CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
Claire aimait les oiseaux.
Sim. Claire tanto amava os
pássaros. Dizia que eram a maior liberdade expressa nos ares da vida. Quantos
entardeceres cujo céu era desenhado pela revoada desses pequenos em tamanho, e
enormes pela permissão de, tão libertos, poderem escolher e ir a qualquer canto
dos pontos cardeais ilusoriamente delimitados no ar do infinito azul.
E voavam... e a senhora tanto os
amava.
Havia dias em que alguns
pássaros, já acostumados com o andamento da casa da senhora Claire, realizavam surpreendentes
ações encantadoras. Como a casa era rodeada por várias flores e plantas
adaptadas àquela região europeia, muitas delas tornavam-se variadas fontes de
permanência para pequeninos insetos e lugares maravilhosos para os pássaros
visitarem.
E como o sentimento de Claire
era energia amorosa e plena em atividade, os pássaros, se assim se pode falar,
também amavam essa senhora que, muitas vezes, estendia um dos braços e em
poucos segundos vários deles pousavam. Pareciam se conversar, e como se compreendiam,
até beijinhos surgiam entre eles, de fato, uns biquinhos eram mais afiados que
outros, no entanto o amor predominava.
Claire há muito morava sozinha
na casa em que vivera desde a data do seu casamento. Jean Paul, seu marido, não
estava mais aqui entre as almas, estava etéreo num momento na erraticidade,
entretanto, ela tinha o coração bem onde estava e era muito feliz, também tinha
a companhia de seus pássaros tão pontuais no sentimento e no horário, pois
nunca atrasaram, mas adiantarem-se era verificado todo dia; chegavam mais cedo,
mas levantavam voo no mesmo horário sem se importarem que o tempo aumentava na
presença de Claire. E a amizade mais se percebia entre a senhora francesa e os
pássaros que ela tanto amava.
Nos dias sem chuva, Claire sempre
falava esta frase: “Le jour s’anime avec les premiers rayons du soleil”. Sem
dúvida, o dia se anima com os primeiros raios de sol, pois são raios de energia
pura, presentes da natureza criada por Deus. E quanto a natureza é perfeita e
maravilhosa!
E nesses dias ensolarados já
desde o início da manhã, os pássaros, como os animais e plantas, mais ainda se
integravam ao habitat, ao universo; assim, como todos estão onde devem estar,
as criações por pensamentos, sentimentos, atos e palavras plasmarão a verdade e
trilharão o caminho.
Os pássaros compreendiam que
Claire não lhes faria mal, então, podiam confiar nela e mais próximos queriam
estar; também sentiam a energia mais elevada, a do amor, por isso a cada dia,
antecipados, estavam, para mais aproveitarem a companhia e todo estado de graça
que o amor e a bondade são capazes de instaurar e renovar... transformar
corações desencontrados e infelizes em focos de luz para pássaros e pássaros
quererem se achegar.
Sim. Claire tanto amava os
pássaros, pois eram amigos, nada lhe cobravam, não a feriam, não a
amedrontavam, não agiam por interesse nem com intuito de vantagem, eram
sentimentos verdadeiros, eram cantos sinceros de amor pela vida, talvez, em
algumas horas, tivessem sofrimento, no entanto, a preferência era pelo canto,
ode à alegria, e eram exemplos maravilhosos aos observadores para uma nova
retomada na estrada de melhor viver, ou seja, com sabedoria.
E a comunhão entre mulher e
pássaros estava em plenitude, havia amor e onde o amor estiver haverá a paz de
espírito para a conquista da evolução. E quanto mais a luz brilhar menos espaço
haverá para a escuridão.
E nessa tarde de primavera,
Claire estava rodeada pelos pássaros companheiros, e o sol cintilava no céu tão
azul trazendo o lembrete de que muito há para se renovar durante as estações,
mas é no tempo presente, no contemporâneo amanhecer, que se poderá ouvir o
canto dos pássaros e agigantar o benéfico amor no coração.
Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura:
http://contoecronica.wordpress.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário