Vimos estudando semanalmente no Centro Espírita Nosso Lar,
de Londrina (PR), o livro “No Invisível”, um dos clássicos do Espiritismo, de
autoria de Léon Denis.
Reproduzimos, em seguida, o texto do módulo concluído nesta
semana, cuja publicação tem por finalidade proporcionar, a quem se interessar,
a oportunidade de acompanhar o mencionado estudo.
Questões para
debate
A. A
especulação metafísica foi importante para que a doutrina do moderno
Espiritualismo fosse edificada?
Não. Para
edificar sua doutrina, o moderno Espiritualismo (nome com que o Espiritismo foi
conhecido inicialmente) não teve necessidade de recorrer à especulação
metafísica; foi-lhe suficiente apoiar-se na observação e na experiência. Não
podendo os fenômenos que ele estuda explicar-se por leis conhecidas, longa e
ponderadamente os examinou e analisou e, em seguida, por encadeamento racional,
dos efeitos remontou às causas. A intervenção dos Espíritos, a existência do
corpo fluídico, a exteriorização dos vivos não foram afirmadas senão depois que
os fatos vieram, aos milhares, demonstrar a sua realidade. A nova ciência
espiritualista não é, pois, obra de imaginação; é o resultado de longas e
pacientes pesquisas, o fruto de inúmeras investigações. (No Invisível, O
Espiritismo experimental: I - A Ciência Espírita.)
B. Que
meios são necessários para se adquirir a ciência de além-túmulo?
Há dois
meios: de um lado, o estudo experimental, de outro a intuição e o raciocínio,
de que só as inteligências exercitadas sabem e podem utilizar-se. A
experimentação foi a preferida pela grande maioria dos contemporâneos de Léon
Denis, por estar mais de acordo com os hábitos do mundo ocidental, bem pouco
iniciado ainda no conhecimento das secretas e profundas capacidades da alma. Os
fenômenos físicos bem comprovados têm, para os nossos sábios, uma importância
inigualável. Em muitos homens não pode a dúvida cessar nem o pensamento
libertar-se do estado de entorpecimento, senão a poder do fato. O fato brutal,
o fato autêntico vem subverter as ideias preconcebidas; obriga os mais
indiferentes a investigar o problema de além-túmulo. (Obra citada, O
Espiritismo experimental: II - A marcha ascensional: os métodos de estudo.)
C. A
respeito dos Espíritos dos mortos, que é que os fatos puderam comprovar?
Antes do
moderno Espiritualismo, para a maioria dos homens, a crença na vida futura não
era mais que vaga hipótese, fé oscilante a todos os embates da crítica. As
almas, depois de separadas dos corpos, eram apenas a seus olhos entidades mal
definidas, enclausuradas em lugares circunscritos, inativas, sem objetivo, sem
relações possíveis com a Humanidade. Agora é diferente, pois sabemos, de
ciência certa, que os Espíritos dos mortos nos rodeiam e se imiscuem em nossa
vida. Aparecem-nos como verdadeiros seres humanos, providos de corpos sutis,
tendo conservado todos os sentimentos da Terra, suscetíveis, porém, de
elevação, tomando parte, de forma crescente, na obra e no progresso universais
e possuindo energias consideravelmente superiores às de que dispunham em sua
condição antiga de existência. E mais: a morte não ocasiona mudança alguma
essencial à natureza íntima do ser, que permanece, em todos os meios, o que a
si mesmo se fez, levando para além do túmulo suas tendências, seus ódios e afetos,
suas virtudes ou fraquezas, conservando-se ligado pelo coração aos que na Terra
amou, sempre ansioso por aproximar-se deles. (Obra citada, O Espiritismo
experimental: II - A marcha ascensional: os métodos de estudo.)
Texto para leitura
96. Eusápia Paladino
aumentava e diminuía à vontade o próprio peso e o da mesa. À distância de 45 centímetros
produziu a ruptura de um tubo de borracha e fez quebrar-se um lápis. Quebrou em
três pedaços uma pequena mesa de madeira, colocada atrás de sua cadeira, anunciando
previamente o número dos fragmentos, coisa incompreensível, uma vez que ela
estava na obscuridade e de costas voltadas para a mesa. Tendo o Sr. Dubierne
dito, numa das sessões, que “John”, o Espírito-guia de Eusápia, podia quebrar a
mesa, ouviu-se imediatamente partir-se um dos pés desta.
97. Apesar
desses fatos, o Dr. Le Bon lançou aos espíritas e aos médiuns, no “Matin” de 20
de maio de 1908, o seguinte repto: “Embora declare o professor Morsélli que o
levantamento de uma mesa, sem contacto, é o ‘ABC’ dos fenômenos espíritas,
duvido muito que se possa produzir... Ofereço 500 francos a quem me mostrar o
fenômeno em plena luz.”
98. Alguns
dias depois, um jornalista muito conhecido, o Sr. Montorgueil, respondia no
“L'Eclair”: “Somos centenas os que temos visto fenômenos de levitação de mesas,
sem contacto. Vêm-nos agora dizer que há sugestão, prestidigitação, artifício.
A exemplo do Sr. Le Bon, ofereço 500 francos ao prestidigitador que se
apresentar no “L'Éclair” e nos enganar com os mesmos artifícios, reproduzindo
os mesmos fenômenos.”
99. O
astrônomo C. Flammarion, por sua parte, respondia no “Matin” ao Sr. Le Bon: “Em
minha obra ‘Forças Naturais Desconhecidas’, se encontram fotografias diretas e
sem retoques, a cujo propósito estou também perfeitamente disposto a dar um
prêmio de 500 francos a quem for capaz de nelas descobrir qualquer artifício.”
E adiante disse: “Veem-se rotações operarem-se sem contacto, tendo sido a
farinha espalhada como por um sopro de fole e sem que dedo algum a houvesse
tocado... Durante essas experiências víamos um piano, do peso de 300 quilogramas ,
desferir sons e levantar-se, quando ao seu pé havia apenas um menino de onze
anos, médium sem o saber.”
100.
Finalmente, o Dr. Ochorowicz, professor da Universidade de Varsóvia, publicava
nos “Annales des Sciences Psychiques” de 1910 (ver a coleção completa desse
ano) a narrativa de suas experiências com a médium Srta. Tomszick, acompanhada
de reproduções fotográficas de numerosos casos de levitação de objetos sem
contacto. Esses fatos representam um conjunto de provas objetivas capazes de,
por sua natureza, convencer os mais cépticos.
101. O
professor César Lombroso, da Universidade de Turim, célebre no mundo inteiro
por seus trabalhos de antropologia criminalista, publicava em 1910, pouco antes
de sua morte, um livro, intitulado “Hipnotismo e Espiritismo”, em que
relatava todas as suas experiências, prosseguidas durante anos, e concluía num
sentido absolutamente afirmativo, sob o ponto de vista espírita. Essa obra é um
belo exemplo de probidade científica, a opor ao preconceito e às opiniões
rotineiras da maior parte dos sábios franceses. Julgamos dever aqui reproduzir
as considerações que induziram Lombroso a escrever: “Quando me dispus a
escrever um livro – diz ele – sobre os fenômenos denominados espíritas, ao
termo de uma existência consagrada ao desenvolvimento da Psiquiatria e da
Antropologia, os meus melhores amigos me acabrunharam de objeções, dizendo que
eu ia arruinar a minha reputação. Apesar de tudo, não hesitei em prosseguir,
considerando meu dever rematar a luta em que me empenhara pelo progresso das
ideias, lutando pela mais contestada e escarnecida ideia do século.”
102. Assim,
dia a dia as experiências se repetem, os testemunhos se tornam cada vez mais
numerosos. Todos esses fatos constituem já, em seu conjunto, uma nova ciência,
baseada no método positivo. Para edificar sua doutrina, o moderno
Espiritualismo não teve necessidade de recorrer à especulação metafísica;
foi-lhe suficiente apoiar-se na observação e na experiência. Não podendo os
fenômenos que ele estuda explicar-se por leis conhecidas, longa e
ponderadamente os examinou e analisou e, em seguida, por encadeamento racional,
dos efeitos remontou às causas. A intervenção dos Espíritos, a existência do
corpo fluídico, a exteriorização dos vivos não foram afirmadas senão depois que
os fatos vieram, aos milhares, demonstrar a sua realidade.
104. Durante
anos têm sido efetuadas rigorosas perquirições por comissões de sábios
profissionais. As mais conhecidas são o inquérito da Sociedade Dialética de
Londres, o da Sociedade de Investigações Psíquicas, que se mantém há vinte anos
e tem produzido consideráveis resultados, e, mais recentemente, o do Sr.
Flammarion. Todos registram milhares de observações, submetidas ao mais severo
exame, às mais escrupulosas verificações.
105. Passou o
tempo das ironias levianas. O desdém não é uma solução. É preciso que a Ciência
se pronuncie, porque o fenômeno aí está, revestindo tantos aspectos,
multiplicando-se de tal modo, que se impõe a sua atenção. A alma, livre e
imortal, não mais se afirma como entidade vaga e ideal, mas como um ser real,
associado a uma forma e produtor de uma força sutil cuja manifestação constante
solicita a atenção dos investigadores. Desde as pancadas e os simples fatos de
tiptologia até as aparições materializadas, o fenômeno espírita se desdobrou,
sob formas cada vez mais imponentes, levando a convicção aos mais cépticos e
mais desconfiados.
106. É o fim
do sobrenatural e do milagre; mas desse conjunto de fatos, tão antigos como a
própria Humanidade, até aqui mal observados e compreendidos, resulta agora uma
concepção mais alta da vida e do Universo e o conhecimento de uma lei suprema
que vai guiando os seres, em sua ascensão através dos esplendores do infinito,
para o bem, para o perfeito!
107. O
Espiritismo experimental: II - A marcha ascensional: os métodos de estudo –
A reunião do Congresso Espírita e Espiritualista Internacional de Paris, em
1900, permitiu comprovar-se a vitalidade sempre crescente do Espiritismo.
Delegados vindos de todos os pontos do mundo, representantes dos mais diversos
povos nele expuseram os progressos das ideias em seus respectivos países, sua
marcha ascensional mau grado aos obstáculos, às ruidosas conversões que opera,
tanto entre os membros da Igreja como entre os sábios materialistas.
Identicamente sucedeu no Congresso de Bruxelas, em 1910. Foi instituída uma
Agência Internacional, com o fim de estabelecer permanentes relações entre as
agremiações dos diferentes países e colher informações acerca do movimento
espírita no mundo inteiro.
108. Apesar
das negações e zombarias, a crença espírita se fortifica e engrandece. À
medida, porém, que se propaga, torna-se mais acesa a luta entre negadores e
convencidos. O mundo velho se sobressalta; sente-se ameaçado. A luta pela vida
não é mais violenta que o conflito das ideias. A ideia antiquada, incompleta,
agarra-se desesperadamente às posições adquiridas e resiste aos esforços da
ideia nova, que quer ocupar o seu lugar ao Sol. As resistências se explicam
pelos interesses de toda uma ordem de coisas que se sente combatida. Têm sua
utilidade, porque tornam mais atilados os inovadores, mais ponderados os
progressos do espírito humano.
109. Ora, o
espírito humano tem como parte integrante do seu destino destruir e reconstruir
sempre. Trabalha incessantemente na edificação de esplêndidos monumentos, que
lhe servirão de abrigo, mas que, tornados insuficientes dentro em pouco,
deverão ser substituídos por obras, concepções mais vastas, apropriadas ao seu
constante desenvolvimento. Todos os dias desaparecem individualidades, sistemas
submergem na luta. Mas em meio das flutuações terrestres o roteiro da verdade
se desdobra, traçado pela mão de Deus, e a Humanidade segue o rumo de seus
inelutáveis destinos.
110. O
Espiritismo, utopia de ontem, será a verdade de amanhã. Com ela familiarizados,
os nossos pósteros esquecerão as lutas, os sofrimentos dos que lhe terão
assegurado a posição ao mundo; a seu turno, porém, terão que sofrer e combater
pela vitória de um ideal mais elevado. É a lei eterna do progresso, a lei da
ascensão que conduz a alma humana, de estância em estância, de conquista em
conquista, a uma soma sempre maior de luz, de experiência e de ciência. É a
razão mesma da vida, a ideia máter que dirige a evolução das almas e dos
mundos.
111. À
proporção que o Espiritismo se divulga, mais imperiosa se faz sentir a
necessidade de estabelecer regras positivas, condições sérias de estudo e
experimentação. É preciso evitar aos adeptos amargas decepções e a todos tornar
acessíveis os meios práticos de entrar em relação com o mundo invisível.
112. Há dois
meios para se adquirir a ciência de além-túmulo: de um lado o estudo
experimental, de outro a intuição e o raciocínio, de que só as inteligências
exercitadas sabem e podem utilizar-se. A experimentação é preferida pela grande
maioria dos nossos contemporâneos. Está mais de acordo com os hábitos do mundo
ocidental, bem pouco iniciado ainda no conhecimento das secretas e profundas
capacidades da alma.
113. Os
fenômenos físicos bem comprovados têm, para os nossos sábios, uma importância
inigualável. Em muitos homens não pode a dúvida cessar nem o pensamento
libertar-se do estado de entorpecimento, senão a poder do fato. O fato brutal,
o fato autêntico vem subverter as ideias preconcebidas; obriga os mais
indiferentes a investigar o problema de além-túmulo.
114. É
necessário facilitar as pesquisas experimentais e o estudo dos fenômenos
físicos, considerando-os, porém, como transição para manifestações menos
terra-a-terra. Essas manifestações, ao mesmo tempo intelectuais e espirituais,
constituem o lado mais importante do Espiritismo. Em suas variadas formas
representam outros tantos meios de ensino, outros tantos elementos de uma
revelação, sobre a qual se edifica uma noção da vida futura mais ampla e
elevada que todas as concepções do passado.
