Prosseguimos ontem
à noite no Centro Espírita Nosso Lar o estudo do livro Ação e Reação, de André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo
médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita
Brasileira.
Na sequência,
o texto que serviu de base ao estudo:
Questões para debate
A. Por que
Silas repeliu Aída, a segunda esposa de seu pai?
B. A cena do
adultério teve maiores consequências?
C. Em face da
tragédia familiar, o que ocorreu a Silas, responsável direto pelos
acontecimentos?
Texto para leitura
55. O adultério de Aída – No relato
feito por Silas, cujo apego ao dinheiro constituía efetivamente verdadeira
doença, lembrou ele que tudo fez para dissuadir seu pai de contrair segundas
núpcias – a mãe do Assistente falecera
pouco antes da conclusão do curso de Medicina. Seu genitor, na época com quase
sessenta anos, era, porém, um homem resoluto e desposou Aída, uma jovem da
idade do filho, que mal se avizinhava dos trinta anos. A madrasta foi
considerada uma intrusa e aventureira comum, à caça de fortuna fácil, e Silas
jurou vingar-se. Poucos meses após o casamento, seu pai foi obrigado a procurar
socorro médico, recolhendo-se, então, a prolongado repouso. "Acompanhava-lhe
a decadência orgânica – disse Silas – ,
tomado de vivas apreensões. Não era a saúde paterna que me feria a imaginação,
mas sim a extensa reserva financeira de nossa casa. Na hipótese do súbito
falecimento do homem que me trouxera à existência, de modo algum me resignaria
a partilhar a herança com a mulher que, aos meus olhos, indebitamente ocupava o
espaço de minha mãe." André estava perplexo. Afinal, Silas mentia ou era
aquela a sua verdadeira história? O Assistente, no entanto, prosseguiu:
"Passei a arquitetar planos delituosos, quanto à melhor maneira de alijar
Aída de qualquer possibilidade de ingresso futuro ao nosso patrimônio, sem
melindrar meu pai doente... E nos projetos criminosos que me visitavam a
cabeça, a própria morte da madrasta comparecia como solução. Entretanto, como
suprimi-la sem causar maior sofrimento ao enfermo que eu desejava
conservar?..." Ele pensou então em desmoralizá-la aos olhos do pai e assim
tramava, quando surgiu a oportunidade esperada. Seu pai lhe pediu que fosse,
com Aída, representá-lo em determinava festividade pública. Funestos propósitos
nasceram-lhe na mente e foi a partir daí que introduziu em sua casa um primo de
Aída – Armando – que a havia cortejado em solteira. Armando
era um pouco mais velho que eles, perdulário e fanfarrão, que dividia seu tempo
entre mulheres e taças espumantes. A praia, o teatro, o cinema, bem como
passeios de variados matizes, eram agora os pontos costumeiros de seus
encontros, nos quais intencionalmente Silas deixava os dois primos nos braços
um do outro... Aída não percebeu a manobra e, embora resistisse por mais de um
ano à galanteria do companheiro, acabou por ceder às constantes ofensivas. Um
dia, em sua própria casa, o velho pai, avisado por Silas, pôde presenciar com
os seus olhos o flagrante do adultério... (Obra citada, capítulo 9, pp. 121 a 123.)
56. Crime e remorso – Armando,
cínico, embora desapontado, afastou-se, lépido, certo de que não poderia
esperar qualquer golpe grave de um sexagenário abatido, mas Aída, profundamente
ferida em seu amor próprio, dirigiu ao velho esposo acusações humilhantes,
procurando os seus aposentos particulares, numa explosão de amargura.
"Completando a obra terrível a que me devotara – acentuou Silas – , mostrei-me mais carinhoso
para com o enfermo, intimamente aniquilado... Duas semanas arrastaram-se
pesadas para a nossa equipe familiar... Enquanto Aída ocupava o leito,
assistida por dois médicos de nossa confiança, que nem de longe nos conheciam a
tragédia oculta, afagava meu pai com lamentações e sugestões indiretas para que
os bens de nossa casa fossem, na maioria, guardados em meu nome, já que o
segundo matrimônio não poderia desfazer-se, perante as autoridades legais.
Prosseguia em minha faina delituosa, quando minha madrasta apareceu morta... Os
clínicos de nossa amizade positivaram um envenenamento fulminante e,
constrangidos, notificaram a meu pai tratar-se de um suicídio, decerto motivado
pela insofreável neurastenia de que a doente se via objeto." Na verdade,
lembrou o Assistente, fora seu pai quem envenenou a esposa, administrando-lhe
violento tóxico no calmante habitual. E ele mesmo, doente e carregando consigo
o fardo intolerável do remorso, morreria poucos meses depois. "Pela
primeira vez minha consciência doeu, fundo", admitiu Silas. "O apego aos bens da
carne arrasava-me a vida..." (Obra citada, capítulo 9, pp. 123 e 124.)
