Demos
prosseguimento ontem à noite, no Centro Espírita Nosso Lar, ao estudo metódico
e sequencial do livro Ação e Reação,
obra escrita por André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier
e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o texto
que serviu de base ao estudo realizado:
Questões para debate
A. É verdade
que não existem na Terra males que permanecem ocultos?
B. Uma
enferma desencarnada via uma entidade que ela acreditava ser o demônio
Belfegor. Já que não existem demônios, como explicar essa visão?
C. A
velocidade do pensamento supera a da luz?
Texto para leitura
22. O demônio Belfegor - Em seguida,
outra mulher prorrompeu em choro convulso e, de punhos cerrados, reclamou:
"Quem me libertará de Satã? quem me livrará do poder das trevas? Santos
anjos, socorrei-me! Socorrei-me contra o temível Belfegor!..." O amparo
magnético à enferma foi imediato, mas ela repetiu: "Maldito!
Maldito!...", até que o concurso da prece levou-a a adormecer, pouco a
pouco. Asserenado o ambiente, André sondou-lhe a mente conturbada. A pobre
amiga era portadora de pensamentos horripilantes. Como que a se lhe enraizar no
cérebro, via escapar-se-lhe do campo íntimo a figura animalesca de um homem
agigantado, de longa cauda, com a fisionomia de um caprino degenerado, exibindo
pés em forma de garras e ostentando dois chifres, qual se vivesse em perfeita
simbiose com a infortunada. O Assistente explicou tratar-se de um clichê
mental, criado e nutrido por ela mesma. As ideias macabras da magia aviltante,
como as da bruxaria e do demonismo que as igrejas chamadas cristãs propagam, a
pretexto de combatê-las, geram imagens como essa, estabelecendo epidemias de
pavor alucinatório. As Entidades entregues à perversão valem-se desses quadros
e imprimem-lhes temporária vitalidade... Hilário, que também observara o duelo
íntimo entre a enferma e a forma-pensamento, falou: "Lembro-me de haver
manuseado, há muitos anos, na Terra, um livro de autoria de Collin de Plancy,
aprovado pelo arcebispo de Paris, trazendo a descrição minuciosa de diversos
demônios, e creio haver visto uma figura gravada nessa obra, semelhante à que
temos sob nossa direta observação". Silas confirmou: "Isso mesmo. É o
demônio Belfegor, segundo as anotações de Jean Weier, que imprevidentes
autoridades da Igreja permitiram se espalhasse nos círculos católicos".
(Capítulo 4, pp. 53 e 54)
23. O pensamento é mais veloz que a luz
- O caso anterior mostra que estamos ainda longe de conhecer todo o poder
criador e aglutinante encerrado no pensamento puro e simples; por isso, tudo
devemos fazer por libertar os entes humanos de todas as expressões
perturbadoras da vida íntima. "Tudo o que nos escravize à ignorância e à
miséria, à preguiça e ao egoísmo, à crueldade e ao crime é fortalecimento da
treva contra a luz e do inferno contra o Céu", asseverou Silas. Em seguida,
ele valeu-se do exemplo da televisão, para recordar que na radiofonia e na
televisão os elétrons que carreiam as modulações da palavra e os elementos da
imagem se deslocam no espaço com velocidade igual à da luz, ou seja, a 300.000 quilômetros
por segundo. "Ora, num só local –
lembrou Silas – podem funcionar
um posto de emissão e outro de recepção, compreendendo-se que, num segundo, as
palavras e as imagens podem ser irradiadas e captadas, simultaneamente, depois
de atravessarem imensos domínios do espaço, em fração infinitesimal de tempo.
