Estamos estudando semanalmente – na terça e na quinta-feira
– no Centro Espírita Nosso Lar, de Londrina (PR), o livro “No Invisível”, um
dos clássicos do Espiritismo, de autoria de Léon Denis.
Reproduzimos, em seguida, o texto do módulo concluído nesta
semana, cuja publicação tem por finalidade proporcionar, a quem se interessar,
a oportunidade de acompanhar o mencionado estudo.
Questões para
debate
A. Qual é,
segundo Léon Denis, o papel da alta mediunidade? Não há mais
nobre, mais elevado cargo que ser chamado a propagar, sob a inspiração das
potências invisíveis, a verdade pelo mundo, a fazer ouvir aos homens o atenuado
eco dos divinos convites, incitando-os à luz e à perfeição. Tal é o papel da
alta mediunidade. Para isso é importante que haja responsabilidade, porque
muitos médiuns procuram, no exercício de suas faculdades, satisfações de
amor-próprio ou de interesse. Descuram de fazer intervir em sua obra esse
sentimento grave, refletido, quase religioso, que é uma das condições de êxito.
Esquecem muitas vezes que a mediunidade é um dos meios de ação pelos quais se
executa o plano divino, e que ele não tem o direito de utilizá-la ao sabor de
sua fantasia. (No Invisível - O Espiritismo experimental: V - Educação
e função dos médiuns.)
B. A
mediunidade é um fenômeno peculiar aos nossos tempos?
Não. A
mediunidade é de todos os séculos e de todos os países. Desde as idades mais
remotas existiram relações entre a Humanidade terrestre e o mundo dos
Espíritos. Se interrogarmos os Vedas da Índia, os templos do Egito, os
mistérios da Grécia, os recintos de pedra da Gália, os livros sagrados de todos
os povos, por toda parte, nos documentos escritos, nos monumentos e tradições,
encontraremos a afirmação de um fato que tem permanecido através das
vicissitudes dos tempos. Esse fato é a crença universal nas manifestações das
almas libertas de seus corpos terrestres. (Obra citada - O Espiritismo
experimental: VI – Comunhão dos vivos e dos mortos.)
C. É certo
afirmar que o Cristianismo também se baseia nas manifestações de além-túmulo?
Sim. Também
ele se baseia nas manifestações de além-túmulo. O Cristo atravessou a
existência rodeado de uma multidão invisível, cuja presença se revelava em
todos os seus atos. Ele mesmo apareceu, depois da morte, aos discípulos
consternados, e sua presença lhes fortaleceu o ânimo. Durante dois séculos,
comunicaram abertamente os primeiros cristãos com os Espíritos, deles recebendo
instruções. Inquieta, porém, com as ingerências ocultas, muitas vezes em
oposição com seus intuitos, a Igreja logo procurou impedi-las, interditando aos
fiéis todas as relações com os Espíritos e reservando-se o direito exclusivo de
provocar e interpretar os fenômenos. (Obra citada - O Espiritismo
experimental: VI – Comunhão dos vivos e dos mortos.)
Texto para leitura
220. Uma
organização prática do Espiritismo comportará, no futuro, a criação de asilos
especiais, onde os médiuns encontrarão reunidas, com os meios materiais de
existência, as satisfações do coração e do espírito, as inspirações da Arte e
da Natureza, tudo o que às suas faculdades pode imprimir um caráter de pureza e
elevação, fazendo em torno deles reinar uma atmosfera de paz e confiança.
221. Em tais
meios, poderiam os estudos experimentais produzir muito melhores resultados que
os que até agora se têm muitas vezes obtido em condições defeituosas. A
intrusão dos Espíritos levianos, as tendências à fraude, os pensamentos
egoísticos e os malévolos sentimentos se atenuariam pouco a pouco e terminariam
por desaparecer. A mediunidade se tornaria mais regular, mais segura em suas
aplicações. Não mais se havia de, com tanta frequência, observar esse mal-estar
que experimenta o sensitivo, nem ocorreriam esses períodos de suspensão das
faculdades psíquicas, culminando mesmo em seu completo desaparecimento em
seguida ao mau uso delas feito.
222. Os
espiritualistas de além-mar cogitam de fundar, em muitos dos grandes centros
americanos, “homes” ou edifícios dotados de certo número de salas apropriadas
aos diferentes gêneros de manifestações e munidas de aparelhos de
experimentação e fiscalização. Cada sala, vindo, com o uso, a impregnar-se do
magnetismo particular que convém a tais experiências, seria destinada a uma
ordem especial de fenômenos: materializações, incorporações, escrita,
tiptologia, etc. Um órgão, colocado no centro do edifício, propagaria a todas
as suas partes, nas horas de sessão, enérgicas vibrações, a fim de estabelecer
nos fluidos circulantes e no pensamento dos assistentes a unidade e harmonia
tão necessárias. A música exerce, com efeito, uma soberana influência nas
manifestações, facilitando-as e tornando-as mais intensas, como inúmeros
experimentadores o têm reconhecido.
223. Merecem
inteira aprovação esses projetos e devemos fazer votos pela sua realização em
todos os países, porque viriam, por sua natureza, uma vez realizados, a dar
vigoroso impulso aos estudos psíquicos e facilitar em larga escala essa
comunhão dos vivos e dos mortos, mediante a qual se afirmam tantas verdades de
valor incalculável, capazes de, em sua propagação pelo mundo, renovar a Fé e a
Ciência.
224. O
importante para o médium, dissemos mais acima, é assegurar-se uma proteção
eficaz. O auxílio do Alto é sempre proporcionado para o fim a que nos propomos,
aos esforços que empregamos para o merecer. Somos auxiliados, amparados,
conforme a importância das missões que nos incumbem, tendo-se em vista o
interesse geral. Essas missões são acompanhadas de provas, de dificuldades
inevitáveis, mas sempre reguladas conforme as nossas forças e aptidões.
225.
Desempenhadas com dedicação, com abnegação, as nossas tarefas nos elevam na
hierarquia das almas. Negligenciadas, esquecidas, não realizadas, nos fazem
retrotrair a escala de progresso. Todas acarretam responsabilidades. Desde o
pai de família que incute em seus filhinhos as noções elementares do bem, o
preceptor da mocidade, o escritor moralista, até o orador que procura arrebatar
as multidões às culminâncias do pensamento, cada um tem sua missão a preencher.
226. Não há
mais nobre, mais elevado cargo que ser chamado a propagar, sob a inspiração das
potências invisíveis, a verdade pelo mundo, a fazer ouvir aos homens o atenuado
eco dos divinos convites, incitando-os à luz e à perfeição. Tal é o papel da
alta mediunidade.
227. Falamos
de responsabilidade. É necessário insistir sobre esse ponto. Muitos médiuns
procuram, no exercício de suas faculdades, satisfações de amor-próprio ou de
interesse. Descuram de fazer intervir em sua obra esse sentimento grave,
refletido, quase religioso, que é uma das condições de êxito. Esquecem muitas
vezes que a mediunidade é um dos meios de ação pelos quais se executa o plano
divino, e que ele não tem o direito de utilizá-la ao sabor de sua fantasia.
228. Enquanto
se não tiverem compenetrado os médiuns da importância de sua função e da
extensão de seus deveres, haverá no exercício de suas faculdades uma fonte de
abusos e de males. Os dons psíquicos, desviados de seu eminente objetivo,
utilizados para fins de interesses medíocres, pessoais e fúteis, revertem contra
os seus possuidores, atraindo-lhes, em lugar dos gênios tutelares, as potências
malfazejas do Além.
229. Fora das
condições de elevação de pensamento, de moralidade e desinteresse, pode a
mediunidade constituir-se um perigo; ao passo que tendo por fim firme propósito
no bem, por suas aspirações ao ideal divino, o médium se impregna de fluidos
purificados; uma atmosfera protetora se forma em torno dele, o envolve, o
preserva dos erros e das ciladas do invisível.
