sábado, 13 de setembro de 2014

Quando o amor é mais importante que o preconceito...


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Meus caros leitores e leitoras, em minha época, eu imaginava que, ainda que os seres humanos não evoluíssem, as sociedades evoluiriam. Parece até que eu tinha razão. A modernidade trouxe um avanço nas comunicações que jamais, em tempo algum, houve na Terra. Mas ainda há muito que avançarem as relações humanas.
Hoje em dia, qualquer criança sabe comunicar-se por um iPhone, iPad ou em sites de relacionamentos da internet. O neto de Joteli, com 1 ano e 5 meses, não pode ver um desses aparelhos que já tenta apertar as teclas com seus dedinhos. O iPhone ele põe no ouvido e fica aguardando alguém falar com ele, quando não digita, antes, alguns números aleatórios... Enquanto isso, no iPad, seu irmão mais velho, de 6 anos, baixa uns joguinhos ou a Galinha pintadinha, para o caçulinha brincar ou ouvir, enquanto ele joga futebol, um dos poucos jogos que ainda não mudou, com seus amiguinhos.
Enquanto isso, seu pai assiste a um jogo de futebol profissional no qual diversos torcedores, dentre os quais se destaca uma jovem, alcunham o goleiro negro adversário de macaco. Mais tarde, seríamos informados por uma emissora de TV que outra jovem, negra, fora ofendida pela internet, por ter postado ali a foto com seu namorado branco, em virtude da diferença de pigmentação de suas peles.
Após grande repercussão na imprensa escrita, falada ou televisiva, aquela mesma TV, ao final de seu programa dominical, posta várias manifestações provindas de vários estados brasileiros: “o Brasil é formado por uma mistura de raças”, “somos todos iguais”, “não ao racismo”, “todos somos macacos”...
Upa lelê, vamos com calma. Se é verdade que os animais, atualmente, estão sendo vistos, cada vez mais, como nossos irmãos, se é certo que alguns cães vêm sendo homenageados post-mortem como heróis, se macacos e outros animais são, por vezes, mais civilizados do que muitas pessoas, precisamos respeitá-los e deixá-los ser como eles são e continuarmos a ser como nós somos. Homem é homem, mulher é mulher, cachorro é cachorro, gato é gato e macaco é macaco...
Deixemos, pois, o macaco em paz e cuidemos da paz entre nós... Não os maltratemos comparando-o a nós, eles não fazem a guerra, eles não se ofendem mutuamente, e, principalmente, não querem ser como nós, que não nos respeitamos e destruímos a natureza, sua e nossa mãe.
Ainda agora, passou por mim o grande Martin Luther King e pediu-me para lembrar-lhes, leitores amigos, um pequeno trecho de seu discurso: “Eu tenho um sonho em que as pessoas sejam julgadas, numa nação, não pela pele do seu corpo, mas pelo seu caráter”.
E por que essa nação ainda não é o Brasil, se aqui não há um só nativo que não seja a mistura de todas as raças? Desse modo, ofender um cidadão ou cidadã por ter a pigmentação da pele negra é, além de grande estupidez, demonstração de completa ignorância de sua própria descendência, pois os primeiros habitantes da Terra tiveram origem na África, como já está comprovado cientificamente por biólogos, arqueólogos, paleontólogos e historiadores.
Qual era mesmo a cor de César, aquele que incendiou Roma e colocou a culpa nos cristãos? E a de Napoleão Bonaparte? E a de Hitler?
Não é a cor que define o caráter, nem mesmo a beleza de uma pessoa e sim sua alma. Se esta é pura, sua essência é sublime. No corpo físico, todos proviemos do barro e a ele voltaremos, até quando, libertos de todas as misérias morais, nos tornemos luz, como nos esclareceu o Mestre de Nazaré.
O extraordinário “Cisne negro”, alma de grande elevação que introduziu o Simbolismo no Brasil, o nosso Cruz e Sousa, pede licença para relembrar-lhes um dos seus belos sonetos, que nos mostra a tolice de cultuarmos a matéria, em geral, e o corpo físico, em particular, acima do cultivo ao espírito, meus fiéis leitor e leitora. Ei-lo:

LONGE DE TUDO (Cruz e Sousa)

É livres, livres desta vã matéria,
Longe, nos claros astros peregrinos,
Que havemos de encontrar os dons divinos
E a grande paz, a grande paz sidérea.

Cá nesta humana e trágica miséria,
Nestes surdos abismos assassinos
Teremos de colher de atros destinos
A flor apodrecida e deletéria.

O baixo mundo que troveja e brama
Só nos mostra a caveira e só a lama,
Ah! Só a lama e movimentos lassos...

Mas as almas irmãs, almas perfeitas,
Hão de trocar, nas regiões eleitas,
Largos, profundos, imortais abraços!

E, como canta Renato Russo, o que importa “é só o amor”. Quer ouvi-lo? Clique no link e na música Monte Castelo: http://www.ouvirmusica.com.br/legiao-urbana/22490/

Acesse, também, quando puder, o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com



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