sábado, 7 de junho de 2014

Uma carta a Machado



JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Pensava no que escrever, quando vi ce matin velha carta de um ilustre hóspede de minha casa da rua de Mata-cavalos. Não vou traduzir o francês de meu amigo, para não lhe tirar a beleza da expressão. Ei-la:
“Monsieur Machado,
Je suis à mon compte e actuellement je fais de la recherche au journal Gazette de Notice et mes responsabilités c’est écrire en toutes lettres chroniques artistiques.
Je voudrais travailler pour votre compagnie, afin publier votres chroniques en moi blog.
Même sous pression, je produis toujours un travail de qualité.
Appelez-moi quand vous voulez.
Prends soin de toi.
Mes meilleures salutations,
Lula”.
Como se pode entender, o homem quer publicar minhas crônicas. E, no meio de alguns reparos crus, há muita simpatia e viva observação. Quanto ao estilo, é do mais puro, é da escola de França, desde as doutrinas do século XIX.
Entretanto, liguei-lhe, como solicitado, para dizer-lhe que, desses escritos, somente uma meia dúzia tem algum valor literário. Tanto é assim que os utilizei em alguns dos meus romances. A maioria faz alusão a fatos do cotidiano, que, no máximo, servem para embrulhar o pão do dia seguinte à sua publicação em jornal.
— Meu caro Machado, hoje em dia, raramente se publica crônica em jornal ou mesmo em revista. Elas estão aí, às centenas, milhares, publicadas em blogs ou sites.
— Ora, Joteli, isso não tem a menor importância, o que escrevi alhures do idioma macauense, expressando o progresso de Copacabana, repito-te agora: “pacatu, pacatu, pacatu”.
— Mas isso faz parte de uma letra musical moderna, Bruxo, que num de seus versos diz assim: “Minha eguinha pacatu... pacatu, pacatu, pacatu”.
— Ô seu burro, é “Minha eguinha pocotó... pocotó, pocotó, pocotó. Em suma, é um documento honroso para o autor e para nós”.




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