57. Morte e sofrimento de Silas – O
velho querido morreu nos braços de Silas, que passou a sentir-se o mais
infortunado dos seres, pois o ouro integral do mundo não lhe garantia o mais
leve consolo. "Achava-me sozinho, sozinho e... infinitamente desgraçado.
Todos os recantos e pertences de nossa habitação falavam-me de crime e
remorso...", lembrou Silas, dizendo que muitas vezes a sombra noturna
pareceu-lhe povoada de fantasmas horripilantes a escarnecerem de sua dor, e, em
meio da malta de insensíveis demônios, a investirem contra ele, tinha então a
ideia de escutar a voz inconfundível de seu pai, clamando: "Meu filho! meu
filho! recua enquanto é tempo". Silas fez-se assim arredio e
desconfiado... "Em pavorosa crise moral, demandei à Europa, em longa
viagem de recreio – recordou o
Assistente – , mas o encanto das grandes cidades do Velho Mundo não conseguiu
aliviar-me as chagas interiores. Em toda a parte, a refeição mais nobre
amargava-me na boca e os mais belos espetáculos artísticos deixavam-me apenas
ansiedade e desolação." De volta ao Brasil, sem coragem de retornar à
antiga residência, hospedou-se na casa de velho amigo de seu pai, por alguns dias,
até que pudesse pensar numa transformação radical da existência. Ele ficaria
ali, contudo, por longos meses, tentando imerecida fuga mental, até que, em
certa noite, visando a amenizar uma insistente dor no estômago, tomou de um
frasco de arsênico na adega de seu anfitrião, acreditando usar o bicarbonato de
sódio que ali deixara na véspera, e o veneno expulsou-o do corpo, impondo-lhe
sofrimentos terríveis, tal como sucedera à sua madrasta, enquanto que na casa
de seu hospedeiro pensou-se que ele buscara no suicídio a extinção das penas
morais que castigavam sua alma entediada. Dementado, depois da morte física
atravessou meses cruéis de terror e desequilíbrio, até que foi socorrido por
amigos de seu pai, que se achava igualmente a caminho da recuperação, passando
então a empenhar todas as suas energias na preparação do futuro. "Como
veem – concluiu Silas – , a fascinação
pelo ouro foi o motivo de minha perda. Tenho a necessidade de grande esforço no
bem e de fé vigorosa para não cair outra vez, porquanto é indispensável me
consagre a nova experiência entre os homens..." (Obra citada, capítulo 9,
pp. 124 e 125.)
Respostas às questões propostas
A. Por que Silas repeliu Aída, a segunda
esposa de seu pai?
O motivo foi
sovinice, ambição, paixão pelo dinheiro. Silas, vendo o pai enfermo, não
concordava em dividir a herança com a madrasta, uma mulher bem mais jovem que
ele julgava haver-se casado com seu pai somente por interesse. Ele pensou então
em desmoralizá-la aos olhos do pai e assim tramava, quando surgiu a oportunidade
esperada. O plano surtiu resultado e Aída, em determinado dia, foi surpreendida
pelo marido em um inexplicável flagrante de adultério. (Ação e Reação, cap. 9,
pp. 121 a
123.)
B. A cena do adultério teve maiores
consequências?
Sim. Aída
abateu-se muito e teve de ser atendida por dois médicos de confiança da
família. Dias depois, ela apareceu morta... Os clínicos positivaram um
envenenamento fulminante e, constrangidos, notificaram ao marido tratar-se de
suicídio, motivado talvez pela insofreável neurastenia de que a doente se via
objeto. Mas, em verdade, fora o pai de Silas quem envenenou a esposa,
administrando-lhe violento tóxico no calmante habitual. (Obra citada, cap. 9,
pp. 123 e 124.)
C. Em face da tragédia familiar, o que
ocorreu a Silas, responsável direto pelos acontecimentos?
O remorso não
demorou a vir. Com a morte do pai, ocorrida pouco depois, ele decidiu viajar e,
quando voltou, não teve coragem de retornar à antiga residência. Hospedou-se,
então, na casa de velho amigo de seu pai, por alguns dias, até que pudesse
pensar numa transformação radical da existência. Certa noite, visando a
amenizar uma insistente dor no estômago, tomou de um frasco de arsênico na
adega de seu anfitrião, acreditando usar o bicarbonato de sódio que ali deixara
na véspera, e o veneno expulsou-o do corpo, impondo-lhe sofrimentos terríveis,
tal como sucedera à sua madrasta, enquanto que na casa de seu hospedeiro
pensou-se que ele buscara no suicídio a extinção das penas morais que
castigavam sua alma entediada. (Obra citada, cap. 9, pp. 124 e 125.)
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