Uma leitora pergunta-nos se a criança adotada faz
parte de nossa família espiritual.
É difícil generalizar e, por conseguinte, dizer que
sim, que uma criança que adotamos faz parte de nossa família espiritual.
Podemos, contudo, afirmar que existem vínculos muito fortes entre o casal que
adota e o filho adotado. A adoção dessa ou daquela criança não ocorreria,
portanto, por mero acaso, mas seria algo perfeitamente previsível nas inúmeras
possibilidades de nossa passagem pela experiência reencarnatória.
Não há na literatura espírita muitas informações a
respeito do assunto, que, no entanto, não passou despercebido na obra mediúnica
de Francisco Cândido Xavier, como o leitor pode conferir lendo o livro Astronautas do Além, obra escrita em
parceria por Francisco Cândido Xavier e José Herculano Pires, com a
participação de Emmanuel e inúmeros outros Espíritos.
No capítulo 5 da obra citada, Chico Xavier divulgou a
seguinte informação:
“Nossa reunião pública foi precedida de
muitos comentários, por parte de vários amigos que nos visitavam a instituição,
procedentes de cidades diversas. Parecia-nos, porém, que estavam com encontro
marcado para estudar a questão dos filhos adotivos. As perguntas e opiniões
eram de variado aspecto. ‘Devemos dar conhecimento aos filhos adotivos da
condição em que se encontram conosco?’ – indagavam alguns casais.
As respostas variavam. Muitos
companheiros se manifestavam a favor da realidade clara, enquanto outros se
expressavam de maneira contrária, acreditando que a verdade devia permanecer
sempre velada para eles, de modo a que não fossem chocados negativamente.
Atingido o horário para a reunião e
iniciadas as nossas tarefas, O Evangelho
segundo o Espiritismo nos ofereceu para estudo o item 8 do capítulo XIV, em
conexão com o assunto em debate. ‘Filhos Adotivos’ foi a mensagem que nosso
benfeitor Emmanuel nos trouxe no encerramento dos trabalhos.” (Astronautas do Além, cap. 5.)
Na mensagem de Emmanuel, a que Chico Xavier se
referiu, o conhecido autor escreveu o seguinte:
“Filhos existem no mundo que reclamam
compreensão mais profunda para que a existência se lhes torne psicologicamente
menos difícil.
Reportamo-nos aos filhos adotivos que
abordam o lar pelas vias da provação, sem deixarem de ser criaturas que amamos
enternecidamente.
Coloquemo-nos na situação deles para
mais claro entendimento do assunto.
Muitos de nós, nas estâncias do
pretérito, teremos pisoteado os corações afetuosos que nos acolheram em casa,
seja escravizando-os aos nossos caprichos ou apunhalando-lhes a alma a golpes
de ingratidão. Desacreditando-lhes os esforços e dilapidando-lhes as energias,
quase sempre lhes impusemos aflição por reconforto, a exigir-lhes sacrifícios
incessantes até que lhes ofertamos a morte em sofrimento pelo berço que nos
deram em flores de esperança.
Um dia, no entanto, desembarcados no
Mais Além, percebemos a extensão de nossos erros e, de consciência desperta,
lastimamos as próprias faltas.
Corre o tempo e, quando aqueles mesmos
Espíritos queridos que nos serviram de pais retornam à Terra em alegre comunhão
afetiva, ansiamos retomar-lhes o calor da ternura, mas, nesse passo da
experiência, os princípios da reencarnação, em muitas circunstâncias, tão
somente nos permitem desfrutar-lhes a convivência na posição de filhos alheios,
a fim de aprendermos a entesourar o amor verdadeiro nos alicerces da humildade.
Reflitamos nisso. E se tens na Terra
filhos por adoção, habitua-te a dialogar com eles, tão cedo quanto possível,
para que se desenvolvam no plano físico sob o conhecimento da verdade.
Auxilia-os a reconhecer, desde cedo, que são agora teus filhos do coração,
buscando reajustamento afetivo no lar, a fim de que não sejam traumatizados na
idade adulta por revelações à base de violência, em que frequentemente se lhes
acordam no ser as labaredas da afeição possessiva de outras épocas, em forma de
ciúme e revolta, inveja e desesperação.
Efetivamente, amas aos filhos adotivos
com a mesma abnegação com que te empenhas a construir a felicidade dos rebentos
do próprio sangue. Entretanto, não lhes ocultes a realidade da própria situação
para que não te oponhas à Lei de Causa e Efeito que os trouxe de novo ao teu
convívio, a fim de olvidarem os desequilíbrios passionais que lhes marcavam a
conduta em outro tempo.
Para isso, recorda que, em última
instância, seja qual seja a nossa posição nas equipes familiares da Terra,
somos, acima de tudo, filhos de Deus.” (Obra
citada, cap. 5.)
Comentando, no mesmo capítulo, as informações de
Emmanuel, Herculano Pires lembrou que não é o sangue que nos irmana, mas o
espírito. Os laços consanguíneos são ilusórios e efêmeros. Filhos de outros
pais, procedentes de outro sangue, podem, pois, ser muito mais ligados aos pais
adotivos que os filhos consanguíneos. “Os filhos que voltam ao lar por vias
indiretas – afirma Herculano – são Espíritos em prova e, portanto, em fase de
correção moral. Precisam conhecer a sua verdadeira situação para que a medida
corretiva atinja a sua eficiência. E se quisermos burlar a lei só poderemos
acarretar-lhes maiores sofrimentos.”
Sobre o assunto sugerimos à leitora que leia também o
editorial “A primeira regra ética nos casos de adoção”, publicado na edição 14
da revista “O Consolador”. Eis o link: http://www.oconsolador.com.br/14/editorial.html
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