Lemos meses atrás no Jornal
de Londrina uma notícia desalentadora, a respeito do aumento do número de
suicídios em Londrina, cuja incidência cresceu 52% nos últimos cinco anos,
percentual que foi ainda maior (57%) na faixa etária de 20 a 29 anos, na qual, aliás,
ocorre o maior número de casos.
Na reportagem a que nos referimos, foram transcritos
depoimentos de dois profissionais da área da saúde.
Afirmou o psicoterapeuta Ivan Capelatto, de Campinas (SP),
em entrevista concedida ao periódico: “O que a gente tem encontrado nos estudos
é a decepção com a família, com amigos, consigo mesmo, porque começou a ficar
muito difícil pertencer a essa sociedade pós-moderna. Há suicídios cujo
objetivo é machucar o outro, mas há suicídios que são a insuportabilidade de
viver”.
O diagnóstico coincide com o que temos aprendido na
doutrina espírita a respeito dos desafios que todos nós enfrentamos na
experiência reencarnatória, especialmente num planeta que apresenta, como
características básicas, servir como mundo de provas, reparação e expiação.
Pesam-nos muito a carga do passado, a necessidade da
reparação e o enfrentamento de situações que nós mesmos escolhemos antes de
retornarmos ao cenário terrestre. É por isso que encontramos na experiência
comum pessoas que vencem seus obstáculos e uma parcela de quem não consegue
superar as vicissitudes inerentes ao projeto reencarnatório escolhido.
O tema suicídio já foi por nós examinado em inúmeras
oportunidades na revista O Consolador,
ocasião em que lembramos os diferentes aspectos doutrinários pertinentes ao
assunto, especialmente no tocante às consequências para aquele que decidiu pôr
fim à sua existência. Repitamos: “fim à sua existência”, não fim à vida, porque
esta jamais se extingue, estejamos ou não revestidos de um corpo carnal.
Na entrevista concedida ao Jornal de Londrina, Ivan Capelatto não fala somente sobre causas,
mas sugere algumas medidas de caráter preventivo. “Para fazer a prevenção –
afirma ele –, temos de começar a mostrar para a criança valores como afeto,
carinho pelo outro; os pais devem ficar mais juntos dos filhos, fazer com que
as crianças suportem o desprazer, sempre colocando limite como: ‘não, agora não
pode’. Eles precisam sentir que deverão buscar um sonho, buscar uma relação com
a vida.”
O outro especialista citado na reportagem é a psicóloga
Karen Scavacini, de São Paulo (SP), mestre em Saúde Pública na
área de Promoção de Saúde Mental e Prevenção ao Suicídio. Karen entende ser
possível prevenir o suicídio a partir do momento em que se lança luz sobre
causas, fatores de risco, sinais de risco e fatores de prevenção.
Dentre os fatores de risco, aponta a psicóloga a falta de
sentido para a vida e o sentimento de desesperança. Como fatores de prevenção,
menciona a autoconfiança, o sentimento de valor pessoal, o apoio familiar e de
amigos, sentimento de pertencimento, bons relacionamentos, capacidade de pedir
ajuda, boa alimentação e bom sono.
À luz do Espiritismo, entendemos que valeria a pena incluir
nessas medidas a prática da oração, o exercício do bem, o Evangelho no lar e,
em especial, fé, esperança e integral confiança em Deus, que, como ninguém
ignora, só deseja o bem para os seus filhos.
Curiosamente, os especialistas defendem, também, que se
tire o tema do silêncio, contrariando uma antiga política adotada pela imprensa
em geral, que sempre evitou dar destaque ao assunto, entendendo que isso
poderia concorrer para o aumento dos casos.
O silêncio é realmente útil em inúmeras situações, mas nos
parece evidente que, em se tratando da prevenção do suicídio, ele, sem dúvida,
não ajuda.
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