, não? Também os chefes “enfiam o pé na jaca”? Vai falar isso para o major, leitor, pra ver se ele não te enfia é o pé na...?
– Mas, Joteli, por que ninguém, antes, avisou ao homem que ele precisava dar nova ordem, para que a tropa não bancasse o caracol?
– E o medo? Afinal, o homem era nosso comandante e o regulamento era rigoroso: “somente não se executam ordem absurdas”.
– E o que ele ordenou não era absurdo?
– Absurdo, não. Ridículo. E quem garante que ele não estaria testando a tropa para ver até que ponto seus subordinados lhe eram obedientes?
Na vida profissional, concordo com meu secretário, o bom empregado jamais deve deixar seu chefe de “calças curtas”. Afinal, como se diz há algum tempo, neste país, “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Porém será mesmo assim?
Há certos comportamentos profissionais que depõem contra o subordinado e mostram claramente o tipo de pessoa que se é. Outros, já escancaram o mau caráter e predileção injustificável do chefe. Uma dessas atitudes é a do chamado puxa-saco, que tanto pode agradar como desagradar a chefia. Exemplifiquemos.
Nas comemorações de “amigo oculto”, nos finais de ano, por exemplo, o melhor presente é sempre o que é dado à chefia. E nem é preciso ser bajulador para isso. É atitude normal, e mesmo de preservação ou melhoria do conceito para com a diretoria. O problema é quando isso se torna corriqueiro, por parte de um/a empregado/a...
O ideal, nas confraternizações de fim de ano, é que se estipule um valor mínimo e outro máximo do presente a ser dado, além de se propor uma relação com as opções possíveis; assim, ninguém poderá desconfiar de nosso presente à chefia. A não ser que o “felizardo” amigo da diretora, num “estudo de caso”, se resolva a sair com esta:
– Chefa, foi combinado que o presente de amiga oculta seria de cinquenta reais, mas como nossa empresa duplicou seu faturamento este ano, graças à sua excelente atuação, inteligência extraordinária e competência inigualável, resolvi infringir a norma e lhe ofertar este belo colar de pérolas, que pertenceu à minha bisavó, cujo valor é inestimável. Calculo que custe por volta de três mil reais, mas você (Olha a intimidade!) merece muito mais...
A isso, a chefa e suas colegas não terão outras reações senão estas:
– Oh!
– Uh!
– Ai!
– Carácolis!
E não faltará quem, mordendo o lábio, diga, baixinho: – Puxa-saco sem-vergonha...
Outras vezes, é a chefia que importuna o/a empregado/a. Certa vez, li uma piada em que o gerente dizia para a lindíssima secretária, recém-contratada, enquanto esta digitava um documento:
– Muito bem, só dois errinhos. Agora vamos à segunda palavra...
Para evitar tais constrangimentos, resolvi publicar um decálogo de ética, na relação com os colegas de trabalho, clientes, fornecedores e chefia de sua instituição ou empresa:
1º Mandamento: não atacarás, falsa ou maliciosamente, a reputação profissional de teu colega ou chefe.
2º Mandamento: não assediarás sexualmente teu colega de trabalho, subordinado ou chefe.
3º Mandamento: não agirás de modo desleal ou descortês com teu chefe, colegas, clientes e fornecedores de tua empresa ou instituição.
4º Mandamento: não desrespeitarás os direitos autorais do teu próximo (Lei nº 9.610/1998).
5º Mandamento: não depreciarás a honra, a dignidade e a integridade moral ou física de teu colega ou categoria profissional.
6º Mandamento: não deixarás de cumprir os prazos estipulados por tua chefia, assim como a recíproca é verdadeira, principalmente nos acordos coletivos ou não de trabalho.
7º Mandamento: não serás individualista; lembra-te de que o trabalho em equipe é essencial ao sucesso de tua empresa ou instituição.
8º Mandamento: não serás o do contra com expressões como: – Isto não vai dar certo. – Não concordo com mudanças. Etc. etc. etc.
9º Mandamento: não serás egocêntrico; todos têm o direito de ter seu trabalho reconhecido.
10º Mandamento: aprenderás a conviver, amar e servir a todos, sem distinção de classe social, etnia, ideologia, sexo ou credo.
– Então, meu caro, nem sempre o bom amigo é o que sempre elogia. Ou não conheces o ditado que diz: “Quem avisa amigo é”?


Leia o livro: PAROLIN, Sonia Regina Hierro; MORAES, Helder Boska de; PONTES, Reinaldo Nobre. Organizadores. Conviver para amar e servir (baseado em Mário da Costa Barbosa). Brasília: Federação Espírita Brasileira, 2013.

Visite o blog Jorge, o sonhador: http://www.jojorgeleite.blogspot.com.br/




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