115. O homem
que chora a perda de seres caros, de que a morte o separou, procura antes de
tudo uma prova da sobrevivência na manifestação dessas almas diletas ao seu
coração e que para ele também se sentem atraídas pelo amor. Uma palavra
afetuosa, uma prova moral, delas provenientes, farão muito mais para convencer
que todos os fenômenos materiais.
116. Até
agora, para a maioria dos homens, a crença na vida futura não havia sido mais
que vaga hipótese, fé oscilante a todos os embates da crítica. As almas, depois
de separadas dos corpos, eram apenas a seus olhos entidades mal definidas,
enclausuradas em lugares circunscritos, inativas, sem objetivo, sem relações
possíveis com a Humanidade.
117. Hoje
sabemos, de ciência certa, que os Espíritos dos mortos nos rodeiam e se
imiscuem em nossa vida. Aparecem-nos como verdadeiros seres humanos, providos
de corpos sutis, tendo conservado todos os sentimentos da Terra, suscetíveis,
porém, de elevação, tomando parte, de forma crescente, na obra e no progresso
universais e possuindo energias consideravelmente superiores às de que
dispunham em sua condição antiga de existência.
118. Sabemos
que a morte não ocasiona mudança alguma essencial à natureza íntima do ser, que
permanece, em todos os meios, o que a si mesmo se fez, levando para além do
túmulo suas tendências, seus ódios e afetos, suas virtudes ou fraquezas,
conservando-se ligado pelo coração aos que na Terra amou, sempre ansioso por
aproximar-se deles.
120. Força é,
todavia, reconhecer que a prática experimental do Espiritismo é inçada de
dificuldades. Exige qualidades de que não são dotados muitos homens: espírito
de método, perseverança, perspicácia, elevação de pensamentos e de sentimentos.
Alguns só chegam a adquirir a cobiçada certeza, depois de repetidos insucessos;
outros a alcançam de um jato, pelo coração, pelo amor. Estes apreendem a
verdade sem esforço, e dela nada mais os consegue desviar.
121. Sim, a
Ciência é magnífica; nela encontram infinitas satisfações os investigadores
perseverantes, a quem cedo ou tarde fornecerá ela a base em que as convicções
sólidas se fundam. Entretanto, a essa ciência puramente intelectual, que estuda
unicamente os corpos, é necessário, para assegurar-lhe o equilíbrio,
acrescentar uma outra que se ocupa da alma e de suas faculdades afetivas. É o
que fez o Espiritismo, que não é somente uma ciência de observação, mas também
de sentimento e de amor, pois que se dirige ao mesmo tempo à inteligência e ao
coração.
122. É por
isso que os sábios oficiais, habituados às experiências positivas, operando com
instrumentos de precisão e baseando-se em cálculos matemáticos, obtêm resultados
menos facilmente e fatigam-se depressa em presença do caráter fugidio dos
fenômenos. As causas múltiplas em ação nesse domínio, a impossibilidade de
reproduzir os fatos à vontade, as incertezas, as decepções os desconcertam e
fazem esmorecer.
123. Raros
foram, na França, durante muito tempo, nos círculos oficiais, os
experimentadores emancipados das clássicas rotinas e dotados das qualidades
necessárias para empreenderem com êxito essas delicadas observações. Todos os
que procederam com perseverança e imparcialidade puderam verificar a realidade
das manifestações dos denominados mortos. Ao publicar, porém, os resultados de
suas investigações, só defrontaram na maioria das vezes a incredulidade, a
indiferença ou a zombaria.
124. Os
homens de ciência, para explicar os fatos espíritas, têm amontoado sistemas
sobre sistemas e recorrido às mais inverossímeis hipóteses, torturando os
fenômenos para os acomodar no leito de Procusto de suas concepções. Daí a
criação de tantas singulares teorias, desde o músculo rangedor de Jobert de
Lamballe, as articulações estalantes, o automatismo psicológico, as alucinações
coletivas, até a do subliminal. Essas teorias, mil vezes refutadas, renascem
incessantemente. Dir-se-ia que os representantes da ciência oficial nada
receiam tanto como ser obrigados a reconhecer a sobrevivência e intervenção dos
Espíritos.
125. Sem dúvida, é prudente e de bom aviso examinar todas
as explicações contrárias, esgotar todas as hipóteses, todas as outras
possibilidades, antes de recorrer à teoria espírita. Ao começo, os
experimentadores, em sua maior parte, entenderam poder dispensá-la; à medida,
porém, que de mais perto examinavam o fenômeno, compreendiam que eram
insuficientes as outras teorias e forçoso se tornava recorrer à explicação tão
desdenhada. Os outros sistemas se esboroavam um a um sob a pressão dos
fatos.
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