JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Amiga leitora, você gosta de figura? Depende? Só
se for do seu amado? E de figura de linguagem? Seria “tipo assim” uma metáfora?
Está esquentando...
A figura de que tratarei hoje é a chamada
catacrese. Ela é utilizada o tempo todo por nós sem que o percebamos. Quer
exemplo? Lá vai. Quando você diz quebrei a perna, todo o mundo entende que é
sobre um membro do corpo que você se refere, não é mesmo?
Aí é que está a grande confusão entre os que
entendem algo falado ou escrito no seu sentido denotativo ou conotativo. O
primeiro é o sentido próprio da palavra. O segundo é o sentido representado por
uma das figuras de linguagem, cujo significado é simbólico. A figura de
linguagem mais comum, por seu sentido figurado ou conotativo, é a metáfora. No
caso da perna quebrada, se você se refere a um dos apêndices que sustenta a
mesa de sua casa, você está utilizando uma catacrese porque toma o significado
de uma palavra e empresta-o a outra, sem que, em geral, perceba, por se tornar
esse hábito algo muito corriqueiro em nossa linguagem.
É comum dizer-se que se está embarcando no
ônibus ou no avião, e não no barco. Também muita gente cai nos braços... da poltrona.
Outros viram um vaso de cabeça para baixo; e assim por diante vão transferindo
o significado de uma palavra para outra, pois quem tem braços somos nós, quem
tem cabeça é animal e não vaso. Tudo isso é catacrese.
Hoje, 5 de maio de 2015, ocorreu mais uma
catacrese no Brasil, por parte da população que não aguenta mais o PT: o
panelaço, do qual tenho a honra de lhe dizer que participei com prazer. Não é
sobre uma panela enorme que me refiro, figuradamente, e, sim, sobre as batidas
ritmadas que a população antipetista (a maioria), mais uma vez, fez durante um
pronunciamento do PT em cadeia nacional (cadeia? Isso também é catacrese).
Na executiva nacional do partido, ocorrida no
início de abril passado, com a presença do ex-presidente Lula, foram apresentadas,
entre outras, as seguintes sugestões, que comentamos:
1) Uma militância política mais forte.
Militar o quê? Cuidado... alguns brasileiros,
quando ouvem a palavra militância pensam num outro tipo de catacrese: a dos
militares limitando a militância (mas isso não é catacrese, e sim trocadilho
infame).
2) Retorno às origens.
Aqui pode ocorrer o risco de 86% da população
aplaudir, imaginando que o retorno às origens é o regresso à cadeia dos
corruptos e corruptores (Percebeu, leitora, um “pt” em cada palavra? Mera
coincidência).
3) Democratização da mídia.
Ou seja, antes que nos impeçam, dizem os nossos
amigos petistas, vamos calar a imprensa e instaurar a ditadura do partido.
Dizem que os “companheiros” sofrem do complexo denominado “teoria da conspiração”.
Só espero que não pensem num contragolpe e tentem impedir a livre manifestação
do pensamento, tão proclamada por eles antes de serem merecidamente
perseguidos.
4) Taxar as grandes fortunas.
Ué, e já não taxaram? Vejam os bilhões da
Petrobrás. Foram retirados do país para que ninguém mais pudesse usufruir de
sua produção, como o fizeram as empresas contratadas pelo PT, segundo acusações
que vêm sendo confirmadas, inclusive com a prisão de mais um tesoureiro
petista. Virou moda, em Brasília, depor governador, cassar político não petista
ou aliado e prender todo tesoureiro do PT.
Pt. maldade...
Sugiro, então, que em vez de catacrese, chamemos
o pronunciamento petista de catastrófico e o panelaço de hoje de... catacrise.
Visite, quando puder: www.jojorgeleite.blogspot.com
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