Imaginemos agora o pensamento, força viva e atuante, cuja velocidade supera a
da luz. Emitido por nós, volta inevitavelmente a nós mesmos, compelindo-nos a
viver, de maneira espontânea, em sua onda de formas criadoras, que naturalmente
se nos fixam no espírito quando alimentadas pelo combustível de nosso desejo ou
de nossa atenção. Daí, a necessidade imperiosa de nos situarmos nos ideais mais
nobres e nos propósitos mais puros da vida, porque energias atraem energias da
mesma natureza, e, quando estacionários na viciação ou na sombra, as forças
mentais que exteriorizamos retornam ao nosso espírito, reanimadas e
intensificadas pelos elementos que com elas se harmonizam, engrossando, dessa
forma, as grades da prisão em que nos detemos irrefletidamente,
convertendo-se-nos a alma num mundo fechado, em que as vozes e os quadros de
nossos próprios pensamentos, acrescidos pelas sugestões daqueles que se ajustam
ao nosso modo de ser, nos impõem reiteradas alucinações, anulando-nos, de modo
temporário, os sentidos sutis." "Eis por que – concluiu o Assistente – , efetuada a
supressão do corpo somático, no fenômeno vulgar da morte, a criatura desencarnada,
movimentando-se num veículo mais plástico e influenciável, pode permanecer
longo tempo sob o cativeiro de suas criações menos construtivas, detendo-se em
largas faixas de sofrimento e ilusão com aqueles que lhe vivem os mesmos
enganos e pesadelos." (Cap. 4, pp. 55 a 57)
24. Um passeio fora da Mansão - A
morte do corpo denso é sempre o primeiro passo para a colheita da vida. Não é,
pois, sem razão que o Umbral viva repleto de homens e mulheres que vararam a
grande fronteira, em plena conexão com a experiência carnal. Não existe, por
isso, local melhor para se estudar os princípios de causa e efeito nas
criaturas recém-desencarnadas. Foi esse o motivo que levou Silas a convidar
André e Hilário a um rápido passeio pelos arredores. O Assistente comentou que
as províncias infernais são mais adequadas às pesquisas em torno da lei de
causa e efeito do que as regiões celestes, uma vez que o crime e a expiação, o
desequilíbrio e a dor fazem parte de nossos conhecimentos mais simples nas
lides cotidianas, ao passo que a glória e o regozijo angélicos representam
estados superiores de consciência que transcendem a nossa compreensão. "Estamos
psiquicamente mais perto do mal e do sofrimento...", relembrou Silas.
"Em razão disso, entendemos sem qualquer discrepância os problemas
aflitivos que se multiplicam aqui." Após transporem largo portão, que dava
acesso ao exterior, o grupo se deslocou, a contemplar os quadros tristes em
derredor. À medida que se afastavam, penetravam mais profundamente na sombra
densa, cada vez mais espessa, alumiada, contudo, aqui e ali, por tochas
mortiças, como se a luz, nos sítios em torno, lutasse para sobreviver. Gritos,
soluços, imprecações e blasfêmias emergiam da treva. Aquele local situava-se
numa zona posterior à Mansão, em larga faixa superlotada de Entidades
conturbadas e sofredoras, que pareciam relegadas à intempérie, fora da área
abarcada pelos muros da instituição. (Capítulo 5, pp. 58 e 59)
Respostas às questões propostas
A. É verdade que não existem na Terra males
que permanecem ocultos?
Sim. Todos os
crimes e todas as falhas da criatura humana se revelarão algum dia, em algum
lugar. Qualquer sombra de nossa consciência jaz impressa em nossa vida até que
a mácula seja lavada por nós mesmos, com o suor do trabalho ou com o pranto da
expiação. Contudo, disse o Assistente Silas, "a Bondade Infinita do Senhor
permite que as vítimas edificadas no entendimento e no perdão se transformem,
felizes, em abnegados cireneus dos antigos verdugos". (Ação e Reação, cap.
4, pp. 51 a
53.)
B. Uma enferma desencarnada via uma
entidade que ela acreditava ser o demônio Belfegor. Já que não existem
demônios, como explicar essa visão?
O Assistente
explicou tratar-se de um clichê mental, criado e nutrido por ela mesma. As
ideias macabras da magia aviltante, como as da bruxaria e do demonismo que as
igrejas chamadas cristãs propagam, a pretexto de combatê-las, geram imagens
como essa, estabelecendo epidemias de pavor alucinatório. As Entidades
entregues à perversão valem-se desses quadros e imprimem-lhes temporária
vitalidade... (Obra citada, cap. 4, pp. 53 e 54.)
C. A velocidade do pensamento supera a da
luz?
Segundo o Assistente
Silas, sim. A força viva e atuante do pensamento propaga-se a uma velocidade
superior à da luz. Emitido por nós, o pensamento volta inevitavelmente a nós
mesmos, compelindo-nos a viver, de maneira espontânea, em sua onda de formas
criadoras, que naturalmente se nos fixam no Espírito quando alimentadas pelo
combustível de nosso desejo ou de nossa atenção. Daí a necessidade imperiosa de
nos situarmos nos ideais mais nobres e nos propósitos mais puros da vida,
porque energias atraem energias da mesma natureza, e, quando estacionários na
viciação ou na sombra, as forças mentais que exteriorizamos retornam ao nosso
espírito, reanimadas e intensificadas pelos elementos que com elas se
harmonizam, engrossando, dessa forma, as grades da prisão em que nos detemos
irrefletidamente. (Obra citada, cap. 4, pp. 55 a 57.)
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