Não há quem não lamente
as mortes que ocorrem todos os dias decorrentes dos homicídios e das guerras.
De fato, seu número é alarmante e, como sabemos, um fato absolutamente
desnecessário, visto que a existência na Terra já traz em si tantas
dificuldades que seria ótimo que pelo menos as causadas pelos homens não mais
ocorressem.
A quantidade de vítimas
das guerras e dos homicídios é, porém, inferior ao número dos que
voluntariamente se matam, cerca de um milhão de pessoas por ano, segundo o
último relatório publicado pela Organização Mundial de Saúde.
Motivos diversos
respondem, certamente, pelas causas que levam uma pessoa a matar-se.
Presume-se que o
conhecimento prévio do que ocorre àquele que se mata seria capaz de evitar que
o fato se desse. Temos dúvida quanto a isso, porque vezes há em que a pessoa se
encontra tão perturbada que nem mesmo pensa nas consequências do seu ato. Ela
simplesmente age, buscando livrar-se de um mal supostamente maior, para mais
tarde, quando enfim desperta na vida espiritual, lamentar amargamente o gesto
infeliz.
Com base nos
ensinamentos trazidos pelos Espíritos de pessoas que passaram pelo suicídio,
podemos afirmar que a decepção seria a primeira consequência de tais atos, que
em nada modificam – ao contrário, complicam – a situação de que a pessoa
desejara fugir.
Duas outras
consequências, muito mais graves, dizem respeito aos efeitos da mutilação
causada ao corpo físico pelo Espírito que deixa a vida pelo suicídio e, mais
adiante, às dificuldades que ele deparará quando finalmente puder desfrutar no
mundo uma existência dita normal.
No livro Ação e Reação, de André Luiz,
psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicado em 1957 pela FEB,
o ministro Sânzio, reportando-se ao assunto, disse estas palavras:
"Figuremos um homem acovardado
diante da luta, perpetrando o suicídio aos quarenta anos de idade no corpo
físico. Esse homem penetra no mundo espiritual sofrendo as consequências
imediatas do gesto infeliz, gastando tempo mais ou menos longo, segundo as
atenuantes e agravantes de sua deserção, para recompor as células do veículo
perispirítico, e, logo que oportuno, quando torna a merecer o prêmio de um
corpo carnal na Esfera Humana, dentre as provas que repetirá, naturalmente se
inclui a extrema tentação ao suicídio na idade precisa em que abandonou a
posição de trabalho que lhe cabia, porque as imagens destrutivas, que arquivou
em sua mente, se desdobrarão, diante dele, através do fenômeno a que podemos
chamar `circunstâncias reflexas', dando azo a recônditos desequilíbrios
emocionais que o situarão, logicamente, em contacto com as forças
desequilibradas que se lhe ajustam ao temporário modo de ser.
"Se esse homem não houver
amealhado recursos educativos e renovadores em si mesmo, pela prática da
fraternidade e do estudo, de modo a superar a crise inevitável, muito
dificilmente escapará ao suicídio, de novo, porque as tentações, não obstante
reforçadas por fora de nós, começam em nós e alimentam-se de nós mesmos." (Ação e Reação, capítulo 7, pp. 93 a 95.)
As mutilações orgânicas
de nascença têm, como sabemos, sua causa em atos praticados no passado. Se
alguém atenta contra o próprio cérebro, ensina Emmanuel, necessitará, para
refazê-lo, de no mínimo duas existências corporais. “Quando perpetramos
determinado delito e instalamos a culpa em nós, engendramos o caos adentro da
própria alma e, regressando à Vida Maior, após a desencarnação, envolvidos na
sombra do processo culposo, naturalmente padecemos em nós mesmos os resultados
dos próprios atos infelizes”, eis o que Chico Xavier, sob a inspiração do seu
mentor e guia, declarou na noite de 7 de maio de 1974 em sessão solene da
Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, como o leitor pode verificar na obra
Chico Xavier em Goiânia, publicada
pelo GEEM Editora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário