Faz pouco
tempo, a imprensa divulgou com natural alarde um fato deplorável e duplamente
lamentável: primeiro, porque teve como protagonistas um grupo de jovens;
segundo, porque tais jovens pertencem a famílias socialmente bem situadas, o
que afasta, desde logo, a ideia de que seriam pessoas movidas pelo desespero. Referimo-nos
à prisão em flagrante de onze vestibulandos acusados de tentativa de fraude no
vestibular de Medicina de uma das faculdades de nossa região.
De acordo com
o noticiário, os celulares apreendidos com os jovens haviam recebido, por
mensagem de texto, o gabarito completo da prova. Além de celulares, os
envolvidos usavam também pontos eletrônicos para receber as respostas. A confirmação
disso se deu depois que foram submetidos ao aparelho de detecção de metais.
Na mensagem
de texto que continha o gabarito existiam códigos. “Uma das candidatas explicou
os códigos. Ela disse que cada número significava uma letra”, disse à imprensa
o delegado que cuidou do caso.
Feito o
indiciamento, alguns dos onze envolvidos revelaram à Polícia que pagariam R$ 10
mil pelo gabarito, enquanto outros disseram que o preço seria de R$ 30 mil,
pagamento a ser feito depois, em caso de aprovação no vestibular.
Quando se diz
que o progresso intelectual não é seguido de imediato por igual avanço no campo
moral, eis algo que todos sabemos, independentemente da crença que esposamos. O
fato descrito é, nesse sentido, mais uma prova disso.
O uso de
tecnologia avançada para a transmissão da informação, o concurso de alguém que
conhecia o assunto e a própria decisão dos interessados em buscar o caminho da
fraude para se tornarem médicos, eis pormenores reveladores de uma pobreza
moral que causa pena e não apenas indignação.
Acrescente-se
a isso a possível participação dos pais dos fraudadores, uma vez que sabemos
que na idade em que um jovem busca o ingresso na faculdade é muito difícil
possa ele dispor, sem ajuda dos pais, da quantia mencionada.
Estamos em
uma época em que já era tempo de todos entenderem que, na estrada da vida,
existem, conforme ensina o Evangelho, duas sendas: a senda da perdição e a senda da retidão.
A primeira é
atraente, repleta de facilidades, de jeitinhos e de ilusões.
A segunda é
difícil, plena de desafios e de dificuldades.
Buscar o
ingresso numa faculdade pelo caminho da fraude, prejudicando os outros
candidatos que se esforçaram, que se dedicaram ao estudo, não é, convenhamos, o
caminho que uma pessoa sensata deve seguir, porque tudo o que fazemos em nossa
vida gera consequências, tanto para o bem quanto para o mal.
A toda ação
corresponde uma reação, quem matar pela espada morrerá sob a espada, quem com
ferro fere com ferro será ferido, a semeadura é livre mas a colheita é
obrigatória, a cada um segundo as suas obras.
Essas regras
tão conhecidas, estatuídas por Deus e reveladas a nós por Jesus, é que dirigem
com sabedoria o roteiro, as locações, as alternativas da vida, que parecem tão
confusas e improvisadas e, no entanto, obedecem a uma programação meticulosa e
a uma ordem que não podem ser compreendidas pelos materialistas e por aqueles
que pensam que dinheiro pode comprar tudo.
Escreveu
Paulo aos Gálatas: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que
o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne
ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida
eterna.” (Gálatas, 6:7-8.)
Que o
lamentável episódio seja para todos nós e para os nossos filhos exemplo do que
não se deve fazer, se quisermos realmente chegar à meta para a qual Deus nos
criou.
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