Vimos estudando semanalmente no Centro Espírita Nosso Lar,
de Londrina (PR), o livro “No Invisível”, um dos clássicos do Espiritismo, de
autoria de Léon Denis.
Reproduzimos, em seguida, o texto do módulo concluído nesta
semana, cuja publicação tem por finalidade proporcionar, a quem se interessar,
a oportunidade de acompanhar o mencionado estudo.
Questões para
debate
A. Que é
médium, na definição de Léon Denis?
O médium é o
agente indispensável, com cujo auxílio se produzem as manifestações do mundo
invisível. O médium desempenha um papel essencial no estudo dos fenômenos
espíritas. Participando, simultaneamente, por seu invólucro fluídico, da vida
do Espaço e, pelo corpo físico, da vida terrestre, é ele o intermediário
obrigatório entre dois mundos. (No Invisível - O Espiritismo experimental:
IV - A mediunidade.)
B. Pode o
Espírito agir sobre a matéria?
Separado da
matéria grosseira pela morte, o Espírito não pode mais sobre ela agir nem se
manifestar na esfera humana sem o auxílio de uma força, de uma energia, que ele
haure no organismo de um ser vivo. Toda pessoa suscetível de fornecer ou de
exteriorizar essa força é apta para desempenhar um papel nas manifestações
físicas – deslocamento de objetos sem contacto, transportes, sons de pancadas,
mesas giratórias, levitações, materializações –, que são a mais comum e a mais
generalizada forma de mediunidade. (Obra citada - O Espiritismo
experimental: IV - A mediunidade.)
C. Há
muitas variedades de mediunidade?
Sim. A mediunidade
apresenta variedades quase infinitas, desde as mais vulgares formas até as mais
sublimes manifestações. Nunca é idêntica em dois indivíduos e se diversifica
segundo os caracteres e os temperamentos. A mediunidade de efeitos físicos é
geralmente utilizada por Espíritos de ordem vulgar. É, porém, pela mediunidade
de efeitos intelectuais que habitualmente nos são transmitidos os ensinos dos
Espíritos elevados. Para produzir bons resultados, essa faculdade exige
conhecimentos muito extensos. Quanto mais instruído e dotado de qualidades
morais é o médium, maiores recursos facilita aos Espíritos. Em todos os casos,
contudo, o indivíduo não é mais do que um instrumento; este, porém, deve ser
apropriado à função de que é encarregado. (Obra citada - O Espiritismo
experimental: IV - A mediunidade.)
Texto para leitura
158. O
Espiritismo experimental: IV - A mediunidade – Todas as manifestações da
Natureza e da vida se resumem em vibrações, mais ou menos rápidas e extensas,
conforme as causas que as produzem. Tudo vibra no Universo: a luz, o som, o
calor, a eletricidade, os raios químicos, os raios catódicos, as ondas
hertzianas etc. não são mais que diferentes modalidades de ondulação, graus
sucessivos, que em seu conjunto constituem a escala ascensional das manifestações
da energia.
159. Esses
graus são muito afastados entre si. O som percorre 340 metros por segundo;
a luz, no mesmo tempo, faz o percurso de 300.000 quilômetros ;
a eletricidade se propaga com uma rapidez que se nos afigura incalculável. Os
nossos sentidos físicos, porém, não nos permitem perceber todos os modos de
vibração. Sua impotência para dar uma impressão completa das forças da Natureza
é um fato suficientemente conhecido para que tenhamos necessidade de insistir
sobre esse ponto. Só no domínio da óptica, sabemos que as ondas luminosas não
nos impressionam a retina senão nos limites das sete cores. Certas radiações
solares escapam à nossa vista; chamam-se, por isso, raios obscuros.
160. Entre o
limite dos sons, cujas vibrações alcançam de 20 a 20.000 por segundo, e a
sensação de calor, que se mede por trilhões de vibrações, nada percebemos. O
mesmo acontece entre a sensação de calor e de luz, que corresponde, na média, a
500 trilhões de vibrações por segundo.
161. Nessa
prodigiosa ascensão, os nossos sentidos representam paradas muitíssimo
espaçadas, estações dispostas a consideráveis distâncias uma das outras, uma
rota sem-fim. Entre essas diversas paradas, por exemplo, entre os sons agudos e
os fenômenos de calor e de luz, até às zonas vibratórias afetadas pelos raios
catódicos, há para nós como que abismos. Para seres, porém, dotados de sentidos
mais sutis ou mais numerosos que os nossos, esses abismos, desertos e obscuros
na aparência, não estariam preenchidos?
162. Tudo em a Natureza se sucede,
se encadeia e se desdobra, de elo em elo, por gradativas transições. Em parte
alguma há salto brusco, hiato, vácuo. O que resulta destas considerações é
simplesmente a insuficiência do nosso organismo, demasiado pobre para perceber
todas as modalidades de energia.