230. E se,
por sua fé e comprovado zelo, pela pureza da alma em que nenhum cálculo
interesseiro se insinue, obtém ele a assistência de um desses Espíritos de luz,
depositários dos segredos do Espaço, que pairam acima de nós e projetam sobre a
nossa fraqueza as suas irradiações; se esse Espírito se constitui seu protetor,
seu guia, seu amigo, graças a ele sentirá o médium uma força desconhecida
penetrar-lhe todo o ser, uma chama lhe iluminar a fronte. Todos quantos tomarem
parte em seus trabalhos e colherem os seus resultados sentirão reanimar-se-lhes
o coração e a inteligência às fulgurações dessa alma superior; um sopro de vida
lhes transportará o pensamento às regiões sublimes do Infinito.
231. VI –
Comunhão dos vivos e dos mortos - Certas pessoas consideram, sem razão, a
mediunidade um fenômeno peculiar aos nossos tempos. A mediunidade, realmente, é
de todos os séculos e de todos os países. Desde as idades mais remotas
existiram relações entre a Humanidade terrestre e o mundo dos Espíritos.
232. Se
interrogarmos os Vedas da Índia, os templos do Egito, os mistérios da Grécia,
os recintos de pedra da Gália, os livros sagrados de todos os povos, por toda
parte, nos documentos escritos, nos monumentos e tradições, encontraremos a
afirmação de um fato que tem permanecido através das vicissitudes dos tempos; e
esse fato é a crença universal nas manifestações das almas libertas de seus
corpos terrestres. Veremos essas manifestações associadas de um modo íntimo e
constante à evolução das raças humanas, a tal ponto que são inseparáveis da
história da Humanidade.
233. É, no
começo, o culto dos antepassados, a homenagem prestada aos manes dos heróis e
aos lares gênios tutelares da família. Erigem-lhes altares; dirigem-lhes
invocações; depois o culto se estende a todas as almas amadas; ao esposo, ao
filho, ao amigo falecido. Segundo Lucano, as sombras dos mortos se misturam com
os vivos; deslizam pelas ruas e se introduzem nas habitações; aparecem, falam,
na vigília como no sonho, e revelam o futuro. A telepatia, a premonição, a
psicografia, as materializações de fantasmas são abundantes por toda parte e
sempre.
234. Em
Delfos, em Elêusis, o Espírito inspira a pítia convulsa e lhe dita seus
oráculos. Nas praias da Jônia, sob a brancura dos mármores, ao murmúrio das
vagas azuis, Pitágoras ensina aos iniciados os divinos mistérios e, pelos
lábios de Teocleia adormecida, conversa com os gênios invisíveis. Em Endor, a
sombra de Samuel responde às invocações de Saul. Um gênio previne a César, na
véspera de sua morte, que não vá ao Senado, e mais tarde, quando Domiciano cai
sob o ferro dos conjurados, da extremidade da Europa, Apolônio de Tiana
assiste, em visão, a esse drama sangrento.
235. Nos
círculos de pedra da Gália, sob a fronde sombria dos carvalhos ou nas linhas
sagradas em torno das quais ruge espumante o oceano, e até nos templos da
América Central, a comunhão das almas se efetua. Por toda parte a vida
interroga a morte e esta responde.
236. Sem
dúvida, os abusos, as superstições pueris, os sacrifícios supérfluos se
misturam com o culto dos invisíveis; mas nesse íntimo comércio haurem os homens
novas forças. Sabem que podem contar com a presença e o amparo dos que amavam e
esta certeza os torna mais firmes em suas provações. Aprendem a não mais temer
a morte. Os laços de família se fortalecem com isso, intimamente. Na China,
como na Índia, como no território céltico, havia reuniões em dia fixo, na
“câmara dos antepassados”. São numerosos então os médiuns; ardente é sua fé,
poderosas e variadas são as suas faculdades e os fenômenos obtidos ultrapassam
em intensidade tudo o que observamos em nossos dias.
237. Em Roma
eram instituídas cerimônias públicas em honra dos mortos. A multidão se
aglomerava à entrada das criptas. As sibilas praticavam as encantações, e dos
lugares obscuros, dizem os escritores da época, tal como atualmente dos
gabinetes de materialização, via-se emergirem sombras e se apresentarem em
plena luz. Às vezes mesmo os camaradas, os amigos de outrora retomavam por
momentos seu lugar à mesa e no lar comuns.
238. Nos
mistérios órficos, dizem Porfiro e Próluz, as almas dos defuntos apareciam sob
a forma humana e conversavam com os assistentes. Ensinavam-lhes a sucessão das
existências e a ascensão final do Espírito à luz divina, mediante vidas puras e
laboriosas. Essas práticas comunicavam aos iniciados uma fé profunda no futuro,
incutiam-lhes uma força moral, uma serenidade incomparáveis; transportavam seus
pensamentos às regiões sublimes em que tanto se comprouve o gênio grego.
239. Eis que
chega, porém, a época de decadência e aí temos a depressão dos estudos, as
intrigas sacerdotais, as rivalidades dos potentados e, finalmente, as grandes
invasões, a ruína e a morte dos deuses. Um vento de barbaria sopra sobre os
mistérios sagrados. Os Espíritos, os gênios tutelares desertaram. A divina
Psique, banida dos altares, remontou às celestes regiões. Uma a uma, se vão
extinguindo as luzes do templo. A grande noite, uma noite de dez séculos, se
estende sobre o pensamento humano.
240. Surge,
entretanto, o Cristianismo. Também ele se baseia nas manifestações de
além-túmulo. O Cristo atravessa a existência, rodeado de uma multidão
invisível, cuja presença se revela em todos os seus atos. Ele mesmo aparecerá,
depois da morte, aos discípulos consternados, e sua presença lhes fortalecerá o
ânimo. Durante dois séculos, comunicaram abertamente os primeiros cristãos com
os Espíritos, deles recebendo instruções. Cedo, porém, a Igreja, inquieta
com as ingerências ocultas, muitas vezes em oposição com seus intuitos,
procurará impedi-las. Interditará aos fiéis todas as relações com os Espíritos,
reservando-se direito exclusivo de provocar e interpretar os fenômenos.
241. A religião do Cristo é, todavia, portadora de uma noção
inteiramente nova: a utilidade da dor, benéfica e purificadora divindade, cuja
ação não foi pelo mundo pagão compreendida em toda a sua amplitude. Graças a
essa noção, a alma lutará mais vantajosamente contra a matéria e suplantará a
sensualidade.
242. É de
toda a vida essa luta, cujo objetivo é o triunfo alcançado pelo espírito sobre
o corpo e a posse da virtude. Alguns clérigos ou leigos chegarão a adquirir o
poder da fé que domina os sentidos e transporta a alma para além das regiões
terrestres, às esferas em que se dilata e exalta o pensamento.
243. É esse
ainda um meio de penetração no invisível. A alma, desprendida das coisas
humanas, na contemplação e no êxtase, comunica-se com as potências superiores e
lhes atribui as formas angélicas ou divinas, familiares à sua própria crença.
Nesses fenômenos – simples lei da Natureza – verá milagres a Igreja e deles se
apropriará. As outras manifestações dos mortos serão consideradas diabólicas e
conduzirão os videntes ao suplício. Sob a cinza das fogueiras se há de procurar
extinguir a ideia renascente. Mas “o espírito sopra onde quer”. Fora da Igreja,
entre os heréticos, prosseguem as manifestações. Com Joana d'Arc vêm revestir
um caráter de grandeza tal que, diante delas, a crítica mais virulenta hesita,
depõe as armas e emudece.
244.
Mudaram-se os tempos. No passado, a comunhão das almas foi, sobretudo, o privilégio
dos santuários, a preocupação de alguns limitados grupos de iniciados. Fora
desses esclarecidos círculos – asilos da sabedoria antiga – as manifestações de
além-túmulo eram muitas vezes consideradas sobrenaturais e associadas a
práticas supersticiosas que lhes deturpavam o sentido. O homem, ignorante das
leis da Natureza e da vida, não podia apreender o ensino que sob os fenômenos
se ocultava.
245. Para
preparar o atual movimento das ideias e a compreensão desses fatos, foram
necessários o imenso trabalho dos séculos e as descobertas da Ciência. Esta
realizou a sua tarefa. Posto que bem incompleta, ainda, pelo menos explorou o
domínio material, desde as camadas profundas do solo aos abismos do espaço.
Descreveu a história da Terra, sua gênese e evolução; enumerou os mundos que
gravitavam no céu e lhes calculou o peso, as dimensões, a órbita. Ficou o homem
conhecendo o mesquinho lugar que ocupa no Universo: se aprendeu a conhecer a
grandeza de sua inteligência, pôde, em contraposição, medir a debilidade de
seus sentidos.
246. A vida se patenteou por toda parte, no domínio dos seres
microscópicos como na superfície dos globos que rolam na imensidade. O estudo
do mundo invisível vem completar essa ascensão da Ciência; rasga ao pensamento
novos horizontes, perspectivas infinitas. De ora em diante o conhecimento da
alma e de seus destinos não será mais o privilégio dos iniciados e dos doutos.
A Humanidade toda é chamada a participar dos benefícios espirituais que
constituem seu patrimônio. Assim como o Sol se levanta visível para todos, a
luz do Além deve irradiar sobre todas as inteligências, reanimando todos os
corações.
247. VII –
O Espiritismo e a mulher – Encontram-se, em ambos os sexos, excelentes
médiuns; é à mulher, entretanto, que parecem outorgadas as mais belas
faculdades psíquicas. Daí o eminente papel que lhe está reservado na difusão do
novo Espiritualismo.
248. Mau
grado às imperfeições inerentes a toda criatura humana, não pode a mulher, para
quem a estuda imparcialmente, deixar de ser objeto de surpresa e algumas vezes
de admiração. Não é unicamente em seus traços pessoais que se realizam, em a Natureza e na Arte,
os tipos da beleza, da piedade e caridade; no que se refere aos poderes
íntimos, à intuição e adivinhação, sempre foi ela superior ao homem.
249. Entre as
filhas de Eva é que obteve a antiguidade as suas célebres videntes e sibilas.
Esses maravilhosos poderes, esses dons do Alto, a Igreja entendeu, na Idade
Média, aviltar e suprimir, mediante os processos instaurados por feitiçaria.
Hoje encontram eles sua aplicação, porque é sobretudo por intermédio da mulher
que se afirma a comunhão com a vida invisível.
250. Mais uma
vez se revela à mulher em sua sublime função de mediadora, que o é em toda a
Natureza. Dela provém a vida; é ela a própria fonte desta, a regeneradora da
raça humana, que não subsiste e se renova senão por seu amor e seus ternos
cuidados. E essa função preponderante que desempenha no domínio da vida, ainda
a vem preencher no domínio da morte. Mas nós sabemos que a morte e a vida são
uma, ou antes, são as duas formas alternadas, os dois aspectos contínuos da
existência.
251.
Mediadora também é a mulher no domínio das crenças. Sempre serviu de
intermediária entre a nova fé que surge e a fé antiga que definha e vai desaparecendo.
Foi o seu papel no passado, nos primeiros tempos do Cristianismo, e ainda o é
na época presente.
252. O
Catolicismo não compreendeu a mulher, a quem tanto devia. Seus monges e padres,
vivendo no celibato, longe da família, não poderiam apreciar o poder e o
encanto desse delicado ser, em quem enxergavam, antes, um perigo.
253. A antiguidade pagã teve sobre nós a superioridade de
conhecer e cultivar a alma feminina. Suas faculdades se expandiam livremente
nos mistérios. Sacerdotisa nos tempos védicos, ao altar doméstico, intimamente
associada, no Egito, na Grécia, na Gália, às cerimônias do culto, por toda a
parte era a mulher objeto de uma iniciação, de um ensino especial, que dela
faziam um ser quase divino, a fada protetora, o gênio do lar, a custódia das
fontes da vida.
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