163. O que
dizemos das forças em ação no Universo aplica-se igualmente ao conjunto dos
seres e das coisas em suas diversas formas, em seus diferentes graus de
condensação ou de rarefação. O nosso conhecimento do Universo se restringe ou
amplia conforme o número e a delicadeza de nossos sentidos. O nosso organismo
atual não nos permite abranger mais que limitadíssimo círculo do império das
coisas. A maior parte das formas da vida nos escapa. Venha, porém, um novo
sentido se nos acrescentar aos atuais, e imediatamente se há de o invisível
revelar, será preenchido o vácuo, animado o que era soturna insensibilidade.
164.
Poderíamos mesmo possuir sentidos diferentes que, por sua estrutura anatômica,
modificariam totalmente a natureza de nossas sensações atuais, de modo a nos
fazer ouvir as cores e saborear os sons. Bastaria para isso que no lugar e
posição da retina um feixe de nervos pudesse ligar o fundo do olho ao ouvido.
Nesse caso ouviríamos o que vemos. Em lugar de contemplar o céu estrelado,
perceberíamos a harmonia das esferas e não seriam por isso menos exatos os
nossos conhecimentos astronômicos.
165. Se os
nossos sentidos, em lugar de separados, estivessem reunidos, não possuiríamos
mais que um único sentido generalizado, que perceberia ao mesmo tempo os
diversos gêneros de fenômenos.
166. Estas
considerações, deduzidas das mais rigorosas observações científicas, nos
demonstram a insuficiência das teorias materialistas. Pretendem estas fundar o
edifício das leis naturais sobre a experiência adquirida mediante o nosso atual
organismo, ao passo que, com uma organização mais perfeita, esta experiência
seria bem diversa. Pela simples modificação dos nossos órgãos, com efeito, o
mundo, tal como o conhecemos, se poderia transformar e mudar de aspecto, sem
que de leve a realidade total das coisas se alterasse. Seres constituídos de
modo diferente poderiam viver no mesmo meio sem se verem, sem se conhecerem.
167. E se, em
consequência do desenvolvimento orgânico de alguns desses seres, em seus diversos
apropriados habitats, seus meios de percepção lhes permitissem entrar em
relações com aqueles cuja organização é diferente, nada haveria nisso de
sobrenatural nem de miraculoso, mas simplesmente um conjunto de fenômenos
naturais, regidos por leis ainda ignoradas desses seres, menos favorecidos no
que se refere ao conhecimento.
168. Ora, é
isso que precisamente se produz em nossas relações com os Espíritos dos homens
falecidos, em todos os casos em que é possível a um médium servir de
intermediário entre as duas humanidades, visível e invisível. Nos fenômenos
espíritas, dois mundos, cujas organizações e leis conhecidas são diferentes,
entram em contacto, e assomando a essa linha divisória, a essa fronteira que os
separava, mas que desaparece, o pensador ansioso vê desdobrarem-se perspectivas
infinitas. Vê bosquejarem-se os elementos de uma ciência do Universo muito
vasta e mais completa que a do passado, conquanto seja o seu prolongamento
lógico; e essa ciência não vem destruir a noção das leis atualmente conhecidas,
mas ampliá-la em vastas proporções, pois que traça ao espírito humano a rota
segura que o conduzirá à aquisição dos conhecimentos e dos poderes necessários
a firmar em sólidas bases sua tarefa presente e seu destino futuro.
169. Acabamos
de aludir ao papel dos médiuns. O médium é o agente indispensável, com cujo
auxílio se produzem as manifestações do mundo invisível.
170.
Assinalamos a impotência dos nossos sentidos, desde que são aplicados aos
estudos dos fenômenos da vida. Nas ciências experimentais, não tardou a ser
preciso recorrer a instrumentos para suprir essa deficiência do organismo
humano e ampliar o nosso campo de observação. Vieram assim o telescópio e o
microscópio revelar-nos a existência do infinitamente grande e do infinitamente
pequeno.
172. Onde
faltam ainda os meios artificiais, vêm certos indivíduos trazer ao estudo dos fenômenos
vitais o concurso de preciosas faculdades. É assim que o sensitivo hipnótico
representa o instrumento que tem permitido sondar as profundezas ainda
misteriosas do eu humano, e proceder a uma análise minuciosa de todos os modos
de sensibilidade, de todos os aspectos da memória e da vontade.
173. O médium
vem, por sua vez, desempenhar um papel essencial no estudo dos fenômenos
espíritas. Participando, simultaneamente, por seu invólucro fluídico, da vida
do Espaço e, pelo corpo físico, da vida terrestre, é ele o intermediário
obrigatório entre dois mundos. O estudo, pois, da mediunidade prende-se
intimamente a todos os problemas do Espiritismo; é mesmo a sua chave. O mais
importante, no exame dos fenômenos, é distinguir a parte que é preciso atribuir
ao organismo e à personalidade do médium e a que provém de uma intervenção
estranha, e determinar em seguida a natureza dessa intervenção.
174. O
Espírito, separado da matéria grosseira pela morte, não pode mais sobre ela
agir; nem se manifestar na esfera humana sem o auxílio de uma força, de uma
energia, que ele haure no organismo de um ser vivo. Toda pessoa suscetível de
fornecer, de exteriorizar essa força, é apta para desempenhar um papel nas
manifestações físicas – deslocamento de objetos sem contacto, transportes, sons
de pancadas, mesas giratórias, levitações, materializações.
175. É essa a
mais comum, a mais generalizada forma da mediunidade; não requer nenhum
desenvolvimento intelectual, nem adiantamento moral. É uma simples propriedade
fisiológica, observada em pessoas de todas as condições. Em todas as formas
inferiores da mediunidade o indivíduo é comparável, quer a um acumulador de
força, quer a um aparelho telegráfico ou telefônico, transmissor do pensamento
do operador.
179. Em todos
os casos, contudo, o indivíduo não é mais do que um instrumento; este, porém,
deve ser apropriado à função de que é encarregado. Um artista, por mais hábil
que seja, nunca poderá tirar de um instrumento incompleto mais que medíocre
partido. O mesmo se dá com o Espírito em relação ao médium intuitivo, no qual
um claro discernimento, uma lúcida inteligência, o saber mesmo, são condições
essenciais.
180. Verdade
é que se têm visto sensitivos escreverem em línguas desconhecidas ou tratar de
questões cientificas e abstratas, muito acima de sua capacidade. São raros,
porém, esses casos, que exigem grandes esforços da parte dos Espíritos. Estes
preferem recorrer a intermediários maleáveis, aperfeiçoados pelo estudo,
suscetíveis de os compreender e lhes interpretar fielmente os pensamentos.
181. Nessa
ordem de manifestações, os invisíveis atuam sobre o intelecto do sensitivo e
lhes projetam na esfera mental suas ideias. Às vezes os pensamentos se
confundem; os dois Espíritos revestem uma forma, uma expressão, em que se acham
reproduzidos o estilo e a linguagem habitual do médium. Ainda aí se requer
escrupuloso exame. Será, todavia, fácil ao observador destacar, da
insignificância de inúmeros ditados e do contingente pessoal dos sensitivos, o
que pertence aos Espíritos adiantados, cujas comunicações revestem um caráter
grandioso, um cunho de verdade muito acima das possibilidades do médium.
182. Nos
fenômenos de transe ou do sonambulismo em seus diversos graus, os sentidos
materiais vêm a ser pouco a pouco substituídos pelos sentidos psíquicos, os
meios de percepção e de atividade aumentam em proporções tanto mais
consideráveis quanto mais profundo é o sono e mais completo o desprendimento
perispirituais.
183. Nesse
estado, nada percebe o corpo físico; serve simplesmente de transmissor, quando
o médium ainda pode exprimir suas sensações. Já na exteriorização parcial se
produz esse fenômeno. No estado de vigília, sob a influência oculta, a tal
ponto o invólucro fluídico do sensitivo se desprende e irradia que,
permanecendo embora intimamente ligado ao corpo, começa a perceber as coisas
ocultas aos nossos sentidos exteriores; é o estado de clarividência, ou dupla
vista, de visão à distância através dos corpos opacos, audição, psicometria
etc.
184. Em mais
elevadas graduações, no estado de hipnose, a exteriorização se acentua até ao
desprendimento completo. A alma, liberta de sua prisão carnal, paira nas
alturas; seus modos de percepção, subitamente recobrados, lhe permitem abranger
um vasto círculo e se transporta com a rapidez do pensamento. A essa ordem de
fenômenos pertence o estado de transe, que torna possível a incorporação de
Espíritos desencarnados ao envoltório do médium, deixado livre, semelhante a um
viajante que penetra em casa devoluta.
185. Os
sentidos psíquicos, inativos no estado de vigília na maior parte dos homens,
podem, entretanto, ser utilizados. Basta, para isso, abstrair-se das coisas
materiais, cerrar os sentidos físicos a todo ruído e toda visão exterior e, por
um esforço de vontade, interrogar esse sentido profundo em que se resumem todas
as nossas faculdades superiores e que denominamos o sexto sentido, a intuição,
a percepção espiritual. É por ele que entramos em contacto direto com o mundo
dos Espíritos, mais facilmente que por qualquer outro meio; porque esse sentido
constitui atributo da alma, o próprio fundo de sua natureza, e acha-se fora do
alcance dos sentidos materiais, de que difere inteiramente.
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